quarta-feira, 27 de abril de 2016

Hebrom - A Herança do Amor III

COMUNHÃO

Então devemos falar de Hebrom como um tipo de comunhão, assim como seu nome o expressa. Existem alturas na comunhão com Deus que devemos escalar. Você não deseja conhecer a oração do Espírito Santo em todas as suas possibilidades? Você não deseja conhecer a oração da fé em Deus em todas as suas ilimitadas forças? Você não deseja conhecer o “orar sem cessar”, e a comunhão permanente onde as cortinas nunca são fechadas, e a Presença de Deus nunca é retirada? Você não deseja conhecer a comunhão pura que espera no Senhor, que traz a Sua própria vida e plenitude, que respira o Seu sopro e descansa no Seu peito em perfeito descanso, sem o murmúrio de uma onda numa costa tão pacífica?

Você deseja a intuição compreensiva que capta o pensamento de Deus, que encontra o toque mais delicado do Espírito, que entende a vontade do Mestre, e responde à suave e pequena voz, e alcança a própria mente de Deus? 

Será que essas coisas te desgastam e oprimem, e não te atraem? Ou será que seu espírito clama: “Dize-me, ó amado de minha alma: onde apascentas o teu rebanho, onde o fazes repousar pelo meio-dia” [Ct 1:7].

Estou aprendendo bem perto do peito de Jesus;
De tão próximo que posso ouvir
O mais suave sussurro do Seu amor
Na mais doce comunhão.
E sentir a Sua poderosa mão
Comigo nessa terra hostil.

Experimentar isso torna a comunhão com outros mais próxima e santa. Nesse lugar secreto do Altíssimo, Deus nos traz os mais sagrados companheiros de amor, nos leva ao mais íntimo de suas vidas, nos apresenta suas necessidades, e torna um privilégio orar por eles, nos usa para cooperar com seu trabalho e compartilhar suas dores, e tudo se inicia aqui mesmo, as santas amizades do mundo celestial.

Não existe ninguém tão próximo de nós do que aqueles que se encontram bem distantes, afastados por grandes mares e continentes distantes.

Existem cabos ocultos no fundo
De cada amplo oceano;
Cordas de amor e oração são mais fortes
Que as marés do Atlântico.

Essas são alguns das alturas de Hebrom. Amado, deveriam clamar por essas coisas e habitar ali com Calebe, “no paraíso do amor”?

BÊNÇÃOS DA ALIANÇA

Hebrom era a cidade de Abraão e Davi. Como cidade de Abraão, ela representa a aliança com todos os filhos da fé. É nosso direito ter as mais altas bênçãos. Não existe nada que limite as promessa de Deus, ou as possibilidades da fé o do amor a ponto de não podermos clamar por meio dessa eterna aliança, se nós ousarmos nos apropriar e entrar nelas.

E assim como Davi foi coroado em Hebrom antes de reinar em Jerusalém. Então Hebrom também é uma cidade real, e o lugar do amor é sempre o lugar do realeza. Se vamos reinar sobre corações humanos, e influenciar destinos humanos, devemos ter esse coração de amor.  Assim como observo o povo na obra de Deus, sempre vejo o coração de amor ir na frente, e certamente as almas que não venceram as mais altas vitórias do amor, independente de quão brilhantes sejam seus dons, serão desqualificadas para o serviço mais nobre.

Se Deus vai te fazer um rei, e te coroar para o lugar mais alto de Sua obra, você deve permanecer em Hebrom, e começar seu reinado ali, no lugar do perfeito amor. Sensibilidade, egoísmo, irritabilidade, censura, falta de compaixão, falta de gentileza e infinita compaixão, vão te barrar da obra mais suprema e das maiores compensações. 


Hebrom representa a vitória da fé. Como Calebe venceu essa poderosa cidadela? Ouça: “...o SENHOR, porventura, será comigo, para os desapossar, como prometeu” [Js 14:12b].

Tudo era fé. Então toda a vitória deveria ser vencida pela fé. Quando Jesus falou aos discípulos os vastos requerimentos de amor pelos que erravam com eles, requerendo perdão até setenta vezes sete, eles poderiam ter clamado, “Senhor, aumenta nosso amor!” mas sua oração no Espírito foi mais sábia que isso. Foi, “Senhor, aumenta nossa fé!” Eles estavam certos, e Jesus disse em resposta, “Respondeu- lhes o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira:Arranca-te e transplanta-te no mar; e ela vos obedecerá.” [Lc 17:3-6]

A montanha mais alta de descrença e alienação vai ser vencido por um germe do divino amor. Não poderemos cultivar fé, não é uma planta indígena no solo terrestre, mas deve ser clamada no nome de Jesus, no terreno da aliança, através do Espírito Santo, como algo obtido por meio de Sua graça.

E se hoje você viu qualquer falta de amor no seu coração, você apenas tem que se apropriar disso de acordo com seu direito na aliança, colocar seu nome ali, e então fincar seus pés no terreno e crer que vai receber. Então se posicione no teste desse amor, insistindo nisso como seu direito, e isso vai surgir da sua vida através de Sua fiel e amplamente suficiente graça.

OBEDIÊNCIA

Mais uma vez, Hebrom representa a recompensa da obediência. Hebrom se tornou a herança de Calebe “porque ele perseverou em seguir o Senhor, Seu Deus” [Js 14:8;9]

O amor humano dá suas recompensas caprichosamente. A mãe vai abraçar seu filho quase até a morte em um momento, e outra hora pode bater nele quase até a morte. Mas Deus ama em princípio, e Seus mimos são sempre dados por uma razão. É quando O obedecemos, quando O agradamos, quando permanecemos firmes em momentos de prova, quando sacrificamos algum desejo egoísta ao Seu comando - é aí que ouvimos as doces palavras “Muito bem, servo bom e fiel…entra no gozo do teu senhor.”

Como uma mãe amorosa, Ele toma Seu filho em Seu terno abraço, e esbanja sobre ele a plenitude de Sua afeição. Foi quando Abraão provou sua fidelidade pelo sacrifício de seus filho que Deus o encontrou com esse doce testemunho, “pois agora sei que amas [temes] a Deus, porquanto não me negaste o filho, o teu único filho” [Gn 22:12].

Isso é o que Jesus quis dizer nessas maravilhosas palavras: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele.” [Jo 14:21]

Isso é algo mais do que Ele disse para o Cristão normal. Isso é o Seu amor especial por aquele coração sempre obediente. Isso impactou tanto os discípulos que eles perguntaram novamente a Ele sobre isso, e Ele repetiu a mesma promessa em uma linguagem ainda mais forte: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada.” [Jo 14:23].

Esse é o caminho para Hebrom. Poderemos andar em obediência Nele, e então entrar em todo o gozo do Senhor?

E agora, concluindo, Deus tem nos chamados nessas lições para as coisas mais altas. Será que percebemos que esses anos de espera de Calebe geraram mais do que uma vida comum? Ele chegou a quase um século de anos. Ele viu duas gerações se passarem. Ele foi escravo entre os tijolos do Egito. Ele cruzou o Mar Vermelho, esteve de pé sob a terrível nuvem do Sinai, cruzou as bordas de Canaã, e pisou nas alturas de Hebrom quase meio século antes, e e ainda passou mais uma rodada no deserto, sem nunca se afastar do seu Deus, seguindo a Ele como um cão fiel (que é o significado do seu nome), e obedecendo a toda a vontade do Dele.

E agora ele passou por toda a campanha de conquista de Canaã, e marchou ao redor de Jericó e entrou nas brechas dos muros, triunfou em Bete-Horom, e caminhou através da largura e profundidade da terra; e com seus cabelos grisalhos sendo agitados pelo vento naquele dia, um homem de quase cem anos... qualquer um diria que ele, enfim, deveria merecer um alívio de trabalho e um despojo, entrando na mais rica herança que seu Comandante pudesse o dar. Mas nós o encontramos, ao contrário, pisando nas bordas do maior trabalho da sua vida, e, como um jovem de vinte e um anos, pedindo pelo privilégio de lutar as maiores batalhas que faltavam e conquistar os maiores gigantes dos Anaquins. 

