sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O que Deus fez foi incluir-nos em Cristo...

O que Deus fez, no Seu propósito gracioso, foi incluir-nos em Cristo. Ao tratar de Cristo, Deus tratou do cristão; no Seu trato com a Cabeça, tratou também de todos os membros. É inteiramente errado pensar que possamos experimentar algo da vida espiritual meramente em nós mesmos e separadamente dEle. Deus não pretende que adquiramos uma experiência exclusivamente pessoal e não quer realizar qualquer coisa deste gênero em você e em mim. Toda a experiência espiritual do cristão tem Cristo como sua fonte de realidade. O que chamamos a nossa "experiência" é somente a nossa entrada na história e na experiência de Cristo.

Seria ridículo se uma vara de videira tentasse produzir uvas vermelhas, e outra, uvas verdes, e ainda outra, uvas roxas; as varas não podem produzir uvas com características próprias, independentemente da videira, pois é a videira que determina o caráter das varas. Todavia, há crentes que buscam experiências, como experiências. Para eles, a crucificação é uma coisa, a ressurreição é outra, a ascensão é outra, e nunca se detêm para pensar que todas estas coisas estão relacionadas com uma Pessoa. Somente na medida em que o Senhor abrir os nossos olhos para ver a Pessoa, é que teremos qualquer experiência verdadeira. Experiência espiritual verdadeira significa que descobrimos alguma coisa em Cristo e que entramos na sua posse; qualquer experiência que não resulte de uma nova compreensão dEle está condenada a se evaporar muito rapidamente. "Descobri aquilo em Cristo; então, graças a Deus, pertence-me. Possuo-o, Senhor, porque está em Ti". Que coisa maravilhosa conhecer as realidades de Cristo como o fundamento da nossa experiência!

Assim, o princípio de Deus ao nos fazer progredir experimentalmente, não consiste em nos dar alguma coisa, de nos colocar em determinadas situações a fim de nos conceder algo que possamos chamar de experiência nossa. Não se trata de Deus operar em nós de tal maneira que possamos dizer: "Morri com Cristo no mês de março passado", ou "ressuscitei da morte no dia primeiro de janeiro de 1937", ou, ainda, "quarta-feira pedi uma experiência definida e alcancei-a". Não, esse não é o caminho. Eu não busco experiências em si mesmas, neste presente ano da graça. Não se deve permitir que o tempo domine o meu pensamento neste ponto.

Alguns perguntarão: e o que dizer a respeito das crises por que tantos de nós temos passado? Não há dúvida que alguns passaram por crises nas suas vidas. Por exemplo, George Muller podia dizer, curvando-se até ao chão: "Houve um dia em que George Muller morreu". O que diríamos a isto? Bem, não estou duvidando da realidade das experiências espirituais pelas quais passamos, nem a importância das crises a que Deus nos traz no nosso andar com Ele; pelo contrário, já acentuei a necessidade que temos de ser absolutamente definidos acerca de tais crises em nossas vidas. Mas, a verdade é que Deus não dá aos indivíduos experiências individuais, e, sim, apenas uma participação naquilo que Deus já fez. É a realização no tempo das coisas eternas. A história de Cristo torna-se a nossa experiência e a nossa história espiritual; não temos uma história separadamente da Sua. Todo o trabalho, a nosso respeito, não é efetuado em nós, aqui, mas em Cristo. Ele não faz um trabalho separado, nos indivíduos, à parte do que Ele fez no Calvário. Mesmo a vida eterna não nos é dada como indivíduos: a vida está no Filho, e: "quem tem o Filho tem a vida". Deus fez tudo no Seu Filho e incluiu-nos nEle; estamos incorporados em Cristo.

Extraído do livro “A Vida Cristã Normal” – Watchman Nee

Publicado pela Editora Tesouro Aberto

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