segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Cinco Passos em Direção à Boa Terra da Obediência 3/5

3 - A Fé Espera

É grande a diferença entre desejo e expectativa. Alguém pode ter um forte desejo pela salvação e, ao mesmo tempo, ter pouca esperança de realmente obtê-la. É um grande passo à frente quando o desejo passa a ser expectativa, e a pessoa começa a falar:

"Tenho certeza de que é para mim e, embora eu não o veja agora, tenho uma confiante expectativa de obtê-lo."

A vida de obediência não é mais um ideal inatingível que Deus coloca diante de nós apenas para fazer com que nos esforcemos um pouquinho mais para alcançá-lo. Não! É uma realidade planejada por ele para que fosse experimentada em carne e sangue aqui na terra. Espere-a, como algo preparado com toda certeza para você. Cultive a expectativa de que Deus a torne experiência em sua vida.

Muitas coisas, na verdade, tendem a neutralizar essa expectativa: suas falhas no passado; seu temperamento ou circunstâncias desfavoráveis; a fragilidade da sua fé; sua dificuldade ao pensar no que essa entrega, essa disposição de ser obediente até a morte, pode exigir de você; sua consciência da falta de poder para isso – tudo faz com que você diga:

"Talvez seja para os outros, mas receio que não seja para mim."

Eu lhe imploro que não fale dessa maneira. Falando assim, você deixa Deus fora da equação. Tenha expectativa de receber sua herança. Olhe para cima, para o poder e para o amor de Deus, e comece a dizer:

"Isto é para mim, sim!"

Tome coragem ao conhecer os santos de Deus do passado. Veja aqui um exemplo.

Desde a sua mocidade, Gerhard Tersteegen (um pregador pietista alemão, 1697-1769) buscava e servia ao Senhor. Tal era o desejo gerado pelo Espírito no seu interior, que abandonou carreira e negócios para poder buscar a Deus com mais empenho. Depois de algum tempo, a sensação da graça de Deus lhe foi retirada e, por cinco longos anos, viveu como um náufrago perdido no meio do mar, onde não aparecem nem sol nem estrelas. "Mas a minha esperança estava em Jesus." De repente, brilhou nele uma luz que nunca mais se apagou.
A vida de crucificação com Cristo não se podia aprender, de acordo com sua nova luz, através de estudo ou instrução humana. Só podia ser ensinada pelo Espírito Santo. "É algo muito pequeno para Deus nos levar a encontrar em nossas almas, em um instante, sem esforço, aquilo que talvez tenhamos buscado exteriormente, por muitos anos e com muito empenho."
O que ele encontrou? Uma nova visão do Salvador, como aquele que é todo-suficiente. "Jesus somente é suficiente", ele aprendeu, "no entanto, é insuficiente quando não for abraçado como solução total e única."

Ele escreveu com sangue das suas próprias veias uma carta para o Senhor Jesus, na qual disse:

"Meu Jesus, reconheço que pertenço somente a ti, meu único Salvador e Noivo. Desta noite em diante, renuncio do meu coração todo direito e autoridade que Satanás injustamente me concedeu sobre mim mesmo. Esta noite tu rompeste as portas do inferno e abriste para mim o coração amoroso do Pai! Desta noite em diante, ofereço todo meu coração e todo meu amor a ti em eterna gratidão. A partir desta noite, e por toda eternidade, tua vontade, não minha, seja feita! Comanda, reina e governe sobre mim. Eu me entrego totalmente, sem reservas, e prometo, com a tua ajuda e poder, dar a minha última gota de sangue antes de consciente e voluntariamente, em meu coração ou vida, ser falso e desobediente a ti. Tu tens o amor do meu coração para ti mesmo e para mais ninguém. Teu Espírito seja meu guarda; tua morte, a rocha da minha segurança. Que teu Espírito sele o que foi escrito na simplicidade do meu coração."

Tua possessão indigna, Gerhard Tersteegen, 1724

Esta foi a sua obediência até a morte.   
         
O mesmo Deus ainda vive. Você também pode experimentar a vida de obediência que vem por Cristo. Ponha a sua esperança nele. Ele o fará.

Extraído do livro “As Bênçãos da Obediência” – Andrew Murray

Publicado pela Editora dos Clássicos

sábado, 28 de setembro de 2013

Cinco Passos em Direção à Boa Terra da Obediência - Parte 2/5

2 - A Fé Deseja

Quando leio o evangelho e vejo quão prontos estavam os doentes, os cegos e os necessitados para crerem na palavra de Cristo, freqüentemente eu me pergunto: O que eles tinham que os tornavam tanto mais preparados para isso do que nós? A resposta que eu encontro na Palavra é esta: a grande diferença estava na honestidade e na intensidade do desejo. Eles verdadeiramente desejavam libertação com todo o seu coração. Não havia necessidade de insistência para fazê-los desejar a bênção de Jesus.

