quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Conhecendo a Nós Mesmos

“Recordar-te-ás de todo o caminho, pelo qual o SENHOR teu Deus te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos” (Deuteronômio 8:2).

Para compreender o motivo deste versículo devemos recordar do que Deus prometeu aos filhos de Israel no monte Sinai. Ao aparecer no monte Sinai Deus disse: "Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz, e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos" (Êxodo 9:5). Ao ouvir os filhos de Israel esta palavra, responderam à uma voz e sem nenhuma hesitação: "Tudo o que o SENHOR falou, faremos" (v. 8). Pensavam que uma vez que Deus os tinha libertado de maneira tão maravilhosa e os havia conduzido, suprido suas necessidades e lhes dado proteção, que deveras lhe obedeceriam em tudo o que ele pedisse deles.

Entretanto, o que a pessoa diz e promete nem sempre é o que suas mãos e pés hão de fazer. Deus o provará em questões práticas a fim de determinar se você realmente o adora e segue sua vontade. Embora você possa pensar e até mesmo sentir estar perfeitamente disposto a ouvir a Palavra de Deus, a carne tornou-se tão corrupta que o que você pode estar pensando e sentindo não seja digno de confiança. E por isso que Deus deve prová-lo quanto à obediência aos seus mandamentos. E por isso que Moisés diz aos israelitas: "para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos." Era como se dissesse que por ser a promessa deles inadequada, deviam ser humilhados e provados no deserto por quarenta anos. Entretanto, tal "humilhação" e "provação" não tinham o propósito de trazer-lhes queda espiritual mas a manifestação de seu verdadeiro estado.

Sem a experiência da humilhação, sem a prova do deserto e sem a derrota e rebelião subsequentes, quem poderia saber quão inteiramente corruptos eram os corações destes filhos de Israel? A julgar por sua promessa entusiasta ao pé do monte Sinai, pensaríamos serem eles um povo muito obediente. Mas o povo que tão prontamente fez promessas no monte Sinai foi o mesmo que mais tarde no deserto adorou o bezerro de ouro, murmurou contra Deus e contra Moisés; desejou voltar para o Egito e finalmente se recusou a entrar em Canaã. Porém depois de tantos fracassos, reconheceram ser corruptos, que sua carne nada tinha absolutamente de que se orgulhar, e que sua auto importância em pensar serem eles melhores do que as outras raças era totalmente falsa porque na verdade, não eram de modo nenhum superiores a qualquer outra nação do mundo. Somente então reconheceram que Deus os tinha escolhido não por que fossem melhores do que os outros mas por sua graça; pois Deus havia dito a Moisés:

"Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, não depende de quem quer, ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia" (Romanos 9:15, 16).

Ora, assim como Deus guiou os filhos de Israel no período da Antiga Aliança, da mesma forma procura ele liderar o seu povo hoje. A lição que deseja ensinar aos filhos agora é a mesma que tentou ensinar aos israelitas no deserto. Essa lição é que conheçamos a nós mesmos. Deus deseja que seu povo saiba que são corruptos a mais não poder, e que são cheios de pecado, imundícia e fraquezas. Deseja levar os crentes ao fim de si mesmos. Deseja convencê-los de que seus egos são totalmente inúteis e absolutamente sem nenhum valor para que possam lançar-se sobre Deus em seu desamparo e procurar conhecer sua vontade, depender de seu poder e realizar seu propósito.

Entretanto, poucos crentes têm consciência disto. Poucos realmente sabem que estão cheios de corrupção e de imundícia e que são totalmente inúteis. Poucos acham não ter nada. A maioria dos crentes pensam ser dignos de confiança em muitos aspectos, e pensam ser mais fortes do que outros crentes. Quem, pois, realmente conhece a si mesmo completamente?
Compreendamos que Deus não precisa de nossas derrotas e de nossos fracassos — somos nós quem precisamos; pois ele sabe muito bem quão corrupta é nossa carne e se permanecemos e vencemos ou se caímos e somos derrotados.


Extraído do livro “O Mensageiro da Cruz” – Watchman Nee

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