terça-feira, 30 de junho de 2015

Deus falou!

“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho...”
Hb 1:1

DEUS falou. Este é um fato solene e tremendo. Que a criatura trema diante da expressão de Deus, considerando este um assunto de altíssimo privilégio o ouvir e compreender o que Deus falou. Mas nós somos chamados a ouvir, não uma proclamação do Criador para o Seu universo, ou até à humanidade em geral. Deus “falou conosco”. O mesmo Deus que na antiguidade falou em muitas partes e de muitas formas aos pais, falou conosco nestes últimos dias. Ele trouxe uma mensagem diretamente a nós, e que vitalmente diz respeito a nós.

Nos parece que inicialmente o objetivo do Espírito na Epístola aos Hebreus é nos impressionar com o peso da mensagem a nós falada, e com essa finalidade ele nos mostra que, a mensagem entregue a nós nos últimos dias é de maior importância que a mensagem entregue aos pais nos tempos antigos. E isso é aparente através do fato que a Palavra dos antigos foi falada por (ou através) de anjos (2:2), por outro lado Deus falou conosco em (ou como) o FILHO. (O original é lido “em Filho”, e a sua força não pode ser fornecida pela mera tradução da língua Inglesa. A ideia é que O PRÓPRIO DEUS falou, o caráter que Ele tomou para este propósito era aquele de “Filho”.)

Ele que é o Brilho da Glória de Deus e que expressa a Imagem de Sua Substância, por meio de Quem Ele também criou os mundos, e Quem sustenta todas as coisas pela Palavra do Seu poder, tem falado a nós com Lábios Humanos, pronunciando palavras familiares ao discurso humano, com palavras, não obstante, que são Espírito e Vida, palavras que o homem nunca disse, palavras de vida eterna que nunca passarão.

Atenção é dirigida à grande diferença entre a Palavra falada nos tempos antigos aos pais e a Palavra dita nos últimos dias a nós, com o fim de que nós possamos dar maior atenção às coisas que temos ouvido. O primeiro capítulo aos Hebreus é grandemente ocupado com referencias das Escrituras do Velho Testamento que nos apresentam a excelência do Filho de Deus, se comparado com anjos que são Seus “espíritos ministradores”, a quem é rogado que O adorem quando Ele condescende em descer a terra habitável sob a forma e natureza humanas (vs.6). Este contraste, tão cuidadosamente realizado, entre o Filho e os anjos, não tem o mero propósito de estabelecer e guardar a Deidade de Cristo, mas é dado também com o objetivo de impressionar-nos com a suprema importância da mensagem especial que nos foi falada pelo Próprio Filho, distinta da falada aos pais pelos anjos. 

“Se, pois, se tornou firme a palavra falada por meio de anjos, e toda transgressão ou desobediência recebeu justo castigo; como escaparemos nós se negligenciarmos tão grande salvação, a qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor...”

Aqui está, então, vantagem inexprimível a ser ganha por prestar atenção as coisas faladas a nós pelo Senhor, e necessariamente segue que existe uma correspondente perda a ser incorrida pela falha em crer e obedecer Sua Palavra.

Adaptado do livro “Peregrinos de Deus” de Philip Mauro


segunda-feira, 29 de junho de 2015

A Obra de Deus

"...porque sem mim nada podeis fazer..."
Jo 15:5

Vou delinear de modo breve quatro características essenciais de uma obra com a qual Deus pode Se comprometer de modo integral. A primeira necessidade vital é de uma revelação verdadeira aos nossos corações sobre o propósito eterno de Deus. Não podemos sobreviver sem isto. Se eu estou trabalhando numa edificação, ainda que eu seja um operário não qualificado, preciso saber se o objetivo é uma garagem, ou um hangar de avião ou um palácio. 

Em segundo lugar, toda a obra efetiva segundo o propósito divino deve ser concebida por Deus. Se nós planejamos a obra e depois pedimos a Deus que a abençoe, não devemos esperar que Deus se comprometesse com nosso trabalho. É verdade que pode haver uma bênção sobre esse trabalho, mas será parcial, jamais completa. “O Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma”... Temos que aprender a lição do “não faça”. A lição do ficar quieto na presença de Deus. Devemos aprender que se Deus não se mexe, nós não devemos nos mexer. Quando houvermos aprendido isso, então o Senhor pode enviar-nos com segurança à obra, para falarmos em seu nome. 

Em terceiro lugar, todo trabalho para Deus, para ser eficaz, e para ter continuidade, deve depender do poder de Deus, e ninguém mais. Precisamos aprender que, ainda quando é Deus que inicia a obra, se tentarmos executá-lo com nosso próprio poder, nosso Deus jamais se comprometerá com nossa obra. Você me pergunta o que é força natural. Descrevendo-a de modo muito simples, eu diria que força natural é aquela que empregamos sem a ajuda de Deus. O problema que aflige a muitos de nós é que há muitas coisas que podemos fazer sem precisar confiar em Deus! Precisamos ser levados àquele ponto em que, ainda que sejamos dotados naturalmente de grandes talentos, não ousamos agir, não ousamos falar, a não ser se estivermos conscientes de nossa contínua dependência do Senhor. 

Na obra de Deus dos dias atuais, as coisas com frequência estão dispostas de tal maneira que não temos necessidade de confiar em Deus. Entretanto, o veredicto do Senhor a respeito de todas essas obras exclui o seu comprometimento: “Sem mim nada podeis fazer”. Toda a obra que a pessoa consegue fazer sem a ajuda de Deus é madeira, feno, palha – materiais de pouco valor – e o fogo provará nossas obras comprovando esse princípio. É que o trabalho de Deus só pode ser executado com o poder de Deus, e esse poder só pode ser encontrado no Senhor Jesus. Ele está a nossa disposição na ressurreição, que é o outro lado da cruz. Em outras palavras, é quando chegamos ao ponto em que honestamente dizemos: “eu não sei falar”, e descobrimos que Deus está falando. Quando chegamos ao fim de nossas obras, a obra de Deus se inicia. Deste modo é que o fogo nos dias vindouros e a cruz hoje efetuam a mesma obra. O que não suportar a cruz hoje não suportará o fogo amanhã. Nada, absolutamente nada sobrevive à cruz, senão o que veio integralmente de Deus, em Cristo. 


Deus jamais nos pede que façamos uma coisa que podemos fazer. Pelo contrário. Ele nos pede que vivamos uma vida que jamais poderemos viver, e executemos um trabalho que jamais poderemos executar. No entanto, pela sua graça, estamos vivendo a sua vida, e estamos executando o seu trabalho. A vida que vivemos é a vida de Cristo vivida no poder de Deus, e o trabalho que executamos é o trabalho de Cristo desenvolvido por nosso intermédio, mediante o seu Espírito, a quem obedecemos. 


Finalmente, o objetivo de todo o trabalho com o qual Deus pode Se comprometer deve ser Sua própria glória. Isso significa que não conseguimos nada desse trabalho para nós mesmos. Um dos princípios divinos é que quanto menos obtemos de satisfação pessoal, de um trabalho desse tipo, mais é o seu valor diante de Deus. Não há lugar para a glória do homem na obra de Deus. É verdade que existe uma alegria profunda e preciosa em qualquer serviço que traz satisfação ao Senhor, o que abre a porta para a operação divina, mas a base dessa alegria é “louvor e glória da sua graça” (Ef.1:6,12,14).


Extraído de “As Três Atitudes do Crente” – Watchman Nee

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Nossa Vitória está em Cristo!

“Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo...”
Ef 6:10-11

Todos nós crentes precisamos estar prontos para o conflito. Precisamos saber como assentar-nos em Cristo nos lugares celestiais, e precisamos saber como andar condignamente, em Cristo, aqui na terra. Mas precisamos também saber como resistir firmes diante do inimigo. Mas nenhum cristão pode esperar engajar-se na guerra espiritual, no conflito de todas as eras, sem primeiro descansar em Cristo e naquilo que Ele fez por nós. A seguir, mediante o poder do Espírito agindo dentro do cristão, ele passa a seguir a Cristo mediante uma vida prática e santa aqui na terra. Se o crente for deficiente em uma dessas duas áreas, descobrirá que toda a conversa a respeito de uma guerra espiritual não passa realmente de conversa: ele jamais conhecerá a realidade dessa luta. 

