quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Contemplando

 Diante de mim via sempre o Senhor...”
 (Atos 2:25)

...de acordo com a o texto acima, citado por Davi, é impressionante e instrutivo observar quão grande influência tem na vida de uma pessoa a questão de ver, ou contemplar.

Podemos verdadeiramente dizer que uma grande parte do que somos, e, portanto, do efeito que temos neste mundo, é o resultado da nossa visão. Há muita verdade no ditado que diz que nós nos tornamos como aquilo sobre o qual nossos olhos estão especialmente focados. 

A Bíblia leva muito em conta este fato, e o transporta para todos os seus paralelos na vida espiritual. Na verdade, na bíblia vemos que todos os estágios e fases da vida cristã tem a sua base na visão.

O início da vida cristã é o resultado de "contemplar o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (João 1:29).

Havia vários objetos de sacrifício no grande sistema tipológico de Israel, mas o cordeiro era o centro de tudo. A história de Israel como nação começou com o cordeiro pascal. Eles sempre foram lembrados disso, pela celebração da Páscoa anualmente. Olhavam para o cordeiro suportando o seu pecado e julgamento, apesar de em si mesmo ser "sem mancha ou defeito", e sabiam que era o cordeiro que Deus apontou e proveu para que contemplassem.

O Novo Testamento traz o Cordeiro de Deus em vista e traz o apelo para  que o contemplemos. Essa palavra significa mais do que "dar uma olhada", "olhar de relance para Ele". Significa, "fixar seu olhar sobre ele”. É o olhar de necessidade, de busca, de desespero.

"Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os limites da terra" 
(Isaías 45:22)

Então, a Bíblia coloca sobre essa mesma base toda a questão de nossa transformação progressiva.

“Contemplando... somos transformados... na sua própria imagem" 
(2 Coríntios. 3:18)

Não é um esforço para formar uma imagem mental de Jesus. Nos escritos apostólicos, Ele é apresentado a nós a partir de vários pontos de vista vitais, por Aquele que O conhece melhor e mais completamente.

Em "Romanos", por exemplo, Ele é amplamente apresentado como a justiça essencial de Deus, provida onde nenhum outro foi encontrado, sem o qual não há esperança para o homem ou para a criação.

Esta não é uma introdução aos livros do Novo Testamento, mas aponta para Ele e é uma indicação de como, à medida que somos encontrados olhando para Ele, e não para os autores dos escritos - uma influência em direção à Sua semelhança se seguirá em nós.

O que é verdade, no princípio, sobre o início e o progresso da vida cristã também é mostrado relacionado à sua consumação.

“Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é.”
(1 João 3:2) 

Há mais textos que mostram que esse "contemplar" final terá um efeito na consumação, colocando os toques finais na obra de "ser conformado a Sua imagem". Assim, do início ao fim, a nossa salvação, transformação e glorificação são vitalmente relacionadas com os nossos olhos, com a nossa visão espiritual. "Os puros de coração verão a Deus" (Mt.5:8).

Mas, quando me propus a escrever estas linhas, eu tinha outras coisas em mente também. Nossos olhos são muito confrontados com condições que são contrárias a Cristo, e isso constitui um campo de batalha para eles.

A Bíblia contém muitos exemplos dos resultados deploráveis ​​do uso errado dos olhos. Pense em Eva, em Davi, nos dez espias em Cades-Barnéia, em Sansão (que viu uma mulher para sua ruína espiritual, e, eventualmente, perdeu seus olhos físicos), e assim por diante.

Não é verdade que muito do que nos lamentamos no cristianismo evangélico ocorre devido a esse uso errado dos olhos? Nossas livrarias religiosas estão equipadas com os frutos amargos do tempo e energia gastos na busca e exposição das fraquezas, falhas ou faltas e de tudo mais que é contrário àquilo que é de verdadeiro valor. Isso pode se tornar uma predisposição, uma obsessão, uma mania, e uma verdadeira ameaça.

Nós olhamos para os homens, para as pessoas. Nós olhamos para os ministérios. Nós olhamos para a obra cristã, e em tudo marcamos os aspectos humanos e falhos. Estes se tornam nossos focos, e o resultado é que o que é realmente valioso, e - talvez – de maior valor, é eclipsado por nós, por aquilo que se tornou tudo para nós.

Nada escapou deste uso enferrujado dos olhos, até aquilo que vem de Deus. Nós já vimos servos grandemente usados por Deus terem o seu ministério cortado de milhares de crentes apenas por causa do foco sobre um desvio, em algum ponto comparativamente pequeno, fora da aceitação comum. Ninguém teria mais zelo pela verdade, toda a verdade e nada além da verdade, do que nós, mas estamos igualmente zelosos para que o padrão de julgamento não seja a tradição, ou sistemas rígidos dos homens, mas sim, a medida de Cristo.

