segunda-feira, 31 de agosto de 2015

O Propósito de Deus em dar a Lei aos Homens

“Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne?”
Gl 3:3

Qual foi o propósito de Deus em dar a lei aos homens? Foi dada não para que os homens a guardassem, mas a fim de que os homens a violassem; pois a lei foi estabelecida para transgressões. Não fique espantado com esta afirmativa, pois com referência à lei este é o propósito de Deus, como as Escrituras amplamente demonstram. Deus sabia de há muito que os homens são corruptos além da medida, e determinou há muito tempo que devíamos ser salvos gratuitamente por sua graça. Ele sabe que somos tão corruptos que nada podemos levar a ele que seja aceitável. Mas também sabe que não percebemos tal fato. Portanto ele emprega meios e maneiras de ensinar-nos a fim de que nós também possamos conhecer de nós mesmos o que ele sempre soube. Só depois de reconhecermos nossa corrupção aceitaremos sua graça. Ora, um meio empregado por Deus é a lei, à qual nos manda obedecer. Se formos bons, certamente a cumpriremos; mas se formos corruptos, com toda a certeza a quebraremos. Pode-se dizer, portanto, que o próprio quebrar da lei revela nossa corrupção, que nossa incapacidade de fazer o que a lei exige prova que nossa carne é fraca (veja Romanos 8:3). Quando as pessoas perceberem que são tão fracas a ponto de não poderem satisfazer as exigências da lei divina, finalmente desesperarão de si mesmas, desistirão de qualquer ideia de ser salvas pelas obras, e confiarão inteiramente na graça de Deus. Por isso a Bíblia declara: "Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões" — isto é, foi acrescentada a fim de revelar a corrupção dos homens — "até que viesse o descendente a quem se fez a promessa" (Gálatas 3:19) — esta última cláusula refere-se ao Senhor Jesus e à sua salvação.

Nós, os crentes, sabemos que não podemos ser salvos pelas obras, somente pela graça. Mas sabemos o motivo? É por sermos tão corruptos, tão fracos e tão imundos que não podemos cumprir a justiça de Deus nem guardar sua lei, e consequentemente não temos boas obras algumas, mas devemos depender da graça. Deus, ao salvar-nos pela graça, diz-nos que somos tão totalmente corruptos que não tem outro recurso senão dar sua graça. E quando, finalmente, adentramos o portão da graça sabíamos muito bem quão impotentes éramos.

Por que, então, hoje você começa a pensar que é tão bom? Por que você não aprendeu a lição que Deus tem tentado ensinar por meio da lei aos seus seguidores por estes milhares de anos? Você ainda não se conhece si mesmo!

Em nossa pregação e testemunho públicos, temos dado atenção especial ao princípio da cruz. Mas tenha em mente que a cruz não é uma espécie de poder mágico que o livrará de todos os seus pecados se tão-somente a invocar. A não ser que você, de livre vontade, aceite o princípio da cruz, não o verá em operação em sua vida. A cruz é um princípio, e o princípio da cruz é negar a si mesmo e depender de Deus. Se você ignorar a total corrupção do seu ego verdadeiro, não receberá a ajuda da cruz para livrá-lo do pecado no momento em que esperar seu poder numa emergência. Alguém poderá dizer: “Estou surpreso por ter cometido tal pecado”.

Esta afirmativa revela que este indivíduo não conhece a si mesmo. Ele não tem conhecimento de quão corrupto é, nem de quão capaz é de cometer qualquer pecado. Que fique compreendido que à parte da nova vida que Deus nos deu quando de nosso novo nascimento, nós mesmos não somos melhores do que ninguém mais. Reconheçamos que cada homem tem a possibilidade de ser um ladrão, e cada mulher, uma prostituta. O motivo pelo qual alguns não o são é atribuído ao ambiente que não lhes é propício a tal atividade. Não hesito em confessar que a semente de todo o pecado está dentro de mim e que eu podia cometer qualquer pecado se a vida de Deus não dominasse.

Quantas lágrimas se derramam hoje não por causa do pecado, mas por causa do "ego", incapaz de atingir a bondade que o crente espera. Muita procura, muitas orações e muita fé parecem ser dirigidas a Deus, entretanto, em todos estes esforços é mais do que provável existir a antecipação da bondade própria. E por isso Deus permite que você seja derrotado repetidas vezes para que possa finalmente ver a corrupção total da carne. E uma vez que sua fraqueza é provada por tais derrotas, Deus espera que você possa conhecer seu ego verdadeiro, desistir dele e voltar-se para Deus e confiar nele.

Cada derrota devia dar-lhe um pouco mais de conhecimento de si mesmo. Cada fracasso devia mostrar-lhe um pouco mais de sua fraqueza. Cada pecado devia fazer com que você esperasse menos de si mesmo e ficasse mais disposto a desprezar seu ego. Entretanto, muitas vezes, a queda somente traz mais luta e mais batalha. O ego aumenta e se fortalece em vez de diminuir e se enfraquecer. Quão fútil é que a pessoa confesse com os lábios e até mesmo clame pedindo ajuda se falhar em aceitar o princípio da cruz em julgar a si mesmo!

As Escrituras já não nos preveniram de tal erro? Romanos 6 fala de nossa co-morte com Cristo; Romanos 7 fala da luta entre a vida nova e a velha e Romanos 8 fala da vitória no Espírito Santo. Com a co-morte, devemos ser vitoriosos. Entretanto, por que é que depois de termos conhecido e aceito a verdade de Romanos 6, ainda não podemos ter a vitória? E porque nos falta a derrota de Romanos 7. Tanto o versículo 6 como o 11 do capítulo 6 de Romanos dizem-nos que a morte de nosso "ego" é um fato. Por que, então, muitos — que creem nesta verdade — falham em experimentar a vitória de Romanos 8? É por não terem fracassado o suficiente. Deus nos fará passar pela derrota de Romanos 7 muitas vezes até que finalmente somos forçados a confessar: "Eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado ... Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum" (Romanos 7:14b, 18a). E tal experiência é conhecimento verdadeiro do ego.

Deus permitirá que o crente caia até que de livre e espontânea vontade reconheça: "Sou vendido à escravidão do pecado! Não habita bem nenhum na minha carne!" Até que isso aconteça ele não saberá que a não ser que um poder de fora lhe socorra, ele está sem esperança e é inútil. Mas então ele clamará: "Desventurado homem que sou! quem me livrará do corpo desta morte?" (7:24). Ao perceber de verdade quão corrupto é, saberá e reconhecerá que a menos que Cristo o salve não pode vencer o pecado.

No início do capítulo 8 de Romanos menciona-se a co-morte do capítulo 6 como o meio da vitória total. Oh, estamos familiarizados com a salvação mediante a co-morte, e ardentemente esperamos a glória da vitória. Entretanto, o problema de hoje é conhecer o ego. Nossas derrotas passadas não são poucas, porém não estamos dispostos a conhecer o ego em tais derrotas; antes, tentamos fazer nosso melhor a fim de melhorar e ocultar nosso ego. Se tão-somente estivéssemos dispostos a examinar essas derrotas passadas à luz da santidade de Deus, certamente saberíamos que tipo de pessoa somos. Se estamos prontos a dar um passo à frente negando o ego, Deus nos levará para o descanso de Canaã.

Naturalmente que temos algum conhecimento de nós mesmos, e em nossas experiências passadas Deus nos levou a conhecer algo de nossa corrupção. Mas, com toda a honestidade, receio que o conhecimento que muitos têm do ego não é suficientemente profundo. Não tenhamos medo de conhecer a nós mesmos claramente! Embora o ego seja muito feio e infunda temor, embora seja abominável e odioso, ainda assim devemos conhecê-lo. Nunca devemos parar de investigar e concluir que já conhecemos o ego por completo: estamos longe, muito longe do conhecimento do nosso ego!

Para o crente, o conhecer a si mesmo é uma lição que dura a vida toda. A fim de chegar a esse propósito divino o crente teimoso deve passar por muitas derrotas que outros não têm nem precisam. Ele pode até concluir que o Senhor é especialmente duro com ele, não compreendendo que isto é devido ao seu apego mais forte com o seu "ego". Pois não muito tempo depois de ganhar uma vitória, começa a ser auto-importante uma vez mais, para de confiar no Senhor com temor e tremor, e começa a glorificar a si mesmo de novo. De modo que Deus o envia para o fracasso uma vez mais. Quantos crentes verdadeiramente têm vitórias até o presente momento? Mas eles, de alguma forma, nunca parecem poder aprender a lição que Deus lhes está ensinando a respeito do verdadeiro autoconhecimento.

Percebamos que fora do autoconhecimento, do auto-exame e da autonegação, realmente não há um caminho para a vida espiritual. Se constantemente julgássemos a nós mesmos por causa de nosso autoconhecimento, evitaríamos muitas derrotas e alcançaríamos o propósito de Deus.

