quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Em Contato com o Trono - Capítulo 1 / Parte 1


A Base Divina de Toda a Oração Aceitável


Na medida em que contemplamos o grande ministério da oração, penso que seria de muita ajuda se inicialmente fôssemos lembrados sobre a base Divina de toda oração aceitável. Antes de chegarmos àquilo que pode ser mais técnico, precisamos reconhecer o fundamento espiritual da oração. Este fundamento tem a ver com os ingredientes e com a santidade do incenso que devia ser queimado sobre o altar referido em Êxodo 30, verso 34 em diante.

Não é minha intenção tomar esses ingredientes para exposição, mas simplesmente observar que o Senhor estipulou certas coisas para o aroma da composição, e, então, fez uma declaração muito séria em relação a elas: “...não fareis para vós mesmos conforme a composição do incenso; santo será ao Senhor. Quem fizer composição semelhante, com o mesmo aroma, será cortado dentre o povo”. Esta é a base de toda oração aceitável.

Como sabemos, os ingredientes aromáticos, a composição do incenso, tipificam as excelências morais do Senhor Jesus: Sua graça, Suas virtudes, Seus méritos e Sua dignidade. O incenso não são as orações dos santos, mas é o mérito e a dignidade do Senhor Jesus colocado nelas, misturado às orações, fazendo com que as orações se tornem eficazes e aceitáveis na presença de Deus. Há uma totalidade aqui, visto que os ingredientes são quatro: a perfeição da graça e as virtudes e excelências morais de Cristo. E, então, como você observa, o sal (que sempre fala da preservação das coisas em vida) é misturado a esses outros ingredientes, e isto me parece sugerir que até mesmo a apresentação das excelências morais do Senhor Jesus deve estar sempre livre de mera formalidade fria, que significa morte, e precisa permanecer algo vivo.

É bem possível que uma contemplação do Senhor Jesus se torne algo mecânico e formal, algo que aceitamos em nossas mentes como necessário e verdadeiro, de modo que nos achegamos a Ele mecanicamente baseados nos méritos do Senhor Jesus, enquanto o Senhor quer que isto seja continuamente vivo. A cada nova ida ao Senhor deve haver uma nova apreciação em vida do Senhor Jesus. O sal preserva as coisas da morte, para mantê-las vivas, para mantê-las frescas e ardentes, e nos é requerido ter um entusiasmo de apreciação vivo e permanente dessas excelências do Senhor Jesus. Se for desta forma, então a oração é aceitável e eficaz. O sal não é um dos ingredientes, mas é algo adicionado a eles, e este é incorruptível.

Então temos a própria condição de que nada disso deveria ser fabricado pelo homem para si próprio. Não deveria haver imitação, e não deveria haver nenhuma apropriação particular ou pessoal por parte do homem. Aquilo deveria ser apresentado somente ao Senhor e ser santo ao Senhor, e uma infração a esta regra significava morte. Como sabemos, numa ocasião, a oferta de fogo estranho resultou em julgamento e morte. Assim, somos aqui avisados de que se esta composição fosse fabricada pelo homem, uma imitação dela feita para si próprio e para seus interesses particulares, ele seria cortado de entre o seu povo. As excelências morais do Senhor Jesus não podem ser imitadas. O homem não pode tê-las em si mesmo, e tudo que é fingido não é aceito por Deus. Não há excelências, e não há glória semelhante à do Senhor Jesus.

Aqui temos Deus dizendo de maneira muito definida e positiva que há uma singularidade, uma exclusividade sobre o caráter do Senhor Jesus que é inalcançável pelo homem e que está completamente separado do melhor que o homem possa fazer de si mesmo. Deus vê no Senhor Jesus aquilo que não está em nenhum outro lugar, e, se aproximar do Senhor imitando os méritos do Senhor Jesus significa morte para qualquer homem. Não há nenhum terreno de aproximação a Deus em nossas próprias glórias morais, e é uma blasfêmia terrível falar sobre o sacrifício e entrega da vida de um homem em favor de seus iguais, separado do sacrifício do Senhor Jesus. Isto é uma blasfêmia absoluta, e deve sofrer o mais sério juízo de Deus. Não! Deus não enxerga coisa alguma semelhante as excelências morais de Seu Filho e nos proíbe de tentar trazer qualquer coisa que seja uma imitação delas, algo fabricado pelo homem, que não reconhece a singularidade do Senhor Jesus.


Assim, a base de toda oração aceitável sobre a qual nos aproximamos do Pai é aquela das excelências, glórias, graça, virtudes, méritos e dignidade do Senhor Jesus. Isto é muito simples, mas é básico, e precisamos reconhecer isto antes de podermos chegar a algum lugar em questão de oração.

Parte do Capítulo 1 do livro "Em Contato com o Trono" - T.Austin-Sparks

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