Se eu fosse cego, não poderia
distinguir a cor, e se me faltasse a faculdade de ouvir, não poderia apreciar a
música. A música e a cor, no entanto, são realidades que não são afetadas por
minha capacidade ou incapacidade de apreciá-las. Aqui estamos considerando
coisas que, embora não sejam vistas, são eternas e, portanto, reais.
Evidentemente, não é com nossos sentidos naturais que poderemos
"substancializar" as coisas divinas: há uma faculdade para "a
substancialização das coisas que se esperam", das coisas de Cristo — é a
fé. A fé faz com que as coisas que são reais, sejam reais na minha experiência.
A fé "substancializa" para
mim as coisas de Cristo. Centenas de milhares de pessoas lêem Rm 6.6: "Foi
crucificado com Ele o nosso velho homem". Para a fé, esta é a verdade;
para a dúvida, ou para o mero assentimento moral, sem a iluminação espiritual,
não é verdade.
Lembremo-nos de que não estamos
lidando com promessas, e sim, com fatos. As promessas de Deus nos são reveladas
pelo Espírito, a fim de que nos apropriemos delas; os fatos, porém, permanecem
fatos, quer creiamos neles ou não. Se não crermos nos fatos da Cruz, estes
ainda permanecerão tão reais como sempre, mas não terão qualquer valor para nós.
A fé não é necessária para tornar estas coisas reais em si mesmas, mas pode
"substancializá-las" e torná-las reais em nossa experiência.
Qualquer coisa que contradiga a
verdade da Palavra de Deus deve ser considerada mentira do Diabo. Ao fato maior
declarado por Deus, deve-se curvar qualquer fato que pareça real ao nosso
sentimento. Passei por uma experiência que servirá para ilustrar este princípio.
Há alguns anos, encontrava-me doente. Passei seis noites com febre alta, sem
conseguir dormir. Finalmente, Deus me deu, através das Escrituras, uma palavra
pessoal de cura e, portanto esperava que se desvanecessem imediatamente todos
os sintomas da enfermidade.
Ao invés disso, não conseguia
conciliar o sono, e me senti ainda mais perturbado; a temperatura aumentou, o
pulso batia mais rapidamente e a cabeça doía mais do que antes. O inimigo
perguntava: "Onde está a promessa de Deus". "Onde está a sua fé?
Qual o valor das suas orações"? Desta forma, senti-me tentado a levar o
assunto de novo a Deus em oração, mas fui repreendido por esta escritura que me
veio à mente: "A tua palavra é a verdade" (João 17.17). Se a palavra
de Deus é verdade, pensava, então o que significam estes sintomas? Devem ser
todos eles mentiras. Assim, declarei ao inimigo: "Esta falta de sono é uma
mentira, esta dor de cabeça é uma mentira, esta febre é uma mentira, esta
pulsação elevada é uma mentira. Em face do que Deus me disse, os presentes
sintomas de enfermidade são apenas as tuas mentiras, e a palavra de Deus, para
mim, é a verdade". Em cinco minutos, eu já estava dormindo, e, na manhã
seguinte, acordei perfeitamente são.
Extraído do livro “A Vida Cristã
Normal” – Watchman Nee
Publicado pela Editora Tesouro
Aberto
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