Deus tem um arqui-inimigo, sob cujo poder estão incontáveis hostes de demônio e anjos decaídos, os quais procuram dominar o mundo e excluir Deus de Seu próprio reino. Dois tronos se encontram em guerra. Temos nossa posição no Senhor, no céu, e estamos aprendendo como andar com Ele, perante o mundo; mas, como devemos proceder na presença do adversário de Deus e nosso? Diz-nos a palavra de Deus: “Ficai firmes”. No grego é um verbo, “estar firmes”, acompanhado de uma preposição “contra”, no vs 11, o qual realmente significa “manter o território”. Nesta ordem de Deus existe uma verdade precisa, oculta. A expressão “ficar firmes” implica que o território disputado pelo inimigo realmente pertence a Deus e, portanto, pertence a nós. Não precisamos lutar a fim de estabelecer um forte nesse terreno. Mediante a cruz, o Senhor levou a batalha ao âmago do próprio inferno, e assim levou cativo o cativeiro (4:8,9). Hoje nós mantemos a guerra contra Satanás apenas para preservar e consolidar a vitória que Ele já obteve para nós e nos entregou.  Mediante a ressurreição, Deus proclamou o seu Filho vitorioso, pois venceu o reino das trevas. O território conquistado por Cristo, o Senhor nos concedeu. Não precisamos lutar para conquista-lo. 

Dentro do território de Cristo, a derrota do inimigo é um fato consumado, e a Igreja foi colocada nesse território a fim de manter a derrota do diabo. O inimigo deve ser mantido derrotado. Satanás é quem se empenha em contra-atacar, e seus esforços procuram desalojar-nos da esfera de Cristo. Assim é que agora nós batalhamos, não para obter a vitória. Lutamos porque já temos a vitória. Não lutamos objetivando conseguir uma vitória, porque em Cristo já a ganhamos. Os vencedores são aqueles que descansam na vitória alcançada para eles por seu Deus, em Cristo. Só os que se assentam podem permanecer firmes. O poder que nos vem para que fiquemos firmes, tanto quanto para que andemos, está em que primeiro nos assentamos com Cristo no Céu. O andar e o guerrear do crente dependem do poder de sua posição em Cristo. O primordial objetivo de Satanás não é induzir-nos a pecar, mas simplesmente facilitar para nós o pecado, fazendo-nos sair do território de triunfo perfeito para onde Cristo nos levou. 

Quanto mais simples e mais clara for a nossa fé no Senhor, menos oraremos em situações de guerra, e mais o louvaremos pela vitória já obtida. Vou repeti-lo: em Cristo já somos vencedores (Rm 8:37). Não é então óbvio, uma vez que já temos a vitória, que simplesmente devemos orar agradecendo a vitória? Se a derrota tem sido a sua experiência, minha oração por você não pode ser outra senão a do apóstolo Paulo, em prol dos seus leitores efésios. É a oração em que o apóstolo pede que “sejam iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação”.

Que você consiga ver-se assentado com Cristo, que foi “sentar-se à sua direita [de Deus] nos céus, acima de todo principado, e autoridade, e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia (Ef 1:20,21). Talvez as dificuldades ao seu redor não se alterem; o leão poderá rugir com muito furor, como sempre, mas você não precisa ter esperança de vencer. Em Cristo Jesus você é o vencedor

Extraído de “As Três Atitudes do Crente” – Watchman Nee


quinta-feira, 25 de junho de 2015

Andando como Filhos da Luz

“...andai como filhos da luz... descobrindo o que é agradável ao Senhor” (Ef 5:8,10)

A palavra “andar” é usada oito vezes em Efésios. Significa literalmente “andar ao redor” sendo usada aqui de modo figurado por Paulo para significar “transportar-se a si próprio”. Tal sentido traz imediatamente diante de nós o assunto da conduta cristã, de que a segunda parte da carta trata com profundidade. Somos um povo celestial, mas de nada adianta falar muito do céu distante se não trouxermos o céu ao nosso lar e ao nosso local de trabalho. 

A partir daquele dia em que Adão e Eva comeram do fruto proibido do conhecimento do bem e do mal, o ser humano tem estado engajado na discussão do que é o bem e o que é o mal. O homem natural produziu seus próprios padrões do que é certo e do que é errado, do que é justiça e do que é injustiça, e tem lutado por viver de acordo com tais padrões. É claro que sendo cristãos, somos diferentes. Para nós o ponto de partida é diferente! Para nós a árvore da vida é Cristo. Não começamos a partir da ética do certo e do errado. Não iniciamos com a outra árvore. Iniciamos com Ele. A questão toda para nós diz respeito à VIDA. Nada tem produzido maiores danos ao nosso testemunho cristão do que nossa tentativa de sermos corretos e exigir correção dos outros. Nós nos tornamos demasiado preocupados com o que é reto e o que é torto, com o certo e o errado. 

Nós nos perguntamos: fomos tratados com justiça ou com injustiça? E pensamos assim em reivindicar nossas ações. Todavia, esse não é o nosso padrão. A verdadeira questão para nós gira em torno de quem carrega a cruz. O princípio da cruz é o nosso princípio de conduta.

Assim sendo, meu caro irmão, não finque pé nos seus direitos. Não pense que porque você caminhou a segunda milha, já fez o que é justo. A segunda milha é apenas a preparação para a terceira e quarta milhas. O princípio é o da conformidade com Cristo. Nada temos pelo que lutar, nada a pedir e nada a exigir. Só temos a dar. Enfrentamos um desafio. Mateus 5 estabelece um padrão que podemos julgar impossível de ser atingido, por ser demasiado elevado; e Paulo nesta passagem em Efésios, o confirma. O problema é que só não conseguimos encontrar em nós mesmo, por natureza, os meios de atender a esse padrão – o andar “como convém a santos”. Onde, então está a resposta para o nosso problema, o das exigências rigorosas de Deus?

“[Deus] é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que opera em nós” (Ef 3:20)

Nós nos assentamos para sempre com Cristo para que possamos andar continuamente diante dos homens. Se abandonarmos por um instante nosso lugar de descanso em Cristo, caímos imediatamente e prejudicamos nosso testemunho perante o mundo. Mas enquanto habitarmos em Cristo, nossa posição no Senhor nos assegura o poder de andar dignamente aqui. Deus nos deu Cristo. Agora nada mais há para recebermos; basta Cristo. O Espírito Santo foi enviado a fim de produzir o que Cristo é, em nós; o Espírito não produzirá uma coisa alheia a Cristo, nem algo fora de Cristo (Ef 3:16,19) – mostramos externamente o que Deus colocou em nós internamente.

Extraído de “As Três Atitudes do Crente” – Watchman Nee


quarta-feira, 24 de junho de 2015

Alegria nas Provações

Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações...”
Tg 1:2

Se a provação é vital para nosso amadurecimento espiritual, isso significa que todo filho de Deus deve estar preparado para enfrenta-la. A provação pode nos conduzir a um ponto onde nossa carne se sentirá desconfortável. O tempo que passamos debaixo de alguma provação é muito difícil. Nossa tendência é sempre murmurar e reclamar dos arranjos de Deus para o nosso crescimento. Geralmente achamos que o Senhor está sendo injusto para conosco e que não merecemos tais tratos da parte dEle. Algumas provas são curtas e outras muito longas. 

O livro de Tiago vai nos mostrar qual é a reação correta que devemos cultivar, durante o período da provação. Escrevendo aos irmãos que estavam passando por situações difíceis, ele nos permite entender três coisas: (1) Qual é o alvo a ser alcançado através da provação; (2) Qual deve ser a reação do crente ao passar pela provação; (3) Qual será o resultado da prova. O alvo é a maturidade espiritual. No primeiro capítulo ele menciona o que a provação produz em nós. A parte central da Epístola vai nos mostrar qual é a reação adequada para o cristão durante esse período. E na parte final Tiago descortina o resultado da maturidade, falando sobre a porção dobrada que Jó recebeu do Senhor. 

