sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Humildade e Fé

... Jesus revela para nós que é, de fato, o orgulho que faz a fé impossível. "Como podeis crer, vós os que aceitais glória uns dos outros?" Quando virmos como, em natureza, o orgu­lho e a fé são irreconciliáveis por sua divergência, aprenderemos que a fé e a humildade são um na raiz, e que nunca podemos ter mais de verdadeira fé do que temos de verdadeira humildade; devemos ver que podemos, na verdade, ter uma forte convicção inte­lectual e segurança da verdade enquanto o orgulho é mantido no coração, mas que isso faz da fé viva, que tem o poder de Deus, uma impossibilidade.

Precisamos somente pensar por um momento no que é a fé. Não é a confissão do nada-ser e de abandono, não é a entrega e a espera para deixar Deus trabalhar? Não é em si mesma a coisa mais humilhan­te que pode haver: a aceitação de nossa posição como dependentes, que não podem clamar ou conseguir ou fazer nada a não ser o que a graça concede? A humildade é simplesmente a disposição que prepara a alma para viver em confiança. E tudo, até mesmo o mais secreto sopro de orgulho, na forma de busca de si mesmo, vontade própria, confiança em si mesmo ou auto-exaltação, é apenas o fortalecimento do fato de que o ego não pode entrar no reino nem possuir as coisas do reino, pois se recusa a permitir que Deus seja o que Ele é e tem de ser ali: Tudo em todos.

Fé é o órgão ou sentido para percepção e apreen­são do mundo celestial e de suas bênçãos. A fé busca a glória que vem de Deus, que vem apenas de onde Deus é tudo. Enquanto aceitarmos glória uns dos outros, en­quanto buscarmos e amarmos sempre e guardarmos zelosamente a glória dessa vida - a honra e reputação que vêm dos homens — não buscamos, e não podemos receber, a glória que vem de Deus. O orgulho faz com que a fé seja impossível. A salvação vem por meio de uma cruz e de um Cristo crucificado. A salvação é a comunhão, no Espírito de Sua cruz, com o Cristo cru­cificado. A salvação é a união com a humildade de Jesus e o deleite nela, salvação é a participação na hu­mildade de Jesus. E admirável que nossa fé seja tão débil quando o orgulho ainda reina tanto e ainda não tenhamos aprendido que a humildade é a mais necessá­ria e abençoada parte da salvação, nem oramos por isso?

A humildade e a fé estão mais intimamente associadas nas Escrituras do que muitos sabem. Veja isso na vida de Cristo. Há dois casos nos quais Ele falou de uma grande fé. O centurião, de cuja fé Ele se maravilhou dizendo: "Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel achei fé como esta", não Lhe falou: "Senhor, não sou digno de que entres em minha casa"? E a mãe para quem Ele disse: "Oh, mulher, grande é a tua fé!" não aceitou ser chamada de cachorro e disse: "Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas"? Isso é a humildade que leva uma alma a ser nada diante de Deus, que também remove todo impedimento à fé, e faz com que o único temor seja desonrá-Lo por não confiar Nele integralmente.

Extraído do livro "Humildade, A Beleza da Santidade" - Andrew Murray
Publicado pela Editora dos Clássicos


quinta-feira, 28 de agosto de 2014

O Exemplo de Nosso Amado Mestre

"O Filho nada pode fazer de Si mesmo" (Jo 5.19).

Cristo descobriu que essa vida de total abnega­ção, de absoluta submissão e dependência da vontade do Pai era uma vida de perfeita paz e alegria. Ele não perdeu nada dando tudo para Deus. Deus honrou Sua confiança e fez tudo para Ele, e, então, O exaltou à Sua mão direita em glória. E porque Cristo se humi­lhou assim diante de Deus, e Deus estava sempre diante Dele, Ele achou possível humilhar-se diante dos homens também e ser o Servo de todos. Sua humildade era simplesmente o entregar a Si mesmo a Deus para permitir que Deus fizesse Nele o que O agradasse, não importando o que os homens à Sua volta dissessem Dele ou fizessem a Ele.

É nesse estado de mente, nesse espírito e dis­posição, que a redenção de Cristo tem sua virtude e eficácia. É para trazer-nos para essa disposição que somos feitos participantes de Cristo. Esta é a verda­deira abnegação, para a qual nosso Salvador nos cha­ma: o reconhecimento de que o ego não tem nada de bom em si mesmo, exceto como um recipiente vazio que Deus tem de preencher, e de que sua pretensão de ser ou fazer qualquer coisa não deve, nem por um momento, ser permitida. É nisto, acima e antes de todas as coisas, que consiste a conformidade com Jesus: nada ser e nada fazer de nós mesmos, para que Deus seja tudo.

Extraído do livro "Humildade, A Beleza da Santidade" - Andrew Murray
Publicado pela Editora dos Clássicos


quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Aprendendo com o Mestre


"No meio de vós, Eu sou como quem serve" (Lucas 22.27).

No Evangelho de João, temos a vida interior de nosso Senhor exposta a nós. Jesus ali fala frequentemente de Seu relacionamento com o Pai, dos motivos pelos quais Ele é guiado, de Sua consciência do poder e espírito nos quais Ele atua. Ainda que a palavra "humilde" não apareça, não há qualquer outro lugar nas Escrituras onde vemos tão claramente em que consistia Sua humildade. Já disse­mos que essa graça, na verdade, nada é senão o simples consentimento da criatura em permitir que Deus seja tudo, em virtude de entregar-se exclusivamente a Sua operação. Em Jesus, veremos que, tanto como Filho de Deus nos céus como homem na terra, Ele tomou o lugar de total subordinação e deu a Deus a honra e a glória que Lhe são devidas. E o que Ele ensinou tão frequentemente tornou-se verdade para Ele mesmo: "Quem a si mesmo se humilhar será exal­tado" (Mt 23.12). Como está escrito: "A Si mesmo se humilhou (...) pelo que também Deus O exaltou so­bremaneira" (Fp 2.8, 9).

Extraído do livro "Humildade, A Beleza da Santidade" - Andrew Murray
Publicado pela Editora dos Clássicos


terça-feira, 26 de agosto de 2014

Tende em vós o mesmo sentimento que teve Cristo Jesus

...Nossa redenção tem de ser a restaura­ção da humildade perdida, o relacionamento original e o verdadeiro relacionamento da criatura com seu Deus. E, portanto, Jesus veio trazer a humildade de volta à terra, fazer-nos participantes dessa humildade e, por ela, nos salvar. Nos céus, Ele se humilhou para tornar-se homem. Nós vemos a humildade Nele ao se dominar a Si mesmo nos céus; Ele a trouxe, de lá. Aqui na terra, "a Si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte". Sua humildade deu à Sua mor­te o valor que ela hoje tem e, então, se tornou nossa redenção. E agora a salvação que Ele concede é, nada mais, nada menos do que uma comunicação de Sua própria vida e morte, Sua própria disposição e espíri­to, Sua própria humildade, como o solo e a raiz de Sua relação com Deus e Sua obra redentora. Jesus Cristo tomou o lugar e cumpriu o destino do homem, como uma criatura, por Sua vida de perfeita humilda­de. Sua humildade é nossa salvação. Sua salvação é nossa humildade.

Extraído do livro "Humildade, A Beleza da Santidade" - Andrew Murray
Publicado pela Editora dos Clássicos