Todos os que hoje em dia (1) seguem sua própria vontade, (2) confiam em sua própria força e (3) glorificam seu próprio ego, são pessoas que não conhecem a si mesmas. Mas uma vez que a pessoa é totalmente quebrantada por Deus, essa pessoa verá a si mesma como abominável e odiosa. Não ousará iniciar nada nem ousará fazer nada com sua própria força. Antes, esperará pela vontade de Deus em todas as coisas e em tudo dependerá do poder de Deus. Caso consiga algumas realizações, ela não ousará ser convencida porque sabe ser indigna de qualquer glória. Possa o Senhor levar todos nós a tal experiência e assim trazer glória a ele.

Extraído do livro “O Mensageiro da Cruz” – Watchman Nee



sábado, 29 de agosto de 2015

O que é o Ego?

“Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.”
Lc 14:26

Basicamente, o que é o ego? Tudo o que o homem possui e pode fazer sem buscar a Deus, sem esperar nem depender dele.

Embora o Senhor odeie tanto o "ego", a atitude dos crentes para com ele é muito diferente. Têm prazer em depender do ego, acariciá-lo e gloriar-se nele. Ignoram o seu ego verdadeiro; e também não sabem quão impuro, corrupto e fraco é o ego aos olhos de Deus. Falta-lhes conhecimento do assunto. Em resumo, não conhecem a si mesmos. Numa situação como esta, se fizerem algum progresso, se experimentarem êxitos e vitórias crescentes, sua vida do ego será alimentada e crescerá, assim tornando-se mais difícil de ser negada. Cada vez que praticam uma boa ação, afastam-se um pouco mais da vida de Deus. Um pouco mais de poder próprio significa mais distância do Espírito Santo. Mais êxito resulta em mais glória para o ego, o que prolonga a vida ímpia do ego. E por esse motivo que eu disse anteriormente que Deus preferiria ver os crentes pecarem a fazerem o bem: pois quanto mais pecam, tanto mais reconhecem quão indignos de confiança são; quanto mais fracos são, tanto mais verão a vaidade do ego; quanto mais caírem, tanto mais claramente perceberão sua insuficiência e desesperança. Deus preferiria ver os crentes pecarem, a esta altura de seu caminhar, pois o pecar possibilitá-los-á a conhecer a si mesmos mais completamente e também a depender mais do Senhor.

Deus não tem outro propósito a não ser levá-lo ao fim de si mesmo para que conheça a si mesmo. Esta é a explicação do motivo pelo qual às vezes você tem lutado e falhado. Oh, como você chorou, lutou, batalhou, orou, trabalhou e fez tudo a fim de vencer o pecado e chegar à santidade; entretanto acabou em derrota. Embora às vezes você tenha experimentado um pouco de vitória, essa vitória foi somente temporária. Você fez o melhor que pôde para conservá-la, mas voou como um pássaro. Você chegou à conclusão de ser pior do que os outros, e que por isso não podia ter a vitória. Tais experiências significam que Deus o levava a conhecer o seu próprio ego. Não é que você fosse tão corrupto que não pudesse ganhar a vitória; antes, era que você não era corrupto o suficiente a seus próprios olhos a fim de ganhar a vitória. É preciso que você reconheça que foi você mesmo quem chorou, quem lutou e prosseguiu, que foi você quem batalhou e labutou. O agente era você, e tudo fez para servir ao seu próprio ego.

Quanto você realmente depende de Deus? Você sabe que verdadeiramente não pode remir a si mesmo e assim está pronto a confiar em Deus? Afinal qual é o motivo de sua luta e labor? Não se esforça por si mesmo? Sim, você procura vencer o pecado e busca a santidade; mas para quê? Não é para dar a si mesmo mais alegria mais glória e mais terreno para a vangloria? A menos que reconheça sua própria fraqueza e erro, continuará a fracassar e a cair até reconhecer ser impotente e não merecer honra alguma.

Deus deseja que você se una a ele e dependa dele em todas as coisas para que possa fazer a sua vontade e glorificar o seu nome. Mas uma vez que você não conhece seu verdadeiro caráter como evidencia o fato de continuar a considerar-se bom e capaz, naturalmente não confiará em Deus e assim falhará em render-lhe glória. Será autoconfiante e procurará sua própria glória. Neste mesmo instante você ainda não sabe quão fraco realmente é. Por isso Deus permite que você seja derrotado repetidamente. E com cada derrota diz-lhe que você é fraco.

Entretanto você insiste em não crer; recusa-se a desprezar a si mesmo; antes, continua a ser cheio de esperança. Sua conclusão é que a derrota foi devida à falta de esforço próprio. Se fizer mais esforço da próxima vez, diz você a si mesmo, então sem dúvida vencerá. Muitas têm sido as suas derrotas, e muitas têm sido as vezes que encontrou altos e baixos. Entretanto permanece ignorante do fato de quão fraco você verdadeiramente é. Até o presente momento, você não está pronto para aprender a lição que Deus tem para você. Ainda está planejando seu último esforço para ganhar a vitória final. Tendo sofrido tantas derrotas, por que não desiste totalmente de si mesmo e se lança inteiramente sobre Deus? Quando é que não esperará mais nada de si mesmo, entregando-se completamente nas mãos de Deus? Oh! Quando isto finalmente acontecer, você dependerá dele sem planejar nem fazer nada de si mesmo. Mas por ainda não ter aprendido sua lição, terá de incorrer em maiores e mais derrotas a fim de obter o autoconhecimento que o forçará a cessar sua própria obra para que Deus possa livrá-lo. Sabemos que nenhum salva-vidas se atreve a socorrer a pessoa que acaba de cair na água com a possibilidade de afogamento. Pois nesse instante a força da pessoa que caiu na água é grande — talvez mais forte do que de costume. Ao se aproximar o salva-vidas da pessoa que se afoga, esta pode tentar agarrar-se ao salva-vidas impedindo-lhe o movimento. O resultado é que ambos podem afundar-se e se afogar. Consequentemente o salva-vidas esperto espera até que a pessoa que se afoga lute bastante na água e comece a desistir de lutar. Somente então o salva-vidas aproxima-se dessa pessoa e a leva para a segurança.

Da mesma maneira, Deus hoje permite que seus filhos lutem e batalhem até que percebam quão fútil é seu esforço. Meramente colocam-se numa posição mais perigosa. O Senhor espera até que sua força se esgote e cheguem à conclusão de estarem perecendo. Nesse momento, suas ideias são mais ou menos as seguintes: Se Deus não me livrar, não posso sustentar minha sorte nem por mais um minuto; se Deus não me salvar, certamente morrerei! Deus não estenderá a mão até que esse momento chegue. Sempre que o crente para de confiar em si mesmo, Deus o salvará inteiramente. Pois o objetivo do Senhor não é outro senão mostrar ao crente que ele é absolutamente inútil na vida e na obra divinas. À parte do depender de Deus o crente não possui vida nem obra.
Oh quão enganosos podemos ser! Quão tenazmente interessados em nós mesmos! Quem pode dizer quantos crentes hoje vivem por seu ego enganador? Muitos são os que tomam o "ego" como princípio orientador da vida. Quase tudo é para o eu e quase tudo procede do eu. Tais crentes são muito mais perigosos do que as outras pessoas. Parece que em tudo não conseguem escapar do ego. Se aprendem uma coisa a mais é para glorificar o ego. Isto não é verdade somente com respeito às coisas espirituais; é também verdade no que se refere às coisas materiais. Tudo se transforma em motivo para elevar o ego. Oh, quem pode compreender totalmente o erro da carne? Deus precisa quebrar e destruir tais crentes. Não lhes dará um ambiente cômodo para que seu ego não seja alimentado. Deixá-los-á passar por momentos difíceis para que não se gloriem em si mesmos. Permitir-lhes-á conhecer seu motivo interior verdadeiro deixando que sejam derrotados, para que na derrota possam examinar-se a si mesmos e compreender que na maior parte de seus dias, vivem para si mesmos e não para a glória de Deus. Por quarenta longos anos levou Deus os filhos de Israel pelo deserto. Deixou que caíssem e pecassem muitas vezes com o seguinte propósito em mente: que conhecessem a si mesmos. Da mesma maneira, hoje o que Deus tem feito em sua vida é para que você conheça sua imagem verdadeira. Suas derrotas passadas já o deviam tê-lo convencido da absoluta vaidade de si mesmo; no entanto até ao presente momento você insiste em apegar-se ao seu precioso ego! Por causa disso, Deus é forçado a conservá-lo no deserto um pouco mais para que você experimente mais derrotas no deserto de modo a compreender, afinal, quão totalmente corrupto, vão e fraco você é perante Deus. E se não aprender sua lição hoje, terá de continuar em derrota.


Extraído do livro “O Mensageiro da Cruz” – Watchman Nee

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

O Ego é o Maior Inimigo de Deus

“Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.”
Jo 15:5

A primeira obra do Espírito Santo no crente, após a Salvação, é levá-lo a conhecer a si mesmo a fim de induzi-lo a obedecer à vontade de Deus e negar tudo o que procede de si mesmo. Deve aprender a confiar completamente em Deus. Mas quão difícil é essa lição! Conhecer-se a si mesmo é ser privado da glória; negar-se a si mesmo é fazer com que soframos.