A palavra “irmãos” deixa claro que seus leitores eram realmente cristãos e seu propósito era ajuda-los a entender a finalidade das provações e como deveriam reagir corretamente. Suas primeiras palavras são totalmente incompreensíveis pela mente natural. Como alguém pode ver nas várias provações motivo de grande gozo? Nosso ego resiste fortemente ao sofrimento, todavia o crente deve saber que é “através de muitas tribulações que devemos entrar no reino” (At 14:22). Quando Paulo diz que “nos foi concedido, por amor de Cristo, não somente o crer nEle, mas também o padecer por Ele” (Fl 1:29), ele se refere não apenas ao sofrimento causado pelos que não conhecem o Evangelho, mas também ao sofrimento relacionado com o nosso aprendizado na Escola de Cristo.

Todos nós apreciamos um dia lindo de sol, mas quando as nuvens escondem o azul do céu entramos em depressão. Spurgeon disse que “as nuvens são apenas a poeira dos pés do Senhor! No dia nublado e negro Ele está tão perto”. Todo cristão sincero almeja ter uma vida de vitória, mas “a coroa de ferro do sofrimento precede a coroa de ouro da glória” (F.B.Meyer). Hannah Smith disse que todo o sofrimento de José foi como uma “carruagem” de Deus para leva-lo para o Egito. É verdade que almejamos conhecer as coisas espirituais de forma profunda, mas esquecemos que “pela escola do sofrimento, graduam-se poucos doutores” (Anônimo). Nossa tendência natural é querer viver sempre uma vida tranquila, sem obstáculos e qualquer outra coisa que possa tirar nossa paz. 

Como o Senhor classifica nossa fé: tão grande fé ou homens de pequena fé? “A fé que não suporta o momento de provação não passa de simples confiança carnal. Fé em tempo de bonança não é fé” (Spurgeon). Que o Senhor nos ajude a ver que “em mil aflições, não são as quinhentas delas que cooperam para o bem do crente, mas as novecentas e noventa e nova, mais uma: as mil” (G.Mueller).


Extraído do livro “Tiago: Provação, Maturidade e Reino (Délcio Meireles)

terça-feira, 23 de junho de 2015

Tudo Começa no Descanso!

Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo... que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e fazendo-o sentar-se à sua direita nos céus, acima de todo principado, e autoridade, e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro (Ef 1:17-21).

E nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez ASSENTAR nas regiões celestiais, em Cristo Jesus... pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé -e isto não vem de vós, é dom de Deus não das obras, para que ninguém se glorie (Ef 2:6-9).

A era cristã iniciou-se com Cristo. Sobre Cristo ficamos sabendo que depois de ter "feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade nas alturas" (Hebreus 1:3). Com a mesma dose de verdade podemos dizer que o crente inicia sua vida cristã "em Cristo", isto é, quando pela fé ele se vê assentado ao lado de Cristo no céu. A maioria dos crentes comete o erro de tentar andar para tornar-se capaz de assentar-se, o que contraria a verdadeira ordem. Nosso raciocínio natural nos pergunta: se não andamos, de que modo vamos atingir o alvo? Que é que vamos conseguir sem esforço? Como chegaremos a qualquer destino se não nos movemos? Todavia, a vida cristã é engraçada! Se logo de inicio tentamos fazer alguma coisa, nada obtemos; se procuramos atingir algo, perdemos tudo. É que o cristianismo não começa com um grande FAÇA, mas com um grandioso JÁ FOI FEITO. Assim é que Efésios se inicia com a declaração de que Deus "nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo" (1:3), e somos convidados, logo de início, a assentar-nos e usufruir de tudo quanto Deus já fez por nós. Não devemos lançar-nos e tentar conseguir as coisas por nós mesmos.

A vida cristã, do início até o fim, baseia-se no princípio da nossa total dependência do Senhor Jesus. Não há limite para a graça que Deus deseja derramar sobre nós. Ele quer dar-nos tudo, mas nada poderemos receber, a não ser que descansemos nele. Assentar é uma atitude de descanso. É paradoxal, mas verdadeiro: nós só avançamos na vida cristã se aprendermos em primeiro lugar a assentar-nos. 

Que significa de fato assentar-nos? Quando caminhamos ou ficamos de pé, suportamos em nossas pernas todo o peso de  nosso corpo, mas quando nos assentamos, todo nosso peso descansa sobre a cadeira, ou o sofá em que nos sentamos. Nós nos cansamos depois de caminhar, ou ficar de pé, mas sentimo-nos repousados se nos sentarmos durante algum tempo. Caminhando ou ficando de pé, despendemos muita energia, mas quando nos sentamos, nós relaxamos completamente, visto que o peso não recai sobre nossos músculos e nervos, mas sobre algo fora de nós mesmos. Assim ocorre também no reino espiritual: Assentarmo-nos equivale a depositar nosso peso total — a nossa pessoa, nosso futuro, nossas aflições, tudo — sobre o Senhor. Deixamos que Ele assuma a responsabilidade e descansamos; deixamos de carregar aquele fardo. 

... que diremos de Adão? Qual teria sido sua posição em relação ao descanso de Deus? Ficamos sabendo que Adão foi criado no sexto dia. Fica bem claro, então, que Adão nada teve que ver com os primeiros seis dias de trabalho, visto que ele só veio a existir no fim da obra. O sétimo dia de Deus foi, na verdade, o primeiro dia de Adão. Deus trabalhou seis dias e depois disso usufruiu seu descanso. Adão iniciou sua vida com o descanso; Deus trabalhou antes de descansar, mas o homem precisa primeiro entrar no descanso de Deus, e só depois disso é que pode trabalhar. Além do mais, só porque a obra de Deus na criação estava terminada é que a vida de Adão poderia iniciar-se com o repouso. E aqui temos o evangelho: Deus caminhou um pouco mais e completou também a obra de redenção, e nós nada podemos (nem precisamos) fazer para merecê-la, mas podemos pela fé receber as bênçãos de sua obra terminada. É claro que nós sabemos que entre esses dois fatos históricos - entre o repouso de Deus na criação e o repouso de Deus na redenção - está toda a história trágica do pecado e julgamento de Adão, e do labor incessante e improdutivo do homem, e da vinda do Filho de Deus, com o objetivo de trabalhar duramente e entregar-se por nós, até que nossa posição perdida fosse recuperada.

"Meu pai trabalha até agora, e eu trabalho também", explicou o Senhor, durante seu ministério. Só depois de pago o preço da expiação, poderia Jesus dizer: "Está consumado".

A analogia que estamos traçando só é verdadeira, entretanto, por causa desse clamor de triunfo. O cristianismo na verdade significa que Deus fez tudo em Cristo, e que nós apenas penetramos nessa realidade para usufruí-la, mediante a fé. A palavra-chave aqui não é, evidentemente, no contexto, a ordem para que nos "assentemos", mas que nos vejamos "assentados" em Cristo. Paulo ora para que os olhos de nosso entendimento sejam iluminados (Ef 1:18), a fim de compreendermos tudo a respeito desse fato duplo: Que Deus, pelo seu infinito poder, primeiro fê-lo (a Cristo) "sentar-se à sua direita nos céus" (1:20) e, depois, pela sua graça, "nos fez assentar nas regiões celestiais, em Cristo Jesus" (2:6). A primeira lição que devemos aprender, portanto, é esta: Que o trabalho não é inicialmente nosso, mas do Senhor.

Não se trata de nós trabalharmos para Deus, mas de Deus trabalhar para nós. Deus nos nossa posição de repouso. Ele nos traz a obra terminada de seu Filho e no-la apresenta, dizendo: "Por favor, sente-se". Penso que a oferta de Deus a nós não pode ser expressa de melhor forma do que nas palavras do convite para o grandioso banquete: "Vinde, pois tudo já está pronto" (Lucas 14:17). Nossa vida cristã inicia -se com a descoberta das coisas que Deus já havia providenciado para nós. 


