sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Em Contato com o Trono - Capítulo 1 / Parte 3


Oração como Submissão


Então, em segundo lugar, oração é submissão. Neste ponto precisamos estar conscientes da possibilidade de, em termos, uma contradição. Oração é submissão. A inércia passiva, chamada de confiança, não é oração. Temos ouvido pessoas falarem sobre confiança, que para eles significa apenas passividade e  ausência de ação, porém, isto não é oração. Submissão é sempre algo ativo, nunca passivo. Ela sempre envolve a vontade; não a descarta. Preste muita atenção nisto. Muitas pessoas pensam que apenas se apoiar confiantemente no Senhor é submissão, e suas palavras ao Senhor assumem características a partir de tal estado, porém, isto não é oração. Aquiescência cega às coisas não é submissão. Submissão significa alinhar-se ao propósito Divino. Isto pode significar conflito, e irá, quase que invariavelmente, significar ação e irá trazer a vontade. A oração, seja qual for o ponto de vista a que você se referir, é sempre positiva. Jamais passiva. 

Confiança é uma outra coisa, e ela não entra no campo da oração. A fé entra no campo da oração, mas a fé é sempre algo ativo, nunca passivo. A fé pode exigir uma batalha - e muito frequentemente exige - para se chegar a um lugar de descanso, porém, o ‘descanso da fé’ não é o que temos chamado de aquiescência cega. O ‘descanso da fé’ significa que o último estágio de ajuste ao propósito Divino foi alcançado. Submissão não é meramente a supressão do desejo, mas o trazer o desejo alinhado à vontade de Deus, e, se for necessário, mudar o desejo. O desejo pode ser algo muito forte, uma poderosa força propulsora, porém tal força precisa estar totalmente sob controle, a fim de que possa se ajustada na direção de outra força maior. Para puxar um trem, uma tremenda quantidade de força é exigida, porém, um trem moderno está tão arranjado que uma poderosa força propulsora que o leva adiante pode, num instante, ser direcionada para os freios, a fim de pará-lo. Na oração onde a submissão está em vista, isto é o que muito frequentemente acontece. A força do desejo tem que ser detida numa direção e ser trazida para outra, de talvez nos impedir de avançar, trazer-nos a uma parada na vontade de Deus. Isto é submissão. Submissão é algo ativo, positivo.


Eu antecipo que haverão muitas questões em relação a isso, mas é muito importante reconhecer que a oração, em seu segundo aspecto, é submissão, e que isso é algo positivo. Não é apenas se prostrar diante de Deus e dizer: ‘Bem, eu creio que tudo irá sair bem. Eu apenas concordo com as coisas do jeito que estão e as deixo com o Senhor.’ Submissão é estar positivamente alinhado à vontade de Deus, ao propósito de Deus. Isto muito frequentemente significa profundo conflito, e, algumas vezes, pesar, mas é necessário. Iremos falar sobre isto mais adiante.

Parte do Capítulo 1 do livro "Em Contato com o Trono" - T.Austin-Sparks

Nenhum comentário:

Postar um comentário