Glorioso Calebe! Líder Inspirador! Brilhante exemplo! Fala aos homens e mulheres que tem sido santificados e chamados para encontrar as poderosas oportunidades desses dias presentes.

Ó, que possamos permanecer nas bordas desse reino que vem, e esperar pelos primeiros raios do alvorecer do Milênio! Senhor, nos envie para as mais altas, divinas e mais vitoriosas conquistas da fé e do amor que já tenhamos experimentado, pela glória do nome do nosso Mestre. Amém. 

Tradução própria do texto de A.B.Simpson, no capítulo 7 do livro "Christ in The Bible - Joshua"

terça-feira, 26 de abril de 2016

Hebrom - A Herança do Amor II

A VITÓRIA DA FÉ
Hebrom representa a vitória da fé que espera. A promessa clamada em Hebrom tinha sido dada há quarenta anos. Essa era a realização de uma visão de uma vida. Era o cumprimento de uma esperança adiada. 

As mais ricas bênçãos de Deus algumas vezes requerem não apenas sacrifício, sofrimento e duro conflito, mas grande demora e espera paciente. Mas a bênção cresce com o adiamento! Os juros crescem com o tempo extenso, e a taxa de Deus é sempre em juros compostos.

É muito abençoado receber, no alvorecer da vida, alguma preciosa promessa, e então permanecer firme, à medida que os anos passam, e esperar que Deus a cumpra, sem se desencorajar pela demora, mas sabendo que “para Deus mil anos são um dia, e um dia como mil anos.” 

Deus logo deu ao seu povo antigo uma promessa, e depois anos de espera. E, ó, como Seu coração busca com deleite Seus filhos que permanecem firmes, independente das provas, sabendo que “se tardar, espera-o, pois certamente virá, e não tardará” [Hc 2:3].

Assim, somente assim, as coisas mais fortes amadurecem. A árvore de tília pode crescer em uma década, mas o grande carvalho pode permanecer por séculos, e leva muitos anos para amadurecer. Assim Deus está ensinando-nos como buscar as mais elevadas bênçãos. Vamos segurar firme as promessas. Vamos aprender a esperar pelo melhor vinho no final. 

Sinto muito pelo homem que já recebeu todas as suas bênçãos, e não tem orações não respondidas, e nenhuma reserva de fé e esperança além da presente hora. Como o pintor que chorou quando ele alcançou seu ideal, porque ele nunca poderia exceder o presente, então seu coração perde sua fonte quando alcançou todo o seu desejo.

O Espírito Santo está sempre nos levando adiante na santa aspiração e busca infinita pelas coisas superiores, e Ele pode nos encantar pelas esperanças que Ele coloca diante de nós. Vamos armazenar nos céus essas orações, que são frutos de espera, e vamos deixar que a perspectiva da vida seja coroada, altura acima de altura, com bênçãos ainda não recebidas. Poderemos assim louvar o Senhor tanto pelo que Ele ainda não nos concedeu, assim como pelas bênçãos recebidas, e cantar, com um dos mais doces espíritos de nosso século:

“Doce canção, tenho em meus lábios
há tanto preparada com amor,
Que glórias sejam dadas a Deus
pela graça que ainda não desfrutei.
(Anna Letitia Waring)

AMOR
Hebrom representa especialmente a herança do amor e da sagrada amizade. Essa era a cidade de Abraão, amigo de Deus, e seu nome representa hoje “O Amigo”. Isso tipifica o amor, a suprema herança da fé e da experiência Cristã. 

Não me refiro ao amor no seu sentido natural, como um instinto humano, mas ao amor que é a graça e dom de Cristo; e penso que Hebrom não representa os estágios naturais do amor Cristão, mas a escolha dos finos e escolhidos tons que o Espírito Santo tem para dar àqueles que se dirigirem “para os caminhos altos”.

Sabemos que o Senhor Jesus tinha alguns discípulos que se achegaram mais ao Seu coração que outros; e o amor tem ainda suas câmaras mais interiores e tons mais finos. Hebrom parece expressar essas dimensões do amor e comunhão celestiais.

Aqui temos “o amor que lança fora o medo”; a perfeita confiança no Pai sem sombra; um companheirismo que é eterno e inquebrável, e garantido pelo Seu juramento poderoso. “Nunca te deixarei, jamais te abandonarei”. Será que desejamos o cume dessa montanha do amor?

Então temos o amor de Cristo derramado em nossos corações, que é Seu próprio coração em nós. Não posso cantar o cântico,

“Me dê um coração como o Teu,
Me ajude a amar como Tu”

porque eu não posso me assemelhar a Cristo. Eu devo ter o Próprio Cristo vivendo em mim. Esse é o meu mais alto Hebrom, que “assim como ele é, também sejamos nós, no mundo”. “A fim de que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja”. [Jo 17:26]

Mais uma vez, aqui temos aquilo que chamamos de a vida de amor do Senhor; o abençoado e terno relacionamento no qual o chamamos nosso “Ishi” e Ele nos chama de amados [Os 2:16]; quando somos desposados pelo Senhor e Ele se torna nosso Noivo do coração, despertando todo o nosso ser com um toque tão real, e tão infinitamente santo, que isso é tão verdadeiro quanto todo o resto.

“O amor de Jesus, o que é,
Ninguém além dos Seus amados conhece.”

Será que não desejamos habitar nesse lugar elevado do amor?

Então temos o amor que ajusta todos os nossos relacionamentos naturais e espirituais, e nos capacita a amar cada um em Cristo, não com um amor terreno, sentimental, um amor egoísta que muitas vezes fere aquilo que deveria abençoar. Amar assim como Cristo, que ama cada um com um perfeito, santo, desinteressado e simples amor.

Nosso coração muitas vezes dói porque está desajustado! Assim como os ossos falham em se encaixar um no outro no corpo de Cristo, e as juntas não se ajustam ao seus encaixes, até que todo o corpo esteja distorcido e doente! Mas Cristo tem um amor por cada um de nós que é mais forte que nossas afeições naturais, e infinitamente mais doce, suave, mas desinteressado e abençoado do que qualquer amor terreno.

Alguns de nós morreria por um amigo hoje, com apaixonada devoção; mas amanhã, se ele insultasse nosso cadáver, instantaneamente ressurgiria dos mortos para derramar sobre ele uma feroz recriminação. Esse não é o amor de Cristo, que é pacífico e sem fim.

Alguns de nós nos agarramos a falta de alguém até que nos tornemos cegos para as suas melhores qualidades e nos esquecermos de sua real bondade. O amor de Cristo pode ver o erro, mas também vê o outro lado, e pode cobrir o erro com fé e esperança. Que possamos clamar a Cristo pela cura, e ver o outro apenas à luz do amor perfeito e gracioso do próprio Cristo.

O amor de Cristo não faz acepção de pessoas. Ele ama com mais carinho aqueles que Deus de forma justa posicionou mais próximos a Ele, mas ama também cada um em seu lugar, simplesmente, totalmente, desinteressadamente. 

O sol vê uma pequena margarida e dá a ela a luz que pode suportar. O mesmo sol olha para o seio do grande lago e dá uma porção maior, mais glória, porque o lago pode reter e refletir mais do sol e de sua glória. Então o amor de Deus encontra cada pessoa que tem contato com Sua vida, e toca cada um de acordo com o seu ajustamento à providência de Deus e aos princípios da Sua Palavra.

O amor de Cristo pode amar até o indigno. Ele não ama pelo valor do objeto, mas como o raio de sol, ele cobre as piores coisas com Sua própria glória, “e ama o encanto que Ele deu”. 