Extraído do livro “As Três Atitudes do Crente” – Watchman Nee

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Se o Senhor não edificar...

“Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam...”
Sl 127:1

É uma lição extremamente importante e muito valiosa, algo que toda a alma precisa aprender: se o Senhor não construir a casa, em vão trabalham os que a edificam. Três vezes nesse salmo encontramos essa expressão que denota a ausência de qualquer sentido: É em vão! É em vão! É em vão!

Se, construindo algo no mundo, nós colocamos toda a nossa força e todo o nosso ser, poderemos ser bem-sucedidos. No segundo versículo, temos uma vívida descrição da forma como as pessoas do mundo constroem: “levantar cedo, repousar tarde, comer o pão de dores”. Se desejamos construir algo, temos que levantar cedo e deitar tarde. Por quê? A fim de dedicar mais tempo para o nosso projeto...se você proceder dessa forma, poderá ser bem-sucedido no mundo, porque terá investido nisso todo o seu ser. 

Na construção espiritual, no entanto, é diferente. Na construção da igreja, a casa de Deus, mesmo que nos levantássemos cedo e repousássemos tarde e comêssemos o pão de dores, não seríamos bem-sucedidos. Seria tudo em vão. 
Por que razão? Porque a igreja, que é a casa de Deus, não é uma entidade organizacional. Se a igreja fosse simplesmente algo institucional ou organizacional, então, mesmo sem o Senhor, você seria bem-sucedido se dedicasse toda a sua força e para isso trabalhasse intensamente. A igreja, no entanto, é um organismo. A casa de Deus é algo vivo, espiritual, celestial. Portanto, a não ser que o Senhor esteja construindo, tudo será vão. 

Isso não quer dizer, no entanto, que temos que adotar a atitude daqueles que nada fazem; não significa que devamos ser preguiçosos e indolentes, que vamos ser passivos e simplesmente sentar e esperar, porque o Senhor fará tudo. Não vamos pensar que basta deixar tudo para Ele. Irmãos, esse certamente não é o pensamento transmitido por esse versículo. 

Nós precisamos construir; quanto a isso não há dúvidas, mas como? Não tentando fazer tudo por nós mesmo e usando nossa própria sabedoria e força. De modo algum! Nós temos que construir; mas a forma de fazê-lo é a seguinte: temos que deixar que Deus construa através de nós. Se permitirmos que o Senhor trabalhe em nossas vidas, se permitirmos que ele trabalhe através de nós, se simplesmente cooperarmos com Cristo, que é o poder e a sabedoria, e permitirmos que ele exerça através de nós sua sabedoria e seu poder, então, queridos irmãos, iremos testemunhar a igreja sendo edificada. O que precisamos fazer é submeter-nos ao Senhor. Nossa parte é confiar nele completamente, não confiando em nossa sabedoria nem em nossa força. É necessário que paremos de lutar e de esforçar-nos, e entremos em Seu descanso (Hb 4:10).

A primeira parte do versículo 2 do Salmo 127 é uma figura da energia da carne, sobre a qual a cruz de Cristo precisa atuar a fim de reduzi-la a nada. Precisamos permitir que a cruz subjugue a nossa força e sabedoria para que possamos depender totalmente do Senhor. Somente através dessa experiência do Calvário é que podemos nos abrir para Deus e chegar a uma posição tal que aprendemos a esperar e permitimos que Ele trabalhe Sua vontade através de nós. Então estaremos cooperando com ele, e trabalhando sob sua direção e comando. Veja a segunda parte do vs.2 “pois assim dá Ele aos Seus amados o sono”. O Senhor deseja fazer-nos lembrar que: no que diz respeito à construção, o que conta não é o tempo empregado nem os planos e projetos efetuados e nem mesmo o quanto sofremos, mas o que realmente importa é a graça e a misericórdia de Deus: Ele dá aos amados o sono. Em outras palavras, eles não sabem como, mas, de alguma forma, o Senhor soberanamente lhes dá sucesso e realização.

Extraído do livro “O Cântico dos Degraus” – Stephen Kaung  


sexta-feira, 19 de junho de 2015

Ilimitados Recursos Celestiais

“...para compreenderem plenamente o mistério de Deus, Cristo, em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos.
Cl 2:2,3

...Devemos habitar no céu assim como fez o Senhor. Não devemos permitir dependência de meios terrenos, métodos mundanos, e nunca tomar a nós mesmos como somos hoje como se isso fosse a palavra final. Para Cristo os céus governavam de maneira plena e completa, e assim deve ser conosco. O governo dos céus deve decidir quando algo deve ser realizado, se podemos ir em frente. O que se vê, as aparências e o que sentimos nunca deve ser base para nossas decisões.

É uma grande coisa e uma fonte de tremenda força chegar a mesma posição que Cristo chegou como Homem, posição essa onde sabemos que existem ilimitados recursos celestiais a nossa disposição. Eu acredito que chegamos lá progressivamente, não de uma vez. Apenas chegamos a esse ponto pelo caminho da disciplina, disciplina que nos conduz a uma completa dependência. Nós chegamos progressivamente, através do caminho da disciplina, ao entendimento que existem recursos celestiais que ultrapassam de longe nossas possibilidades humanas, e que esses recursos estão operando. O Senhor nos conduz adiante com o objetivo de tornar isso real e manifesto a nós de forma ativa e então, talvez, nos leva a um lugar onde teremos que tomar uma posição nesse sentido, para que não tomemos isso como garantido.

Nós podemos cair no erro de nos tornar mais passivos, pensado que é o Senhor que tem que fazer tudo, e que temos pouco ou nenhum lugar nas coisas. Nós temos um lugar, e esse lugar é o definido exercício da fé em relação a Cristo e os recursos celestiais.

Isso então é o que constitui espiritualidade. É isso que traz a uma vida de serviço espiritual. É buscando dos recursos celestiais, vivendo a vida assim no céu, vivendo como que do céu. Isso é espiritualidade. Isso constitui uma vida e caminhada espiritual. Os recursos não são extraídos do eu ou do mundo, mas daquilo que vem do alto. Tudo é tão completamente do alto, e nada vem do homem, então a vida ou trabalho se torna espiritual como uma consequência.

Algumas pessoas parecem pensar que espiritualidade é algo místico ou um “algo” mítico; que essa espiritualidade é algo remoto e fora da realidade, um tipo de estado de espírito. Em primeiro lugar, espiritualidade certamente não é um estado de espírito. Nós falamos de um espírito calmo e celestial, e pode haver até algo assim como um fruto da espiritualidade, mas ela não é uma coisa nebulosa, abstrata e mítica. Espiritualidade é algo extremamente prático.

Quando um homem ou mulher são chamados por Deus para uma porção do ministério Divino, e diante da demanda estão conscientes até o último grau que eles não tem habilidade, recursos e poder para cumprir esse ministério, e nessas circunstâncias eles reconhecem que estão vivendo em Cristo, em Quem todos os recursos são mais do que suficientes para ir de encontro com a demanda, então pela fé se apoiam nEle, e vão em frente no ministério com essa consciência – isso é espiritualidade. Isso é prático, tremendamente prático. A questão se torna prática. É nesse caminho celestial que as coisas são realizadas, e essas são as coisas que não podem ser abaladas.


Adaptado do texto “Ilimitados Recursos Celestiais” – T.Austin-Sparks


quinta-feira, 18 de junho de 2015

A Tragédia da Superficialidade

No evangelho de Mateus, capítulo 13, capítulo 13 e versículo 5:
"E outra parte caiu em lugares pedregosos, onde não havia muita terra: e logo nasceu, porque não tinha terra profunda; mas, saindo o sol, queimou-se e, por não ter raiz, secou-se."

A carta aos Romanos, capítulo 11, no versículo 33:
"Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!"

Nós reconhecemos imediatamente este contraste entre essas três afirmações na porção Mateus: "não havia muita terra", "não tinha terra profunda", "sem raízes", e então: "Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus!"

