quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Em Contato com o Trono - Capítulo 3 / Parte 1

Capítulo 3 – Oração como Batalha (continuação)

Ler: 1 Reis 18:30-32, 36-38, 42-45 / Tiago 5:17-18 / Efésios 6:18.

Observamos que aquilo que é verdadeiro sobre a atividade do inimigo ao longo da linha da prevenção da oração é, também, verdade ao longo da linha de sua interrupção. Eu não quero dizer que apenas enquanto você estiver orando você terá interrupções, mas que o inimigo tem uma maneira sutil de interferir na continuidade da vida de oração. Você triunfalmente pode garantir períodos de oração por talvez uma semana, ou mais, e, então, algo é introduzido que interrompe aquela continuidade, a ponto de você perdê-la, e você descobre que, após um período de tempo, uma batalha tremenda tem que ser travada para se recuperar aquela vida de oração. 

Para muitos de nós a história é de uma vida irregular de oração, cheia de remendos, uma história repleta da necessidade de ocasionalmente recuperar o terreno perdido após um revés – a interrupção do inimigo. Assim temos que prestar atenção aí, e vigiar especialmente contra reações a períodos de oração intensa, afrouxando e sentindo que agora, após aquele tempo ardoroso, podemos tomar um feriado espiritual. 

Há sempre um perigo muito grande aí, como provou Davi. Num tempo quando os reis saíam para guerrear, ele subiu ao terraço. Então, aquilo que o inimigo não pode prevenir ou interromper, ele finalmente irá destruir. Isto é, ele irá direcionar sua atenção para arruinar a vida de oração. Nós podemos ter tempos fortes, ou uma série de tempos fortes, mas, se o inimigo não puder atacar diretamente a nossa vida de oração, estará sempre pronto a arruiná-la por outro ângulo que não pareça estar imediatamente relacionado a ela, mas pelo qual somos indiretamente mutilados. Nossa vida de oração pode ser muito forte, boa e consistente, porém, algo acontece em algum outro departamento de nossa vida, talvez num relacionamento em alguma outra parte, e, quando vamos orar, descobrimos que aquilo representa um golpe direto em nossa vida de oração, e não conseguimos prosseguir até que aquilo seja tratado.

Precisamos reconhecer que todas essas coisas são apenas esforços do inimigo, é um esquema altamente organizado para destruir, seja direta ou indiretamente, a nossa vida de oração, ou para interferir nela. Assim, descobriremos que a nossa vida de oração é o ponto focal de tudo.

É quando realmente chegamos para orar, ao real negócio da oração, que descobrimos onde estamos exatamente em todos os relacionamentos da nossa vida. A iniquidade que acolhemos em nossos corações pode não ter nada a ver diretamente com a nossa vida de oração, porém ela vem indiretamente como um golpe terrível sobre nós. Coisas que podem ser menos importantes podem vencer a nossa vida de oração. O inimigo está sempre colocando essas coisas ao nosso redor para destrui-la. Percebemos o estado das coisas quando chegamos para orar. Podemos não reconhecer no momento o que determinada coisa significa, seja lá o que possa ser. Pode ser um relacionamento interrompido, um relacionamento hostil, um propósito alheio, ou uma brecha em algum lugar, e podemos não reconhecer exatamente o que aquilo significa até que chegamos para assumir a nossa forte vida de oração. Então descobrimos que aquilo afetou a parte vital da oração e não podemos prosseguir. Aquilo está lá, e assim somos roubados; e, então, descobrimos que tem havido uma obra sutil na circunferência da nossa vida que golpeia o próprio centro. O inimigo iria destruir a nossa vida de oração, iria, por assim dizer, jogar coisas nela a partir do exterior para torná-la impossível. Penso que você é capaz de entender aquilo que quero dizer, pois a experiência confirma isto.

A Universalidade da Oração

Agora vamos nos estender um pouco mais neste conflito espiritual. Essas passagens que lemos nos mostram uma posição muito abrangente. Em 1 Reis 18 a história da batalha de Elias no monte Carmelo é, sem dúvida alguma, uma ilustração do Velho Testamento da verdade do Novo Testamento, especialmente de Efésios 6. Essas duas coisas caminham juntas como tipo e antítipo, como parte e contraparte, e o que é comum a ambos é que a esfera do conflito são os lugares celestiais. O que Tiago diz conduz toda esta questão para os céus: o abrir e fechar dos céus, o governo dos céus. Os céus são o principal objetivo em vista aqui, e este conflito se relaciona com o céu e com os lugares celestiais: “Nossa luta está...nos lugares celestiais.” O conflito de Elias era de um modo muito real um conflito nos céus onde as forças celestiais estavam envolvidas. Isto, penso eu, é patente, e isto é um aspecto comum nessas duas porções da Palavra.

Este particular conflito espiritual no qual você e eu somos encontrados quando chegamos ao pleno propósito e testemunho de Deus em Cristo, está, em sua última análise, relacionada ao governo dos céus. Quem irá governar os céus? Há os principados, as potestades, os dominadores deste mundo tenebroso e as hostes espirituais da maldade que têm assumido o lugar de governo. Eles estão num lugar que foi usurpado, pois este não é o propósito eterno de Deus, nem é Sua vontade. Cristo é o Cabeça, e Sua Igreja com Seus membros são, no propósito de Deus, chamados para governar nos céus, para governar a partir dos céus. É uma questão de saber o que são os céus nesta questão, se eles devem ser satânicos, ou a expressão do absoluto senhorio do Senhor Jesus na Igreja e por meio dela, que é o Seu Corpo. São os lugares celestiais, as realidades governantes, que estão envolvidas, e é lá que se dá o nosso conflito. Esta é a esfera desta batalha, e nossa vida de oração tem a ver com isto. Não tem a ver meramente com os incidentes de nossas vidas aqui na terra. Oh, que o povo de Deus possa reconhecer a imensidão disso, pois muito frequentemente a generalidade de nossa oração está no campo de coisas meramente triviais, e uma grande parte do tempo é tomada para se dizer ao Senhor tudo sobre essas pequenas coisas de nossa vida ordinária e terrena que, embora possam ser importantes para nós, e possam ter valor em nossa vida terrena, não tocam as coisas mais importantes no propósito de Deus.

Há uma grande diferença entre orar pelas coisas de baixo e orar contra as forças imensas do universo, alcançando as coisas celestiais. O povo do Senhor precisa ser levantado em oração para onde o poderoso, celestial, eterno e universal são afetados, tocados e obtidos. Há uma grande necessidade de sermos levados à nossa posição celestial em questão de oração, onde as questões realmente espirituais que estão por trás das outras sejam tocadas. 

Geralmente o Senhor não permite que nossas orações sejam eficazes em detalhes meramente terrenos de nossas vidas porque Ele quer que enxerguemos que há algo por trás dessas coisas que importam muito mais.

Você algumas vezes ora para que algo aconteça, para que uma mudança aconteça, ou para que um evento cesse, porém nada acontece. O Senhor busca – após você ter se lançado tão plenamente quanto possa sobre a questão – mostrar-lhe que há uma chave espiritual para aquela situação, e Ele não pode simplesmente fazer a coisa terrena para você, pois aquilo não seria de modo algum para o seu aumento de inteligência espiritual, compreensão, conhecimento ou valor, e estaria simplesmente fazendo coisas porque você que foram pedidas a Ele. Ele está tentando te instruir e ensinar, para que você entre na possessão de situações espirituais.


Bem, são os lugares celestiais a esfera deste conflito.

Extraído do livro "Em Contato com o Trono" - T.Austin-Sparks

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