“Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como um vento, nos arrebatam.”
Is 64:6
O Senhor já conhece nossa estrutura demasiadamente bem! Ele não espera que nossa carne alcance sua justiça pois reconhece ele que a não ser pecar, nada mais podemos fazer. Ao fazermos o bem, sabe ele que somos corruptos. E ao praticarmos o mal, de novo, sabe ele que somos corruptos. Ele não precisa esperar que caiamos a fim de compreender nossa corrupção. Somos nós quem precisamos dessas derrotas e dessas quedas, pois sem elas não podemos conhecer a nós mesmos. Enquanto experimentamos um navegar suave, enquanto somos vitoriosos e cheios de alegria, podemos pensar que somos bastante bons e que possuímos algo que os outros não têm. Embora não nos gabemos abertamente a respeito de nada, entretanto, ao fazermos algum progresso na vida espiritual ou termos algum êxito na obra espiritual não podemos deixar de conceber a ideia de que agora estamos verdadeiramente santos, poderosos e em excelente condição. Numa posição como esta, é fácil tornar-se descuidado e perder a atitude de dependência de Deus. Assim, o Senhor permite que caiamos da glória ao pó. Permite que pequemos, caiamos e nos afastemos. Tudo isto fará com que saibamos quão inteiramente corruptos além de qualquer ajuda natural somos nós. Aprendemos que não somos diferentes dos maiores e piores pecadores do mundo. O resultado é que não ousamos confiar em nós mesmos, glorificar a nós mesmos nem gabar a nós mesmos, mas, em todas as coisas, lançar-nos-emos sobre o Senhor com temor e tremor. Portanto, precisamos que a derrota e o fracasso nos humilhem, que nos façam conhecer a nós mesmos e a corrupção completa de nossa carne.
Lembramo-nos de que antes de ser salvos e nascer de novo o Espírito Santo convenceu-nos de que éramos pecadores e que toda a nossa bondade passada era como "trapo da imundícia" (Isaías 64:6) que não podia cobrir nossa nudez nem salvar-nos dos nossos pecados. Também ficamos conscientes de que ainda que tentássemos fazer o melhor a fim de praticar o bem daí por diante, nossa própria justiça jamais poderia satisfazer as exigências da lei. Compreendemos que jamais poderíamos estabelecer nossa própria justiça fora de Cristo (Romanos 10:3). Portanto, viemos a Deus em inutilidade total, aceitamos o Senhor Jesus como nossa justiça, e fomos salvos mediante sua redenção. Essa foi nossa experiência passada.
Mas, quão esquecidos somos! Na época em que fomos salvos e nascemos de novo, sabíamos que não podíamos depender de nosso próprio bem mas devíamos depender inteiramente da obra de Cristo. O Espírito Santo mostrou-nos nosso estado terrível de perdição, fazendo-nos ver que estávamos cheios de imundícia e corrupção e perceber a total incerteza de nossa própria justiça. Logo depois de sermos salvos, por estarmos cheios de alegria por causa da graça do perdão que tínhamos recebido, permanecemos humildes. Mas depois de algum tempo, começamos a esquecer o primeiro princípio da salvação. Devido a um novo desejo da nova vida, uma vez mais tentamos preencher os requisitos externos com uma justiça nossa. De alguma forma voltamos à ignorância de que quando Deus nos disse, ao sermos salvos, que nossa justiça era absolutamente inútil, ele queria dizer que era ela eternamente inútil. E assim como ele declarou, no momento de nossa salvação, que ele não se alegraria em nada que saísse de nós mesmos — a despeito de sua aparência exterior — essa declaração era de valor eterno.
Jamais devemos nos esquecer de que a maneira pela qual ganhamos a vida divina deve ser a mesma usada para alimentar essa mesma vida. O princípio que aprendemos na salvação deve permanecer para sempre. O ego é sempre inútil, é sempre julgado por Deus, e portanto deve ser continuamente entregue à morte. Quão triste é que a justiça que desprezamos no momento em que cremos no Senhor é recebida de volta não muito tempo depois. O que então reconhecemos como ego inútil, gradativamente volta à atividade.
A intenção original de Deus para nós depois que fomos salvos é que, passo a passo, chegássemos a um conhecimento mais profundo de nossa corrupção e à rejeição maior de nossa justiça própria. A atitude que tomamos com respeito a nós mesmos na época da salvação é somente o primeiro passo da perfeita obra de Deus. Ele deseja ver essa obra aprofundar-se cada vez mais até que nós, os crentes, sejamos completamente libertos do domínio do ego. Que pena que os crentes arruínem a obra de Deus!
Extraído do livro “O Mensageiro da Cruz” – Watchman Nee
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