terça-feira, 23 de junho de 2015

Tudo Começa no Descanso!

Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo... que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e fazendo-o sentar-se à sua direita nos céus, acima de todo principado, e autoridade, e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro (Ef 1:17-21).

E nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez ASSENTAR nas regiões celestiais, em Cristo Jesus... pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé -e isto não vem de vós, é dom de Deus não das obras, para que ninguém se glorie (Ef 2:6-9).

A era cristã iniciou-se com Cristo. Sobre Cristo ficamos sabendo que depois de ter "feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade nas alturas" (Hebreus 1:3). Com a mesma dose de verdade podemos dizer que o crente inicia sua vida cristã "em Cristo", isto é, quando pela fé ele se vê assentado ao lado de Cristo no céu. A maioria dos crentes comete o erro de tentar andar para tornar-se capaz de assentar-se, o que contraria a verdadeira ordem. Nosso raciocínio natural nos pergunta: se não andamos, de que modo vamos atingir o alvo? Que é que vamos conseguir sem esforço? Como chegaremos a qualquer destino se não nos movemos? Todavia, a vida cristã é engraçada! Se logo de inicio tentamos fazer alguma coisa, nada obtemos; se procuramos atingir algo, perdemos tudo. É que o cristianismo não começa com um grande FAÇA, mas com um grandioso JÁ FOI FEITO. Assim é que Efésios se inicia com a declaração de que Deus "nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo" (1:3), e somos convidados, logo de início, a assentar-nos e usufruir de tudo quanto Deus já fez por nós. Não devemos lançar-nos e tentar conseguir as coisas por nós mesmos.

A vida cristã, do início até o fim, baseia-se no princípio da nossa total dependência do Senhor Jesus. Não há limite para a graça que Deus deseja derramar sobre nós. Ele quer dar-nos tudo, mas nada poderemos receber, a não ser que descansemos nele. Assentar é uma atitude de descanso. É paradoxal, mas verdadeiro: nós só avançamos na vida cristã se aprendermos em primeiro lugar a assentar-nos. 

Que significa de fato assentar-nos? Quando caminhamos ou ficamos de pé, suportamos em nossas pernas todo o peso de  nosso corpo, mas quando nos assentamos, todo nosso peso descansa sobre a cadeira, ou o sofá em que nos sentamos. Nós nos cansamos depois de caminhar, ou ficar de pé, mas sentimo-nos repousados se nos sentarmos durante algum tempo. Caminhando ou ficando de pé, despendemos muita energia, mas quando nos sentamos, nós relaxamos completamente, visto que o peso não recai sobre nossos músculos e nervos, mas sobre algo fora de nós mesmos. Assim ocorre também no reino espiritual: Assentarmo-nos equivale a depositar nosso peso total — a nossa pessoa, nosso futuro, nossas aflições, tudo — sobre o Senhor. Deixamos que Ele assuma a responsabilidade e descansamos; deixamos de carregar aquele fardo. 

... que diremos de Adão? Qual teria sido sua posição em relação ao descanso de Deus? Ficamos sabendo que Adão foi criado no sexto dia. Fica bem claro, então, que Adão nada teve que ver com os primeiros seis dias de trabalho, visto que ele só veio a existir no fim da obra. O sétimo dia de Deus foi, na verdade, o primeiro dia de Adão. Deus trabalhou seis dias e depois disso usufruiu seu descanso. Adão iniciou sua vida com o descanso; Deus trabalhou antes de descansar, mas o homem precisa primeiro entrar no descanso de Deus, e só depois disso é que pode trabalhar. Além do mais, só porque a obra de Deus na criação estava terminada é que a vida de Adão poderia iniciar-se com o repouso. E aqui temos o evangelho: Deus caminhou um pouco mais e completou também a obra de redenção, e nós nada podemos (nem precisamos) fazer para merecê-la, mas podemos pela fé receber as bênçãos de sua obra terminada. É claro que nós sabemos que entre esses dois fatos históricos - entre o repouso de Deus na criação e o repouso de Deus na redenção - está toda a história trágica do pecado e julgamento de Adão, e do labor incessante e improdutivo do homem, e da vinda do Filho de Deus, com o objetivo de trabalhar duramente e entregar-se por nós, até que nossa posição perdida fosse recuperada.

"Meu pai trabalha até agora, e eu trabalho também", explicou o Senhor, durante seu ministério. Só depois de pago o preço da expiação, poderia Jesus dizer: "Está consumado".

A analogia que estamos traçando só é verdadeira, entretanto, por causa desse clamor de triunfo. O cristianismo na verdade significa que Deus fez tudo em Cristo, e que nós apenas penetramos nessa realidade para usufruí-la, mediante a fé. A palavra-chave aqui não é, evidentemente, no contexto, a ordem para que nos "assentemos", mas que nos vejamos "assentados" em Cristo. Paulo ora para que os olhos de nosso entendimento sejam iluminados (Ef 1:18), a fim de compreendermos tudo a respeito desse fato duplo: Que Deus, pelo seu infinito poder, primeiro fê-lo (a Cristo) "sentar-se à sua direita nos céus" (1:20) e, depois, pela sua graça, "nos fez assentar nas regiões celestiais, em Cristo Jesus" (2:6). A primeira lição que devemos aprender, portanto, é esta: Que o trabalho não é inicialmente nosso, mas do Senhor.

Não se trata de nós trabalharmos para Deus, mas de Deus trabalhar para nós. Deus nos nossa posição de repouso. Ele nos traz a obra terminada de seu Filho e no-la apresenta, dizendo: "Por favor, sente-se". Penso que a oferta de Deus a nós não pode ser expressa de melhor forma do que nas palavras do convite para o grandioso banquete: "Vinde, pois tudo já está pronto" (Lucas 14:17). Nossa vida cristã inicia -se com a descoberta das coisas que Deus já havia providenciado para nós. 


Extraído do livro “As Três Atitudes do Crente” – Watchman Nee

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