De modo que, em realidade, o crente não está tão ávido de conhecer a si mesmo e logo não conhece a si mesmo muito bem; deveras, na ignorância julga-se digno de confiança. Ora, por causa da indisposição do crente em ter esse autoconhecimento, o Espírito Santo não pode revelar a ele seu caráter verdadeiro à vista de Deus. Como resultado o Senhor é forçado a usar alguns métodos dolorosos para fazer com que o crente conheça a si mesmo. E o modo mais frequentemente usado por Deus é permitir que o crente caia.

Assim como os fracassos no deserto capacitaram os filhos de Israel a conhecer seus corações, do mesmo modo fracassos similares farão com que os crentes hoje tenham conhecimento de quão miseráveis são em si mesmos. Por causa de sua autoconfiança e por ver a si mesmos como talentosos, capazes e poderosos, têm falta da completa dependência de Deus. Por isso Deus deixa que falhem em suas tentativas. Compreenderão quão indignos de confiança são ao ver que suas obras não produzem frutos verdadeiros e duradouros.

Com quanta frequência os crentes veem a si mesmos como naturalmente muito pacientes, amáveis, gentis e puros! Para contra-atacar esta auto ilusão Deus permitirá que muitas coisas aconteçam em sua vida a fim de tirar-lhes a impaciência, a amabilidade, a gentileza e a pureza para que saibam que nada de valor procede do ego natural. E como os crentes pensam amar a Deus, gabando-se de sua consagração perfeita ao Senhor e de seu labor diligente por amor dele! Deus permite que o mundo e as pessoas os engodem de tal modo que são tentados em secreto ou se desviam abertamente. Assim, ficam sabendo quão vulnerável é seu amor por Deus. Os crentes também podem pensar ser totalmente dedicados ao Senhor, nada tendo para si mesmos. Em resposta, Deus faz com que recebam elogios e louvores dos homens a fim de mostrar-lhes quão sutilmente lhe roubam a glória e procuram a exaltação dos homens. Às vezes também acontece de os crentes fazerem um pequeno progresso na vida espiritual, e logo pensam ser vitoriosos e santificados. Mas no instante em que estes cristãos dão lugar à auto-satisfação, Deus permite que falhem e pequem exatamente como o fazem as outras pessoas — ou até mesmo pior do que elas. O resultado é ficarem sabendo que não são melhores do que ninguém.

Embora corra o risco de ser mal interpretado, gostaria de dizer isto: Deus preferiria que seus filhos pecassem a que fizessem o bem. Repetindo, por favor, não interprete mal minha palavra aqui. Não estou, com isto, aconselhando-o a pecar, pois o Senhor não tem prazer no pecado. Mas uma vez que os crentes são tão autoconfiantes, gabadores e cheios de autossatisfação — cheios de seus próprios pensamentos, sentimentos e ações — Deus preferiria vê-los pecar a fazer o bem. Doutra forma, jamais conhecerão a si mesmos nem serão jamais libertados da vida lamentável, às vezes ridícula, e detestável do ego.

Precisamos saber a que grau Deus deseja que avancemos. De onde ele nos salva e para onde nos salvará? É bem verdade que não iremos para o inferno, mas para o céu. Mas é só isso que Deus tem para nós? Não, ele deseja salvar-nos ao ponto de sermos totalmente libertos de nós mesmos e entrarmos completamente em sua vida para que não vivamos mais pela vida da alma. A seus olhos não há nada mais imundo do que o "ego" — originador de todos os pecados. O ego é o maior inimigo de Deus, pois ele sempre declara sua independência dele. Portanto ele considera todo o ego extremamente imundo, totalmente inaceitável e absolutamente inútil.


Extraído do livro “O Mensageiro da Cruz” – Watchman Nee

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

O Meio de Ganhar a Vida Divina

“Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como um vento, nos arrebatam.”
Is 64:6

O Senhor já conhece nossa estrutura demasiadamente bem! Ele não espera que nossa carne alcance sua justiça pois reconhece ele que a não ser pecar, nada mais podemos fazer. Ao fazermos o bem, sabe ele que somos corruptos. E ao praticarmos o mal, de novo, sabe ele que somos corruptos. Ele não precisa esperar que caiamos a fim de compreender nossa corrupção. Somos nós quem precisamos dessas derrotas e dessas quedas, pois sem elas não podemos conhecer a nós mesmos. Enquanto experimentamos um navegar suave, enquanto somos vitoriosos e cheios de alegria, podemos pensar que somos bastante bons e que possuímos algo que os outros não têm. Embora não nos gabemos abertamente a respeito de nada, entretanto, ao fazermos algum progresso na vida espiritual ou termos algum êxito na obra espiritual não podemos deixar de conceber a ideia de que agora estamos verdadeiramente santos, poderosos e em excelente condição. Numa posição como esta, é fácil tornar-se descuidado e perder a atitude de dependência de Deus. Assim, o Senhor permite que caiamos da glória ao pó. Permite que pequemos, caiamos e nos afastemos. Tudo isto fará com que saibamos quão inteiramente corruptos além de qualquer ajuda natural somos nós. Aprendemos que não somos diferentes dos maiores e piores pecadores do mundo. O resultado é que não ousamos confiar em nós mesmos, glorificar a nós mesmos nem gabar a nós mesmos, mas, em todas as coisas, lançar-nos-emos sobre o Senhor com temor e tremor. Portanto, precisamos que a derrota e o fracasso nos humilhem, que nos façam conhecer a nós mesmos e a corrupção completa de nossa carne.

Lembramo-nos de que antes de ser salvos e nascer de novo o Espírito Santo convenceu-nos de que éramos pecadores e que toda a nossa bondade passada era como "trapo da imundícia" (Isaías 64:6) que não podia cobrir nossa nudez nem salvar-nos dos nossos pecados. Também ficamos conscientes de que ainda que tentássemos fazer o melhor a fim de praticar o bem daí por diante, nossa própria justiça jamais poderia satisfazer as exigências da lei. Compreendemos que jamais poderíamos estabelecer nossa própria justiça fora de Cristo (Romanos 10:3). Portanto, viemos a Deus em inutilidade total, aceitamos o Senhor Jesus como nossa justiça, e fomos salvos mediante sua redenção. Essa foi nossa experiência passada.

Mas, quão esquecidos somos! Na época em que fomos salvos e nascemos de novo, sabíamos que não podíamos depender de nosso próprio bem mas devíamos depender inteiramente da obra de Cristo. O Espírito Santo mostrou-nos nosso estado terrível de perdição, fazendo-nos ver que estávamos cheios de imundícia e corrupção e perceber a total incerteza de nossa própria justiça. Logo depois de sermos salvos, por estarmos cheios de alegria por causa da graça do perdão que tínhamos recebido, permanecemos humildes. Mas depois de algum tempo, começamos a esquecer o primeiro princípio da salvação. Devido a um novo desejo da nova vida, uma vez mais tentamos preencher os requisitos externos com uma justiça nossa. De alguma forma voltamos à ignorância de que quando Deus nos disse, ao sermos salvos, que nossa justiça era absolutamente inútil, ele queria dizer que era ela eternamente inútil. E assim como ele declarou, no momento de nossa salvação, que ele não se alegraria em nada que saísse de nós mesmos — a despeito de sua aparência exterior — essa declaração era de valor eterno.

Jamais devemos nos esquecer de que a maneira pela qual ganhamos a vida divina deve ser a mesma usada para alimentar essa mesma vida. O princípio que aprendemos na salvação deve permanecer para sempre. O ego é sempre inútil, é sempre julgado por Deus, e portanto deve ser continuamente entregue à morte. Quão triste é que a justiça que desprezamos no momento em que cremos no Senhor é recebida de volta não muito tempo depois. O que então reconhecemos como ego inútil, gradativamente volta à atividade.

A intenção original de Deus para nós depois que fomos salvos é que, passo a passo, chegássemos a um conhecimento mais profundo de nossa corrupção e à rejeição maior de nossa justiça própria. A atitude que tomamos com respeito a nós mesmos na época da salvação é somente o primeiro passo da perfeita obra de Deus. Ele deseja ver essa obra aprofundar-se cada vez mais até que nós, os crentes, sejamos completamente libertos do domínio do ego. Que pena que os crentes arruínem a obra de Deus!


Extraído do livro “O Mensageiro da Cruz” – Watchman Nee

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Conhecendo a Nós Mesmos

“Recordar-te-ás de todo o caminho, pelo qual o SENHOR teu Deus te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos” (Deuteronômio 8:2).

Para compreender o motivo deste versículo devemos recordar do que Deus prometeu aos filhos de Israel no monte Sinai. Ao aparecer no monte Sinai Deus disse: "Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz, e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos" (Êxodo 9:5). Ao ouvir os filhos de Israel esta palavra, responderam à uma voz e sem nenhuma hesitação: "Tudo o que o SENHOR falou, faremos" (v. 8). Pensavam que uma vez que Deus os tinha libertado de maneira tão maravilhosa e os havia conduzido, suprido suas necessidades e lhes dado proteção, que deveras lhe obedeceriam em tudo o que ele pedisse deles.

