sábado, 9 de abril de 2016

Como se Desce da Cruz

Talvez a esta altura alguém diga: "Mas, afinal de contas, que é que o senhor quer dizer por descer da cruz?" Minha resposta é: "Qualquer atitude para salvar o eu é uma descida da cruz. Qualquer tomada de um caminho fácil no que diz respeito a princípios espirituais é um descer da cruz. Quero ser explícito e exato: Todos os esforços para escusar, defender, proteger, vindicar ou salvar o eu é, com efeito, uma descida da cruz. 

Auto-compaixão é descer da cruz. Auto-compaixão é uma forma de autodefesa. Significa que a pessoa acha ter sido injustiçada, e sente pena de si mesma porque nada pode fazer a respeito. Quando a pessoa cede a auto-compaixão, desceu da cruz. 

Submissão ao ressentimento é descer da cruz. Ressentimento é autodefesa. Significa que a pessoa julga que foi injustiçada e se irrita porque não pode fazer nada a respeito. Auto vindicação é descer da cruz, pois a vindicação é uma forma de autodefesa. Que transtornos têm resultado de esforços de auto vindicação! Igrejas inteiras têm-se esfacelado e almas condenadas ao inferno porque alguém não pôde refrear-se de buscar vingança. A pessoa tem de descer da cruz a fim de vingar-se. Vindicação é autodefesa. 

A recusa em aceitar a culpa, lançando-a sobre outros é descer da cruz. 
Sabemos como é difícil receber a culpa por alguma coisa e como é fácil jogá-la sobre outros. Essa é uma forma de autodefesa; é uma descida da cruz. Quando os outros nos entendem mal, os esforços indevidos para explicar nossas ações são a mesma coisa. Não temos a fé para fazer como Jesus: entregar nossa alma a Deus como a um fiel Criador. Auto-justificação significa que descemos da cruz. 

Ofender-nos por um real ou suposto menosprezo é descer da cruz. A maior parte da crítica, se não toda ela, é uma forma de autodefesa e auto-justificação. E, portanto, uma descida da cruz. 

Espírito partidário, que nada mais é do que torcer para meu grupo espiritual ou meu ponto de vista, resultando numa reflexão definida sobre a inteligência ou sinceridade de todos quantos não concordam comigo, é uma forma sutil de auto justificação e de salvar o eu.

Penso que nenhuma pessoa honesta e informada contestará que quase todas essas coisas, se não forem prevalecentes são, pelo menos, comuns em praticamente todas as denominações e em muitas das assim chamadas igrejas cheias do Espírito. Concordo que coisas até piores do que essas prevalecem ou são comuns em muitas das grandes denominações; mas isso não serve de justificativa alguma para a tolerância de tais coisas em nosso meio. Prova apenas o que vimos dizendo, que embora muitos de nós demos testemunho de termos sido salvos e santificados, ou cheios do Espírito, poucos de nós nos atreveríamos a dizer que vivemos a vida crucificada.


Extraído do livro “O Seu Destino é a Cruz” de Paul Billheimer

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