Cristo é o critério, do início ao fim, e não os julgamentos dos homens. Posso eu ver o Senhor? Estou realmente olhando para Ele? Se assim for, esse deve ser o meu ponto focal. Se Ele existe, há esperança para o resto, e eu devo deixar isso com Ele.

"Diante de mim via sempre o Senhor..."

Que isso possa ser verdade a nosso respeito!

Adaptado do texto de T.Austin-Sparks em inglês “Beholding”


sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Eu SEI que meu Redentor VIVE!

"Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros; de saudade me desfalece o coração dentro de mim." Jó 19:25,26

No Antigo Testamento, os homens conheciam Deus por meio de suas experiências. Isso aconteceu com Abraão, Isaque, Jacó, José... que durante suas vidas puderam experimentar Deus e conhecer Seus caminhos.

Podemos ver pelo início do livro de Jó que ele não entendia a ressurreição dos mortos ainda, considerando suas respostas quando interpelado pelos seus amigos (Jó 4:14 ; Jó 7:9). Mas durante as provações, ele pôde ter um relance da ressurreição. 

Ele ousadamente afirmou que veria o seu Redentor, o Senhor no seu corpo e pele, na sua carne. Essa revelação foi fruto das profundezas, de provas e conflitos espirituais. É tremendo entender como o Senhor nos revela a Si mesmo. Esse princípio não muda. No Novo Testamento temos o apóstolo Paulo descrevendo o caminho que ele trilhava para experimentar a "vida de ressurreição", a "vida em Cristo": "para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte" - o apóstolo descreve a experiência de Jó em suas próprias palavras. 

Para o conhecer, o poder da sua ressurreição, preciso ter comunhão com Seus sofrimentos, e abrir mão da minha vida, considerando-me morto com Cristo (paráfrase nossa)...ou "não sou eu mais quem vive, mas Cristo vive em mim".

Para que Cristo possa viver, precisamos estar nEle e nosso eu precisa estar crucificado com Cristo. 

Além de vislumbrar a ressurreição por meio de um Redentor, Jó ainda viu um juízo:

"Se disserdes: Como o perseguiremos? E: A causa deste mal se acha nele, temei, pois, a espada, porque tais acusações merecem o seu furor, para saberdes que há um juízo." (Jó 19:28,29)

Grandes revelações: que temos um Redentor, que um dia O veremos, e que iremos prestar contas diante dEle. 

Que tudo o que passamos em nossos dias, pressões, aflições, tribulações possam cooperar para que possamos experimentar esse poder de ressurreição, essa vida substituída - Cristo em nós! E essa vida vai nos capacitar para viver de forma digna desse chamado, trazendo honra e glória ao Pai.

"Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida" Rm 5:10



quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Credes que Eu posso fazer isso?

"Credes que eu posso fazer isso? Responderam-lhe: Sim, Senhor! Então, lhes tocou os olhos, dizendo: Faça-se-vos conforme a vossa fé."
Mt 9:28,29

Essa pergunta do nosso Mestre a esse cego é impressionante: "Credes que EU posso fazer isso?" 
O escritor de Hebreus traz mais luz a esse ponto quanto explica o que é fé e a sua importância em nossa caminhada como peregrinos nessa terra...

"De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam." (Hb 11:6)

A vida cristã é um contínuo desfrute de Cristo. Ele se descortina para nós dia a dia, e pela fé experimentamos essa realidade em nossa caminhada. Em momentos onde somos desafiados e colocados em circunstâncias desfavoráveis, ou até mesmo quando fracassamos, o Espírito da Verdade sussurra essas palavras para nós mais uma vez: "Credes que EU posso fazer isso?"

A vida cristã é uma vida impossível! Jesus Cristo hoje pode nos salvar totalmente das circunstâncias, do inimigo e principalmente de nós mesmos. Mas, para que isso seja uma realidade, precisamos nos aproximar dEle com fé - sabendo que ELE PODE FAZER ISSO!

Isso não é um conhecimento racional ou intelectual. É uma realidade que flui de um relacionamento. Como o apóstolo Paulo disse..."desejo ser achado nEle, não vivendo pela minha própria justiça, mas a justiça que vou experimentar pela fé em Cristo, que vem de Deus" (paráfrase Fp 3:9). Hoje podemos nos alimentar da Árvore da Vida, de Cristo! Do Cristo vivo, ressurreto, daquele que venceu a morte e vive a interceder por nós.

