sexta-feira, 18 de julho de 2014

Discípulo bem Instruído

"Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai... O discípulo não está acima do seu mestre; todo aquele, po­rém, que for bem instruído será como o seu mestre"
(Lucas 6:36,40).

Em sua narrativa em que mostra parte do Ser­mão da Montanha, Lucas registra que Jesus disse, não que fôssemos perfeitos, e, sim, que fôssemos mi­sericordiosos a exemplo de nosso Pai celestial.

Ime­diatamente, porém, introduz a idéia de perfeição (bem instruído). Perfeição não ligada, todavia, com o Pai, mas antes, com o Filho, na qualidade de Mes­tre de Seus discípulos. Essa alteração é extremamen­te instrutiva; leva-nos a olhar para Jesus, quando ain­da habitava na carne, como o nosso modelo.

Pode ser dito que as nossas circunstâncias e po­deres são tão diferentes daqueles que Deus possui, que é impossível aplicar os padrões de Sua infinita perfeição neste nosso pequeno mundo. Mas eis que aparece o Filho, na semelhança de carne pecaminosa, tentado em todas as coisas tal como nós também; e então se oferece como nosso Mestre e Guia. Ele vive conosco para que possamos viver com Ele; vive como nós para que possamos viver com Ele.

O padrão divino é materializado e tornado visível, sendo posto ao nosso alcance, no modelo huma­no. Crescendo de conformidade com a semelhança daquele que é a imagem do Pai, também traremos a semelhança do Pai em nós — nos tornaremos seme­lhantes a Ele, o primogênito entre muitos irmãos, e nos tornemos perfeitos como o Pai é perfeito. "O dis­cípulo não está acima do seu mestre; todo aquele, porém, que for bem instruído será como o seu mestre."

"O discípulo não está acima do seu mestre " O pensamento de que o discípulo é semelhante ao seu Mestre, algumas vezes está ligado à humilhação ex­terna; tal como o seu Senhor, o discípulo será  desprezado e perseguido (Mateus 10:24,25; João 15:20) Outras vezes refere-se à humilhação no íntimo, isto é, a disposição que o crente tem de ser um servo (Lu­cas 22:27; João 13:16). Tanto em sua vida externa co­mo em sua disposição interior, o discípulo aperfei­çoado não conhece coisa alguma mais elevada do que ser como seu Mestre.

Extraído do livro “Sê Perfeito” – Andrew Murray

Publicado pela Ed.Betânia

quinta-feira, 17 de julho de 2014

De Todo Coração Te Busquei


"Acaso não foram os etíopes e os líbios grande exército, com muitíssimos carros e cavaleiros? Porém, tendo tu confiado no SE­NHOR, ele os entregou nas tuas mãos. Por­que, quanto ao SENHOR, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente dele" (II Crônicas 16:8,9).

Encontramos aqui os mesmos três pensamentos percebidos nas palavras que Deus dirigiu a Abraão. Ali houve a ordem para que Abraão fosse perfeito em conexão com a fé no poder de Deus, e como o andar em Sua presença. Aqui temos o coração perfeito mencionado como a condição para que o crente expe­rimente o poder de Deus, sendo essa a qualidade que Deus busca ver, mediante a qual aprova aqueles que andam em Sua presença. Essas palavras nos minis­tram a grande lição, o valor de um coração perfeito à vista do Senhor. Essa é a qualidade de caráter que Deus mais anseia ver nos homens. "Seus olhos pas­sam por toda a terra" em busca de homens assim qualificados. O Pai procura os tais para que O ado­rem. E, quando os encontra, então mostra-se forte em defesa deles. Essa é a grande qualidade que as­sinala a alma como capaz de receber e de exibir a força do Senhor, redundando em glória para Ele.

O contexto demonstra que a evidência principal do coração perfeito é a confiança em Deus. "Tendo tu confiado no Senhor, ele os entregou nas tuas mãos. Porque, quanto ao SENHOR, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente dEle." A essência da fé consiste nisto: conceda a Deus o Seu devido lugar e glória, na qualidade de Deus; dê-Lhe completa liber­dade para trabalhar, dependendo exclusivamente dEle; deixe que Deus seja Deus. Nessa fé ou depen­dência, o coração mostra-se perfeito para com o Se­nhor; sem possuir qualquer outro objeto de confian­ça ou desejo, dependa unicamente dEle. Passando os olhos de Deus por toda a face da terra, sempre que Ele descobre uma pessoa assim qualificada o Senhor se deleita em mostrar-se forte para com a mesma, em agir nela ou por intermédio dela, de acordo com as riquezas da glória do Seu poder, conforme seja o caso.