Entretanto, o que a pessoa diz e promete nem sempre é o que suas mãos e pés hão de fazer. Deus o provará em questões práticas a fim de determinar se você realmente o adora e segue sua vontade. Embora você possa pensar e até mesmo sentir estar perfeitamente disposto a ouvir a Palavra de Deus, a carne tornou-se tão corrupta que o que você pode estar pensando e sentindo não seja digno de confiança. E por isso que Deus deve prová-lo quanto à obediência aos seus mandamentos. E por isso que Moisés diz aos israelitas: "para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos." Era como se dissesse que por ser a promessa deles inadequada, deviam ser humilhados e provados no deserto por quarenta anos. Entretanto, tal "humilhação" e "provação" não tinham o propósito de trazer-lhes queda espiritual mas a manifestação de seu verdadeiro estado.

Sem a experiência da humilhação, sem a prova do deserto e sem a derrota e rebelião subsequentes, quem poderia saber quão inteiramente corruptos eram os corações destes filhos de Israel? A julgar por sua promessa entusiasta ao pé do monte Sinai, pensaríamos serem eles um povo muito obediente. Mas o povo que tão prontamente fez promessas no monte Sinai foi o mesmo que mais tarde no deserto adorou o bezerro de ouro, murmurou contra Deus e contra Moisés; desejou voltar para o Egito e finalmente se recusou a entrar em Canaã. Porém depois de tantos fracassos, reconheceram ser corruptos, que sua carne nada tinha absolutamente de que se orgulhar, e que sua auto importância em pensar serem eles melhores do que as outras raças era totalmente falsa porque na verdade, não eram de modo nenhum superiores a qualquer outra nação do mundo. Somente então reconheceram que Deus os tinha escolhido não por que fossem melhores do que os outros mas por sua graça; pois Deus havia dito a Moisés:

"Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, não depende de quem quer, ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia" (Romanos 9:15, 16).

Ora, assim como Deus guiou os filhos de Israel no período da Antiga Aliança, da mesma forma procura ele liderar o seu povo hoje. A lição que deseja ensinar aos filhos agora é a mesma que tentou ensinar aos israelitas no deserto. Essa lição é que conheçamos a nós mesmos. Deus deseja que seu povo saiba que são corruptos a mais não poder, e que são cheios de pecado, imundícia e fraquezas. Deseja levar os crentes ao fim de si mesmos. Deseja convencê-los de que seus egos são totalmente inúteis e absolutamente sem nenhum valor para que possam lançar-se sobre Deus em seu desamparo e procurar conhecer sua vontade, depender de seu poder e realizar seu propósito.

Entretanto, poucos crentes têm consciência disto. Poucos realmente sabem que estão cheios de corrupção e de imundícia e que são totalmente inúteis. Poucos acham não ter nada. A maioria dos crentes pensam ser dignos de confiança em muitos aspectos, e pensam ser mais fortes do que outros crentes. Quem, pois, realmente conhece a si mesmo completamente?
Compreendamos que Deus não precisa de nossas derrotas e de nossos fracassos — somos nós quem precisamos; pois ele sabe muito bem quão corrupta é nossa carne e se permanecemos e vencemos ou se caímos e somos derrotados.


Extraído do livro “O Mensageiro da Cruz” – Watchman Nee

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Tomando o Capacete da Salvação

"Não com sabedoria humana, mas na graça divina, temos vivido no mundo" (2 Coríntios 1:12b).

No meio de todas as árvores do jardim do Éden encontravam-se a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal. Deus ordenara a Adão: "De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gênesis 2:16b,17). Isto indica quão opostas eram estas duas árvores. De um lado está a árvore da vida, do outro, a árvore do conhecimento do bem e do mal. Podemos, portanto, dizer que uma é a árvore da vida e a outra, a árvore da morte, pois ao comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, o homem morre.

Podemos notar um resultado tremendo na vida de Adão e Eva depois de terem pecado: ganharam conhecimento; tendo comido do fruto, ficaram conhecendo o bem e o mal. Em outras palavras, o primeiro efeito subjetivo no homem depois da queda foi o aumento da capacidade de funcionar da mente. Antes da queda, o homem possuía um tipo de mente; depois da queda, seu cérebro começou a conter maior porção de coisas que era do propósito original de Deus que ele tivesse com o tempo — mas não da maneira pela qual os homens, nessa época, obtiveram tais coisas. Por este motivo Paulo menciona em Efésios 6:17 que o crente deve "tomar o capacete da salvação". Esta passagem confirma a necessidade da libertação da mente humana. Muitos, depois de crerem no Senhor Jesus, sofrem mudanças de vida, mas suas mentes ainda precisam ser libertas. Se as mentes não forem libertas, ficarão sem proteção na época de conflito espiritual. Daí ser da major importância que tomemos o capacete da salvação.

Ocorre um fenômeno um tanto espantoso entre os filhos de Deus: encontramos muitas pessoas de bom coração e bom comportamento que ainda levam consigo a mente que pertence à velha natureza. Em outras palavras, sua vida é a vida de Cristo mas sua mente é a de Adão. Isto diminui sua capacidade de conhecer a vontade de Deus. Portanto, a fim de medir a vida espiritual de uma pessoa, precisamos somente medir sua cabeça. Ao grau em que sua mente é liberta, a esse grau a pessoa é liberta de Adão e por conseguinte liberta da velha criatura. 

A diferença básica entre o viver na velha criatura e o viver na nova pode ser vista no relacionamento entre a mente da pessoa e Deus. Como precisamos pedir que Deus nos livre de nossa própria inteligência! O princípio do viver cristão é confiar na vontade de Deus e não na inteligência humana, depender da graça de Deus e não de nossa própria sabedoria. É necessário que aprendamos esta lição.

Suponhamos que exista algo que você tem de fazer, mas não sabe como fazê-lo, ou se não deve fazê-lo de modo nenhum. Você não tem ideia alguma de como proceder. De modo que você começa a deliberar sobre o resultado da ação que você deve tomar. Se fizer tal coisa desta ou daquela maneira, o que dirão as pessoas? De modo que você tenta ser inteligente. Como? Dizer ou fazer o que causará o mínimo de problemas e evitará o máximo de oposição. Este tipo de conduta significa que a pessoa esqueceu-se de que os filhos de Deus não vivem na terra pela inteligência humana. Ser cristão é bastante simples. A pessoa simplesmente deve fazer a pergunta: "Deus, o que queres que eu faça?"

Está claro que a árvore do conhecimento do bem e do mal ainda se encontra entre os filhos de Deus hoje. Muitos ainda se alimentam de seus frutos diariamente. Não comem da árvore da vida; pelo contrário, não cessam de perguntar: "O que é melhor?" — Pergunta esta que procede da árvore do conhecimento do bem e do mal. Entretanto, Paulo diz-nos que hoje nossa vida perante Deus é muito simples, não dependemos da sabedoria humana, mas da graça divina. Somos responsáveis por uma coisa somente: fazer a vontade de Deus.


Extraído do livro “O Mensageiro da Cruz” – Watchman Nee

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

O Fluir das Águas Vivas

"Quem crê em mim... do seu interior fluirão rios de água viva."
João 7:38

Já mencionamos como nossa obra deve conceder vida às pessoas. Mas em nós mesmos não temos a vida para dar, para que as pessoas possam viver e ser alimentadas. Pois não somos a fonte, simplesmente os canais da vida. A vida de Deus flui de nós e através de nós. Uma vez que somos canais, não devemos deixar que nada nos bloqueie para que a vida de Cristo passe através de nós. A obra da cruz é desobstruir-nos — livrar-nos de tudo o que pertence a Adão e à ordem natural para que os outros possam receber a vida do Espírito Santo. Ao sermos cheios com o Espírito Santo, nosso espírito pode levar a cruz de Cristo continuamente. Como resultado, nossa vida torna-se a vida da cruz (explicaremos isto melhor mais adiante). E uma vez cheios do Espírito Santo e possuindo a vida de cruz, seremos usados pelo Espírito de Deus a fim de fazer emanar de nós a vida de cruz para os que estão ao nosso redor. Pois se realmente estivermos cheios do Espírito devido à obra mais profunda da cruz em nós, espontaneamente propagaremos vida em nossa conversa — quer seja pública ou particular — de modo a enriquecer aqueles com os quais estamos em contato. Isto não exige nenhum esforço próprio nem fabricação própria, e deve ser algo muito natural. E isso cumpre o que o Senhor Jesus declara em João 7:38.

Este versículo contém vários pensamentos. "Do seu interior" ou "do seu ventre", significa que primeiro o ventre seja esvaziado mediante a perfeita operação da cruz. Também implica que o ventre deve estar cheio da água viva do Espírito Santo. A vida que a pessoa recebe não é somente para sua própria necessidade. É tão abundante e completa que flui como rios de água viva para suprir a necessidade dos outros.

