sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Em Contato com o Trono - Capítulo 2 / Parte 1

Capítulo 2 – Oração de Guerra

Ler: Neemias 4:9,17,20. Efésios 6:18.

A vida cristã tem sido muito frequentemente comparada a uma guerra, e o apelo para entrar e aderir às fileiras e entrar na batalha do Senhor tem sido feito. Mas há uma irregularidade a respeito de tal apelo, porque, embora seja verdade que existe esta batalha e companhia militante, a real consciência dessa luta, dessa batalha, não existe até que sejamos salvos e estejamos ‘do lado do Senhor’. Quem não é convertido não sabe nada sobre esta batalha. Para eles, ela é algo meramente relatado, algo do que se fala, objetivo – que está fora deles, algo sobre o qual eles possuem ideias completamente erradas. Não passaremos a conhecer a realidade da batalha e a sua real natureza até que estejamos realmente em Cristo.

Não estamos interessados aqui neste momento somente com a guerra da vida cristã no sentido geral e comum. É com aquela guerra que está especialmente ligada e relacionada ao pleno testemunho do Senhor Jesus. A concepção geral da batalha cristã é que ela se relaciona com os males, os erros, os vícios e as coisas neste mundo e com as condições humanas que deveriam ser de outra maneira. E é aí que encontramos a concepção equivocada de homens e mulheres não convertidos. Eles pensam que entrar para o exército cristão significa sair em batalha contra as maldades, os erros, e os vícios que abundam neste mundo. Mas quando você realmente entra em contato com o pleno testemunho do Senhor Jesus, logo desenvolve uma outra consciência: aquela de que não é meramente contra maldades, erros, e pecados que você tem lutado, mas contra forças espirituais – forças inteligentes, astutas, venenosas e maliciosas – que estão por trás de tudo mais. É nesta guerra que estamos interessados agora, aquela que está relacionada ao pleno testemunho do Senhor Jesus, ao Seu absoluto e perfeito senhorio neste universo, e esta guerra não é contra coisas, mas contra entidades espirituais chefiadas por um grande personagem espiritual, o maligno.

Conflito Espiritual Implica uma Posição Espiritual

Esta guerra está relacionada a uma posição. É uma consciência que somente chega a nós em um determinado terreno. Você pode ser um cristão, e como cristão pode perceber adversidades, dificuldades, oposições e coisas que tornam a vida cristã difícil e cheia de conflitos, desafiando todos os aspectos combativos da vida. Contudo, você pode ainda não ter entrado nas últimas coisas do testemunho do Senhor Jesus e no campo final da batalha dos santos. 

Mas, se você, como crente, chegar à revelação da plenitude de Cristo em Seu senhorio pessoal, à grandeza da obra de Sua cruz e à luz da Igreja que é o Seu Corpo, então você entra imediatamente em um novo campo de conflito, a característica da batalha muda. Então você começa a desenvolver uma consciência, ou uma nova consciência começa a crescer em você, de que você está enfrentando algo muito mais sinistro, muito mais inteligentemente maligno do que aqueles males que abundam no mundo. Você fica cada vez mais consciente de que é diretamente contra o maligno e suas forças que você está lidando.

Mas esta consciência está ligada a uma posição específica, e a experiência dos crentes é que o quanto mais eles avançam com o Senhor (o que significa transcender do terreno para o celestial, cada vez mais para longe da velha criação em direção à nova vida criada, da carne para o espírito) mais intimamente eles entram em contato com as últimas forças espirituais do universo, e o conflito assume novas formas e a guerra assume uma nova característica. É uma guerra associada a uma posição específica alcançada pelo cristão, e à consciência que entra em cena somente num certo campo. É, em ampla medida, uma guerra espiritual, e, sendo assim, ela pressupõe um estado espiritual da parte do cristão.

Para colocar isto de outra maneira: quanto mais espirituais nos tornamos, mais espiritual se torna a guerra; e mais espiritual a guerra passa a ser em nossa consciência, de modo que poderemos perceber que temos nos tornado mais espirituais. Quando somos carnais nossa guerra é carnal - e eu me refiro a crentes, e não a descrentes. O infiel não é chamado de carnal. Ele é natural. Quando somos crentes carnais, nossa guerra e nossas armas são carnais. Isto é, enfrentamos os homens em seus próprios níveis e respondemos as provocações deles com aquilo que eles nos provocam. Se eles vêm com argumento, nós respondemos com argumento; se eles vêm com a razão, nós os enfrentamos com a razão; se eles vêm com a força do temperamento, nós reagimos a eles no calor da carne; e se eles vêm a nós com críticas, bem, nós damos a eles aquilo que eles dão a nós, enfrentando-os sempre em seus próprios níveis.


Isto é uma guerra carnal, é usar armas carnais. Quando cessamos de ser carnais e deixamos todo o terreno carnal, nos tornando completamente espirituais, nos encontramos em um novo terreno que está por detrás dos homens, lidando diretamente com forças espirituais e não meramente com forças carnais. Entramos em contato com algo que está por trás do homem carnal. O homem carnal é completamente impotente na presença de um homem espiritual pela simples razão de ele não conseguir fazer com que o homem espiritual desça para o seu nível. Por isso ele fica desarmado e, mais cedo ou mais tarde, terá que reconhecer que o homem espiritual é seu superior. Mas a superioridade não ocorre apenas porque o homem espiritual está em um novo nível. É que ele não está enfrentando o homem natural, mas as forças por detrás dele. Agora é guerra espiritual. Cessamos de lutar após a carne; cessamos de lutar contra o homem; cessamos de batalhar contra a carne; nossa guerra se dá num outro terreno. Isto representa avanço espiritual, crescimento espiritual, e representa espiritualidade. E quando nós entramos na guerra espiritual, um novo estado é pressuposto. Nesse terreno os recursos naturais do homem são completamente inúteis. Eles são descartados porque para esta guerra somente o equipamento espiritual é admitido e é eficaz. A guerra, então, é com armas espirituais, recursos espirituais. Em Efésios 6 nos vemos nos lugares celestiais, lutando, não contra carne e sangue, mas com os principados e potestades, porém equipados com a armadura espiritual, a armadura de Deus.

Extraído do Livro "Em Contato com o Trono" - T.Austin-Sparks

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