Não são essas algumas das alturas de Hebrom que deveríamos desejar escalar, onde seria doce habitar acima das nuvens de nossos céus sombrios?


Continua amanhã...

Tradução própria do texto de A.B.Simpson, no capítulo 7 do livro "Christ in The Bible - Joshua"

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Hebrom - A Herança do Amor

“Portanto, Hebrom passou a ser de Calebe, filho de Jefoné, o quenezeu, em herança até ao dia de hoje, visto que perseverara em seguir o SENHOR, Deus de Israel.” (Js 14:14)

A Cidade de Hebrom ainda é um dos lugares mais interessantes e agradáveis na Palestina. É um ponto bastante elevado, de onde é possível vislumbrar uma grande extensão de terras, e mesmo em meio à desolação da Palestina, ainda é um cenário de extrema beleza, fertilidade e exuberância.

A região é coberta por videiras e plantações. As uvas de Escol ainda crescem em vales, e as chuvas e fontes de água estão trazendo algo de sua antiga plenitude. Não é de se espantar que Calebe colocou seu coração sobre essa porção da herança e clamou para si.

O incidente no capítulo 14 de Josué é um dos mais impressionantes no Livro de Josué. Calebe foi um dois espias fiéis que voltaram da terra para Cades-Barnéia [Nm 12], e, diferente dos seus irmãos, ele encorajou o povo a subir e tomar a sua herança. No entanto, eles se recusaram a isso, e por quarenta anos ele esperou até que a geração incrédula tivesse sido exterminada. Depois, por mais de quatro anos, Calebe permaneceu ombro a ombro com seus companheiros na conquista da terra e das diversas heranças, até que os últimos reis tenham sido subjugados e a terra foi então dividida por sortes. Então, ele se apresenta e requer sua própria herança e, com justiça, a recebe.

UMA HERANÇA ESPECIAL
Hebrom representa uma herança especial; algo mais do que os lotes comuns das outras tribos. O ato de Calebe expressou a santa ambição que é digna de nossa imitação. 

Deus se agrada de nos ver clamar por tudo o que há para nós em Sua grande redenção. O Mestre não ficou aborrecido com Tiago e João quando eles desejaram mais que seus irmãos [Mt 20:20]. O profeta do velho testamento ficou aborrecido quando o rei de Israel demonstrou que estava disposto a receber tão pouco, e o reprovou quando ele não atirou cinco ou seis vezes com as flechas da fé sobre o chão [2 Rs 13:17-19].  

Existe mais para cada um de nós que uma experiência Cristã ordinária. Existe muito mais além de ser salvo e santificado. Deus tem escolha de possessões para espíritos escolhidos, e Ele deixa que cada um decida por si mesmo o quanto deseja ter. Eles está sempre observando com ciúme amoroso para ver quão diligente nosso espírito é, e o quanto do chamamento celestial em Cristo Jesus nós ambicionamos. 

O MELHOR DE DEUS
Hebrom representa não apenas uma herança superior, mas a mais alta delas. Era o lugar mais desejável em toda a terra. Calebe deseja aquele lugar porque era o melhor, e Anaque o tomou pela mesma razão. Deus tem para cada um de nós o bom, o muito bom e o excelente. A grande maioria está apaticamente satisfeita em ter o bom, uma minoria escolhe o muito bom, e um em uma miríade [10.000], ocasionalmente, busca o excelente. Bem verdadeiro é o dito: “O muito bom é o maior inimigo do excelente.” Se nós nos posicionamos um pouco acima da média, podemos descansar na auto complacência, e perder o mais alto chamado.

Calebe não receberia nada menor que o excelente de Deus, e efetivamente o recebeu. Deus deseja que não nos contentemos com nada além de Seu mais alto propósito, e “seguir em frente para o bom prazer de de Sua bondade” e “e a boa, perfeita e agradável vontade de Deus”. 

DIFÍCIL
Hebrom representa uma vitória muito difícil. Não era apenas a mais elevada, mas também a escolha mais difícil. É bem verdade que os mais elevados dons de Deus são os mais custosos. No âmbito natural, valor é expresso pela raridade e custo. Pérolas não nascem em árvores. Soberanos não caem como flocos de neve. Os louros da fama não estão presos em todos os galhos ao longo do caminho. Sucesso não é um acidente capcioso. Todas essas coisas são a recompensa do labor, sacrifício, renúncia, e muitas vezes, grande sofrimento. Portanto, as mais elevadas coisas espirituais são custosas, e envolvem um intenso labor e renúncia.

Satanás não disputa nosso caminho nas planícies das bênçãos medianas, mas quando ascendemos para as altitudes mais altas, encontramos seus principados e poderes disputando nosso avanço, e eles são mais difíceis no final. O diabo também é sagaz para não desperdiçar sua munição em coisas ordinárias, comuns. A razão para que Arba, o maior de todos os Ananquins, tivesse escolhido Hebrom era porque era o melhor lugar da Palestina. A causa das coisas melhores na sua vida custarem tão grandes tentações e pressões, é porque essas maravilhosas e inefáveis bênçãos estão atrás das defesas do seu inimigo, se você apenas ousar clamar por sua herança. 

Se você vai alcançar as alturas da santidade, você terá, como Habacuque, que ter “pés como os da corça”, e “aprender a andar nos lugares altos”. Se você vai chegar aos tons mais delicados da experiência Cristã, você deve conhecer os toques pesados da mão do adversário. Se você vai se assentar com Cristo no Seu trono, você deve ir com Ele ao Getsêmani. Cristo não está te impedindo de chegar às regiões mais altas ao Seu lado, mas Ele está te perguntado, como Ele fez com Seus discípulos da antiguidade, “Você pode beber do cálice? Pode ser batizado no meu batismo?”

Calebe entendeu tudo isso quando ele pediu Hebrom, e a razão pela qual ele a desejava era porque “os Ananquins estavam lá, e grandes e fortes cidades” [Js 14:12]. Cristo está buscando homens e mulheres com esse tipo heróico, aqueles que vão suportar as coisas mais difíceis, e não terão medo do custo pelas coisas mais elevadas do Seu reino.

Uma vez em minha vida, quase fui tentado ao desencorajamento pelas tentações e pressões ao meu redor, e meus olhos pousaram sobre essa linha de um livro antigo: “A melhor evidência de que você está na vontade de Deus é o rugido do diabo”. Então eu agradeci ao diabo pelo seu rugido, e encontrei a razão pela qual ele estava ali com toda a força, porque havia um Hebrom logo em frente. 

Continua amanhã...

Tradução própria do texto de A.B.Simpson, no capítulo 7 do livro "Christ in The Bible - Joshua"

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Do Encorajamento para a Apostasia

O que Aconteceu com a Cristandade?

No Livro de Hebreus, os Cristãos são avisados diversas vezes do alvo do seu chamamento. Esse é o assunto central  na vida Cristã e, portanto, deveria ser a ocupação central em todas as atividades de qualquer Cristão em todos os tempos. Esse é o assunto disposto na Palavra de Deus como importante do ponto de vista Dele.

Princípio da Nossa Confiança 
Em Hebreus 3:13a, Cristãos são alertados: 

“pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia [Lit. ‘diariamente’, 'todos os dias’], durante o tempo que se chama Hoje [o tempo presente]

Isso deve ser feito para evitar, a todo custo, que venhamos a tomar um curso similar ao que foi tomado pela nação de Israel em Cades-Barneia (cf.Hb 3:8, 13b).

De acordo com as escrituras, os Cristãos vão ocupar posições com Cristo no trono, como seus “companheiros” SE….. Os Cristãos vão ter posições dessa natureza com Cristo nesse dia que virá, SE, durante o presente dia, eles segurarem firme a confiança que desde o princípio tiveram, “guardar até o fim” (Hb 3:14).