Que lições preciosas essas palavras nos ensinam, no tocante à vida cristã! Para que Deus revele o seu poder em nós, para que Ele nos torne vigorosos para a vida cristã ou para o trabalho, para realizar ou pa­ra sofrer, nosso coração tem de ser perfeito para com Ele. Não evitemos aceitar a verdade. Que nenhuma opinião preconcebida, que nos faça pensar ser impos­sível atingir a perfeição perante o Senhor, nos impeça de permitir que a Palavra de Deus exerça seu mais pleno efeito sobre nós. Deus se mostra forte para aquele cujo coração é perfeito perante Ele. Antes de tentarmos qualquer definição, recebamos primeira­mente a verdade de que existe aquilo que o Senhor denomina de coração perfeito, admitindo que essa poderá ser a nossa experiência nesta vida. Não fique­mos contentes com qualquer coisa menos do que sa­ber que os olhos do Senhor têm visto que nosso co­ração é íntegro diante dEle. Não tenhamos receio em dizer: "De todo o coração te busquei" (Salmo 119:10).

Extraído do livro “Sê Perfeito” – Andrew Murray

Publicado pela Ed.Betânia

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Ousadia na Oração

"Então virou Ezequias o rosto para a parede, e orou ao SENHOR, dizendo: Lembra-te, SENHOR, peço-te, de que andei diante de ti com fidelidade, com inteireza de coração, e fiz o que era reto aos teus olhos... veio a ele [ Isaías ] a palavra do SENHOR, dizendo... dize a Ezequias... Assim diz o SENHOR, o Deus de Davi, teu pai: Ouvi a tua oração... eis que eu te curarei" (II Reis 20:2-5).

Como a simplicidade de uma criança, é essa co­munhão com Deus! Quando o Filho estava às portas da morte, Ele orou: "Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer; e ago­ra, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo" (João 17:4,5). Jesus Cristo baseou Sua vida e Sua obra fundamen­tando Sua espera na resposta à oração que apresentou. Semelhantemente suplicou Ezequias, o servo de Deus, não à base do mérito pessoal, naturalmente, mas na confiança que Deus "não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu nome" (Hebreus 6:10), e que Deus se lembraria de como ele andara na Sua pre­sença com coração perfeito.

Essas palavras, antes de mais nada, nos sugerem  este pensamento, que o homem que anda com cora­ção perfeito diante de Deus, pode ter conhecimento disso — isso pode ser uma questão consciente para ele. Examinemos agora o testemunho que as Escri­turas nos apresentam do rei Ezequias (II Reis 18:3-6): "Fez ele o que era reto perante o SENHOR, segundo tudo o que fizera Davi, seu pai." Seguem-se, então, os diferentes elementos de sua vida que eram retos no parecer do Senhor. "Confiou no SE­NHOR Deus de Israel... se apegou ao SENHOR, não deixou de segui-lo. Guardou os mandamentos que o SENHOR ordenara a Moisés. Assim foi o SENHOR com ele." Sua vida se caracterizou pela confiança e amor, constância e obediência. E o senhor esteve sempre com ele. Ezequias foi um dos santos a res­peito dos quais lemos: "pela fé, os antigos obtiveram bom testemunho" (Hebreus 11:2). Esse é o testemunho bíblico de que foram retos, de que suas vidas foram agradáveis aos olhos de Deus.

A oração de Ezequias sugere uma segunda lição — que a consciência do coração perfeito nos dá um maravilhoso poder na oração. Leiamos novamente as palavras dessa oração, e notemos quão distintamen­te Ezequias baseou-se no seu andar de coração perfeito para com o Senhor. Por isso acabamos de citar I João, onde claramente ele diz que "aquilo que pedimos, dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos." É o coração que não nos condena, e que sabe que é perfeito perante Deus, que nos proporciona essa ousadia.

Extraído do livro “Sê Perfeito” – Andrew Murray

Publicado pela Ed.Betânia

terça-feira, 15 de julho de 2014

Anda na Minha Presença

"Quando atingiu Abrão a idade de no­venta e nove anos, apareceu-lhe o Senhor, e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso: anda na minha presença, e sê perfeito. Farei uma aliança entre mim e ti, e te multiplica­rei extraordinariamente. Prostrou-se Abrão, rosto em terra, e Deus lhe falou"
(Gênesis 17:1-3).

"Perfeito serás para com o Senhor teu Deus" (Deuteronômio 18:13).

"Seja perfeito o vosso coração para com o  Senhor  nosso Deus,  para  andardes  nos seus estatutos, e guardardes os seus manda­mentos como hoje o fazeis" (I Reis 8:61).

 Já se haviam passado vinte e quatro anos desde que Deus chamara Abrão para sair da casa de seu pai, tendo ele obedecido ao Senhor.    Durante   esses anos Abraão foi um aprendiz na escola da fé.
Aproximava-se o tempo em que haveria de herdar a promessa, e Deus veio com o propósito de estabelecer a Sua aliança com ele. Em vista disso, o Senhor se apresentou a ele com esta tríplice palavra: "Eu sou o Deus Todo-Poderoso... anda na minha presença... sê perfeito."