Nesta parábola do nosso Senhor tão familiar a nós - a chamada parábola do semeador - o Senhor aponta para algo que é uma tragédia quando somos lembrados das potencialidades enormes da Palavra de Deus. Não foram semeadas palavras diferentes entre os espinhos, sobre o solo rochoso ou a que foi semeada em boa terra. Em cada caso e instância, as potencialidades eram as mesmas; nenhuma diferença na Palavra.

Coisas maravilhosas e poderosas são possíveis a partir do momento que a Palavra de Deus entra no coração. 

A tragédia da superficialidade...que tragédia! O Senhor aponta Seu dedo sobre aquilo que é tão contrário à Sua própria natureza e Seu próprio pensamento; tão contrário a Deus. Oh, a profundidade de Deus! Como Deus é profundo! 

A superficialidade é sempre inconsistente; nunca, nunca prevalece no teste e passa – não é duradoura – resiste por um tempo, e então... se vai. Sempre inútil; perdendo o que Deus planejou.

Se Deus é assim - e se há algo naquilo que o Senhor Jesus diz e indica na parábola como condenação, lamentando tal estado - o que devemos esperar de Deus? O que devemos esperar? Se Deus realmente tem a chance de estabelecer um caminho para o Seu propósito, Ele vai nos levar bem fundo. Essa é a nossa experiência. Tenho certeza de que há muitos aqui que sabem que isso é verdade. É uma palavra que não só é verdade para a experiência, mas ela explica muita coisa. O salmista exclamou: "O teu caminho é profundo..." e sempre é. O caminho de Deus é sempre no profundo!

Deus vai sempre buscar nos levar para as profundezas, a fim de que possa reproduzir em nós as coisas que são verdadeiras Nele mesmo. Havia uma coisa que esse salmista estava sempre dizendo a respeito do Senhor, que Ele era a sua Rocha. O quanto o salmista devia ao fato de que ele havia descoberto o Senhor como sua Rocha - algo que não poderia ser movido, não pode ser abalado, algo no que se apoiar, confiável, sempre lá: "Tu és a minha Rocha!" Esse é o Senhor.

Queridos amigos, o Senhor quer reproduzir Seu caráter em nós, para nos fazer seguros, confiáveis, substanciais; prevalecentes, aqueles que sempre podem ser encontrados lá - não se movem! Para fazer isso, Ele tem que nos levar para as profundezas. 

Como uma ilustração e um exemplo disso, lembre-se do Senhor Jesus e como Ele atravessou essa linha de seus trinta anos de vida oculta privada, para a vocação pública e a missão para a qual Ele veio. E o inimigo, discernindo claramente com a intuição comum aos espíritos, reconheceu muito bem por que Ele tinha vindo e por que Ele tinha atravessado essa linha naquele dia: para tornar-se o Senhor da Criação, o príncipe deste mundo, o Governante dos reinos. 

Ele reconheceu isso e ofereceu o prêmio a ele ao longo de linhas superficiais; ... se fazendo concessões: "Tome este caminho mais fácil, você pode tê-lo, você pode ter tudo isso se você se tomar esse caminho que eu sugiro. Você está indo da maneira mais difícil! Você está indo pelo caminho profundo! Você é indo pelo caminho custoso; mas você pode ter tudo isso sem estas coisas!" 

Superficial...não é? O caminho superficial para um reino. Mas que Reino este teria sido! Ele não teria durado; não teria suportado; não teria sido da ordem substancial da eternidade. 

E o Senhor Jesus viu a armadilha e aceitou o caminho profundo - e oh, quão profundo era... aquele caminho da cruz, para as profundezas, para as profundezas. Mas que Reino! Um reino eterno, um reino duradouro; Ele o tem! Ele irá perdurar por todas as gerações, para todo o sempre. O caminho profundo é o caminho real. O inimigo está sempre tentando roubar a profundidade, este é o ponto - facilitar as coisas. Ele está sempre tentando tornar as coisas superficiais; tudo tão feliz, e tão agradável; tão bom, tudo na superfície, tudo parece tão adorável e tão agradável, e parece ser tão bom; mas o ponto é: A que custo isso tem sido garantido? E há um perigo de que algo da profundidade está sendo rendido? Por isso este é o reino de valor e de conflito: profundidade!


Adaptado do texto “Ó Profundidade” de T.Austin-Sparks

terça-feira, 16 de junho de 2015

A Vital Importância do Alimento

Eu sou o pão da vida. Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que todo o que dele comer não pereça. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne.”
João 6:48-51

Alimento é vital para a existência, crescimento, saúde, para suprir força para a luta e para o trabalho. Nas guerras, o alimento sempre tem sido um assunto estratégico. O inimigo sabe o valor estratégico do alimento. Se ele conseguir cortar ou destruir o suprimento de comida, seu sucesso pode ser grandemente acelerado e garantido. Por isso, esse é um objeto temporal de seus ataques. Este assalto faz parte do grande conflito espiritual de todos os tempos.

Existe uma forte determinação de enfraquecer, minar e tornar o povo de Deus inefetivo, interferindo na sua alimentação. Um dos trágicos efeitos de uma alimentação pobre ou escassa é a perda de apetite pelo melhor alimento, já que não se sabe que ele existe. 

Colocando isso de outra maneira, apenas conhecendo e provando um melhor alimento, o povo de Deus irá deseja-lo e busca-lo. Provar estimula o apetite. A glória do Senhor está intimamente atrelada com a condição do Seu povo, e Seu desejo é que eles sejam alimentados, prósperos, saudáveis, fortes e capazes. Esse estado é uma ameaça aos interesses do inimigo. Por isso, surge uma necessidade de que o povo de Deus saiba que existe um amplo suprimento de comida, e por outro lado, deve-se perceber que o inimigo vai usar todos os meios ao seu alcance para privá-los disso. 

A principal questão é: Isso vai trazer uma maior medida de Cristo em nós?

O ministério do Apóstolo Paulo era muito voltado para a “edificação”, e sempre trazia um abundante suprimento de alimento. Por isso, não houve um ministério mais contestado de todas as formas possíveis – subversão, crítica, deturpação, difamação, falsidade e maledicências em todos os lugares. Oh, como o diabo odeia tudo que traz uma maior medida de Cristo!

Que o Senhor possa encontrar você espiritualmente saudável em estatura, resistência, fertilidade e triunfante na batalha. Isso dará a Ele grande prazer!


Adaptado da “Carta do Editor – da Revista Um Testemunho e Uma Testemunha – Mai/Jun 1954” – Austin Sparks

segunda-feira, 15 de junho de 2015

A Força do Senso de Propósito

 “O Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido” [Lc 19:10]

Existe uma força poderosa disponível para aqueles que têm a percepção de que as coisas não são incidentais, mas bem específicas no que diz respeito a nossa permanência aqui na terra. É importante ver que estou relacionado a um eterno propósito, e atentar para o fato de termos sido chamados de acordo com ele. Onde quer que estejamos - depois de ter submetido nossas vidas totalmente ao Senhor e termos buscamos definitivamente fazer Sua vontade - não devemos nos esquecer de que estamos aqui para cumprir um propósito, e por isso não devemos marcar passo, sentar e esperar.  Existem muitos dentre o povo do Senhor que estão parados esperando. Eles acham que existe um tipo de hiato, um ponto onde aquilo que é importante não tem influência em suas vidas. Vamos deixar esse pensamento para trás. Existe uma infelicidade nessa mentalidade. É bem verdade que não chegamos ainda ao ápice do nosso chamado, mas estamos nele de forma relativa hoje, e nunca chegaremos a ele a não ser que estejamos tirando o máximo proveito das possibilidades que temos no presente. Isso é uma preparação. Se o Senhor viesse a nós e dissesse: ’Olhe aqui, esse tempo presente pode parecer não ser marcado por nada muito especial, mas essa obra é planejada por Mim para te preparar para a grande obra que Eu tenho a fazer que vai se desenvolver em determinado ano, e no primeiro dia desse ano eu vou te mover para uma obra tremenda!’ Então usaríamos verdadeiramente todo esse tempo intermediário para preparação! Mas Deus não nos dá essa informação, e ainda é bem verdade que em um determinado momento, de acordo com a ordenação Divina, as nossas vidas podem estar se movendo para algo muito importante. Mas nós não deveríamos ser exercitados diante do Senhor simplesmente por causa de uma obra que possa vir adiante, Ele deve nos ter exercitados diante Dele para Si mesmo. É tão fácil ver as pessoas tão engajadas quando você dá um trabalho definido a elas, mas tantas vezes, sem isso, não existe uma iniciativa espiritual nelas que tome essa atitude: ‘Bem, pode ser que Deus tenha algo em mãos! Eu não sei, mas eu vou usar esse tempo para Ele, para que esteja preparado se Ele chamar’. Se tivéssemos essa atitude, reconhecendo que independente da situação estamos atrelados ao propósito de Deus, e se isso se aplicasse a nós de todo o coração, iríamos descobrir que o propósito de Deus já está presente! Existe algo relativo dentro de nossa posição presente que está relacionado ao Propósito de Deus, e se tomarmos essa linha, essa atitude, vamos encontrar força pela definição de nosso objetivo. Onde não há visão o povo se corrompe. Isso é outra maneira de dizer que se perdermos o senso de propósito, perdemos nossa força.


