A libertação do pecado é tão real,
que João pôde escrever, confiante: "Todo aquele que é nascido de Deus não
vive na prática do pecado... não pode viver pecando" (I João 3.9),
expressão essa que, erradamente compreendida, poderia nos confundir. João não
quis dizer que o pecado nunca mais entra em nossa história e que não
cometeremos mais pecados. Diz que o pecar não está na natureza daquele que é
nascido de Deus. A vida de Cristo foi plantada em nós pelo novo nascimento, e a
Sua natureza não é caracterizada por cometer pecados. Há, porém, uma grande
diferença entre a natureza de uma coisa e a sua história, e há uma grande
diferença entre a natureza da vida que há em nós e a nossa história.
A questão consiste em escolher quais
os fatos a que damos valor e que orientam a nossa vida: os fatos tangíveis da
nossa experiência diária ou o fato muito mais importante, de que agora estamos
"em Cristo". O poder da Sua ressurreição está ao nosso lado, e todo o
poder de Deus está operando na nossa salvação (Rm 1.16), mas o assunto ainda
depende de tornarmos real, na história, o que já é uma realidade divina.
"Ora a fé é a certeza das
coisas que se esperam e a convicção de fatos que se não vêem" (Hb 11.1),
e: "as coisas que se não vêem são eternas" (II Co 4.18). Creio que
todos sabemos que Hb 11.1 é a única definição de fé na Bíblia. É importante que
compreendamos esta definição. O Novo Testamento de J. N. Darby traduz bem este
trecho: "A fé é a substancializaçao das coisas que se esperam".
A palavra
"substancialização" é boa; significa tornar reais, na experiência, as
coisas que se esperam.
Como é que "substancializamos"
uma coisa? Fazemos isso todos os dias. Você conhece a diferença entre
substância e "substancializar"? Uma substância é um objeto, uma coisa
na minha frente. "Substancializar" significa que tenho certo poder ou
faculdade que torna aquela substância real para mim. Por meio dos nossos sentidos,
podemos tomar certas coisas do mundo, da natureza, e transferi-las para o nosso
conhecimento e percepção interna, de modo que possamos apreciá-las. A vista e o
ouvido, por exemplo, são duas das faculdades que me permitem
"substancializar" da luz e do som. Temos cores: vermelho, amarelo,
verde, azul e violeta, e estas cores são coisas reais. Mas se eu fechar os
olhos, a cor não continua sendo real para mim; é simplesmente nada — para mim.
Com a faculdade da vista, contudo, possuo o poder de "substancializar",
e assim, o amarelo torna-se amarelo para mim.
Extraído do livro “A Vida Cristã
Normal” – Watchman Nee
Publicado pela Editora Tesouro
Aberto
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