Sê perfeito. A conexão em que encontramos essa expressão nos ajuda a compreender o seu significa­do. Deus se revelou como o Deus Todo-Poderoso. A fé que Abraão possuía já passara por longa prova: estava agora prestes a obter um de seus maiores triunfos — a fé se transformaria em visão real com o nascimento de Isaque. Deus convidou a Abraão mais do que nunca para que se lembrasse de Sua onipotência e nela descansasse. Ele é o Deus Todo-Poderoso e todas as coisas são possíveis para Ele que exerce controle de tudo. Todo o Seu poder, atua em favor daqueles que nEle confiam. E tudo quanto o Senhor solicita de Seu servo é que o mesmo seja per­feito diante dEle entregando-lhe todo o coração, e a sua inteira confiança.

O Deus Todo-Poderoso, com todo o Seu poder, entregou-se completamente por você. Consagre-se pois inteiramente a Deus. O conhecimento e a fé do que Deus é, permanecem como a raiz do que devere­mos ser: "Eu sou o Deus Todo-Poderoso: sê perfei­to:" Assim como conheço Aquele cujo poder toma conta dos céus e da terra, percebo que isso é a gran­de necessidade — ser perfeito entregando-me total e inteiramente a Ele. Inteiramente para Deus é a idéia fundamental da perfeição.

Anda na minha presença, e sê perfeito. É na vida de comunhão com Deus, na Sua presença contínua, que se torna possível a perfeição. Anda na minha presença — Abraão já vinha fazendo isso, mas agora a palavra de Deus o chamava para uma apreensão mais clara e mais cônscia disso, como a grande voca­ção de sua vida. E fácil para nós estudarmos o que as Escrituras ensinam sobre a perfeição, e assim, for­marmos idéias a respeito, e argumentarmos em favor delas. Não nos esqueçamos, entretanto, que é somen­te quando estamos andando bem próximos do Se­nhor, buscando e até certo ponto conseguindo uma comunhão constante com Ele, que a ordem divina se tornará para nós uma realidade, no desdobramento do seu significado. Anda na minha presença, e sê per­feito. A presença real de Deus é a escola, é o segredo da perfeição. Só aquele que estuda o que é a perfeição, na plena luz da presença de Deus, é que verá am­plamente descortinada toda a sua glória oculta.

Extraído do livro “Sê Perfeito” – Andrew Murray

Publicado pela Ed.Betânia

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Um Coração Íntegro

"E a Salomão, meu filho, dá coração íntegro para guardar os teus mandamentos, os teus testemunhos e os teus estatutos" (I Crônicas 29:19).

"Seja o meu coração irrepreensível nos teus decretos" (Salmos 119:80).

Em sua comissão de despedida a Salomão, Davi impôs a ele o dever de servir a Deus com coração perfeito, visto que é Deus que sonda os nossos cora­ções. O que Deus quer é nada menos que o coração, o coração todo, um coração perfeito. Bem pouco tempo depois, em sua oração de dedicação, após ha­verem sido doados todos os materiais necessários para a construção do templo, o rei Davi volta outra vez a atenção para essa grande necessidade, e inter­cede pelo seu filho, como uma dádiva do Senhor, di­zendo: "a Salomão, meu filho, dá coração íntegro."

O coração perfeito é um dom de Deus, dado e aceito sob as leis que governam todas as Suas doa­ções, como uma semente oculta que precisa ser acei­ta e posta em ação pela fé. O mandamento que nos diz "sede perfeitos," exige imediata e total submissão. Quando essa submissão é reconhecida, a necessidade de um poder divino apropriado se torna motivo para oração urgente e ardorosa. A palavra de ordem, re­cebida e escondida em um coração bom e honesto, torna-se na semente do poder divino.

Deus opera a Sua graça em nós impulsionando-nos à ação. Dessa maneira, o desejo de dar ouvidos à ordem de Deus, e de servi-lO com coração perfei­to, é um começo para o qual Deus dá atenção, e que Ele pessoalmente fará ser fortalecido e aperfeiçoado. O dom de um coração perfeito, assim sendo, é obti­do mediante a obediência da fé. Comece imediata­mente a servir a Deus com um coração perfeito, e o coração perfeito nos será dado.

O coração perfeito é um dom de Deus, que pre­cisa ser solicitado, e obtido através da oração. Nin­guém orará por um coração perfeito, com perseve­rança, com fé, enquanto não aceitar a Palavra de Deus plenamente, encarando-a como um mandamen­to positivo e um dever imediato. Porém, sempre que isso é feito, a consciência logo se revigora não mais dependendo da completa impossibilidade de tentar­mos obedecer baseados nas forças humanas E ao mesmo tempo crescerá a fé de que a palavra de or­dem tinha simplesmente o propósito de atrair a alma para perto daquele que concede aquilo que Ele mes­mo pede.

Extraído do livro “Sê Perfeito” – Andrew Murray
Publicado pela Ed.Betânia