(A palavra “companheiros” é melhor que “participantes”, usada na versão King James. Essa seria uma tradução preferível da palavra grega “metochoi” usada nesse texto de Hb 3:14, que é a mesma palavra que o escritor de Hebreus também usou em 1:9 [traduzida por “companheiros”] e 3:1 [traduzida como “participantes”].

Segurar “desde o início da confiança até o fim”, tendo em vista ser “companheiros” de Cristo naquele dia, deve ser entendido dentro da estrutura do tipo. 

Calebe e Josué seguraram desde o início a confiança até o fim; apesar do restante da nação não ter feito o mesmo.

No que diz respeito ao entrar na terra, expulsar o inimigo, e ocupar a posição para a qual eles foram chamados, Calebe e Josué disseram: “Eia! Subamos e possuamos a terra, porque, certamente, prevaleceremos contra ela” (Nm 13:30).

Mas o restante da nação manifestou uma atitude totalmente diferente, tomando uma outra abordagem em relação ao assunto. Eles temeram os habitantes da terra, choraram durante a noite, murmuraram contra Moisés e Aarão e tentaram apontar outro novo líder para sai e retornar ao Egito (Nm 13:21 -14:4).

É aí que está a diferença. Esse é o contexto de Hb 3:14, que deve ser entendido tendo esse pano de fundo.

Confissão da Nossa Esperança

Em Hebreus 10:23-25, o mesmo mandamento é declarado de uma forma um pouco diferente, em conexão com os Cristão se congregarem. No verso 23, os Cristão são exortados: “Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar”. Então, os dois versos seguintes falam aos Cristãos para “considerar uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras…façamos admoestações”. Assim, esta é a maneira que os Cristãos devem conduzir seus assuntos uns com os outros, “tanto mais” quando “verem que o Dia se aproxima [esse dia quando a esperança presente será realizada]”.

Pelo contexto, em Hebreus 10, o propósito central dos Cristãos se congregarem (o propósito central  do texto - “não deixemos de congregarmos…” - vs.25) é exortar uns aos outros em relação à esperança do nosso chamado (cf.vv. 23,25).

Fazendo isso, os Cristãos, de alguma maneira, poderiam ser ensinados sobre essa esperança. Eles poderiam falar e discutir sobre essa esperança uns com os outros, porque não poderia haver exortação alheia aos fatos que envolvem o chamado Cristão.

Em outras palavras, à luz de Hebreus 3:13, 10:23-25, os Cristãos devem se congregar, tendo em vista o falar e discutir entre si sobre as coisas que se relacionam ao seu chamado. Eles devem falar da terra diante deles (aquela terra celestial), o inimigo nela (Satanás e seus anjos), a necessidade da presente vitória sobre o inimigo (através da batalha espiritual), e da esperança diante de nós (de um dia ocupar essa terra celestial com o “Rei dos Reis e Senhor dos Senhores”, e Cristo e os Cristãos ascenderem ao trono juntos [ocupando o lugar que hoje está tomado por Satanás e seus anjos], exercitando os direitos de primogenitura). 

E, com essas coisas em vista, os Cristãos deveriam ocupar tempo exortando uns aos outros (“diariamente” no texto [3:13]) no que se relaciona à importância de ter os olhos fixos no objetivo diante de nós, devendo continuar com este intercâmbio uns com os outros tanto mais quanto eles vêem “que o Dia se aproxima”.

Este é exatamente o tempo em que estamos hoje - um tempo onde os Cristãos deveriam se exortar mutuamente “tanto mais quanto” estamos vivendo bem próximos do fim da presente dispensação, bem próximo do final do tempo do homem de seis dias (6.000 anos), imediatamente antes do sétimo dia que rapidamente se aproxima (o Dia do Senhor, a Era Messiânica, os últimos 1.000 anos).

Mas…

Será que os Cristãos estão se congregando hoje com esse propósito em vista? Dificilmente! Os Cristãos, em sua maioria, sabem pouco ou nada sobre esse assunto. Esse não é um assunto sobre o qual eles falam ou discutem; tampouco é algo que esteja nos seus mais importantes pensamentos, governando suas ações, possibilitando que se exortem mutuamente dia a dia.

Consequentemente, os Cristãos estão se congregando hoje com propósitos que ignoram completamente o que está descrito em Hb 10:23-25. Isso mostra quão completo tem sido o trabalho do fermento no seu processo de destruição [Mt 13:33]. 

As condições vão melhorar? Será que os Cristãos vão acordar um dia?

Não durante a presente dispensação! A presente dispensação, de acordo com as escrituras, terminará em total apostasia no que tange aos Cristãos entenderem e manifestarem um interesse na Palavra do Reino; e é exatamente essa direção que a Igreja tem tomado pelos séculos. 

E, não tem apenas tomado essa direção, mas a Igreja continua a seguir nela ainda hoje - uma direção que, por todos os propósitos práticos, tem carregado a Igreja a um ponto completamente distante “da fé” que era sustentada quase que universalmente entre os Cristãos durante o primeiro século.

A afirmação de Cristo “até que esteja tudo levedado” (Mt 13:33), e Sua semelhante afirmação de que no tempo de Seu retorno Ele não encontraria “a fé na terra” (Lc 18:8), devem ser tomadas pelo seu real valor. Cristo, em Sua onisciência, sabendo do futuro, tanto quanto do passado e presente, afirmou como será exatamente no final desta dispensação.

Depois de dois milênios, no final da dispensação, o processo de fermentação, de acordo com a afirmação de Cristo (cf. Mt 13:3-33), seria tão completo  que, correspondentemente, a mensagem relacionada “a fé” não seria mais ouvida nas Igrejas - tanto nas Igrejas fundamentalistas como nas liberais. E a Igreja como um todo, no que diz respeito a essa mensagem, seria como a Igreja de Laodicéia em Ap 3:14-21, “infeliz, miserável, pobre, cego e nú”.

Tradução do texto do mesmo nome de Arlen L.Chitwood

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Preparando-se para Encontrar o Noivo III

“Unge-te”

Nas Escrituras do Antigo Testamento era usado “Óleo” para ungir profetas, sacerdotes e reis. Havia uma conexão entre o uso do óleo dessa forma e a vinda do Espírito Santo sobre o indivíduo, a fim de capacitá-lo para o serviço para o qual estava sendo consagrado. 

Por exemplo: Saul foi ungido o primeiro rei sobre Israel (1 Sm 10:1,6); e, seguindo-se à recusa de Saul em fazer o que Deus o comandou em relação à Amaleque, Davi foi ungido rei em seu lugar (1 Sm 16:13). E, como claramente indicado, “óleo” era usado em ambas as passagens para simbolizar o Espírito de Deus. O Espírito veio tanto sobre Saul como sobre Davi logo em seguida à sua unção, capacitando a ambos para as tarefas que deviam realizar.

A parábola das dez virgens em Mt 15:1-13, também mostra o “óleo” sendo usado de forma simbólica, exatamente como no Antigo Testamento. Todas as virgens possuíam óleo, mas apenas as cinco virgens sábias possuíam uma porção extra. E quando elas foram chamadas para prestar contas – à “meia noite” - apenas as cinco virgens sábias puderam entrar nas bodas com o Noivo (vv.6).

Isso quer dizer que, no antitipo, todos os Cristãos possuem o Espírito Santo. Ele habita em todo o Cristão. No entanto, nem todo Cristão tem um suprimento extra de óleo. Nem todo o Cristão está cheio do Espírito Santo. E quanto os Cristãos são chamados à prestar contas – à “meia-noite” – apenas aqueles que estão cheios do Espírito poderão entrar nas bodas com o Noivo.

