"Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados. Porque, onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador; pois um testamento só é confirmado no caso de mortos; visto que de maneira nenhuma tem força de lei enquanto vive o testador" (Hb 9: 15-17).
Por toda a Bíblia, o falar de Deus ocorreu de três formas: Sua palavra, Sua promessa e Sua aliança (ou testamento). No falar de Deus havia Sua promessa. Ao ser pronunciada sob juramento, Sua promessa tornou-se uma aliança, que é também um testamento. Desde o princípio, Deus falava com o homem. Antes de Adão desobedecer, Deus falou com ele. Após a queda, Deus voltou para falar com ele, dessa vez prometendo que o descendente da mulher esmagaria a cabeça da serpente (Gn 3:15). Com o falar de Deus, veio a promessa de Deus.
Isso também foi verdade com relação a Abraão. Ao falar a ele, Deus lhe prometeu um descendente e a boa terra (Gn 13:15). Deus falou e Deus prometeu. Como a promessa se tornou uma aliança? Foi pelo acréscimo de um juramento feito com um sacrifício no qual houve o derramamento de sangue (Gn 15:7-18). Uma aliança é um pacto em que uma das partes promete algumas coisas à outra.
Já um testamento, por sua vez, é uma herança do que já foi realizado. Em termos atuais, é a última vontade, uma declaração legal por escrito para que a propriedade do testador seja distribuída por ocasião de sua morte. A Bíblia, vista como um todo é na verdade o testamento de Deus, sendo inclusive suas duas partes chamadas de Antigo e Novo Testamento.
Deus falou. Tanto no Antigo como no Novo Testamento Ele falou e, ao falar, fez promessas. A Bíblia está repleta de promessas. Promessas a Adão, a Noé, a Abraão, a Davi e a nós, os crentes do Novo Testamento. Caso o Senhor Jesus não tivesse morrido, essas promessas seriam apenas promessas. Mas, a fim de cumprir essas promessas, Ele de fato morreu. Através de Seu sangue derramado, essas promessas se tornaram uma aliança. Agora há um compromisso firme para que se cumpram. Nessa aliança ainda restam algumas coisas por fazer. Outras já se realizaram e nos foram legadas como herança. Assim a aliança se tornou um testamento, que nos informa qual é nossa herança.
No grego, a palavra usada é a mesma tanto para aliança como para testamento. A nova aliança, consumada com o sangue de Cristo (vs. 11-14), não é apenas uma aliança, mas é um testamento que inclui todas as coisas realizadas pela morte de Cristo legadas a nós por herança. Primeiramente, Deus prometeu que faria uma nova aliança (Jr 31:31-34; Hb 8:8-13). A seguir Cristo derramou Seu sangue a fim de promulgar a nova aliança (Lc 22:20). Uma vez que existem promessas já cumpridas nessa aliança, ela é também um testamento. Esse testamento, ou última vontade, foi confirmado e validado pela morte de Cristo e é realizado e executado por Ele após Sua ressurreição. A promessa da aliança de Deus é assegurada pela Sua fidelidade; a aliança de Deus é garantida por Sua justiça; e o testamento é executado pelo poder da ressurreição de Cristo.
A Bíblia primeiramente nos diz que Cristo virá. Depois ela nos promete que Ele virá. Há não somente o falar, mas também a promessa. Muitas bênçãos estão incluídas nessa promessa: que Ele morreria por nós para que nossos pecados fossem perdoados e fôssemos redimidos; recebêssemos vida; que essa vida é o Espírito que, por Sua vez, é o próprio Deus como tudo para nós e nosso desfrute; finalmente, que haveremos de herdar tudo o que Deus é, possui e faz.
Depois de ter falado e prometido (incluindo o conteúdo de Sua promessa), Cristo foi para a cruz e morreu, derramando Seu sangue. Devido à Sua morte, a promessa foi consumada, a aliança foi estabelecida e o testamento foi promulgado.
Temos, portanto, quatro estágios no falar de Deus com o homem: Seu falar, Sua promessa, o estabelecimento de Sua aliança e a execução de Seu testamento. Adão, em Gênesis 2, estava no primeiro estágio. Abraão, em Gênesis 12, no segundo, o estágio da promessa. Os discípulos, ao ver Cristo morrendo na cruz, estavam no terceiro, o estágio do estabelecimento da aliança. Nós, atualmente, estamos no quarto estágio, quando o testamento é executado. Deus falou, prometeu, Cristo estabeleceu a aliança, e a aliança se tornou testamento para nós.
Extraído do livro “O Ministério Celestial de Cristo” – Witness Lee
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