"Credes que EU posso fazer isso?" Aqui está o único fator em nossa experiência que pode nos impedir de conhece-LO mais e mais.

Que nossa alma possa descansar em sua onipotência, e que possamos nos deleitar no nosso amado mestre. Assim, poderemos VER pelo toque DELE. Ver o Autor da Nossa Fé - e segui-lo nessa caminhada. Mas isso só é possível se vivermos pela VIDA DELE.

Que possamos VER o nosso Salvador, porque Ele nos salvou totalmente - e pela Sua vida poderemos segui-Lo por onde quer que Ele for...
(Ap 14:4b)

"Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles." (Hb 7:25)

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Deus está em Movimento

"Vi os seres viventes; e eis que havia uma roda na terra, ao lado de cada um deles....Andando elas, podiam ir em quatro direções; e não se viravam quando iam. As suas cambotas eram altas, e metiam medo; e, nas quatro rodas, as mesmas eram cheias de olhos ao redor. Andando os seres viventes, andavam as rodas ao lado deles; elevando-se eles, também elas se elevavam. Para onde o espírito queria ir, iam, pois o espírito os impelia... porque nelas havia o espírito dos seres viventes. Andando eles, andavam elas e, parando eles, paravam elas, ...porque o espírito dos seres viventes estava nas rodas."
Ezequiel 1:15-21


Quando Ezequiel foi chamado para servir ao Senhor, teve uma grande visão. Parte dessa visão incluía querubins, e parte da visão dos querubins apresentava rodas ao lado deles. 

Essas rodas são símbolos de movimento; significam mobilidade e elas também falam de direção. Em terceiro lugar, elas começam na terra, e são levantadas da terra para o céu, e, então, parecem tocar a terra novamente, em tempos diferentes. Em seus movimentos, elas parecem vir à terra de tempos em tempos. Então, em quarto lugar, essas rodas estão cheias de olhos. Em todo o redor delas há olhos. E, em quinto lugar, o Espírito de vida está nas rodas. 

Muito resumidamente, gostaríamos de abordar esses aspectos em relação às rodas:

Primeiro, Deus está em movimento. Estamos aqui diante dos movimentos do Trono sobre rodas. Segundo, Deus requer liberdade absoluta para se mover. Ele requer total liberdade para os Seus movimentos. Nenhum livro é melhor para retratar isso no Novo Testamento do que o livro de Atos. Quando chegamos ao livro de Atos, descobrimos duas coisas: o Trono está em movimento. Não há dúvida de que o Homem assentado no Trono está se movendo. Atos não é um livro estático. O Senhor não está parado ali; está em movimento. 

A segunda coisa é que o Senhor requer liberdade para se mover. Esta liberdade de movimento precisa ser reconhecida e aceita. Lembramos de Pedro na casa de Cornélio. Aquela visão que Pedro teve no terraço está sempre presente em nossa mente. O Senhor está se movendo de Israel para os Gentios, de Jerusalém para as regiões baixas. Isto é o que temos em Ezequiel. Mas Pedro quis parar o movimento do Senhor – ele disse: "Não, Senhor." Mas as mãos do Senhor não estão amarradas pela tradição. O Senhor não está preso pelo preconceito. Esta foi uma tremenda crise para Pedro, e esta foi a natureza da crise. O Senhor estava dizendo a ele: “Pedro, eu estou me movendo”. Você vai comigo? Se você não for comigo, não faz diferença. Simplesmente você vai ficar para trás. Mas, se você for comigo, terá que me dar toda a liberdade de movimento. A sua mente não pode interferir nos meus movimentos. As suas tradições religiosas não podem interferir no meu movimento. O seu preconceito não pode interferir no meu movimento”.

O Senhor está se movendo, e Ele requer absoluta liberdade de movimento. É isto o que temos aqui nas rodas, bem no início. Deus está se movendo, e reivindica o direito de se manter em movimento. Precisamos nos lembrar de que Deus está sempre se movendo em direção ao Seu Eterno Propósito. E nós não podemos colocar coisa alguma em Seu caminho. O Senhor diz: “Eu tenho ainda mais luz e verdade para revelar em minha Palavra. Vocês ainda não chegaram ao final dos meus movimentos. Há muito mais adiante do que o que ficou para trás, e vocês precisam dar a Mim total liberdade para prosseguir”.