Isso é o que está envolvido no simbolismo da segunda parte da preparação de Rute para encontrar Boaz na eira à meia-noite. Sem se ungir, Rute não poderia estar adequadamente preparada para encontrar Boaz; as dez virgens, da mesma maneira, sem possuir um suprimento extra de óleo, não poderiam estar apropriadamente preparadas para encontrar o Noivo à meia-noite. Sem estar cheios do Espírito, os Cristãos hoje não podem estar preparados para encontrar o Senhor à meia-noite. Isso se tornará evidente quanto a terceira e última parte da preparação de Rute for vislumbrada, porque existe uma conexão inseparável nas três partes.

 “Põe os teus melhores vestidos”

Rute não deveria estar apenas limpa e ungida com óleo, mas também deveria estar apropriadamente vestida. Rute estava indo se encontrar com seu noivo. As palavras de Noemi, “põe os teus melhores vestidos”, à luz do que está envolvido (eventos que vão culminar no casamento de Rute com Boaz), podem apenas se referir a um vestuário especial para aquela ocasião. O vestuário que Rute iria usar deveria refletir a ocasião.

Essa faceta da preparação de Rute, apontando para a presente preparação que os Cristãos devem fazer, é vista na parábola das bodas em Mt 22:1-14. Nessa parábola, um homem apareceu impropriamente vestido nas festividades relacionadas ao casamento de “um certo” filho do Rei. Esse homem compareceu sem veste nupcial; e a ele não foi apenas negada a entrada nas festividades, como este foi lançado para fora, nas trevas.

(Temos outra referência às trevas de fora [ou trevas exteriores] na parábola dos talentos [Mt 25:30]. Essa parábola se refere ao mesmo assunto anterior [das dez virgens (vv.1-13)], apesar de tomar uma perspectiva diferente.)

Um “certo rei” e “seu filho”, em Mateus 22:2, não podem fazer referência a nenhum outro a não ser Deus o Pai e Seu Filho, tendo em vista as festividades relacionadas às “bodas do Cordeiro”. Em Ap 19:7,8, nos é dito que a noiva a si mesma já se ataviou [ataviar - ornar, embelezar, adornar], por ter-lhe sido dado vestir-se com “linho finíssimo”; e desse “linho finíssimo” são os “os atos de justiça dos santos.”

Os Cristãos, assim como Rute, devem se ataviar com vestes adequadas para seu futuro encontro com o seu Noivo. Os atos de justiça, formando as vestes nupciais, emanam da fidelidade ao nosso chamado.

Enquanto a veste nupcial está sendo formada, as obras emanam da fidelidade e trazem a fé ao seu alvo adequado (cf. Hb 11:17-19,31; Tiago 2:14-26; 1 Pedro 1:9).

Além disso, é evidente que um Cristão que não está cheio do Espírito – tipificado pela segunda parte da preparação de Rute ao se ungir – não está em posição de executar atos de justiça (obras) que compõem a veste nupcial.

As escrituras claramente revelam que os Cristãos irão aparecer diante de Cristo de duas maneiras. Alguns terão vestes nupciais e outros não. As palavras “vestido” e “nú” são usadas nas Escrituras para distinguir entre a aparência de indivíduos nessas duas diferentes maneiras (Ap.3:17, 18; cf. Rm 8:35). Além disso, os Cristãos de ambos os grupos serão tratados de acordo com Mt 22:10-13. Os Cristãos apropriadamente vestidos (possuindo vestes nupciais) serão tratados de uma maneira, enquanto que os impropriamente vestidos (sem vestes nupciais, nús) serão tratados de uma forma totalmente diferente.

Os do primeiro grupo poderão participar das bodas, com a perspectiva de subsequentemente ocupar posições como co-herdeiros com Cristo no Seu reino, como a noiva do Cordeiro, formando Sua rainha. Os do segundo grupo terão a entrada proibida nas bodas e consequentemente não estarão entre aqueles que formam a noiva do Cordeiro, Sua rainha. Assim, eles não terão parte com Cristo no Seu reino sobre a terra.


Tradução do texto “Preparação para Encontrar com o Noivo” de Arlen L.Chitwood

terça-feira, 19 de abril de 2016

Preparando-se para Encontrar o Noivo II

“Banha-te”

“Se lavar” não tem a ver com a limpeza de uma contaminação presente. Considerando a abrangência do ministério dos sacerdotes no Velho Testamento, a completa lavagem do corpo ocorria somente na primeira vez em que iniciava seu ofício sacerdotal, na entrada do átrio do tabernáculo, não se repetindo mais (Ex.29:4; 40:12-15). Outras partes do corpo eram lavadas sucessivamente na bacia de bronze, no átrio do tabernáculo, à medida que os sacerdotes ministravam entre o altar de bronze e o Santo Lugar (Ex.30:19-21). Suas mãos e pés se tornavam sujos à medida que exerciam seu ministério, e a bacia de bronze tinha pias altas e baixas, possibilitando lavar essas partes sujas do corpo.

Lavar no Antigo Testamento era visto em dois sentidos – um lavar completo do corpo (feito de forma inicial e de uma única vez), seguido por lavagens de partes do corpo (diversas lavagens subsequentes). Eram esses dois tipos de “lavar” que Jesus se referia quando falava com Pedro em João 13:8,10:

“Se eu não te lavar [Gr.nipto, se referindo a parte do corpo – vide Septuaginta em Ex.30:19,21], não tens parte comigo [note comigo e não em mim].
Quem já se banhou [Gr.louo, se referindo ao corpo todo (a Septuaginta usa essa palavra em Ex.29:4; 40:12)] não necessita de lavar [nipto] senão os pés...”

Pedro já tinha sido lavado uma vez (descrito pela palavra louo [corpo todo]); e agora ele precisava de um contínuo lavar (descrito pela palavra nipto [partes do corpo]). E, sem esse contíuo lavar, ele não teria parte “com” Cristo (contextualmente, o reino e posições com Cristo ali estavam em vista).

Trazendo o ensino tipológico do Antigo Testamento e a afirmação de Cristo a Pedro para nossas vidas como Cristãos hoje, a questão seria essa:

Cristãos, parte do sacerdócio do Novo Testamento (1 Pd.2:5), receberam um lavar completo (louo, corpo todo) no momento que ingressaram no sacerdócio. Ou seja, no momento que foram salvos. Agora, como sacerdotes ministrando ao seu Senhor, devido à contaminação pelo contato com o mundo, precisam de um lavar parcial (nipto, partes do corpo). Sem esse contínuo lavar, os Cristãos não terão parte com Cristo no seu reino futuro.

Todo o lavar é realizado com base no sangue derramado, relacionado à obra passada e presente de Cristo. 
Cristo morreu no Calvário, derramando Seu sangue, assim Ele cumpriu a redenção. Os que se apropriam do sangue são lavados (louo) e entram no sacerdócio (correspondendo ao tipo paralelo da morte do cordeiro pascoal e a aplicação do sangue em Ex.12:1).

O sangue de Cristo está hoje no propiciatório do tabernáculo celestial, no Santo dos Santos, com Cristo ministrando na base de Seu sangue derramado em nosso favor. Assim, Ele realiza um lavar contínuo (nipto) dos “reis e sacerdotes” (Ap.1:6; 5:10) que Ele está gerando.

Desta forma, o Senhor já separou um povo limpo (louo), através do qual Ele está cumprindo Seus planos e propósitos. E assim Ele proveu os meios pelos quais Ele pode manter aqueles que Ele separou limpos (nipto).

Mas, o limpar por meio da obra do Sumo Sacertote Cristo não é algo que ocorre automaticamente. Rute teve que agir ativamente. Ela teve que se preparar para o encontro iminente com Boaz na sua eira. Da mesma maneira, Cristãos devem se preparar para o iminente encontro com Cristo na Sua eira.
Rute se lavou. Hoje, Cristo é quem nos lava. No entanto, os Cristãos, assim como Rute, devem agir. Somente quando “confessamos nossos pecados”, julgando a nós mesmos (1 Co 11:31,32), é que Cristo realiza a limpeza a nosso favor.