Precisamos dar atenção especial à palavra "fluir" usada aqui. Tal termo não sugere o uso de táticas de oratória, certa tonalidade de voz, algum princípio psicológico profundo, eloquência, argumento ou aprendizagem. Embora tudo isto possa, à vezes, ser útil, esses dons em si mesmos não são nem a água viva nem o mecanismo pelo qual a água viva flui. "Fluir" sugere algo mais natural; não requer esforço humano algum. Não é preciso depender da eloquência ou do argumento. Ao proclamarmos fielmente a palavra da cruz de Jesus, as pessoas receberão a vida que não possuem. A vida e o poder do Espírito Santo parecem fluir naturalmente através de nosso espírito. Doutra forma, não importa quão ardentemente pregamos, nosso auditório ouvirá passivamente. Embora às vezes as pessoas parecem prestar atenção e compreender e se emocionar, o que dizemos pode somente extrair elogio de suas bocas sem dar-lhes a vida e o poder a fim de praticar o que ouvem. Que possamos ser canais da vida de Deus hoje.

A fim de sermos canais devemos ter a experiência, ou o Espírito Santo não operará conosco; pois a obra que realizamos depois de receber o Espírito Santo tem em si a natureza do testemunho (ver Lucas 24:48,49). De fato, todas as nossas obras dão testemunho do Senhor. O que testifica não pode testificar do que não viu. Mas a palavra do ouvinte não é prova suficiente. Ninguém pode testemunhar sem experiência pessoal. Mais claramente, o que não tem experiência do que proclama é testemunha falsa! E por causa disso o Espírito Santo recusa-se a operar mediante tais indivíduos.

Outra coisa que devemos saber é que quando o Espírito Santo opera (e da mesma forma, quando o espírito do maligno opera), é preciso que o homem proporcione saída para o poder. Caso não experimentemos o que proclamamos, o Espírito Santo não nos pode usar como seu canal a fim de transmitir sua vida ao coração das pessoas.


Assim, possa a cruz que proclamamos também crucificar-nos! Que possamos levar a cruz que pregamos! Que primeiro recebamos a vida que pretendemos comunicar aos outros! Que a cruz que proclamamos seja a que experimentamos diariamente em nossa vida! Pois se nossa mensagem há de produzir efeito eterno, primeiro deve transformar-se em alimento de nossa alma. Mediante as tribulações do viver diário é impressa com fogo em nosso próprio ser para que levemos a marca da cruz em tudo o que fazemos. Só aqueles que levam, impressas em seu corpo, as marcas do Senhor Jesus (Gálatas 6:17), podem proclamá-lo. Oh, permita-me lembrá-lo que a ideia ou conhecimento repentinos obtidos através de livros e do estudo podem agradar ao auditório temporariamente, mas não deixará nenhuma impressão permanente. Se nossa obra é só para a apreciação humana, então já cumprimos nosso dever apresentando materiais de fontes mentais e emocionais. Felizmente, entretanto, nossa obra não possui tal propósito!

Extraído do livro "O Mensageiro da Cruz" - Watchman Nee

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Concedendo Vida!

“Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal. De modo que, em nós, opera a morte, mas, em vós, a vida.”
2 Co 4:11,12

Não podemos dar o que não possuímos. Se tudo o que possuímos é pensamento, só podemos dar pensamentos. Se em nossa vida não possuirmos a experiência da co-morte com Cristo a fim de vencer o pecado e o ego, nem a experiência de tomar a cruz e seguir o Senhor e com ele sofrer; se nosso conhecimento da palavra da cruz é conseguido de livros e das pessoas, conhecimento que nós mesmos não experimentamos, então é certo que não podemos conceder vida; tudo o que podemos fazer é instilar a ideia da vida de cruz na mente das pessoas. Somente quando nós mesmos somos transformados pela cruz e recebemos seu espírito como também sua vida somos capazes de conceder a cruz às outras pessoas.

A cruz deve fazer sua obra mais profunda em nossa vida diária para que possamos ter experiências reais de vitória e também de sofrimentos da cruz. Então, ao proclamarmos a mensagem nossa vida propagar-se-á em nossas palavras, e o Espírito Santo pode fazer fluir sua vida através de nossa vida a fim de saciar a aridez das vidas dos que nos ouvem.

Pensamento, palavra, eloquência e argumento humanos só estimulam a alma humana, pois estes só alcançam o intelecto. Meramente excitam a emoção, a mente e a vontade do homem. A vida, entretanto, pode alcançar o espírito do homem; todas as obras do Espírito Santo são realizadas em nosso espírito — isto é, em nosso homem interior (veja Romanos 8:16; Efésios 3:16). À medida que nós, em nossa experiência espiritual, deixarmos fluir nossa vida no espírito, o Espírito Santo enviará sua vida aos espíritos dos outros e fará com que recebam a vida regenerada, a vida mais abundante.

É vão tentarmos salvar pecadores ou edificarmos os santos usando psicologia, eloquência e teoria. Embora a aparência exterior do que dizemos possa ser bem atraente, sabemos que o Espírito Santo não opera conosco. Se o Espírito Santo não emprestar sua autoridade e poder às nossas palavras, os ouvintes não sofrerão mudança alguma em suas vidas. Embora possam, às vezes, tomar uma decisão ou mudar sua vontade, tudo não passa de mera excitação da alma. Por não existir vida em nossas palavras, não há poder a fim de fazer com que os outros recebam o que não possuímos. Ter vida é ter poder. A menos que permitamos que o Espírito Santo emane de nossa vida a fim de alcançar o espírito do homem, as pessoas não podem receber a vida do Espírito Santo e não têm poder algum para pôr em prática o que pregamos. O que buscamos, portanto, não é persuasão por meio de palavras, mas a vida e o poder do Espírito Santo.

A vida que mencionamos aqui refere-se à Palavra de Deus que experimentamos em nossa caminhada ou à mensagem que experimentamos antes de proclamá-la. A vida de cruz é a vida do Senhor Jesus. Devemos conhecer nossa mensagem pela experiência. O ensino que conhecemos é somente ensino até que permitamos que opere em nossa vida de modo que o ensino que conhecemos se torne parte de nossa experiência e elemento integral de nossa caminhada diária. Então o ensino já não é meramente ensino mas a própria essência de nossa vida — assim como o elemento que comemos tornou-se carne de nossa carne e osso de nossos ossos. Tornamo-nos o ensinamento vivo e a palavra viva; e o que pregamos não é mais simplesmente uma ideia, mas nossa vida real. Este é o significado de "praticantes da palavra" no sentido bíblico.

Muitas vezes compreendemos mal a palavra "fazer". Achamos que significa que depois de ouvirmos e conhecermos a palavra de Deus devemos tentar o melhor que podemos a fim de fazer o que ouvimos e conhecemos. Mas não é esse o significado de "fazer" na Bíblia. É verdade que precisamos desejar fazer o que ouvimos. Entretanto, o "fazer" das Escrituras não é operar mediante nossa própria força, antes, é permitir que o Espírito Santo viva mediante nós a palavra do Senhor que conhecemos. E uma qualidade de vida, não simplesmente um tipo de obras. Quando tivermos a vida, mui naturalmente teremos as obras.

Mas produzir algumas obras não pode ser considerado cumprir o "fazer" da Bíblia. Devemos exercitar nossa vontade a fim de cooperar com o Espírito Santo de modo que possamos viver o que conhecemos, assim dando vida aos outros.
Ao olharmos para o Senhor Jesus, aprenderemos a lição. 

"...assim importa que o Filho do homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna" ( João 3:14b,15). 
"E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo. Isto dizia, significando de que gênero de morte estava para morrer" (João 12:32, 33).

É preciso que o Senhor Jesus seja crucificado antes de atrair todos os homens a si mesmo para que recebam a vida espiritual. Ele mesmo deve morrer primeiro, tendo a experiência da cruz em operação nele, tanto de dentro como de fora, de modo que ele se torna em realidade o crucificado. E assim terá ele o poder de atrair todos a si mesmo.

Ora, discípulo algum pode ser maior do que seu mestre. Se nosso Senhor deve ser levantado e crucificado para que todos sejam a ele atraídos, não devemos nós, que levantamos o Cristo crucificado, também ser levantados e crucificados de modo a atrair todos a ele? O Senhor Jesus foi levantado na cruz a fim de dar vida espiritual aos homens; da mesma forma, se desejamos fazer com que as pessoas tenham vida espiritual, nós também devemos ser levantados na cruz para que o Espírito Santo possa fazer com que sua vida flua mediante nós. Uma vez que a fonte da vida procede da cruz, não devem os canais de vida também outorgar vida mediante a cruz?


Extraído do livro “O Mensageiro da Cruz” – Watchman Nee

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O Dia do Senhor

“Ah! Que dia! Porque o Dia do SENHOR está perto e vem como assolação do Todo- Poderoso.” “Tocai a trombeta em Sião e dai voz de rebate no meu santo monte; perturbem-se todos os moradores da terra, porque o Dia do SENHOR vem, já está próximo; dia de escuridade e densas trevas, dia de nuvens e negridão! Como a alva por sobre os montes, assim se difunde um povo grande e poderoso, qual desde o tempo antigo nunca houve, nem depois dele haverá pelos anos adiante, de geração em geração.”
Jl 1:15; 2:1-2

Verificamos que em Atos 2:17, que Pedro cita uma profecia de Joel na qual o Senhor diz: “nos últimos dias, diz o Senhor, derramarei do meu Espírito sobre toda a carne”. Consideremos esse assunto de Joel como pano de fundo: o dia de Jeová. Ainda que esse livro de Joel seja tão curto, ele menciona essa expressão – o dia de Jeová – mais do que qualquer profecia do Antigo Testamento. O dia de Jeová no livro de Joel é mencionado cinco vezes e fala de “um dia de juízo, um dia de escuridão, trevas, um dia difícil de suportar”.