A segunda coisa: as rodas falam de direção sem desvios. Este é um dos pontos mais difíceis de interpretar nesta visão. Mas, conforme vejo, para mim significa o seguinte: Quando Deus segue avante, Ele jamais é pego de surpresa por algo que Ele não tenha previsto. Se Deus muda de direção, é porque tudo já estava previsto, não se trata de uma emergência, não é porque Deus não tinha antecipado a situação. Provavelmente vocês irão encontrar dificuldade para entender isto. Voltemos para o que estávamos falando sobre Pedro. Parece que Deus está mudando de direção, pois, até este ponto, Ele estava se movendo com Israel; todos os Seus movimentos até então estavam relacionados a Israel. Parece como se Deus estivesse mudando de direção, e isto foi um problema para Pedro. Foi uma mudança muito grande na direção de Deus. 

Parecia que Deus estava mudando o Seu curso só porque havia enfrentado dificuldades em Israel. É assim que muitos expositores da Bíblia interpretam. A ida aos gentios, dizem, foi uma política completamente diferente adotada pelo Senhor, isto porque os Judeus lhe apresentaram dificuldade. É assim que Pedro viu a coisa, sentindo-se muito mal com isso, e, então, teria dito: "Senhor, você não pode fazer isso. Você andou com Israel por séculos. Você não pode mudar o curso agora”. Os irmãos estão entendendo a questão agora? – o fato é que Deus não estava mudando o curso. A Bíblia deixa bem claro que Deus sempre teve os gentios em mente. Ele queria alcançar os gentios através dos Judeus. Se os Judeus fracassaram em servir a Deus desta maneira, Ele simplesmente continua firme com o Seu propósito de sempre.

As rodas seguem em frente. Elas podem mudar de direção, mas isto não significa mudança de propósito. Mesmo numa aparente mudança de direção, elas ainda continuam em frente. Deus não deixa o Seu caminho por causa das circunstâncias. Ele apenas segue em frente. Agora, isto é algo muito difícil de entender enquanto vocês leem esta visão das rodas, mas penso que a ilustração de Israel e dos gentios é a chave para esta situação. 

Então, ponto número três: as rodas tocam a terra e sobem para o céu. E, então, parece que elas voltam a terra novamente e aí permanecem. Os seres viventes abaixam suas asas, e, por um tempo, tudo parece ficar imóvel, e, então, a inferência que temos é a de que elas prosseguem novamente. 


O Senhor começou algo no dia de Pentecoste. Começou em Jerusalém. Podemos dizer que Ele começou, por assim dizer, na terra. Seus movimentos estão sobre a terra – Ele está, através deste livro, numa posição sobre a terra, e, então, pára. Isto não é uma contradição daquilo que acabamos de falar. Há tempos quando o Senhor precisa esperar – esperar por algo – Seus movimentos para frente parecem parar.

Observem as nossas próprias vidas. Há um movimento de Deus, e, então, parece haver um período de espera – o Senhor está esperando algo. Pode ser que Ele esteja esperando pelo nosso ajustamento a alguma luz que tenha nos dado. Pode ser que esteja esperando pela remoção daquilo que entrou, mas que não veio Dele. Podem ser muitas coisas, mas sabemos que, em nossas próprias vidas, há períodos em que parece que o Senhor não está se movendo.

Talvez Ele tenha parado o Seu movimento – talvez esteja agora esperando algo. Durante esse período de espera, precisamos refletir muito seriamente - "Por que será que o Senhor não está se movendo?” Por que o Senhor não está se movendo comigo? O que o Senhor está esperando? De que ajuste estou precisando? O que será que preciso tirar do caminho do Senhor? Precisamos nos exercitar todas as vezes que o Senhor parar e ficar esperando algo.
Então, chegamos ao próximo ponto: as rodas estão cheias de olhos; há olhos por todo o redor das rodas. Nós nos deparamos com esses olhos em muitas ocasiões na Palavra de Deus. Encontramos esses olhos na profecia de Zacarias, e também em Apocalipse, muitas vezes; naturalmente, sabemos o que eles simbolizam – representam a completa e perfeita inteligência do Trono. O governo do Homem do Trono é um governo de perfeita inteligência. Se transferirmos este princípio para o início do livro de Apocalipse, lá veremos o seu significado. As igrejas estão prestes a serem julgadas, mas Aquele que as julga é Alguém cujos olhos são chamas de fogo. E esta Pessoa diz às igrejas: “conheço as suas obras”. Então, Ele prossegue, falando tudo o que conhece sobre elas, e é mostrado que Ele conhece mais sobre as igrejas do que elas conhecem sobre si mesmas.

