“Põe- me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura, o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, são veementes labaredas.” (Ct.8:6)
O sumo sacerdote levava o nome das doze tribos sobre o coração, cada nome gravado como um selo nas preciosas e duráveis pedras escolhidas por Deus, cada selo ou pedra engastada no mais puro ouro; ele também levava os mesmos nomes sobre os ombros, indicando que tanto o amor como a força do sumo sacerdote eram empenhadas em favor das tribos de Israel. A noiva seria assim sustentada por Ele que é, ao mesmo tempo, seu Profeta, Sacerdote e Rei, pois o amor é forte como a morte; e o ciúme, ou amor ardente, possessivo como a sepultura. Não que ela duvide da constância do seu Amado, mas ela aprendeu a inconstância do seu próprio coração; e ela desejaria ser atada ao coração e ao braço do seu Amado com correntes e engastes de ouro, eternamente o símbolo da divindade. Então, o salmista orou: “Atai a vítima da festa com cordas, e levai-a até os ângulos do altar” (Sl 118:27).
É relativamente fácil deixar o sacrifício no altar que santifica a oferta, mas é preciso divina coerção – cordas de amor – para retê-lo ali. Então, aqui a noiva estaria focada e fixa no coração e no braço Dele que deverá ser daqui para frente tudo para ela, de maneira que ela cada vez mais confie unicamente neste amor e seja sustentada por este poder.
O noivo responde ao seu pedido com palavras tranquilizadoras: “As muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os rios, afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens da sua casa pelo amor, seria de todo desprezado” (vs.7).
O amor que a graça gerou no coração da noive é divino e duradouro; as muitas águas não podem apaga-lo, nem os rios afoga-lo. O sofrimento e a dor, privações e perdas podem testar a constância deste amor, mas não podem apaga-lo. Sua fonte não é humana ou natural; como o fogo, ela está oculta com Cristo, em Deus. O que “nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? [...] Em todas estas coisas, porém, somos mais do que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura pode separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm.8:35-39). O amor de Deus por nós é que assegura nosso amor por Ele. Ao final, nenhum suborno derrotará a alma realmente salva pela graça.
“Ainda que alguém desse toda a fazenda de sua casa por este amor, certamente a desprezariam” (RC)
Extraído do livro “Cântico dos Cânticos – O Misterioso Romance” – Hudson Taylor
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