Há um dia de juízo e de julgamento que está prestes a chegar e todo pecado será responsabilizado. Haverá juízo sobre as nações e esse é chamado o Dia do Senhor, o Dia de Jeová. De forma geral, a expressão “o Dia do Senhor” refere-se a esse juízo que há de vir.

A diferença do que Pedro pregou e o que Joel disse é: 
“E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos.” (At 2:17)

“E acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões.” (Jl 2:28)

O que há de diferente? Pedro disse: “nos últimos dias”. Joel, por outro lado, diz: “depois disso”. Olhando detalhadamente para a profecia de Joel, percebemos que o Dia do Senhor não é apenas um dia. Na realidade é uma sequência de eventos. Vemos que esse derramamento do Espírito Santo está no meio dessa sequência de eventos. Joel diz: “depois dessas coisas”. É importante que entendamos, com respeito aos últimos dias, que haverá uma sequência de eventos. 

Na segunda epístola aos Tessalonicenses, Paulo tenta ensinar aos recém-convertidos a não se preocuparem com o Dia do Senhor. Isso porque aqueles cristãos estavam confusos com relação ao Dia do Senhor e à tal sequência de eventos (2 Ts 2:1-3).

É necessário que alguns eventos aconteçam antes que venha o Dia do Senhor. No livro de Apocalipse e Profetas, as sequências de eventos ali encontradas são explicadas até certo ponto. Estamos falando, no entanto, a respeito do dia de Pentecostes, e com respeito a ele, é interessante observar que Joel relaciona uma sequência de quatro eventos no Dia do Senhor. Alguns desses eventos são a preparação para o grande dia de julgamento. 

Lendo o livro de Joel vemos quatro estágios de acontecimentos. Na primeira etapa, Israel se encontra sobre o julgamento dos exércitos que viriam e os tomariam cativos. Joel vê tais exércitos como que gafanhotos vindo sobre Israel. Ele compara esses exércitos com gafanhotos vindo e tomando Israel cativo. O segundo estágio refere-se a um tempo em que, em Sua misericórdia, Deus irá reunir Israel novamente (Jl 2:18,19).

Nesse período de tempo Deus terá misericórdia de Israel e há de reuni-los e a razão está descrita no versículo 2:27. O versículo 28 diz que depois dessas coisas, Ele irá derramar do Seu Espírito Santo (Jl 2:27,28). 

Isso tudo evidentemente já aconteceu quando eles foram levados cativos para a Babilônia e para a Síria. Depois do exílio, o povo de Deus voltou, e Ele disse que seria misericordioso para com eles. Anos depois cumpriu-se a palavra “Eu derramarei do meu Espírito sobre toda a carne” no dia de Pentecostes. Finalmente, o quarto estágio se refere ao juízo final, o Dia do Senhor, no qual haverá sinais nos céus, pois o sol e a lua se escurecerão. Esse dia de Juízo ainda há de vir. 

Devemos, antes de mais nada, perceber que o Espírito Santo é a Testemunha do tempo do fim. O Espírito Santo tem tremendo poder para convencer uma pessoa. O Senhor Jesus disse: “Estou indo embora mas vou enviar o Espírito Santo e Ele há de convencer as pessoas do pecado, da justiça e do juízo”. O Espírito Santo é poderoso para isso. 

Extraído do livro “O Testemunho do Tempo do Fim” – Dana Congdom (publicado pela Editora Tesouro Aberto)


terça-feira, 11 de agosto de 2015

A Administração Universal de Cristo

Em nossas mensagens anteriores, vimos que Cristo atualmente exerce Sua soberania para a expansão do evangelho, para introduzir os Seus em Si próprio; exerce Seu encabeçamento para nos fazer crescer e funcionar, para que Seu Corpo seja edificado; exerce Seu sacerdócio para interceder por nós; executa o novo testamento em nosso favor e ministra o suprimento de vida para nós. 
Todos estamos sob Seus cuidados. No que diz respeito a nós, nada nos falta. Mas, e quanto ao universo? E quanto ao propósito total de Deus? Para responder a isso, precisamos considerar mais um aspecto do ministério do Senhor nos céus.

Esse aspecto final da administração universal de Cristo nos céus é-nos revelado no livro de Apocalipse. O universo inteiro, tanto os céus como a terra, está sob Sua autoridade. Ele é o Administrador universal.

Em Apocalipse, em primeiro lugar vemos que Cristo, o Ungido de Deus, agora cuida de Sua igreja. Ele cuida dela de forma administrativa. As igrejas são os candelabros de Deus a reluzir Seu testemunho e necessitam da administração de Cristo. Algumas vezes surgem problemas e dificuldades que requerem Sua atenção administrativa. Nos tempos antigos o sumo sacerdote cuidava do candelabro, assegurando-se de que todas as lâmpadas estivessem em boa ordem para continuar a brilhar. Nosso Sumo Sacerdote atualmente faz exatamente o mesmo, à medida que anda entre os candelabros (Ap 1:11-13).

Ele também cuida das igrejas, tendo nas mãos os seus responsáveis. Os líderes nas igrejas são comparados a estrelas a brilhar nos céus na escuridão da noite (vs. 16, 20). Nós, que servimos às igrejas, precisamos estar conscientes de que não estamos em nossas mãos, e sim nas Dele. Ele administra os candelabros e sustém as estrelas. A visão apresentada em Apocalipse 1 nos mostra como as igrejas podem prosseguir nestes tempos. A situação entre os cristãos sem dúvida nos deixa desapontados e desanimados. Precisamos voltar-nos da visão terrena para Cristo! Ele é o primeiro e o último! Ele vive, e vive para sempre! Ele é capaz! É Aquele que agora segura "na mão direita as sete estrelas" e anda "no meio dos sete candeeiros de ouro" (2:1). Ele "abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá" (3:7). Olhando apenas para Ele seremos encorajados. As igrejas locais nunca falharão por causa desse Administrador que anda entre nós e sustenta nossos líderes! Essa é a administração de Cristo nas igrejas.

Apocalipse também nos diz que Cristo é o Administrador que cuida de todos os povos. Existem os judeus, que são os escolhidos de Deus; os pagãos, que são as nações; e os que participam da cristandade. Precisamos saber que até mesmo a cristandade e a forma como irá progredir estão sob a administração de Cristo. Depois que todas essas categorias de povos forem tratadas segundo o governo de Cristo, virá o milênio, o reino de Deus na terra. Depois disso, haverá nova era, a eternidade, com a Nova Jerusalém e os novos céus e a nova terra. De todos esses povos e tempos, Cristo é o Administrador.

É isso que nos é revelado, começando por Apocalipse 4. A cena muda de Cristo tomando conta dos candelabros (capítulos um a três) para “uma porta aberta nos céu”, e nos é mostrado “o que deve acontecer depois destas coisas" (4:1).

Cristo é apresentado como o Cordeiro redentor que venceu, qualificado para tomar o novo testamento, abri-lo e executá-lo. Esse é o significado do pergaminho selado na mão direita Daquele que está no trono (5:1). Quando um anjo forte proclama: "Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos?" (v. 2), somente esse digno Cordeiro-Leão é capaz de vir e tomar o livro (5:5-7). Ele está qualificado a tomar o novo testamento, abri-lo e executá-lo.
O novo testamento nas Epístolas de Paulo é principalmente para nosso desfrute das riquezas de Cristo que nos foram legadas. Existe, entretanto, outro aspecto do novo testamento. Deus trata com o universo segundo Seu testamento. Ele agirá com os judeus, com as nações e com a cristandade de acordo com Seu testamento. Nele há uma herança para nosso desfrute.

Nesse mesmo testamento há também as questões sobre como Deus lida com os vários povos e até mesmo com os céus e a terra. É esse novo testamento que o Redentor de todo o universo está qualificado a tomar, abrir e executar.

No fim, tudo que existe no universo será encabeçado em Cristo. Os judeus, as nações pagãs e a cristandade serão todos tratados, e o reino de Deus introduzido sobre a terra. Quando tudo que existe tiver sido encabeçado em Cristo, terá chegado a plenitude dos tempos. Os céus serão novos, assim como a terra e tudo que há nela. O universo por inteiro estará em ordem. Não haverá mais divisões, confusões, trevas, morte, noite nem lágrimas.

Quando nos perguntam como estamos, em geral respondemos "bem". Na realidade, nem tudo está bem. As coisas estão enroladas, confusas, nebulosas e caminhando para a morte. Há motivo para se derramar lágrimas. Até mesmo os homens deveriam chorar pelo estado lamentável das coisas. Afirmar que estamos bem ou que as coisas vão bem não é dizer a verdade. Ninguém está bem. Nenhuma família está bem. Nenhuma sociedade está bem.

