quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A Fé é a substancialização do que se espera

A libertação do pecado é tão real, que João pôde escrever, confiante: "Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática do pecado... não pode viver pecando" (I João 3.9), expressão essa que, erradamente compreendida, poderia nos confundir. João não quis dizer que o pecado nunca mais entra em nossa história e que não cometeremos mais pecados. Diz que o pecar não está na natureza daquele que é nascido de Deus. A vida de Cristo foi plantada em nós pelo novo nascimento, e a Sua natureza não é caracterizada por cometer pecados. Há, porém, uma grande diferença entre a natureza de uma coisa e a sua história, e há uma grande diferença entre a natureza da vida que há em nós e a nossa história.

A questão consiste em escolher quais os fatos a que damos valor e que orientam a nossa vida: os fatos tangíveis da nossa experiência diária ou o fato muito mais importante, de que agora estamos "em Cristo". O poder da Sua ressurreição está ao nosso lado, e todo o poder de Deus está operando na nossa salvação (Rm 1.16), mas o assunto ainda depende de tornarmos real, na história, o que já é uma realidade divina.

"Ora a fé é a certeza das coisas que se esperam e a convicção de fatos que se não vêem" (Hb 11.1), e: "as coisas que se não vêem são eternas" (II Co 4.18). Creio que todos sabemos que Hb 11.1 é a única definição de fé na Bíblia. É importante que compreendamos esta definição. O Novo Testamento de J. N. Darby traduz bem este trecho: "A fé é a substancializaçao das coisas que se esperam".

A palavra "substancialização" é boa; significa tornar reais, na experiência, as coisas que se esperam.

Como é que "substancializamos" uma coisa? Fazemos isso todos os dias. Você conhece a diferença entre substância e "substancializar"? Uma substância é um objeto, uma coisa na minha frente. "Substancializar" significa que tenho certo poder ou faculdade que torna aquela substância real para mim. Por meio dos nossos sentidos, podemos tomar certas coisas do mundo, da natureza, e transferi-las para o nosso conhecimento e percepção interna, de modo que possamos apreciá-las. A vista e o ouvido, por exemplo, são duas das faculdades que me permitem "substancializar" da luz e do som. Temos cores: vermelho, amarelo, verde, azul e violeta, e estas cores são coisas reais. Mas se eu fechar os olhos, a cor não continua sendo real para mim; é simplesmente nada — para mim. Com a faculdade da vista, contudo, possuo o poder de "substancializar", e assim, o amarelo torna-se amarelo para mim.


Extraído do livro “A Vida Cristã Normal” – Watchman Nee

Publicado pela Editora Tesouro Aberto

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