“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1 Jo 1:9)

Continua amanhã...



Tradução do texto “Preparação para Encontrar com o Noivo” de Arlen L.Chitwood

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Preparando-se para Encontrar o Noivo

Como alguém se prepara para o retorno de Cristo?

Todos os Cristãos um dia irão se encontrar com o Noivo, e consequentemente estarão diante de Cristo no Seu tribunal (cf.Mt 25:1). E se desejarmos ouvir “Muito bem, servo bom e fiel...”(Mt 25:19-23; Lc 19:15-19) do nosso amado Senhor, devemos nos preparar para aquele dia.

Durante o seu ministério, João Batista mencionou o Tribunal de Cristo e seu tratamento com os Cristãos. Fazendo isso, usou como exemplo uma eira no final de uma colheita:

“Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. A sua pá, ele a tem na mão e limpará completamente a sua eira; recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível.” (Mt 3:11,12)

A eira era o lugar onde os feixes de grãos eram trazidos para ser debulhados, para separar o trigo do joio.  Os feixes de grãos eram trazidos a este lugar e espancados até soltar os grãos. A mistura de grãos, palha e joio era lançada contra o vento, quando o grão era separado da palha. Depois disso, o grão era armazenado na eira e guardado durante a noite por alguém que dormia no local.

Na eira, aquilo que tinha valor (o grão) era separado daquilo que não tinha valor (a palha), o que é exatamente o que vai ocorrer no tribunal de Cristo. As obras dos Cristãos serão provadas “pelo fogo”, e ocorrerá uma separação. As obras comparadas com “ouro, prata e pedras preciosas” vão suportar o fogo; mas as que são comparadas com “madeira, feno e palha” serão queimadas pelo fogo (1 Co 3:11-15).

Isso é o que João preanunciou quando fez referência à separação do trigo e da palha, com o trigo sendo guardado no celeiro e a palha sendo queimada.

O assunto – preparação, eventos na eira e o que se segue – é descrito de forma tipológica no Livro de Rute. Rute se preparou de uma forma tripla para se encontrar com Boaz na sua eira, no final da colheita. Rute se lavou, se ungiu, se vestiu adequadamente antes de encontrar Boaz (Rute 3:3). E encontrando Boaz dessa forma, na eira, tinha em vista duas coisas (vv.9):

  1. 1) A redenção de uma herança
  2. 2) Se tornar a esposa de Boaz

Esse encontro também ocorreu “à meia-noite” (v.8), prenunciando, tipologicamente, um tempo de julgamento 
(isso se nos ativermos à primeira menção de “meia-noite” na Escritura [usada em conexão com julgamento – Ex.11:4] e com o tipo como um todo à luz de Mt 3:11,12).

A preparação de Rute no tipo é a mesma preparação do Cristão no antitipo. Rute se preparou de uma certa maneira para se econtrar com Boaz na eira, à meia-noite, tendo em vista a redenção de uma herança e um casamento; e os Cristãos devem, da mesma forma, se preparar para se encontrar com Cristo na eira, à meia-noite, tendo em vista a redenção de uma herança e um casamento.

Continua amanhã...

Tradução do texto “Preparação para Encontrar com o Noivo” de Arlen L.Chitwood

domingo, 17 de abril de 2016

A Herança dos Levitas - Tudo em Deus e Deus em Tudo (Parte III)

DEUS EM TUDO
Os Levitas também representavam o princípio de encontrar Deus em tudo. Lemos que eles não tinham herança, e também lemos no capítulo 21 de Josué, que Deus deu a eles a escolha de cidades entre todas as doze tribos. Eles abriram mão de tudo, e receberam mais do que qualquer das tribos. Efraim tinha uma herança, Judá tinha outra, mas Levi tinha a escolha de cidades em cada um dos territórios de Israel. Isso é muito maravilhoso e instrutivo. A tribo que deixou tudo, que escolheu Deus apenas, recebeu as melhores cidades em cada canto da terra. Quem poderia dizer que eles perderam por abrir mão de tudo por Deus?

Amigos, é uma grande coisa aprender a ter Deus como primeiro, e então Ele pode nos dar tudo mais, sem temer que isso nos prejudique. Enquanto você desejar muito uma coisa, especialmente mais do que deseja Deus, isso é um ídolo. Quando você se torna satisfeito em Deus, tudo o mais perde seu encanto e Ele pode dar tudo a você sem te prejudicar, e você pode tomar aquilo que desejar, e usar para a glória Dele.

Nas existe problema em ter dinheiro, casas, terras, amigos e filhos amados, se você não valorizar essas coisas em si mesmas. Se você for separado delas em espírito, e se tornou satisfeito em Deus, elas se tornarão para você canais plenos de Deus para O trazer para mais perto de você. Cada pequeno cordeiro em volta de sua casa será um terno cordão, que vai te amarrar ao coração do Pastor. Então, cada afeição será um copo de ouro cheio do vinho do Seu amor. Cada centavo do banco será um canal para derramar Sua beneficência e estender Seus dons.

O dia virá quando Deus vai “acrescentar todas as coisas”, poderemos ter as riquezas do universo aos seus pés, mas certamente não poderíamos trocar tudo isso por um pulsar do Seu coração, e um relance de Sua face.

Sim “porque tudo é vosso: seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, sejam as coisas presentes, sejam as futuras, tudo é vosso, e vós, de Cristo, e Cristo, de Deus.” (1 Co 3:21,22). 

“Vós, de Cristo, e Cristo, de Deus”.

Amados, que possamos aprender essa lição dupla, e que possamos pedir a Deus para traduzir isso a cada momento dos próximos dias e anos, primeiro, TER TUDO EM DEUS, e então, TER DEUS EM TUDO!

Tradução livre de parte do texto de A.B.Simpson, do livro “Christ in the Bible: Joshua” - capítulo 12.

sábado, 16 de abril de 2016

A Herança dos Levitas - Tudo em Deus e Deus em Tudo (Parte II)

TUDO EM DEUS
Os Levitas também representavam o princípio de encontrar todos os recursos em Deus!

No décimo terceiro capítulo de Josué, no versículo 33, nós lemos: “Porém à tribo de Levi Moisés não deu herança; o SENHOR, Deus de Israel, é a sua herança, como já lhes tinha dito.” Isso é muito significativo! Deus deu terra para as outras tribos, mas Ele Se deu para os Levitas. Podemos dizer que existe algo na vida cristã que se compara a receber uma herança do Senhor, assim como temos algo como ter o Próprio Senhor como nossa herança.

Algumas pessoas recebem a santificação do Senhor, que é algo de extremo valor, mas é oscilante, e muitas vezes não é permanente. Outros aprenderam a lição mais profunda de tomar o Próprio Senhor como seu Guardador e Santificador, e em permanecer Nele eles são guardados acima das vicissitudes de suas próprias circunstâncias e sentimentos. 

Alguns recebem do Senhor grandes medidas de alegria e bênção, e momentos de refrigério de Sua presença que é muito graciosa. Outros, de novo, aprenderam a tomar o Próprio Senhor como sua Alegria, e então, como Ele prometeu: “o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá tirar….” (Jo 16:22). 

Algumas pessoas se contentam em ter a paz com Deus, mas outros tomaram “a paz de Deus que excede todo o entendimento, que guardará as suas mentes e corações em Cristo Jesus” (Fp 4:7). Alguns tem fé em Deus, enquanto outros tem a fé de Deus. 

Alguns tem muitos toques de cura do Senhor, outros, aprenderam a viver na saúde do Próprio Deus, e dizer: “Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus” (2 Co 4:11) “para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal.” 

