O que Deus fez, no
Seu propósito gracioso, foi incluir-nos em Cristo. Ao tratar de Cristo, Deus
tratou do cristão; no Seu trato com a Cabeça, tratou também de todos os
membros. É inteiramente errado pensar que possamos experimentar algo da vida
espiritual meramente em nós mesmos e separadamente dEle. Deus não pretende que
adquiramos uma experiência exclusivamente pessoal e não quer realizar qualquer
coisa deste gênero em você e em mim. Toda a experiência espiritual do cristão
tem Cristo como sua fonte de realidade. O que chamamos a nossa
"experiência" é somente a nossa entrada na história e na experiência
de Cristo.
Seria ridículo se uma
vara de videira tentasse produzir uvas vermelhas, e outra, uvas verdes, e ainda
outra, uvas roxas; as varas não podem produzir uvas com características
próprias, independentemente da videira, pois é a videira que determina o
caráter das varas. Todavia, há crentes que buscam experiências, como
experiências. Para eles, a crucificação é uma coisa, a ressurreição é outra, a
ascensão é outra, e nunca se detêm para pensar que todas estas coisas estão
relacionadas com uma Pessoa. Somente na medida em que o Senhor abrir os nossos
olhos para ver a Pessoa, é que teremos qualquer experiência verdadeira.
Experiência espiritual verdadeira significa que descobrimos alguma coisa em
Cristo e que entramos na sua posse; qualquer experiência que não resulte de uma
nova compreensão dEle está condenada a se evaporar muito rapidamente.
"Descobri aquilo em Cristo; então, graças a Deus, pertence-me. Possuo-o,
Senhor, porque está em Ti". Que coisa maravilhosa conhecer as realidades
de Cristo como o fundamento da nossa experiência!
Assim, o princípio de
Deus ao nos fazer progredir experimentalmente, não consiste em nos dar alguma
coisa, de nos colocar em determinadas situações a fim de nos conceder algo que
possamos chamar de experiência nossa. Não se trata de Deus operar em nós de tal
maneira que possamos dizer: "Morri com Cristo no mês de março
passado", ou "ressuscitei da morte no dia primeiro de janeiro de
1937", ou, ainda, "quarta-feira pedi uma experiência definida e
alcancei-a". Não, esse não é o caminho. Eu não busco experiências em si
mesmas, neste presente ano da graça. Não se deve permitir que o tempo domine o
meu pensamento neste ponto.
Alguns perguntarão: e
o que dizer a respeito das crises por que tantos de nós temos passado? Não há
dúvida que alguns passaram por crises nas suas vidas. Por exemplo, George
Muller podia dizer, curvando-se até ao chão: "Houve um dia em que George
Muller morreu". O que diríamos a isto? Bem, não estou duvidando da
realidade das experiências espirituais pelas quais passamos, nem a importância
das crises a que Deus nos traz no nosso andar com Ele; pelo contrário, já
acentuei a necessidade que temos de ser absolutamente definidos acerca de tais
crises em nossas vidas. Mas, a verdade é que Deus não dá aos indivíduos experiências
individuais, e, sim, apenas uma participação naquilo que Deus já fez. É a
realização no tempo das coisas eternas. A história de Cristo torna-se a nossa
experiência e a nossa história espiritual; não temos uma história separadamente
da Sua. Todo o trabalho, a nosso respeito, não é efetuado em nós, aqui, mas em
Cristo. Ele não faz um trabalho separado, nos indivíduos, à parte do que Ele
fez no Calvário. Mesmo a vida eterna não nos é dada como indivíduos: a vida
está no Filho, e: "quem tem o Filho tem a vida". Deus fez tudo no Seu
Filho e incluiu-nos nEle; estamos incorporados em Cristo.
Extraído do livro “A Vida Cristã
Normal” – Watchman Nee
Publicado pela Editora Tesouro
Aberto
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