A Igreja – a Ocasião do Conflito
Qual é a ocasião do conflito? Para que é o conflito? Bem, a partir do contexto em ambas as passagens de 1 Reis 18 e Efésios 6, você vê que a ocasião do conflito é a Igreja. A Igreja é o objeto imediato em vista. Em 1 Reis 18, naturalmente, é o povo de Deus. E a questão da oração de Elias é que os seus corações pudessem voltar atrás. O povo do Senhor está em vista e a sua oração é em favor deste povo, assim ele traz todos eles para perto e os envolve nesta questão, e os associa a isto, porque este é assunto deles. Sabemos que aquilo que está em vista na carta aos Efésios é a Igreja, que é o Seu Corpo, e ela é a ocasião do conflito. É uma batalha nos lugares celestiais em relação a Igreja, o Corpo de Cristo.
Há duas coisas a serem ditas a respeito disso. Primeiro, que não é meramente uma questão pessoal, mas uma questão coletiva, coorporativa. Este conflito diz respeito ao Corpo de Cristo, e o conflito de cada indivíduo é um conflito relacionado ao restante dos santos, de modo que há aquela relatividade espiritual que significa que, se um membro sofre, o Corpo como um todo também sofre espiritualmente. Ele pode não saber por que, nem estar consciente de seu sofrimento particular, mas, em relação à Cabeça, há uma perda a todo o Corpo quando um membro é vencido. O conflito está relacionado; e assim, o inimigo procura isolar os membros do Corpo e trazer tal pressão sobre eles, a fim de esmagá-los, pois ele sabe que não é apenas o valor de um membro isolado, mas a relatividade de cada membro. É por isso que há tanta ênfase espiritual por parte da inteligência do Espírito Santo sobre a necessidade de se orar por todos os santos, pela oração coorporativa, pela oração de comunhão do povo do Senhor. Há perda para Cristo, o Cabeça, se não houver esta oração por todos os santos.
Cristo em Glória – o Objeto do Conflito
Outra coisa a ser dita sobre isto é que a coisa mais importante não é a Igreja como o Corpo, embora esta seja a ocasião imediata. Não devemos colocar a Igreja, o Corpo de Cristo, no lugar de preeminência. Ela é uma ocasião, mas não é o objetivo final. A Igreja, o Corpo de Cristo, é o Seu instrumento, Seu vaso para o Seu testemunho. Seu testemunho está depositado no Corpo. E foi assim que em Sua ressurreição e no Pentecostes o testemunho de Sua vitória, o testemunho de Sua exaltação, o testemunho de Sua glorificação e o testemunho de Sua autoridade universal no céu e na terra foi depositado na Igreja. Como o templo no Velho Testamento era o relicário da glória de Deus, assim o Corpo de Cristo no Novo Testamento é o relicário de Sua glória, de Seu testemunho e de Seu Nome. É, finalmente, para atacar esta glória, este Nome, e esta exaltação que o inimigo concentra sua atenção no vaso eleito, na Igreja, o Corpo de Cristo. E assim a Igreja se torna a ocasião do conflito, embora não o fim, mas o inimigo chega a Cristo, ao Nome e a glória através do Corpo. Sabemos que isto era verdadeiro no Velho Testamento.
Quando Israel estava em estado de declínio, a glória a honra do Senhor, o Seu Nome e a Sua majestade ficavam encobertos, anuviados e perdidos de vista. Quando a vida espiritual de Israel estava em ascendência, então o testemunho de Jeová era mantido em plena força. No Novo Testamento, e em nosso próprio tempo, nesta era do Novo Testamento, a maneira de o inimigo desonrar o Senhor é destruindo a vida de oração do povo do Senhor, ou quebrando a comunhão dos santos.
Assim a Igreja, o Corpo, torna-se a ocasião do conflito por causa daquilo que está em sua vocação divinamente ordenada, propósito e objetivo. O ódio amargo do inimigo e a violenta oposição estão direcionados contra a vida coorporativa do povo do Senhor. Ele irá procurar de qualquer maneira destruir isto, romper a comunhão dos santos, colocar o povo do Senhor uns contra os outros, e introduzir coisas fragmentadas – mas, oh, quão sutis são os seus caminhos nisto!
Extraído do livro "Em Contato com o Trono" - T.Austin-Sparks
Nenhum comentário:
Postar um comentário