Ele fala a uma igreja que pensa que é rica e abastada, que de nada têm falta. Mas, Ele diz: “Vocês não sabem que são pobres, cegos e nus”. Então, o que Ele diz a eles? “Aconselho que de Mim comprem colírio, para que possam ver” – para que possam ver aquilo que Eu vejo. O Senhor conhecia mais e enxergava mais do que aquela igreja conhecia a respeito de si mesma.  Todos os movimentos deste Trono sobre rodas são de completa inteligência. Aquele que está no Trono vê e conhece tudo. O Senhor não é cego nem ignorante.

E, finalmente: o Espírito de Vida está nas rodas. O princípio que governa os movimentos do Senhor é a Vida. Quem governa o Trono é o princípio da Vida. Todos os movimentos de Deus desde a eternidade se dão nesta base, com esta questão da Vida.

TODO PODER ME É DADO NO CÉU E NA TERRA

Resumindo e trazendo isto para o Novo Testamento. Lendo Mateus 28:18-20. Jesus disse: "Toda autoridade me foi dada no céu e na terra”. Esta é a primeira metade da declaração que Ele faz nestas escrituras; e isto nos faz voltar ao Trono sobre rodas em relação a toda criação e a autoridade que está investida no Homem assentado sobre ele. Observem a palavra “autoridade”, usada por Jesus. Ele não disse, “todo poder Me foi dado no céu e na terra”; naturalmente, isto estava implícito, mas Ele usou outra palavra grega. Ele disse: “Toda autoridade Me foi dada”. Autoridade é algo maior do que poder. O poder está contido na autoridade. A autoridade é o exercício do poder. Jesus disse, "A Mim pertence toda autoridade de governo no céu”. - "Os homens podem me chamar apenas de Jesus de Nazaré, podem me considerar como um homem qualquer, mas eles acabarão descobrindo que em Mim está toda a autoridade do céu." E foi isso o que eles de fato descobriram.

Então, temos a outra metade da declaração, em Mateus: “Por isso, ide por todo o mundo; e eis que estarei convosco todos os dias". Aqui estão os movimentos do Trono “em todo o mundo”, e a autoridade de Jesus Cristo está com a Igreja. Toda autoridade do céu está com a Igreja, quando ela se alinha aos movimentos do Trono.

Assim, primeiramente, trazemos Mateus 8:18-20 para Ezequiel, naquilo que se trata da questão da preparação do servo para a obra. Ezequiel certamente precisou desta preparação. Se ele não tivesse tido esta visão, a obra teria sido impossível. Todo servo do Senhor precisa desta visão. Se não tivermos claro diante de nós que o Homem no Trono governa, e que tem o controle e autoridade sobre tudo que acontece no universo, não seremos capazes de cooperar em Sua obra.

Adaptado do livro "O Persistente Próposito de Deus" - T.Austin-Sparks

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Queres ir com este homem?

"Chamaram, pois, a Rebeca e lhe perguntaram: Queres ir com este homem? Ela respondeu: Irei."
Gn 24:58

"Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai.... Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados."
Rm 8:14-17

O processo de escolha de Rebeca como esposa para Isaque é muito instrutivo. Quando o servo de Abraão busca essa noiva, o próprio Deus a coloca diante dele. Tudo é dirigido pelo Senhor. O servo de Isaque mostra todas as riquezas do seu senhor, Rebeca escolhe se quer ou não se casar com ele e então, seguir com esse servo para a terra distante.

Rebeca escolheu seguir com esse servo. Assim, partiu ela sem saber exatamente para onde ia. Em um certo sentido, ela representa a noiva de Cristo, que é convidada pelo Espírito Santo para segui-lo em sua vida diária, preparando-se para as bodas com o nosso verdadeiro Isaque. 

O que chama muita atenção é que Deus não impõe à noiva esse casamento, mas deixa a escolha a critério dela.

"A obra do Espírito na vida do Cristão é dirigida no sentido de trazer esse indivíduo ao ponto onde ele pode ser confrontado com essa questão. Então, a resposta do cristão a essa pergunta vai permitir que o Espírito continue a Sua obra nessa vida daí por diante. O objetivo é trazer o Cristão a um ponto em que seja permitido que, no futuro, ele possa ser parte da noiva de Cristo. Uma resposta negativa vai "entristecer" (suprimir) a obra contínua do Espírito naquilo que tange a sua preparação por meio das circunstâncias ordenadas para seu amadurecimento (Ef 4:30)." (Chitwood)

Que possamos responder positivamente ao chamado do Senhor, e estar dispostos a enfrentar o grande deserto desse caminho de encontro com o nosso Isaque. Temos o Espírito Santo como guia, que é o nosso Consolador e Mestre nessa caminhada...

"Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á. Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma? Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e, então, retribuirá a cada um conforme as suas obras."
Mateus 16:24-27