quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Em Contato com o Trono - Capítulo 1 / Parte 2



Os Cinco Aspectos da Oração


Agora estamos aptos para prosseguir com a questão da oração propriamente dita. Em primeiro lugar, quero falar um pouco sobre a natureza da oração ou daquilo que a constitui, a partir de seus diferentes pontos de vista. E, embora possam haver muitos outros aspectos, penso que podemos dizer que a oração possui cinco aspectos principais: comunhão, submissão, petição, cooperação e conflito. Oração é cada um deles, e a oração, em sua plenitude, requer ou envolve todos eles.

Oração como Comunhão


Primeiramente, oração é comunhão, é companheirismo, é amor abrindo o coração a Deus, e este é o fundamento de todas as formas verdadeiras de oração. Podemos associá-la às duas atividades principais do nosso corpo humano. Quando falamos do corpo físico, falamos de algo que é orgânico, e, então, do que é funcional. Um problema orgânico é algo muito sério, mas um problema funcional pode não ser tão sério, e a oração como comunhão, toma o lugar daquilo que é orgânico em nosso corpo. Uma parte de nossa constituição orgânica é o nosso fôlego, que chamamos de respiração. Você nunca para a fim de pensar nisto! Nunca questiona, dizendo: ‘Será que irei dar outra respirada?’ 'Será que irei respirar?’ ou 'Quantas respiradas mais irei dar hoje?’ Você pode fazer isto sobre uma refeição, pois isto é algo funcional, mas jamais sobre a sua respiração, pois é orgânico. Você pode discutir se irá caminhar, falar, pensar, e pode dizer a si mesmo que irá parar de pensar, caminhar ou falar. Isto é funcional. É controlado e deliberado, mas você não faz isto com a sua respiração. Ela continua. Mas, se a sua respiração pudesse parar, o seu caminhar, falar e pensar iria parar também, de modo que a respiração é fundamental para o resto.

E a oração como comunhão, é na vida espiritual o mesmo que a respiração é na vida física. A comunhão com Deus é algo contínuo, algo como a respiração que é incessante, ou deveria ser. Ela difere completamente das atividades funcionais periódicas tais como a alimentação. A respiração é completamente involuntária; é algo não deliberado. Nós podemos chamá-la de hábito, e um hábito é algo que facilmente foge da consciência plena de alguém que está viciado nele. Nós fazemos coisas habitualmente sem estarmos conscientes no momento em que as estamos fazendo. Quando um hábito está plenamente formado, ele simplesmente passa a fazer parte do nosso procedimento, e a comunhão com Deus é isto – algo que prossegue. Oração como comunhão é simplesmente isto: nós estamos em contato com o Senhor e, de forma espontânea e involuntária, abrimos o nosso coração para Ele. Esta é a primeira coisa fundamental em toda oração, e é algo no qual precisamos prestar atenção. Embora nunca discutimos se vamos respirar ou não, existe algo semelhante a desenvolver uma respiração correta, e neste sentido precisamos prestar atenção em nossa respiração.

Penso que, de todas as pessoas que já conheci que tivesse exemplificado esta vida orgânica de comunhão com Deus, o Dr. F. B. Meyer foi notável. Não importava onde ele estivesse, ou quais fossem as circunstâncias, ele parava de repente, talvez ao estar ditando uma carta, numa conversa, numa reunião de negócios, e apenas dizia: ‘Pare um minuto!’ e orava. E este era o seu hábito na vida. Ele parecia estar a todo o momento em contato com o Senhor. Era como a respiração para ele, e creio que isto representou um dos segredos de sua vida frutífera e do valor de seu julgamento nas coisas do Senhor. Somente aqueles que tinham contato íntimo com ele, especialmente nas reuniões executivas difíceis, sabiam o valor daquele julgamento espiritual que ele trazia para suportar as situações. E isto parecia chegar a ele simplesmente desta forma, como que do Senhor.


Bem, isto é oração em sua base. É comunhão, é companheirismo e abertura espontânea de coração ao Senhor. Não é toda a variedade de oração, mas é a vida vivida em suporte a todas as atividades deliberadas, é vida em contato com o Senhor, e é algo muito, muito valioso. Todas as demais orações só são eficazes se tivermos esta. É muito diferente daquele tipo de vida que apenas ora devido a uma emergência, e as emergências muito frequentemente são mais críticas do que precisariam ser porque precisamos encontrar o nosso caminho de volta a Deus, ao invés de já estarmos lá. Penso que muito frequentemente o Senhor permite que as emergências cheguem a nós, a fim de restaurar a nossa comunhão com Ele, comunhão esta que foi perdida. E, na mente do Senhor, o fruto que fica de tal emergência é que nós não devemos perder esta comunhão novamente. Devemos preservá-la.

Parte do Capítulo 1 do livro "Em Contato com o Trono" - T.Austin-Sparks

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