"...porque sem mim nada podeis fazer..."
Jo 15:5
Vou delinear de modo breve quatro características essenciais de uma obra com a qual Deus pode Se comprometer de modo integral. A primeira necessidade vital é de uma revelação verdadeira aos nossos corações sobre o propósito eterno de Deus. Não podemos sobreviver sem isto. Se eu estou trabalhando numa edificação, ainda que eu seja um operário não qualificado, preciso saber se o objetivo é uma garagem, ou um hangar de avião ou um palácio.
Em segundo lugar, toda a obra efetiva segundo o propósito divino deve ser concebida por Deus. Se nós planejamos a obra e depois pedimos a Deus que a abençoe, não devemos esperar que Deus se comprometesse com nosso trabalho. É verdade que pode haver uma bênção sobre esse trabalho, mas será parcial, jamais completa. “O Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma”... Temos que aprender a lição do “não faça”. A lição do ficar quieto na presença de Deus. Devemos aprender que se Deus não se mexe, nós não devemos nos mexer. Quando houvermos aprendido isso, então o Senhor pode enviar-nos com segurança à obra, para falarmos em seu nome.
Em terceiro lugar, todo trabalho para Deus, para ser eficaz, e para ter continuidade, deve depender do poder de Deus, e ninguém mais. Precisamos aprender que, ainda quando é Deus que inicia a obra, se tentarmos executá-lo com nosso próprio poder, nosso Deus jamais se comprometerá com nossa obra. Você me pergunta o que é força natural. Descrevendo-a de modo muito simples, eu diria que força natural é aquela que empregamos sem a ajuda de Deus. O problema que aflige a muitos de nós é que há muitas coisas que podemos fazer sem precisar confiar em Deus! Precisamos ser levados àquele ponto em que, ainda que sejamos dotados naturalmente de grandes talentos, não ousamos agir, não ousamos falar, a não ser se estivermos conscientes de nossa contínua dependência do Senhor.
Na obra de Deus dos dias atuais, as coisas com frequência estão dispostas de tal maneira que não temos necessidade de confiar em Deus. Entretanto, o veredicto do Senhor a respeito de todas essas obras exclui o seu comprometimento: “Sem mim nada podeis fazer”. Toda a obra que a pessoa consegue fazer sem a ajuda de Deus é madeira, feno, palha – materiais de pouco valor – e o fogo provará nossas obras comprovando esse princípio. É que o trabalho de Deus só pode ser executado com o poder de Deus, e esse poder só pode ser encontrado no Senhor Jesus. Ele está a nossa disposição na ressurreição, que é o outro lado da cruz. Em outras palavras, é quando chegamos ao ponto em que honestamente dizemos: “eu não sei falar”, e descobrimos que Deus está falando. Quando chegamos ao fim de nossas obras, a obra de Deus se inicia. Deste modo é que o fogo nos dias vindouros e a cruz hoje efetuam a mesma obra. O que não suportar a cruz hoje não suportará o fogo amanhã. Nada, absolutamente nada sobrevive à cruz, senão o que veio integralmente de Deus, em Cristo.
Deus jamais nos pede que façamos uma coisa que podemos fazer. Pelo contrário. Ele nos pede que vivamos uma vida que jamais poderemos viver, e executemos um trabalho que jamais poderemos executar. No entanto, pela sua graça, estamos vivendo a sua vida, e estamos executando o seu trabalho. A vida que vivemos é a vida de Cristo vivida no poder de Deus, e o trabalho que executamos é o trabalho de Cristo desenvolvido por nosso intermédio, mediante o seu Espírito, a quem obedecemos.
Finalmente, o objetivo de todo o trabalho com o qual Deus pode Se comprometer deve ser Sua própria glória. Isso significa que não conseguimos nada desse trabalho para nós mesmos. Um dos princípios divinos é que quanto menos obtemos de satisfação pessoal, de um trabalho desse tipo, mais é o seu valor diante de Deus. Não há lugar para a glória do homem na obra de Deus. É verdade que existe uma alegria profunda e preciosa em qualquer serviço que traz satisfação ao Senhor, o que abre a porta para a operação divina, mas a base dessa alegria é “louvor e glória da sua graça” (Ef.1:6,12,14).
Extraído de “As Três Atitudes do Crente” – Watchman Nee
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