“Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.”
Jo 15:5
A primeira obra do Espírito Santo no crente, após a Salvação, é levá-lo a conhecer a si mesmo a fim de induzi-lo a obedecer à vontade de Deus e negar tudo o que procede de si mesmo. Deve aprender a confiar completamente em Deus. Mas quão difícil é essa lição! Conhecer-se a si mesmo é ser privado da glória; negar-se a si mesmo é fazer com que soframos.
De modo que, em realidade, o crente não está tão ávido de conhecer a si mesmo e logo não conhece a si mesmo muito bem; deveras, na ignorância julga-se digno de confiança. Ora, por causa da indisposição do crente em ter esse autoconhecimento, o Espírito Santo não pode revelar a ele seu caráter verdadeiro à vista de Deus. Como resultado o Senhor é forçado a usar alguns métodos dolorosos para fazer com que o crente conheça a si mesmo. E o modo mais frequentemente usado por Deus é permitir que o crente caia.
Assim como os fracassos no deserto capacitaram os filhos de Israel a conhecer seus corações, do mesmo modo fracassos similares farão com que os crentes hoje tenham conhecimento de quão miseráveis são em si mesmos. Por causa de sua autoconfiança e por ver a si mesmos como talentosos, capazes e poderosos, têm falta da completa dependência de Deus. Por isso Deus deixa que falhem em suas tentativas. Compreenderão quão indignos de confiança são ao ver que suas obras não produzem frutos verdadeiros e duradouros.
Com quanta frequência os crentes veem a si mesmos como naturalmente muito pacientes, amáveis, gentis e puros! Para contra-atacar esta auto ilusão Deus permitirá que muitas coisas aconteçam em sua vida a fim de tirar-lhes a impaciência, a amabilidade, a gentileza e a pureza para que saibam que nada de valor procede do ego natural. E como os crentes pensam amar a Deus, gabando-se de sua consagração perfeita ao Senhor e de seu labor diligente por amor dele! Deus permite que o mundo e as pessoas os engodem de tal modo que são tentados em secreto ou se desviam abertamente. Assim, ficam sabendo quão vulnerável é seu amor por Deus. Os crentes também podem pensar ser totalmente dedicados ao Senhor, nada tendo para si mesmos. Em resposta, Deus faz com que recebam elogios e louvores dos homens a fim de mostrar-lhes quão sutilmente lhe roubam a glória e procuram a exaltação dos homens. Às vezes também acontece de os crentes fazerem um pequeno progresso na vida espiritual, e logo pensam ser vitoriosos e santificados. Mas no instante em que estes cristãos dão lugar à auto-satisfação, Deus permite que falhem e pequem exatamente como o fazem as outras pessoas — ou até mesmo pior do que elas. O resultado é ficarem sabendo que não são melhores do que ninguém.
Embora corra o risco de ser mal interpretado, gostaria de dizer isto: Deus preferiria que seus filhos pecassem a que fizessem o bem. Repetindo, por favor, não interprete mal minha palavra aqui. Não estou, com isto, aconselhando-o a pecar, pois o Senhor não tem prazer no pecado. Mas uma vez que os crentes são tão autoconfiantes, gabadores e cheios de autossatisfação — cheios de seus próprios pensamentos, sentimentos e ações — Deus preferiria vê-los pecar a fazer o bem. Doutra forma, jamais conhecerão a si mesmos nem serão jamais libertados da vida lamentável, às vezes ridícula, e detestável do ego.
Precisamos saber a que grau Deus deseja que avancemos. De onde ele nos salva e para onde nos salvará? É bem verdade que não iremos para o inferno, mas para o céu. Mas é só isso que Deus tem para nós? Não, ele deseja salvar-nos ao ponto de sermos totalmente libertos de nós mesmos e entrarmos completamente em sua vida para que não vivamos mais pela vida da alma. A seus olhos não há nada mais imundo do que o "ego" — originador de todos os pecados. O ego é o maior inimigo de Deus, pois ele sempre declara sua independência dele. Portanto ele considera todo o ego extremamente imundo, totalmente inaceitável e absolutamente inútil.
Extraído do livro “O Mensageiro da Cruz” – Watchman Nee
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