Podemos ler primeiramente Hebreus 9:15-17: "Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova
aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que
havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que
têm sido chamados. Porque, onde há testamento [a mesma palavra para aliança no
original], é necessário que intervenha a morte do testador; pois um testamento
[aliança] só é confirmado no caso de mortos; visto que de maneira nenhuma tem
força de lei enquanto vive o testador".
Esses poucos versículos nos mostram a relação entre
a morte de Cristo na cruz e a antiga e a nova aliança. Sob a antiga aliança, os
homens pecaram da mesma forma que o fazem agora. Uma vez que existia o pecado,
havia a necessidade do Salvador. Se um homem pecou e não recebeu o perdão de
Deus, ele terá de suportar seu próprio julgamento do pecado. Deus não pode
perdoar o pecado do homem simplesmente pela Sua misericórdia. Fazer isso
colocá-Lo-ia em injustiça. Por essa razão, na redenção à maneira de Deus, Ele
estabeleceu o caminho da substituição. Sob a antiga aliança, Ele utilizava
muitos sacrifícios e ofertas para fazer propiciação pelos pecados do homem. Uma
vez que muitos animais morriam a favor do homem, este recebia o justo perdão de
Deus.
A palavra "propiciação" no hebraico
significa "encobrir". Sob a antiga aliança, a propiciação era somente
um encobrimento dos pecados do homem com o sangue de animais, pois a Bíblia
claramente diz: "Porque é impossível
que o sangue de touros e de bodes remova pecados" (Hb 10:4).
Por essa causa, na plenitude dos tempos Deus enviou
Seu Filho ao mundo para morrer pelos homens. Por meio de Sua única oferta de Si
mesmo, a salvação eterna da redenção foi cumprida. Os pecados que não eram
removidos pelo sangue de touros e bodes, no Antigo Testamento, são agora
removidos por meio da Sua morte, pois Ele é o "Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (Jo 1:29).
A morte de Cristo conferiu grande mudança à história: dividiu a era do Antigo
Testamento da do Novo Testamento. Antes dela tínhamos a era do Antigo
Testamento; após ela temos a era do Novo Testamento. A leitura dos versículos
mencionados acima abrange esse ponto.
Esses três versículos falam sobre dois tipos de
relacionamento que a morte do Senhor tem com a antiga e a nova aliança. Hebreus
9:15 mostra como Ele é o Mediador. Os versículos 16 e 17 mostram como Ele se
tornou o que fez o testamento.
...A seguir devemos considerá-Lo como o que fez o
testamento. A palavra "testamento" é "aliança" na língua
original. Na explanação acima, vimos a lei da aliança. Todos os que
transgrediam a lei morriam. Cristo morreu para redimir-nos do pecado. Posto
isso, consideremos o testamento da aliança. Um testamento significa um arranjo
feito por um testador para a passagem de suas posses, quando da sua morte, para
seu herdeiro. O Senhor Jesus é o Testador, o que fez o testamento. Todas as
bênçãos desta era e da próxima pertencem a Ele. Assim como Ele desejava
carregar os pecados dos que estavam na primeira aliança, da mesma forma Ele
deseja conceder tudo o que é prometido nessa aliança (testamento). Para que
pudesse redimir o homem de seus pecados, Ele teve de morrer. Para que o homem
pudesse herdar o testamento, Ele também teve de morrer. Se um homem estiver
vivo, o testamento que ele fizer não estará em vigor. Ele deve morrer antes que
o herdeiro possa receber a herança. Aqui vemos o profundo relacionamento entre
a morte de Cristo e a antiga e a nova aliança. Resumindo, sem a Sua morte não
haveria a antiga e a nova aliança. Sem a Sua morte, o Antigo Testamento não
poderia ser completo, pois o requisito da Sua lei não teria sido satisfeito.
Sem a Sua morte não poderia haver o Novo Testamento, porque não haveria maneira
de a bênção do Seu testamento ser concedida aos chamados. Mas o Senhor morreu,
e terminou a primeira aliança e decretou a segunda. De fato, o Novo Testamento
foi decretado por Seu sangue.
Continua amanhã...
Extraído do livro “A Cruz” – Watchman Nee
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