Primeiramente, oração
é comunhão, é companheirismo, é amor abrindo o coração a Deus, e este é o
fundamento de todas as formas verdadeiras de oração. Podemos associá-la às duas
atividades principais do nosso corpo humano. Quando falamos do corpo físico,
falamos de algo que é orgânico, e, então, do que é funcional. Um problema
orgânico é algo muito sério, mas um problema funcional pode não ser tão sério,
e a oração, como comunhão, toma o lugar daquilo que é orgânico em nosso corpo.
Uma parte de nossa constituição orgânica é o nosso fôlego, que chamamos de
respiração. Agora, você nunca para a fim de pensar nisto! Nunca questiona,
dizendo: ‘Será que irei dar outra respirada?’ 'Será que irei respirar?’ ou
'Quantas respiradas mais irei dar hoje?’ Você pode fazer isto sobre uma
refeição, pois isto é algo funcional, mas jamais sobre a sua respiração, pois é
orgânico. Você pode discutir se irá caminhar, ou falar, ou pensar, e pode dizer
a si mesmo que irá parar de pensar, ou caminhar, ou falar. Isto é funcional. É
controlado e deliberado, mas você não faz isto com a sua respiração. Ela
continua. Mas, se a sua respiração pudesse parar, o seu caminhar, falar e
pensar iria parar também, de modo que a respiração é fundamental para o resto.
E a oração, como
comunhão, é na vida espiritual o mesmo que a respiração é na vida física. A
comunhão com Deus é algo sustentado, algo como a respiração que prossegue, ou
que deveria prosseguir. Ela difere completamente das atividades funcionais
periódicas tais como a alimentação. A respiração é completamente involuntária;
é algo não deliberado. Nós podemos chamá-la de hábito, e um hábito é algo que
facilmente foge da consciência plena de alguém que está viciado nele. Nós
fazemos coisas habitualmente sem estarmos conscientes no momento em que as estamos
fazendo. Quando um hábito está plenamente formado, ele simplesmente passa a
fazer parte do nosso procedimento, e a comunhão com Deus é isto – algo que
prossegue. Oração como comunhão é simplesmente isto: nós estamos em contato com
o Senhor e, de forma espontânea e involuntária, abrimos o nosso coração para
Ele. Esta é a primeira coisa fundamental em toda oração, e é algo na qual
precisamos prestar atenção. Embora nunca discutamos quanto a se vamos respirar
ou não, existe a coisa semelhante a desenvolver uma respiração correta, e neste
sentido precisamos prestar atenção em nossa respiração.
Penso que, de todas
as pessoas que já conheci, que tivesse exemplificado esta vida orgânica de
comunhão com Deus, o Dr. F. B. Meyer foi notável. Não importava onde ele
estivesse, ou quais fossem as circunstâncias, ele parava de repente, talvez ao
estar ditando uma carta, ou numa conversa, ou numa reunião de negócios, e
apenas dizia: “Pare um minuto!” e orava. E este era o seu hábito na vida. Ele
parecia estar a todo o momento em contato com o Senhor. Era como a respiração
para ele, e creio que isto representou um dos segredos de sua vida frutífera e
do valor de seu julgamento nas coisas do Senhor. Somente aqueles que tinham
contato íntimo com ele, especialmente nas reuniões executivas difíceis, sabiam
o valor daquele julgamento espiritual que ele trazia para suportar as
situações, e parecia chegar a ele simplesmente desta forma, como que do Senhor.
Extraído do livro “Em
Contato com o Trono” – T.Austin-Sparks
Publicado no site www.austin-sparks.net/portugues/
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