Nada destrói tanto a nossa força do que perder o senso de propósito. Nada nos desanima mais do que a perda do sentido de um propósito definido. Se o inimigo consegue nos fazer sentir que nos confundimos com nosso chamado, nossa vida, nossa obra, e se ele nos levar a acreditar que o Senhor não tem algo específico para nós, que tudo é um engano, que Ele nunca pensou assim, então o inimigo nos destrói, ficamos fracos, impotentes, desmoralizados, incapazes de nos erguer diante de qualquer coisa. Isso é algo que devemos evitar. Nós somos chamados de acordo com Seu propósito. Precisamos estar atentos com esse hábito pernicioso de esperar por um “amanhã” que nunca chega. Oh, está chegando! Mas não chega, e nossas mentes ficam fixas em um chamado que é futuro – talvez na próxima semana! Talvez daqui a um mês! Talvez dois meses! Talvez no próximo ano! Devemos ser cuidadosos. O Diabo desperdiça nossas vidas. Hoje é o dia que devemos conhecer o Senhor o máximo que pudermos, e o crescimento na medida desse conhecimento é nosso equipamento para um serviço maior amanhã. O Senhor Jesus se moveu dia a dia de uma maneira muito definida porque Ele estava consciente que tinha um grande propósito atrelado a Sua vida e não desperdiçou nem um dia. “É necessário que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia...” “hoje e amanhã, expulso demônios e curo enfermos e, no terceiro dia, terminarei”. A lei da Sua vida foi viver o dia a dia com cada medida, e cada dia atrelado ao grande propósito de Deus. Existe força nessa atitude.

Adaptado do texto "Ilimitados Recursos Celestiais" - Austin Sparks

terça-feira, 9 de junho de 2015

Um Amor mais Forte que a Morte

“Põe- me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura, o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, são veementes labaredas.” (Ct.8:6)

O sumo sacerdote levava o nome das doze tribos sobre o coração, cada nome gravado como um selo nas preciosas e duráveis pedras escolhidas por Deus, cada selo ou pedra engastada no mais puro ouro; ele também levava os mesmos nomes sobre os ombros, indicando que tanto o amor como a força do sumo sacerdote eram empenhadas em favor das tribos de Israel. A noiva seria assim sustentada por Ele que é, ao mesmo tempo, seu Profeta, Sacerdote e Rei, pois o amor é forte como a morte; e o ciúme, ou amor ardente, possessivo como a sepultura. Não que ela duvide da constância do seu Amado, mas ela aprendeu a inconstância do seu próprio coração; e ela desejaria ser atada ao coração e ao braço do seu Amado com correntes e engastes de ouro, eternamente o símbolo da divindade. Então, o salmista orou: “Atai a vítima da festa com cordas, e levai-a até os ângulos do altar” (Sl 118:27).

É relativamente fácil deixar o sacrifício no altar que santifica a oferta, mas é preciso divina coerção – cordas de amor – para retê-lo ali. Então, aqui a noiva estaria focada e fixa no coração e no braço Dele que deverá ser daqui para frente tudo para ela, de maneira que ela cada vez mais confie unicamente neste amor e seja sustentada por este poder.

O noivo responde ao seu pedido com palavras tranquilizadoras: “As muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os rios, afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens da sua casa pelo amor, seria de todo desprezado” (vs.7).

O amor que a graça gerou no coração da noive é divino e duradouro; as muitas águas não podem apaga-lo, nem os rios afoga-lo. O sofrimento e a dor, privações e perdas podem testar a constância deste amor, mas não podem apaga-lo. Sua fonte não é humana ou natural; como o fogo, ela está oculta com Cristo, em Deus. O que “nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? [...] Em todas estas coisas, porém, somos mais do que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura pode separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm.8:35-39). O amor de Deus por nós é que assegura nosso amor por Ele. Ao final, nenhum suborno derrotará a alma realmente salva pela graça.

Ainda que alguém desse toda a fazenda de sua casa por este amor, certamente a desprezariam” (RC)

Extraído do livro “Cântico dos Cânticos – O Misterioso Romance” – Hudson Taylor


sexta-feira, 5 de junho de 2015

Encontrar, comer e alegrar-se

Quando as tuas palavras foram encontradas, eu as comi; elas são a minha alegria e o meu júbilo [...].” (Jeremias 15:16)

Temos aqui três coisas: encontrar a Palavra de Deus. Só a encontram aqueles que a procuram diligentemente. Depois, o comer. É a apropriação pessoal para o nosso sustento, é absorvemos no íntimo do ser as palavras de Deus. “[...] Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt.4:4). Temos em seguida a alegria. Temos aqui as três coisas: encontrar, apropriar-se e alegrar-se. Comer é a ideia central. Vem precedida de encontrar, e é seguida da alegria. Comer é o único propósito e utilidade do encontrar, é a causa e a vida do alegrar-se...

Para bem compreender a diferença entre o comer e o encontrar as palavras de Deus, compare o trigo guardado no celeiro com o pão sobre a mesa. Todo o trabalho diligente em semear, colher e guardar o trigo no celeiro, toda a recompensa pelo trabalho, tudo isso de nada vale ao homem se ele não se alimentar diariamente do pão que seu corpo necessita. No encontrar, no colher e no guardar, procura-se a maior quantidade e a maior rapidez possível – e essas coisas têm que ser feitas. No comer acontece justamente o contrário – aqui é a porção pequena e a continuação vagarosa e incessante que caracteriza a apropriação.

Você percebe a aplicação que essa ilustração tem ao estudo das Escrituras em sua hora tranquila matinal? Você precisa achar as palavras de Deus e, em meditação, conhece-las a fundo, de tal modo que elas fiquem armazenadas em sua mente e sua memória, para o seu próprio uso e para o uso de outros. Nesse trabalho é possível que haja muitas vezes uma grande alegria, a alegria da colheita ou a alegria da vitória, a alegria do tesouro adquirido ou das dificuldades vencidas. Entretanto, é preciso que nos lembremos de que o encontrar e possuir as palavras de Deus ainda não é o comê-las, pois somente o comer traz vida divina e força para a alma.

O fato de estar ocupado em conseguir o bom trigo e o fato de possuí-lo não alimenta o homem. O fato de estar profundamente interessado no conhecimento da vontade de Deus não vai, por isso só, alimentar a alma. “Quando as tuas palavras foram encontradas”, foi a primeira parte. “Eu as comi”, foi o que trouxe alegria e gozo. 

O que é comer? O trigo, cultivado pelo agricultor que muito se alegrou em possuí-lo, não pode alimentar o seu corpo enquanto não o tomar e comer. É preciso que ele o assimile tão bem que se torne parte do seu corpo, entrando em seu sangue e formando a sua própria carne. Isso tem de ser feito em pequena quantidade de cada vez, duas ou três vezes ao dia, todos os dias do ano. É essa a lei do comer. Não é a soma da verdade que eu extraio da Palavra de Deus, não é o interesse ou o sucesso do meu estudo bíblico, nem é a maior clareza ou a maior quantidade dos conhecimentos adquiridos que me asseguram a saúde e o crescimento espiritual....Jesus disse: “[...] A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e concluir a sua obra” (João 4:34).