Alguns estão sempre desejando ser fortalecidos e ajudados pelo Senhor, outros aprenderam a tomar o Senhor como sua força, e encontrar Sua Força aperfeiçoada em suas fraquezas. Alguns estão tentando servir a Deus e usar Seu Santo Espírito como seu Ajudador e Força para servir. Outros se entregaram a si mesmos a Deus para que Ele apenas os use, e eles são canais e vasos de Sua vida e força.

Esse tipo de vida nos conduz constantemente para o fim de nós mesmos, e, a medida que crescemos pouco, Ele cresce mais e se torna o Nosso TUDO em TUDO. O verdadeiro serviço levítico deve se perder em Deus, e encontrar Nele sua sabedoria, sua fé, seu amor, poder, paz, alegria, porção, e seu tudo. Uma vida como essa pode se erguer acima das circunstâncias exteriores e interiores, e se conectar com a Fonte Infinita de todos os recursos, o coração do Próprio Deus. Seremos como o cavaleiro Norueguês antigo, que bebia de um chifre que nunca secava, porque um pequeno tubo o conectava com o rio, e quanto mais rápido ele bebia, mais eles se mantinha cheio por sua fonte inesgotável. 

Continua amanhã...

Tradução livre de parte do texto de A.B.Simpson, do livro “Christ in the Bible: Joshua” - capítulo 12.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

A Herança dos Levitas - Tudo em Deus e Deus em Tudo (Parte I)

“Rogo- vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.”
Romanos 12:1

O vigésimo primeiro capítulo de Josué detalha a herança dos levitas. A eles foram confiados todos os serviços do santuário, e educação de todas as tribos na palavra e caminhos de Deus.

Eles eram tipos do serviço Cristão, representado pelo princípio da verdadeira consagração.

REDENÇÃO

Essa tribo representava o princípio da redenção como base para a consagração. No oitavo capítulo de Números, nos versículos 17 e 18, lemos: “Porque meu é todo primogênito entre os filhos de Israel, tanto de homens como de animais; no dia em que, na terra do Egito, feri todo primogênito, os consagrei para mim. Tomei os levitas em lugar de todo primogênito entre os filhos de Israel”. 

Eles foram substituídos por todo o primogênito que havia sido condenado à morte, e salvo pelo sangue do Cordeiro Pascoal. Era isso que os Levitas representavam, e portanto representavam a idéia da redenção. Eles eram como homens que foram comprados por preço e cujas vidas não eram mais deles mesmos. Entretanto, apesar de Deus não requerer a sua morte, Ele tomou, no lugar, a sua vida.

Nosso serviço e nossa consagração também deveria verter da redenção pelo sangue de Cristo. Essa é a base que o Apóstolo apresenta como fundamento para nossa entrega a Deus: “…não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço…” (1 Co 6:19,20)

Não existe nenhum crédito ou mérito em nossa consagração à Deus, porque nós já pertencemos a Ele e não temos direito sobre nós mesmos. Ele comprou todo o poder do nosso ser e toda a possibilidade da nossa existência, e quando nos entregamos a Ele, simplesmente reconhecemos o fato de que já somos Dele, e que Ele tem o direito a tudo que podemos ser ou fazer. 

Os Levitas também representam o princípio do serviço prático nos caminhos simples da vida.

Eles não foram encerrados em Jerusalém, no tabernáculo, mas os encontramos distribuídos em toda porção de terra de Israel, com o propósito óbvio de difundir os princípios que eles representavam para todos os grupos de pessoas. Isso representa de forma linda a aplicação de princípios de consagração para todos os caminhos e ocupações mais simples da vida. Deus não deseja nossas frases religiosas em dias santos e momentos especiais. Ele deseja que todo lugar seja sagrado, todo dia seja um Sábado, e tudo tenha a inscrição “Santidade ao Senhor”. Ele deseja que ao nos assentarmos em nossa mesa de jantar, para comer e beber para a glória de Deus, possamos falar com nossas famílias em alegre comunhão, tendo toda a palavra “temperada com sal”. Ele deseja que toda a nossa vida seja tão santa quanto nossos cultos de comunhão, e até o nosso comprar e vender seja sagrado.

Na era que virá, todas as panelas terão a inscrição “Santo ao Senhor”, todo o utensílio de cozinha será para Cristo, até mesmo as campainhas dos cavalos vão badalar Glória ao nome de Emanuel (Zc 14:20,21).

Deus deseja os Levitas espalhados em todas as cidades de Israel. Ele deseja sua oficina, fábrica, cozinha, creche e gráfica, seu púlpito e seu armário. Ele deseja que você seja tão santo ao meio dia de Segunda ou Quarta-feira, como é no Domingo de manhã, quando vai nos cultos. Que o Senhor possa nos tornar seu sacerdócio santo, e nos tornar na luz do mundo e sal da terra!

Continua amanhã....


Tradução livre de parte do texto de A.B.Simpson, do livro “Christ in the Bible: Joshua” - capítulo 12.

terça-feira, 12 de abril de 2016

Não há um caminho para Cristo e outro para nós

Se desejamos o melhor de Deus para nossa vida; se desejamos crescente poder e vitória sobre o pecado e sobre o eu, devemos chegar a um acordo com o fato de que depois de havermos nascido de novo e encher-nos do Espírito, ainda somos seres decaídos. 

Precisamos entender que há grandes áreas de nossa vida e disposições que devem ser continuamente submetidas à cruz e à morte se desejamos levar uma vida triunfante e vitoriosa. E isto que Paulo quer dizer em Romanos 8 com as palavras "andar segundo o Espírito". Para isto, devemos aceitar a cruz e deixar que ela continue a matar a carne. Nas palavras da Bíblia Viva, em Galatas 5:24, 25, Paulo diz: "Aqueles que pertencem a Cristo pregaram seus maus desejos naturais [a vida da natureza e do ego] na sua cruz e os crucificaram ali. Se agora estamos vivendo pelo poder do Espírito Santo, sigamos a liderança do Espírito Santo em todos os aspectos de nossa vida." 

Isto indica que a conquista de nossa natureza carnal, por parte do Espírito, não é necessariamente automática. Nessa questão, podemos escolher. Podemos recusar o caminho da cruz, o caminho do quebrantamento e da crucificação do eu. E isso significa derrota. Nosso único lugar de vitória é sobre a cruz. Cristo reina do madeiro. Não há um caminho para ele e outro para nós. Ele foi à cruz não somente como nosso Substituto, mas também como nosso Representante para mostrar-nos que a cruz é, na realidade, o único lugar de autoridade.

A cruz não se destina apenas à morte do pecado, mas também a toda a vida da natureza e do ego, inclusive os assim chamados bons traços dessa vida. É por isto que George D. Watson demanda uma morte mais profunda do ego. Deus deseja remodelar-nos continuamente. Quando permitimos que a cruz realize sua obra, Deus nos fará totalmente diferentes do que somos agora. Alguns pensam que isso é impossível, mas é por isso que Deus permite a cruz em nossa vida, isto é, as coisas que continuam matando nossa vida do ego. Nossa recusa da cruz é o motivo de tanto conflito no lar, na igreja, no comércio, na indústria e no trabalho.

Extraído do livro “O Seu Destino é a Cruz” de Paul. Billheimer


segunda-feira, 11 de abril de 2016

Como Usar a Cruz

Alguns dos melhores escritores sobre santidade concordam em que há um eu legítimo que se distingue do eu carnal. A cruz não se destina apenas a afastar aquilo que está em direta contradição com Deus, a que chamamos mente carnal. Serve também para remover toda a vida da natureza e do ego, que não poderia classificar-se como rebelião contra Deus, mas que, não obstante, pelo fato de pertencer ao eu em vez de pertencer a Deus, não pode ser usada pelo Criador e deve, portanto, ser posta de lado. 