Virá o dia, porém, em que haverá novos céus e nova terra. Todas as coisas serão encabeçadas em Cristo. Tudo ficará em ordem. Então tudo estará bem. Quem é digno de administrar esses novos céus e nova terra com a Nova Jerusalém? Apenas Cristo. Foi Ele quem morreu para a redenção de todo o universo. Foi Ele quem derrotou Satanás por meio de Sua morte. Foi Ele que consumou a aliança com Seu sangue redentor. Foi Ele quem nos legou como herança o novo testamento.

Ele está totalmente qualificado! Ele é digno de tomar o livro do novo testamento, abri-lo e executar tudo o que lá está escrito, provendo-nos de tudo o que nos foi legado, desempenhando cada item ali contido e colocando tudo em ordem no universo. Esse é o supremo ministério celestial de Cristo: a efetivação de tudo o que Deus projetou.


Extraído do livro “O Ministério Celestial de Cristo” – Witness Lee

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Nos Céus e em Nosso Interior

Esse mesmo Cristo é agora o Senhor nos céus e ao mesmo tempo o Espírito em nós. "Ora, o Senhor é o Espírito" (2 Co 3:17). Como Senhor, Ele se encontra nos céus. Como Espírito, está em nós. Como Aquele que se encontra nos céus, Ele exerce Sua soberania, Seu encabeçamento e Seu sacerdócio. Ele exerce Sua soberania em prol da expansão do evangelho, para que os escolhidos de Deus sejam introduzidos Nele. Ele exerce Seu encabeçamento para que todos os Seus membros cresçam e funcionem, para que Seu Corpo seja edificado. Ele exerce Seu sacerdócio a fim de nos resgatar de todas as nossas complicadas confusões pela intercessão, pela execução das provisões do novo testamento e pelo serviço do que tivermos necessidade; e assim Ele nos mantém firmes para evitar que caiamos. Todas essas são Suas atividades enquanto Senhor nos céus.

Tudo que desempenha como Senhor, Ele aplica a nós como o Espírito. Como podemos perceber todas as Suas funções celestiais? Tudo o que Ele intercede, executa ou ministra é transmitido a nosso espírito. Como Senhor nos céus, Ele é a eletricidade na usina elétrica. Como Espírito em nosso espírito, Ele é a eletricidade do prédio onde estamos agora. O Senhor nos céus e o Espírito em nosso espírito são um só. Há uma transmissão contínua entre os céus e nosso espírito, de modo que tudo que se manifesta lá é imediatamente aplicado aqui.
Repare que esse trânsito é entre os céus e nosso espírito. Nossa mente não conta. É nossa mente que nos deixa preocupados. Quando surge a transmissão celestial, essa realidade maravilhosa fortalece nosso espírito, que então se levanta para exclamar: "Glória a Deus!". A transmissão chegou a nosso espírito, não à nossa mente. O Espírito em nosso espírito é o próprio Senhor nos céus.

Romanos 8 confirma que Aquele que é o Espírito é o mesmo que é o Senhor. O versículo 26 nos diz que "o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis". A seguir o versículo 34 diz que Cristo Jesus "está à direita de Deus e também intercede por nós". Quem intercede por nós? É o Senhor Espírito! Nos céus é o Senhor, e em nós é o Espírito. O mesmo é verdade com relação a Melquisedeque. Há um só Melquisedeque. Nos céus Ele é o Senhor, e em nosso espírito Ele é o Espírito. Do ponto de vista doutrinário, não temos uma explicação satisfatória para essa dupla realidade; já em nossa experiência, entretanto, temos de fato a confirmação.

Talvez você volte do trabalho exausto e se pergunte como estará a situação em casa. Inesperadamente, enquanto se questiona, você tem a sensação de ser suprido e fortalecido. Qual é a fonte desse suprimento? Ele veio do próprio Cristo, que é tanto o Senhor nos céus como o Espírito em nosso interior. Ele intercede por você, cuida de você e executa o novo testamento em seu favor. Baseado nesse testamento, Ele toma o suprimento de vida e lhe fornece o sustento exatamente com o que você mais necessita. Você então O experimenta como Senhor, Espírito, Sumo Sacerdote, Executor e Ministro. Ele é também o Mediador, que transmite o que você necessita do Pai, que é a fonte para seu espírito a fim de supri-lo e sustentá-lo.

Com certeza todos já experimentamos esse ministério celestial de Cristo. Por que nos mantivemos firmes sem cair todos esses anos? Posso testemunhar que foi isso que me preservou nesses cinquenta e cinco anos. Em Seu ministério terreno, Ele morreu por mim na cruz. Agora Ele me serve em ressurreição, e esse é Seu ministério celestial. Seu principal elemento é o sacerdócio para com os membros de Seu Corpo. É claro, Ele exerceu Sua soberania para se certificar de que eu fosse salvo e, portanto, conduzido a Deus. Também exerceu Seu encabeçamento sobre mim para fazer com que eu crescesse e funcionasse e desse modo fosse edificado no Corpo. No entanto é Seu sacerdócio que Ele mais exerce para me preservar. Aleluia por nosso Sumo Sacerdote celestial! Fomos sustentados, preservados e supridos por Sua intercessão, execução do testamento e ministração a nós segundo nossas necessidades. Nada me faltou. Minha porção é um valioso suprimento de vida.

Nossa preservação e nosso sustento por meio Dele estão totalmente garantidos por Seu sacerdócio, que é baseado no testamento. O testamento está em nossas mãos, e o Sumo Sacerdote está tanto nos céus como em nós. Nos céus Ele é o Senhor, em nós Ele é o Espírito. O Senhor Espírito nos ministra o suprimento de vida de forma continua. O suprimento que recebemos é celestial, porque o céu é sua fonte. Nosso Sumo Sacerdote ministra a nós no verdadeiro tabernáculo, o Santo dos Santos celestial, que é unido a nosso espírito por Ele como escada celestial (Gn 28:12; Jo 1:51). Ao nos ministrar o suprimento celestial, Ele faz de nós um povo celestial. Somos um povo na terra que vive uma vida celestial.


Extraído do livro “O Ministério Celestial de Cristo” – Witness Lee

domingo, 9 de agosto de 2015

O Sacerdócio de Cristo

Temos um testamento maravilhoso e um magnífico Executor! O testamento é na verdade a Bíblia toda: começou com Deus falando, tornou-se Sua promessa, mais tarde veio a ser Sua aliança e agora, que tudo já se cumpriu por meio da morte de Cristo, é um testamento ou última vontade, com todos os itens de seu conteúdo legados a nós por herança. Tudo nesse testamento é nosso.

Temos um Executor maravilhoso que assegura o cumprimento do testamento! Ele é Deus, entretanto se fez homem. Viveu nesta terra e provou todos os sofrimentos da vida humana. Ao fim de Sua experiência como ser humano, Ele morreu na cruz. Por esse meio, resolveu o problema de nossos pecados, derrotou Satanás, encerrou toda a velha criação e deu solução a todos os problemas. Ele satisfez Deus e cumpriu todas as Suas exigências. Depois de três dias sepultado, Ele superou a morte e entrou na vida ressurreta. Na ressurreição elevou a humanidade e Ele próprio se tornou o Espírito vivificante. Esse é o Espírito composto, todo-inclusivo. Essa Pessoa maravilhosa - Deus e homem, morto e ressuscitado, vivo para sempre, forte e capaz - executa tudo o que se encontra nesse testamento para nosso benefício e desfrute.

Que privilégio desfrutamos por viver no estágio em que o testamento está em plena realização e por ter um Executor plenamente capaz de realizar todas as suas provisões para nosso desfrute!

O livro de Hebreus nos diz que Cristo é Sumo Sacerdote, não segundo a ordem de Arão, mas segundo a ordem de Melquisedeque (7:11-17). Ao fim de Sua vida na terra, Ele agiu como Sumo Sacerdote, oferecendo-Se como sacrifício a Deus. Essa parte terrena de Seu sacerdócio - oferecer o sacrifício para realizar a redenção - foi tipificada por Arão, o sumo sacerdote escolhido por Deus dentre Seu povo. Agora que isso já foi realizado, Cristo em ressurreição é o Sumo Sacerdote celestial, segundo a ordem de Melquisedeque.

Que faz nosso Melquisedeque celestial? Ele já não oferece sacrifícios, mas serve. Assim como um ministro serve, suprindo aqueles a quem serve do que necessitam, assim também esse Ministro nos provê do suprimento celestial, ministrando-nos o próprio Deus.

No relato de Gênesis 14:18-20, quando Abraão retornou da matança dos reis, Melquisedeque, sacerdote do Altíssimo, veio a seu encontro com pão e vinho. Melquisedeque não era um sumo sacerdote que apresentava ofertas, mas servia. Abraão devia estar esgotado depois de guerrear contra os reis. Em sua exaustão sem dúvida necessitava de suprimentos. Cristo agora faz, nos lugares celestiais, o que Melquisedeque fez por Abraão. Ele nos serve suprimento conforme nossa necessidade. Não existe mais necessidade de sacrifícios, pois Sua oferta única satisfez Deus para sempre (Hb 10:12).