É preciso tomar uma pequena porção da Palavra de Deus – alguma ordem explícita para a nova vida – recebe-la em sua vontade e em seu coração, submeter-se de modo absoluto à ordem divina...é preciso comer a palavra para que ela permaneça no mais íntimo do ser e se torne parte integrante da vida....Seja uma verdade ou seja uma promessa, aquilo que você come torna-se parte de você; você o leva por onde quer que vá como uma parte da vida que você vive.

...Você pode colher e armazenar trigo para muitos e muitos anos. Mas você não pode ingerir quantidade suficiente de pão que o alimente por vários dias....é preciso que o comer da Palavra de Deus seja feito em pequenas porções, e na quantidade que a alma possa receber e digerir. E isso diariamente, ano após ano. George Muller diz que aprendeu que não devia parar de ler a Palavra enquanto não se sentisse feliz em Deus. Só então ele se sentia preparado para enfrentar o seu dia de trabalho.

Extraído do livro “A Vida Interior” – Andrew Murray.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

A Lei da Perspectiva Espiritual

“...porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda a comparação, não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que não se veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas.” (2 Co 4:18)

Existe uma lei que governa o modo como corremos a carreira – a lei da perspectiva espiritual. Aos olhos naturais, um objeto localizado a uma grande distância parece pequeno e insignificante, enquanto que um objeto que se encontra mais próximo do observador parece bastante grande e impressionante. 

Suponha que você esteja olhando para uma longa fila de postes telefônicos. O poste do qual você está mais próximo parecerá bastante grande; mas aquele que está lá distante, na linha do horizonte, parecerá ser um pequeno pontinho comparado com o primeiro. Isso parece ser a realidade, seus olhos lhe dizem que isso é real, verdadeiro, todavia não é. Se você for até aquele poste que está mais distante no horizonte, você terá outra visão, você verá que houve mudanças inacreditáveis. 

Esse exemplo ilustra o engano que temos ao ver as coisas com olhos naturais. Aquilo que é visível e temporal pode fazer com que alvos distantes, espirituais, se tornem pequenos. Somente quando é aplicado o colírio espiritual podemos ver as coisas de acordo com Sua perspectiva. Paulo ilustrou sobre isso: “porque a nossa leve e momentânea tribulação (o poste telefônico mais próximo) produz para nós um eterno peso de glória, acima de toda comparação...” 

Esse engano que se aplica ao espaço, também se aplica ao tempo. Se você tiver um filho de seis anos de idade, você pode testar a perspectiva dele perguntando a ele o que preferiria: 10 reais hoje ou 1.000 reais no mês que vem. A menos que ele seja um menino muito diferente dos outros, os 10 reais hoje vão parecer muito maiores aos seus olhos do que os 1.000 reais daqui a um mês. Você lembrará que foi esse tipo de engano que colocou Esaú em problemas. Uma noite Esaú chegou em casa faminto. Jacó lhe disse: “Esaú, se você me der todas as terras, gado, bens e propriedades que você possui por direito de primogenitura, eu lhe darei um prato de sopa”. Da perspectiva de alguém recém-jantado, essa proposta parece ridícula. Mas Esaú estava com fome, e a fome pode mudar a perspectiva de alguém de tal forma que um prato de sopa pareça extremamente importante. É bem possível que, qualquer desejo, ainda que pequeno e insignificante, seja colocado tão próximo dos olhos a ponto de impedir-nos de enxergar todo o propósito de Deus no futuro. 

Há uma perspectiva divina a qual Deus tem sempre compartilhado com aqueles que andam em Sua luz...”na tua luz vemos a luz “(Sl 36:9). Caminhar na Sua luz nos ajudará não somente a manter cada poste telefônico (cada experiência) em perfeito alinhamento, mas também a manter cada um deles na perspectiva de Deus. Isso significa que cada alvo menor irá apontar para Seu supremo propósito. O homem de visão é aquele que pode ver os postes telefônicos no horizonte do mesmo tamanho independente da distância em que se encontrem. Ele vive com o poder, a percepção e a perspectiva do SEU ALVO.

Extraído do livro “O Supremo Propósito” – Dvern Fromke


quarta-feira, 3 de junho de 2015

Crescendo no pleno conhecimento e percepção espiritual

“Rogo a Evódia e rogo a Síntique pensem concordemente, no Senhor.”
Fp.4:2

A igreja em Filipos não era perfeita. Era a igreja do amor, sem dúvida, e permaneceu com Paulo do início ao fim pelo evangelho. Haviam na igreja em Filipos muitas coisas recomendáveis, e na realidade não se encontra qualquer falha nela até que se chega ao final da carta...Paulo nem mesmo menciona o que estava errado...A falha estava relacionada com duas irmãs líderes, Evódia e Síntique, que eram cooperadoras de Paulo e haviam ajudado na divulgação do evangelho. Elas eram muito zelosas pelo Senhor e virtuosas. Mesmo assim, surgiu certa rivalidade.

No mundo pode haver rivalidade, lutas de uns com os outros para obtenção de glória. Mas na Igreja não deveria haver tal coisa, não deveria haver rivalidade. Se notarmos qualquer irmão ou irmã sendo usado pelo Senhor mais do que nós, deveríamos ficar felizes com isso, deveríamos agradecer a Deus por isso, pois somos membros uns dos outros. Se algum irmão é glorificado, então, todos são glorificados. Mas infelizmente ainda somos seres humanos. Mesmo na igreja em Filipos, na igreja do amor - eles amavam o Senhor, eram zelosos pelo Senhor, trabalhavam para o Senhor e para o Seu evangelho – de alguma forma desenvolveu-se uma rivalidade entre essas duas mulheres. Qual delas possuía maior influência? Quando uma olhava para a outra e via que aquela tinha sido mais usada pelo Senhor, ficava com ciúmes, e vice-versa. Elas tentavam criar certa influência para si mesmas. Elas realmente tinham amor, podiam até estar desejosas de dar a vida, mas o que aconteceu? Essa é a razão porque Paulo, na carta aos filipenses, orou pela igreja. Paulo nunca orava de maneira generalizada, mas sempre de maneira específica, sempre enfocando o alvo diretamente. Quando orou pela igreja em Filipos ele disse: “E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção”.

Hoje dizemos que o amor é cego. Se soubermos muito, não seremos capazes de amar nunca mais. Mas o amor espiritual é diferente. O amor espiritual tem os olhos bem abertos, e é com o pleno conhecimento e toda a percepção. Pensemos nisso. Em outras palavras, o amor espiritual é aumentado. O amor propriamente dito não pode ser aumentado, porque Deus é amor. O amor de Cristo em nós é completo. Mas o amor pode crescer em conhecimento e percepção. Conhecimento pleno se refere ao propósito eterno de Deus; toda percepção refere-se ao discernimento espiritual. É com esse tipo de conhecimento e percepção que poderemos ser capazes de ver as coisas mais excelentes, para que sejamos sinceros e inculpáveis para o dia de Cristo. O que isto significa? Significa que, mesmo havendo amor, sabemos o que deve ser amado, como amar e onde o amor deve ser aplicado. Sabemos diferenciar as coisas. Não apenas amamos e amamos cegamente; antes, amamos de acordo com a vontade de Deus, amamos com discernimento, discernindo se algo é da carne ou do espírito. 

Na igreja em Filipos, aquelas duas mulheres se amavam, mas evidentemente não possuíam o pleno conhecimento do propósito de Deus, que é Cristo. Elas começaram a deixar de vigiar e a procurar por vanglória. Em vez de considerar uma à outra superior a si mesma, elas perderam o espírito de humildade, o espírito do Cordeiro. Isso é o que faz a diferença. Isso era o que estava faltando em Filipos. ..Paulo estava tentando falar a essas duas irmãs: “Vocês amam, mas não têm o pleno conhecimento e toda a percepção. Não estão discernindo as coisas. Há coisas do eu e da carne. Vocês precisam ser tratadas pela cruz, e só assim terão a mente de Cristo e serão uma Nele.” 


