Oração como Submissão
Então, em segundo
lugar, oração é submissão. Neste ponto precisamos estar conscientes da
possibilidade de, em termos, uma contradição. Oração é submissão. A inércia
passiva, chamada de confiança, não é oração. Temos ouvido pessoas falarem sobre
confiança, que para eles significa apenas passividade e ausência de ação, porém, isto não é oração.
Submissão é sempre algo ativo, nunca passivo. Ela sempre envolve a vontade; não
a descarta. Preste muita atenção nisto. Muitas pessoas pensam que apenas se
apoiar confiantemente no Senhor é submissão, e suas palavras ao Senhor assumem
características a partir de tal estado, porém, isto não é oração. Aquiescência
cega às coisas não é submissão. Submissão significa alinhar-se ao propósito
Divino. Isto pode significar conflito, e irá, quase que invariavelmente,
significar ação e irá trazer a vontade. A oração, seja qual for o ponto de
vista a que você se referir, é sempre positiva. Jamais passiva.
Confiança é uma
outra coisa, e ela não entra no campo da oração. A fé entra no campo da oração,
mas a fé é sempre algo ativo, nunca passivo. A fé pode exigir uma batalha - e
muito frequentemente exige - para se chegar a um lugar de descanso, porém, o
‘descanso da fé’ não é o que temos chamado de aquiescência cega. O ‘descanso da
fé’ significa que o último estágio de ajuste ao propósito Divino foi alcançado.
Submissão não é meramente a supressão do desejo, mas o trazer o desejo alinhado
à vontade de Deus, e, se for necessário, mudar o desejo. O desejo pode ser algo
muito forte, uma poderosa força propulsora, porém tal força precisa estar
totalmente sob controle, a fim de que possa se ajustada na direção de outra
força maior. Para puxar um trem, uma tremenda quantidade de força é exigida,
porém, um trem moderno está tão arranjado que uma poderosa força propulsora que
o leva adiante pode, num instante, ser direcionada para os freios, a fim de
pará-lo. Na oração onde a submissão está em vista, isto é o que muito
frequentemente acontece. A força do desejo tem que ser detida numa direção e
ser trazida para outra, de talvez nos impedir de avançar, trazer-nos a uma
parada na vontade de Deus. Isto é submissão. Submissão é algo ativo, positivo.
Eu antecipo que
haverão muitas questões em relação a isso, mas é muito importante reconhecer
que a oração, em seu segundo aspecto, é submissão, e que isso é algo positivo.
Não é apenas se prostrar diante de Deus e dizer: ‘Bem, eu creio que tudo irá
sair bem. Eu apenas concordo com as coisas do jeito que estão e as deixo com o
Senhor.’ Submissão é estar positivamente alinhado à vontade de Deus, ao
propósito de Deus. Isto muito frequentemente significa profundo conflito, e,
algumas vezes, pesar, mas é necessário. Iremos falar sobre isto mais adiante.
Parte do Capítulo 1 do livro "Em Contato com o Trono" - T.Austin-Sparks
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