Quanto a este ponto, George D. Watson, escritor dos primeiros tempos do movimento de santidade disse:

Há não somente morte para o pecado, mas em muitas coisas há uma morte mais profunda do ego—uma crucificação nos detalhes e nas minúcias da vida—depois que a alma é santificada. Esta crucificação mais profunda do ego é o desdobramento e a aplicação de todos os princípios da auto-renúncia com que a alma concordou em sua plena consagração. 

Jó foi um homem perfeito e morto para todo pecado; mas em seus grandes sofrimentos ele morreu para sua própria vida religiosa; morreu para suas afeições domésticas; morreu para sua teologia, para todas as suas opiniões da providência de Deus; morreu para muitas coisas que, em si mesmas, não eram pecado, mas impediam-no de maior união com Deus.

Pedro, depois de santificado e cheio do Espírito, precisou de uma visão especial vinda do céu que o matasse para sua teologia tradicional e para seu forte igrejismo judaico. O maior grau de auto-renúncia, de crucificação e de rendição a Deus, ocorre após a pureza do coração. Há um número enorme de coisas que não são pecaminosas; não obstante, o apego a elas impede uma maior plenitude do Espírito Santo e uma mais ampla cooperação com Deus. 

A sabedoria infinita toma-nos pela mão, e dispõe as coisas para levar-nos através de crucificação profunda, interior, às nossas melhores partes, nossa sublime razão, nossas mais brilhantes esperanças, nossas acariciadas afeições, nossas opiniões religiosas, nossa mais sincera amizade, nosso zelo piedoso, nossa impetuosidade espiritual, nossa arrogância espiritual, nossa estreita cultura, nosso credo e igrejismo, nosso sucesso, nossas experiências religiosas, nossos confortos espirituais; a crucificação continua até que estejamos mortos e desligados de todas as criaturas, de todos os santos, de todos os pensamentos, de todas as esperanças, de todos os planos, de todos os ternos anseios do coração, de todas as preferências; mortos para todos os problemas, todas as tristezas, todos os desapontamentos; igualmente mortos para todo louvor ou culpa, sucesso ou fracasso, confortos ou aborrecimentos; mortos para todos os climas e nacionalidades; mortos para todo desejo, exceto de Cristo. 

Há inúmeros graus de crucificação interior nessas várias linhas. Talvez não haja uma só pessoa santificada em dez mil que atinja esse grau de morte do ego que Paulo e Madame Guyon e santos semelhantes atingiram.

Eu gostaria de acrescentar que eles atingiram esses graus mais profundos de morte do ego por meio da cruz em seus fatigantes aspectos diários. É muito fácil usar a cruz ao redor do pescoço ou numa peça de vestuário sem pôr em prática a morte que ela simboliza em nossos relacionamentos pessoais diários e em nossas atitudes. É aí que ela realmente conta.


Extraído do livro “O Seu Destino é a Cruz” de Paul. Billheimer

domingo, 10 de abril de 2016

A cruz, o segredo da vitória

Não obstante, exatamente na CRUZ está o segredo da vitória: Não uma crise passada, mas uma rendição presente, diária, à cruz. 

Há somente um lugar de poder sobre Satanás e esse lugar é a cruz. Foi na cruz, e pela cruz, que Cristo o venceu. A cruz foi a derrota de Satanás. E esse é o único lugar em que Satanás é sempre derrotado. Satanás só não pode tocar-nos quando estamos na cruz. A única parte de nossa natureza que Satanás não pode tocar é aquela que foi crucificada e permanece sobre a cruz. 

Se você olhar para o passado, verá que a única derrota por você sofrida foi quando desceu da cruz. E você sempre sofreu derrota ao ser induzido a descer da cruz. Se Satanás pudesse ter seduzido Cristo a descer da cruz, ele teria saído vencedor. E Satanás sempre nos vence quando descemos da cruz. Se Satanás conseguir que desçamos da cruz, ele nos terá em seu poder. Mas não poderá tocar-nos enquanto permanecermos na cruz. Aqui ele foi derrotado e a cruz continua sendo sua derrota. Ele não tem poder algum sobre nós enquanto estivermos na cruz; mas ao descermos dela, somos vencidos. E continuamos a ser derrotados até que voltemos à cruz. 

A cruz é nosso único lugar de segurança. Ela é o único lugar onde temos poder sobre toda a força do inimigo. Desconhecendo isto, muitos de nós que temos tido uma experiência definida de santificação ou de enchimento com o Espírito Santo, não temos sabido usar a cruz como arma contra Satanás. 

Descemos da cruz, fazemos as coisas a nosso talante, seguimos nosso próprio juízo, caímos na auto-compaixão, na auto-justificação, no ressentimento e noutras formas de autodefesa, e sofremos derrota até que entreguemos os pontos e voltemos à cruz. Encontraremos constante vitória quando aprendermos a permanecer na cruz.

Extraído do livro “O Seu Destino é a Cruz” de Paul. Billheimer


sábado, 9 de abril de 2016

Como se Desce da Cruz

Talvez a esta altura alguém diga: "Mas, afinal de contas, que é que o senhor quer dizer por descer da cruz?" Minha resposta é: "Qualquer atitude para salvar o eu é uma descida da cruz. Qualquer tomada de um caminho fácil no que diz respeito a princípios espirituais é um descer da cruz. Quero ser explícito e exato: Todos os esforços para escusar, defender, proteger, vindicar ou salvar o eu é, com efeito, uma descida da cruz. 

Auto-compaixão é descer da cruz. Auto-compaixão é uma forma de autodefesa. Significa que a pessoa acha ter sido injustiçada, e sente pena de si mesma porque nada pode fazer a respeito. Quando a pessoa cede a auto-compaixão, desceu da cruz. 

Submissão ao ressentimento é descer da cruz. Ressentimento é autodefesa. Significa que a pessoa julga que foi injustiçada e se irrita porque não pode fazer nada a respeito. Auto vindicação é descer da cruz, pois a vindicação é uma forma de autodefesa. Que transtornos têm resultado de esforços de auto vindicação! Igrejas inteiras têm-se esfacelado e almas condenadas ao inferno porque alguém não pôde refrear-se de buscar vingança. A pessoa tem de descer da cruz a fim de vingar-se. Vindicação é autodefesa. 

A recusa em aceitar a culpa, lançando-a sobre outros é descer da cruz. 
Sabemos como é difícil receber a culpa por alguma coisa e como é fácil jogá-la sobre outros. Essa é uma forma de autodefesa; é uma descida da cruz. Quando os outros nos entendem mal, os esforços indevidos para explicar nossas ações são a mesma coisa. Não temos a fé para fazer como Jesus: entregar nossa alma a Deus como a um fiel Criador. Auto-justificação significa que descemos da cruz. 

Ofender-nos por um real ou suposto menosprezo é descer da cruz. A maior parte da crítica, se não toda ela, é uma forma de autodefesa e auto-justificação. E, portanto, uma descida da cruz. 

Espírito partidário, que nada mais é do que torcer para meu grupo espiritual ou meu ponto de vista, resultando numa reflexão definida sobre a inteligência ou sinceridade de todos quantos não concordam comigo, é uma forma sutil de auto justificação e de salvar o eu.

Penso que nenhuma pessoa honesta e informada contestará que quase todas essas coisas, se não forem prevalecentes são, pelo menos, comuns em praticamente todas as denominações e em muitas das assim chamadas igrejas cheias do Espírito. Concordo que coisas até piores do que essas prevalecem ou são comuns em muitas das grandes denominações; mas isso não serve de justificativa alguma para a tolerância de tais coisas em nosso meio. Prova apenas o que vimos dizendo, que embora muitos de nós demos testemunho de termos sido salvos e santificados, ou cheios do Espírito, poucos de nós nos atreveríamos a dizer que vivemos a vida crucificada.


Extraído do livro “O Seu Destino é a Cruz” de Paul Billheimer