A VITÓRIA DA FÉ
Hebrom representa a vitória da fé que espera. A promessa clamada em Hebrom tinha sido dada há quarenta anos. Essa era a realização de uma visão de uma vida. Era o cumprimento de uma esperança adiada.
As mais ricas bênçãos de Deus algumas vezes requerem não apenas sacrifício, sofrimento e duro conflito, mas grande demora e espera paciente. Mas a bênção cresce com o adiamento! Os juros crescem com o tempo extenso, e a taxa de Deus é sempre em juros compostos.
É muito abençoado receber, no alvorecer da vida, alguma preciosa promessa, e então permanecer firme, à medida que os anos passam, e esperar que Deus a cumpra, sem se desencorajar pela demora, mas sabendo que “para Deus mil anos são um dia, e um dia como mil anos.”
Deus logo deu ao seu povo antigo uma promessa, e depois anos de espera. E, ó, como Seu coração busca com deleite Seus filhos que permanecem firmes, independente das provas, sabendo que “se tardar, espera-o, pois certamente virá, e não tardará” [Hc 2:3].
Assim, somente assim, as coisas mais fortes amadurecem. A árvore de tília pode crescer em uma década, mas o grande carvalho pode permanecer por séculos, e leva muitos anos para amadurecer. Assim Deus está ensinando-nos como buscar as mais elevadas bênçãos. Vamos segurar firme as promessas. Vamos aprender a esperar pelo melhor vinho no final.
Sinto muito pelo homem que já recebeu todas as suas bênçãos, e não tem orações não respondidas, e nenhuma reserva de fé e esperança além da presente hora. Como o pintor que chorou quando ele alcançou seu ideal, porque ele nunca poderia exceder o presente, então seu coração perde sua fonte quando alcançou todo o seu desejo.
O Espírito Santo está sempre nos levando adiante na santa aspiração e busca infinita pelas coisas superiores, e Ele pode nos encantar pelas esperanças que Ele coloca diante de nós. Vamos armazenar nos céus essas orações, que são frutos de espera, e vamos deixar que a perspectiva da vida seja coroada, altura acima de altura, com bênçãos ainda não recebidas. Poderemos assim louvar o Senhor tanto pelo que Ele ainda não nos concedeu, assim como pelas bênçãos recebidas, e cantar, com um dos mais doces espíritos de nosso século:
“Doce canção, tenho em meus lábios
há tanto preparada com amor,
Que glórias sejam dadas a Deus
pela graça que ainda não desfrutei.
(Anna Letitia Waring)
AMOR
Hebrom representa especialmente a herança do amor e da sagrada amizade. Essa era a cidade de Abraão, amigo de Deus, e seu nome representa hoje “O Amigo”. Isso tipifica o amor, a suprema herança da fé e da experiência Cristã.
Não me refiro ao amor no seu sentido natural, como um instinto humano, mas ao amor que é a graça e dom de Cristo; e penso que Hebrom não representa os estágios naturais do amor Cristão, mas a escolha dos finos e escolhidos tons que o Espírito Santo tem para dar àqueles que se dirigirem “para os caminhos altos”.
Sabemos que o Senhor Jesus tinha alguns discípulos que se achegaram mais ao Seu coração que outros; e o amor tem ainda suas câmaras mais interiores e tons mais finos. Hebrom parece expressar essas dimensões do amor e comunhão celestiais.
Aqui temos “o amor que lança fora o medo”; a perfeita confiança no Pai sem sombra; um companheirismo que é eterno e inquebrável, e garantido pelo Seu juramento poderoso. “Nunca te deixarei, jamais te abandonarei”. Será que desejamos o cume dessa montanha do amor?
Então temos o amor de Cristo derramado em nossos corações, que é Seu próprio coração em nós. Não posso cantar o cântico,
“Me dê um coração como o Teu,
Me ajude a amar como Tu”
porque eu não posso me assemelhar a Cristo. Eu devo ter o Próprio Cristo vivendo em mim. Esse é o meu mais alto Hebrom, que “assim como ele é, também sejamos nós, no mundo”. “A fim de que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja”. [Jo 17:26]
Mais uma vez, aqui temos aquilo que chamamos de a vida de amor do Senhor; o abençoado e terno relacionamento no qual o chamamos nosso “Ishi” e Ele nos chama de amados [Os 2:16]; quando somos desposados pelo Senhor e Ele se torna nosso Noivo do coração, despertando todo o nosso ser com um toque tão real, e tão infinitamente santo, que isso é tão verdadeiro quanto todo o resto.
“O amor de Jesus, o que é,
Ninguém além dos Seus amados conhece.”
Será que não desejamos habitar nesse lugar elevado do amor?
Então temos o amor que ajusta todos os nossos relacionamentos naturais e espirituais, e nos capacita a amar cada um em Cristo, não com um amor terreno, sentimental, um amor egoísta que muitas vezes fere aquilo que deveria abençoar. Amar assim como Cristo, que ama cada um com um perfeito, santo, desinteressado e simples amor.
Nosso coração muitas vezes dói porque está desajustado! Assim como os ossos falham em se encaixar um no outro no corpo de Cristo, e as juntas não se ajustam ao seus encaixes, até que todo o corpo esteja distorcido e doente! Mas Cristo tem um amor por cada um de nós que é mais forte que nossas afeições naturais, e infinitamente mais doce, suave, mas desinteressado e abençoado do que qualquer amor terreno.
Alguns de nós morreria por um amigo hoje, com apaixonada devoção; mas amanhã, se ele insultasse nosso cadáver, instantaneamente ressurgiria dos mortos para derramar sobre ele uma feroz recriminação. Esse não é o amor de Cristo, que é pacífico e sem fim.
Alguns de nós nos agarramos a falta de alguém até que nos tornemos cegos para as suas melhores qualidades e nos esquecermos de sua real bondade. O amor de Cristo pode ver o erro, mas também vê o outro lado, e pode cobrir o erro com fé e esperança. Que possamos clamar a Cristo pela cura, e ver o outro apenas à luz do amor perfeito e gracioso do próprio Cristo.
O amor de Cristo não faz acepção de pessoas. Ele ama com mais carinho aqueles que Deus de forma justa posicionou mais próximos a Ele, mas ama também cada um em seu lugar, simplesmente, totalmente, desinteressadamente.
O sol vê uma pequena margarida e dá a ela a luz que pode suportar. O mesmo sol olha para o seio do grande lago e dá uma porção maior, mais glória, porque o lago pode reter e refletir mais do sol e de sua glória. Então o amor de Deus encontra cada pessoa que tem contato com Sua vida, e toca cada um de acordo com o seu ajustamento à providência de Deus e aos princípios da Sua Palavra.
O amor de Cristo pode amar até o indigno. Ele não ama pelo valor do objeto, mas como o raio de sol, ele cobre as piores coisas com Sua própria glória, “e ama o encanto que Ele deu”.
Continua amanhã...
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