Extraído do livro “A Vida da Igreja, o Corpo de Cristo” – Stephen Kaung

terça-feira, 2 de junho de 2015

Aquilo que é de Deus permanece!

“Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê- las, porque elas se discernem espiritualmente. Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém.” (1 Co 2:14,15)

Ao homem foi dado um espírito, e por meio dele ele tinha comunicação com Deus, que é Espírito. Antes da queda, o homem conhecia Deus, mas não por meio de sua alma. Ele não precisava arrazoar para chegar a conclusões sobre a vontade de Deus; não tinha que sentar e pensar no que Deus queria. Em seu estado antes da queda, ele percebia, ele sentia, ele conhecia intuitivamente, e sua consciência o incomodava, porque a consciência é uma faculdade do espírito não da alma.

Depois da queda, o homem perdeu esse órgão de comunicação com Deus e passou a agir com base na sua alma. Hoje o homem é como uma casa dividida que não prevalecerá (Mt 12:25), porque ele tem esses dois lados, a alma e o espírito. Por natureza ele é essencialmente um homem almático. No Novo Testamento, infelizmente, ele é chamado “o homem natural” (1 Co 2:14), mas todos sabemos que a palavra lá é “almático” (palavra grega psuche). Isso representa que ele, em seu estado caído, é aquele que é governado pela alma. Isso quer dizer que ele é governado por seus próprios julgamentos, discernimentos e vontade. Mas também temos no novo testamento aquele homem que é chamado “o homem espiritual” (1 Co 2:15). 

Então surge um conflito entre esses dois homens, o conflito entre a alma e o espírito. Um está buscando o propósito e vontade de Deus, os seus pensamentos, aquilo que Ele ama e deseja; enquanto o outro busca os seus próprios sentimentos, afeições e desejos. Essas coisas não acontecem apenas com o homem não regenerado, mas também com o regenerado. Temos o homem carnal (1 Co 3:1-3), que é um cristão que vive na carne, e que é levado por ela. 

Então temos um conflito armado. Esse conflito sempre existirá em nossa vida espiritual. Mas o ponto importante aqui é que a lei da vida demanda que estejamos vivendo no espírito, não na carne nem na alma (Rm 8:1,2;5-8). Essa lei demanda uma união celestial com Deus em nosso espírito, e não uma vida almática religiosa de acordo com nossas ideias. Essa foi a diferença entre Caim e Abel. Caim era certamente um homem religioso, era um homem que louvada a Deus, ele trouxe aquilo que era precioso, bom e custoso para ele. Caim, de sua maneira, era devotado a ideia que Deus precisava ser adorado, mas seu entendimento estava obscurecido e assim é o entendimento de nossas almas. Nós, por natureza, não conhecemos a mente de Deus (1 Co 2:14). Apesar do devotado louvor e da religião de Caim, suas ideias eram erradas, e nada que estava sobre o altar foi aceito. Deus não respeitou a oferta de Caim. Os Judeus permaneceram nessa posição, e podemos provar isso porque os Judeus assassinaram, assim como Caim assassinou. Desafie os adoradores almáticos, o povo religioso que não é espiritual, e eles se enfurecerão. Eles não podem suportar interferências, desafios, não gostam de ser tocados. Para um verdadeiro adorador, aquele que adora em espírito e verdade, você pode falar aquilo que desejar, mas não encontrará um espírito de assassinato se levantando, ou nada parecido. Como Abel, essa pessoa entregará sua vida, até mesmo nas mãos dos adoradores religiosos. Essa é a diferença entre a alma e espírito.

Queridos, vida, aquilo que é aceito diante de Deus e permanece, o que tem o selo e marca de Deus, aquilo que é aceitável diante dele, está na linha do espírito. A religião, apesar de ter uma aparência exterior, formas visíveis, louvor, reconhecimento de Deus, nada mais é que morte. Não consegue ser aceito por Deus e não irá permanecer (1 Co 3:12-17).


Adaptado do livro “A Lei do Espírito e da Vida” (T.Austin-Sparks)

segunda-feira, 1 de junho de 2015

"Tu és mestre em Israel e não compreendes estas coisas?"

“Então, lhe perguntou Nicodemos: Como pode suceder isto? Acudiu Jesus: Tu és mestre em Israel e não compreendes estas coisas? Em verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que temos visto; contudo, não aceitais o nosso testemunho. Se, tratando de coisas terrenas, não me credes, como crereis, se vos falar das celestiais?” João 3:9-12

Existe um abismo sem ligação entre o natural e o espiritual, e não pode haver nenhum translado entre eles. No Cristianismo de nossos dias, no entanto, existe uma tremenda sobreposição do natural e do espiritual. Percebemos que a esfera das coisas de Deus está simplesmente cheia de elementos naturais, e estes estão paralisando o espiritual. 

Deve haver uma remoção de toda essa capa e repressão dos elementos naturais – homens chegando com seus ímpetos, ideias, concepções e maneiras. Isto está matando a obra de Deus. Isso vai acontecer até que o elemento natural seja tratado pelo poder da Cruz de nosso Senhor Jesus e for colocado de lado. Assim Deus ficará livre para realizar Sua própria obra usando os Seus próprios, por meio de Suas próprias linhas. Os meios de Deus e os caminhos de Deus são pela espiritualidade do inicio ao fim. Sim, há um abismo sem ligação entre o natural (o almático) e o espiritual, e não pode haver nenhuma transposição. 

É surpreendente que muito frequentemente, uma pessoa de com considerável perspicácia natural, aprendizado, inteligência e habilidade neste mundo, pode não ser ninguém nas verdadeiras coisas espirituais, embora possa ser cristão. Um homem cristão pode ser tremendamente capaz em assuntos de negócios e o mais perspicaz em suas realizações negociadoras, cheio de inteligência e sabedoria mundana, capaz de carregar o peso de uma imensa questão, até mesmo ser a força propulsora de uma grande empresa, um homem de peso e consideração neste mundo, mas em se tratando de coisas espirituais, ele pode ser um bebê. Você fala acerca das coisas do Senhor, e essa grande mente é completamente vencida pelas coisas mais simples da vida espiritual. 

Você não vai chegar a lugar nenhum falando do Senhor. Fico muitas vezes maravilhado ao me encontrar e falar com homens cristãos que assumem grandes responsabilidades, e que tem, sem duvida, grandes habilidades, e quando você fala acerca de coisas espirituais, eles são incapazes de dizer alguma coisa, de fazer alguma contribuição; você está falando de uma outra esfera. E ainda que ele saibam que são nascidos de novo, e eles têm estado assim por um longo tempo. Qual é o problema? Bem, há um abismo. Todos eles têm essa grandeza no lado natural, mas eles são muito pequenos no espiritual. Tudo o que eles têm de habilidade intelectual, equipamento e poder, para manejar grandes coisas naturalmente, mas isso não lhes serve de nada quando eles tratam de manejar as coisas de Deus. Ao mesmo tempo podemos encontrar alguém que não tem nada disso, mas que na esfera de coisas espirituais é um gigante, um mestre. Bem, isso é comum em nossa experiência.

Mas isso nos traz de volta para isto, que existe um abismo, e não existe nenhuma ponte sobre este abismo, não existe comunicação de um lado para o outro. A palavra “não pode” fica aí. Aqui, a palavra não é em relação ao não-regenerado, o excessivamente pecador. É o cristão que ainda é natural, vivendo na base de sua alma, ao invés de na esfera de seu espírito renovado. O homem natural “não pode”. Essa é a porta fechada nas coisas espirituais. Seja quem for a pessoa no âmbito das coisas naturais, ela pode ser  um bebê no âmbito das coisas espirituais.


Adaptado do livro “Aquele que é Espiritual” – Austin-Sparks