Esta guerra está
relacionada a uma posição. É uma consciência que somente chega a nós em um
determinado campo. Você pode ser um cristão, e como cristão pode perceber que
há adversidades, dificuldades, oposições e coisas que tornam a vida cristã
difícil e cheia de conflito, desafiando todos os aspectos combativos da vida,
e, contudo, você pode ainda não ter entrado nas últimas coisas do testemunho do
Senhor Jesus e no campo final da batalha dos santos. Mas, se você, como crente,
chegar à revelação da plenitude de Cristo em Seu senhorio pessoal, à grandeza
da obra de Sua cruz em cada área, e à luz da Igreja que é o Seu Corpo, então
você entra imediatamente em um novo campo de conflito, a batalha muda a sua
característica, e você começa a desenvolver uma consciência, ou uma nova
consciência começa a crescer em você, de que você está contra algo muito mais
sinistro, muito mais inteligentemente maligno do que aqueles males que abundam
no mundo. Você fica cada vez mais consciente de que é diretamente contra o
maligno e suas forças que você está lidando.
Mas esta consciência
está ligada a uma posição específica, e a experiência dos crentes é que quanto
mais eles avançam com o Senhor (o que significa transcender do terreno para o
celestial, cada vez mais para longe da velha criação para a nova vida criada,
da carne para o espírito) mais intimamente eles entram em contato com as
últimas forças espirituais do universo, e o conflito assume novas formas e a
guerra assume uma nova característica. É uma guerra associada a uma posição
específica a que o cristão chega, e à consciência que entra somente num certo
campo. É, em ampla medida, uma guerra espiritual, e, sendo assim, ela pressupõe
um estado espiritual da parte do cristão.
Para colocar isto de
outra maneira: quanto mais espirituais nos tornamos, mais espiritual se torna a
guerra; e mais espiritual a guerra passa a ser em nossa consciência, de modo
que poderemos perceber que temos nos tornado mais espirituais. Quando somos carnais
nossa guerra é carnal, e eu me refiro a crentes, e não a descrentes. O infiel
não é chamado de carnal. Ele é natural. Quando somos crentes carnais, nossa
guerra e nossas armas são carnais. Isto é, enfrentamos os homens em seus
próprios níveis e respondemos as provocações deles com aquilo que eles nos
provocam. Se eles vêm com argumento, nós respondemos com argumento; se eles vêm
com a razão, nós os enfrentamos com a razão; se eles vêm com a força do
temperamento, nós reagimos a eles no calor da carne; e se eles vêm a nós com
críticas, bem, nós damos a eles aquilo que eles dão a nós, enfrentando-os
sempre em seus próprios níveis.
Isto é guerra carnal,
é usar armas carnais. Quando cessamos de ser carnais e deixamos todo o terreno
carnal, tornando-nos completamente espirituais, encontramos a nós mesmos num
novo terreno que está por detrás dos homens, lidando diretamente com forças
espirituais e não meramente com forças carnais. Entramos em contato com algo
que está por trás do homem carnal, e o homem carnal é completamente impotente
na presença de um homem espiritual pela simples razão de ele não conseguir
fazer com que o homem espiritual desça para o seu nível. Por isso ele fica
desarmado e, mais cedo ou mais tarde, terá que reconhecer que o homem espiritual
é seu superior. Mas a superioridade não é apenas que o homem espiritual está em
um novo nível. É que ele não está enfrentando o homem natural, mas as forças
por detrás dele. Agora é guerra espiritual. Cessamos de lutar após a carne;
cessamos de lutar contra o homem; cessamos de batalhar contra a carne; nossa
guerra se dá num outro terreno. Isto representa avanço espiritual, crescimento
espiritual, e representa espiritualidade. E quando nós entramos na guerra
espiritual, um novo estado é pressuposto. Nesse terreno os recursos naturais do
homem são completamente inúteis. São descartados porque para esta guerra
somente equipamento espiritual é admitido e eficaz. A guerra, então, é com
armas espirituais, recursos espirituais. Assim Efésios 6 nos vê nos lugares celestiais,
lutando, não contra carne e sangue, mas com os principados e potestades, porém
estamos equipados com a armadura espiritual, a armadura de Deus.
Extraído do livro “Em
Contato com o Trono” – T.Austin-Sparks
Publicado no site www.austin-sparks.net/portugues/
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