O sacerdócio celestial de Cristo visa servir-nos pão e de vinho. Cristo também é "ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem" (Hb 8:2). O verdadeiro tabernáculo é o Santo dos Santos celestial, onde Ele entrou além do véu como nosso Sumo Sacerdote (6:19-20). Além de ser o Sumo Sacerdote que intercede por nós e o Mediador que executa o novo testamento, Ele é Intercessor, Executor e Ministro! Temos esse maravilhoso Sumo Sacerdote!


Extraído do livro “O Ministério Celestial de Cristo” – Witness Lee

sábado, 8 de agosto de 2015

O Mediador da Nova Aliança

"Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados. Porque, onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador; pois um testamento só é confirmado no caso de mortos; visto que de maneira nenhuma tem força de lei enquanto vive o testador" (Hb 9: 15-17).

Por toda a Bíblia, o falar de Deus ocorreu de três formas: Sua palavra, Sua promessa e Sua aliança (ou testamento). No falar de Deus havia Sua promessa. Ao ser pronunciada sob juramento, Sua promessa tornou-se uma aliança, que é também um testamento.  Desde o princípio, Deus falava com o homem. Antes de Adão desobedecer, Deus falou com ele. Após a queda, Deus voltou para falar com ele, dessa vez prometendo que o descendente da mulher esmagaria a cabeça da serpente (Gn 3:15). Com o falar de Deus, veio a promessa de Deus.

Isso também foi verdade com relação a Abraão. Ao falar a ele, Deus lhe prometeu um descendente e a boa terra (Gn 13:15). Deus falou e Deus prometeu. Como a promessa se tornou uma aliança? Foi pelo acréscimo de um juramento feito com um sacrifício no qual houve o derramamento de sangue (Gn 15:7-18). Uma aliança é um pacto em que uma das partes promete algumas coisas à outra.

Já um testamento, por sua vez, é uma herança do que já foi realizado. Em termos atuais, é a última vontade, uma declaração legal por escrito para que a propriedade do testador seja distribuída por ocasião de sua morte. A Bíblia, vista como um todo é na verdade o testamento de Deus, sendo inclusive suas duas partes chamadas de Antigo e Novo Testamento.

Deus falou. Tanto no Antigo como no Novo Testamento Ele falou e, ao falar, fez promessas. A Bíblia está repleta de promessas. Promessas a Adão, a Noé, a Abraão, a Davi e a nós, os crentes do Novo Testamento. Caso o Senhor Jesus não tivesse morrido, essas promessas seriam apenas promessas. Mas, a fim de cumprir essas promessas, Ele de fato morreu. Através de Seu sangue derramado, essas promessas se tornaram uma aliança. Agora há um compromisso firme para que se cumpram. Nessa aliança ainda restam algumas coisas por fazer. Outras já se realizaram e nos foram legadas como herança. Assim a aliança se tornou um testamento, que nos informa qual é nossa herança.

No grego, a palavra usada é a mesma tanto para aliança como para testamento. A nova aliança, consumada com o sangue de Cristo (vs. 11-14), não é apenas uma aliança, mas é um testamento que inclui todas as coisas realizadas pela morte de Cristo legadas a nós por herança. Primeiramente, Deus prometeu que faria uma nova aliança (Jr 31:31-34; Hb 8:8-13). A seguir Cristo derramou Seu sangue a fim de promulgar a nova aliança (Lc 22:20). Uma vez que existem promessas já cumpridas nessa aliança, ela é também um testamento. Esse testamento, ou última vontade, foi confirmado e validado pela morte de Cristo e é realizado e executado por Ele após Sua ressurreição. A promessa da aliança de Deus é assegurada pela Sua fidelidade; a aliança de Deus é garantida por Sua justiça; e o testamento é executado pelo poder da ressurreição de Cristo.

A Bíblia primeiramente nos diz que Cristo virá. Depois ela nos promete que Ele virá. Há não somente o falar, mas também a promessa. Muitas bênçãos estão incluídas nessa promessa: que Ele morreria por nós para que nossos pecados fossem perdoados e fôssemos redimidos; recebêssemos vida; que essa vida é o Espírito que, por Sua vez, é o próprio Deus como tudo para nós e nosso desfrute; finalmente, que haveremos de herdar tudo o que Deus é, possui e faz.
Depois de ter falado e prometido (incluindo o conteúdo de Sua promessa), Cristo foi para a cruz e morreu, derramando Seu sangue. Devido à Sua morte, a promessa foi consumada, a aliança foi estabelecida e o testamento foi promulgado.

Temos, portanto, quatro estágios no falar de Deus com o homem: Seu falar, Sua promessa, o estabelecimento de Sua aliança e a execução de Seu testamento. Adão, em Gênesis 2, estava no primeiro estágio. Abraão, em Gênesis 12, no segundo, o estágio da promessa. Os discípulos, ao ver Cristo morrendo na cruz, estavam no terceiro, o estágio do estabelecimento da aliança. Nós, atualmente, estamos no quarto estágio, quando o testamento é executado. Deus falou, prometeu, Cristo estabeleceu a aliança, e a aliança se tornou testamento para nós.


Extraído do livro “O Ministério Celestial de Cristo” – Witness Lee

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Entrando no Santo dos Santos

"Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote [...] Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça" (Hb 4:14-16). 

Depois de nos apresentar um retrato de nosso Sumo Sacerdote cuidando de nossas fraquezas, o escritor de Hebreus nos exorta a nos achegar ao trono da graça. É achegando-nos confiadamente dessa forma que temos reciprocidade para com Sua intercessão celestial.

Onde fica o trono da graça? Precisamos responder que fica tanto nos céus como em nosso espírito. Se ficasse apenas nos céus, como poderíamos achegar-nos a ele? Como testifica nossa experiência, o trono também se encontra em nosso espírito. Para fins de ilustração, vamos supor que estamos ansiosos por alguma razão. Ficar ansioso é característica de pessoas inteligentes. Apenas os tolos são completamente despreocupados, não importa o que lhes aconteça. Se somos pessoas despertas, que raciocinam, muitas coisas nos deixam ansiosos. Quando somos solteiros, nossos pensamentos se voltam para as preocupações pessoais. Depois que nos casamos, somos dois com que nos preocupar. Em vez de pensar apenas em nós mesmos, concentramo-nos em nosso cônjuge: "Que dizer da conversa que tivemos ontem à noite? E quanto ao nosso futuro? E se um de nós adoecer?". Precisamos encontrar uma saída para enfrentar todos os pensamentos perturbadores e situações difíceis que nos acometem. Graças a Deus que nosso espírito está conectado ao Santo dos Santos! Quando nos voltamos da mente para o espírito, entramos no Santo dos Santos. Uma vez lá, fica difícil perceber se estamos no céu ou na terra. O Santo dos Santos possui duas extremidades: uma nos céus e outra em nosso espírito. Ali, no Santo dos Santos, está o trono da graça.

Que fazemos junto ao trono da graça? Oramos, adoramos e buscamos Aquele que se encontra no trono. Nós O louvamos e Lhe agradecemos. A partir desse trono flui o rio da vida. Se ficarmos ali por alguns instantes, perceberemos que alguma coisa flui do trono da graça para nós, em nós e de nós. Experimentaremos a vida eterna como suprimento da graça. Receberemos misericórdia e acharemos "graça para socorro em ocasião oportuna" (Hb 4:16). 
Achegando-nos ao trono da graça, temos reciprocidade para com o sacerdócio celestial de Cristo. Sempre que nos voltamos ao espírito e nos achegamos assim ao trono da graça, temos reciprocidade para com. Sua intercessão celestial. Sua intercessão e nossa oração constituem-se em uma via de mão dupla entre o céu e a terra.

Quando o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos, ele carregava sobre os ombros os nomes das doze tribos (Êx 28:6-10). Esses nomes também vinham escritos sobre o peitoral (v. 2l). Hoje em dia, o nosso Sumo Sacerdote nos carrega a todos diante de Deus no Santo dos Santos celestial. Ele se coloca diante de Deus a fim de nos levar até lá e também para levar nossas necessidades até Ele. Nesse Lugar Santo todos os nossos problemas são resolvidos. Ele está nos servindo junto ao trono da graça. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna!

O trono da graça é o único lugar onde nossos problemas podem ser resolvidos. Achegando-nos a ele, temos reciprocidade para com a intercessão da parte Dele. Essa comunicação prossegue o dia todo. Embora nada disso possa ser visto com os olhos físicos, nosso espírito percebe o que acontece no Santo dos Santos a nosso favor. Achegue-se ao trono da graça!

Esse ofício de Sumo Sacerdote é a parte mais grandiosa do ministério celestial de Cristo. Encontramo-nos com Ele, hora após hora, desfrutando, experimentando e tocando Nele. À medida que Ele intercede por nós, achegamo-nos com confiança ao trono a fim de receber misericórdia e achar graça. Misericórdia e graça estão sempre disponíveis para nós, mas precisamos recebê-las e achá-las pelo exercício do espírito, achegando-nos ao trono e tocando nosso Sumo Sacerdote, que se compadece de nós em todas as nossas fraquezas.


Extraído do livro “O Ministério Celestial de Cristo” – Witness Lee