Pena que é tão diferente conosco! Todos nós desejamos, de certa maneira, ser melhores do que somos. Mas quão poucos realmente "têm fome e sede de justiça"; quão poucos desejam intensamente e imploram por uma vida de total obediência e pela constante consciência de estarem agradando a Deus!
Não pode haver fé forte sem desejo forte. Desejo é o grande motivador do universo. Foi o desejo de Deus de nos salvar que o moveu a enviar o seu Filho. É o desejo que move os homens a estudarem, trabalharem e sofrerem. Só o desejo de salvação pode trazer um pecador a Cristo. É o desejo por Deus, pela mais íntima amizade com ele, e por ser exatamente o que ele quer que sejamos, que fará com que a terra prometida nos seja atraente. É isto que vai fazer com que abandonemos as demais coisas para conseguir tudo o que nos foi prometido e tornar a obediência de Cristo nossa de fato.

E como é que o desejo pode ser despertado? Olhando, à luz do Espírito de Deus, contemplando essa vida e vendo-a como possível, como certa, como divinamente assegurada e abençoada, até que a nossa fé comece a arder com desejo e digamos:


"Eu realmente desejo obtê-la. Com todo o meu coração vou buscá-la."

Extraído do livro "As Bênçãos da Obediência" - Andrew Murray
Publicado pela Editora dos Clássicos

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Cinco Passos em Direção à Boa Terra da Obediência - Parte 1/5

Sabendo que Deus nos chama para entrarmos na boa terra de obediência total, permanece a pergunta: Como entrar nela? Quero oferecer cinco palavras como expressões da disposição de um coração confiante para entrar naquela boa terra: eu a vejo, eu a desejo, eu a espero, eu a aceito e eu confio em Cristo.

1 - A Fé Vê

Necessitamos, em primeiro lugar, estabelecer a questão de maneira calma e definitiva.

Existe realmente uma tal terra da promessa onde constante obediência é certa e divinamente possível? Enquanto houver alguma dúvida sobre este ponto, é fora de questão subir e possuir a terra.

Pense, por um instante, na fé de Abraão. Era uma confiança que repousava em Deus, na sua onipotência e na sua fidelidade. Ouça esta promessa: "Dar-vos-ei coração novo... porei dentro em vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis" (Ez 36.26,27).
Aqui está o compromisso de aliança de Deus. Ele completa: "Eu, o Senhor, o disse, e o farei" (v.36). Ele assume a responsabilidade de levar-nos a obedecer e de nos capacitar para isso. Em Cristo e no Espírito Santo, ele fez a provisão mais maravilhosa que se possa imaginar para o cumprimento da sua promessa.

Simplesmente faça o que Abraão fez – fixe o seu coração em Deus. "Mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus, estando plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir o que prometera" (Rm 4.20,21). A onipotência de Deus era o esteio de Abraão. Faça com que seja o seu também. Olhe para todas as promessas que temos na Palavra de Deus de recebermos um coração puro, um coração firmado e irrepreensível em santidade, uma vida de justiça e santidade, um caminhar inculpável e agradável a Deus em todos os seus mandamentos, de Deus trabalhar em nós para efetuar tanto o querer como o realizar, e de operar em nós aquilo que é agradável à sua vista – e veja tudo isso com fé simples: Deus o disse; seu poder irá realizá-lo.

Esta vida de plena obediência é possível, está ao nosso alcance. Essa certeza precisa tomar conta de sua vida. A fé pode ver o invisível e o impossível. Maravilhe-se com a visão até que o seu coração diga:


"Tem de ser verdade. É verdade. Há uma vida prometida que ainda não conheci."

Extraído do livro "As Bençãos da Obediência" - Andrew Murray
Publicado pela Editora dos Clássicos

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Tomando a Cruz

"E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim." (verso 38). Este verso é a soma do que foi dito antes - esta é a cruz! O que significa tomar a cruz? O Senhor não disse que aquele que não toma sua carga e segue após mim não é digno de mim. Não, Ele diz que quem não toma a sua cruz e segue após mim não é digno de mim. Uma carga não é uma cruz. Carga é uma coisa inevitável; cruz, entretanto, está sujeita à escolha da pessoa e portanto pode ser evitada.

O que a primeira cruz histórica foi, assim as incontáveis pequenas cruzes que vêem depois serão; assim como a cruz original foi escolhida pelo Senhor, a cruz de hoje também precisa ser escolhida por nós.

Algumas pessoas assumem que estão carregando a cruz sempre que elas estão passando alguma privação ou se encontram angustiadas. No entanto, isto não é verdade porque estes tipos de coisas podem naturalmente acontecer com qualquer pessoa até mesmo se aquela pessoa não é um crente. Todas as cruzes que alguém toma precisam ser escolhidas por ela mesma. Por esta razão a pessoa deve se guardar contra um erro aqui, que é, não se deve criar cruzes para si mesmo. Devemos tomar a cruz, não criá-la.

Portanto é um grande engano considerar tudo o que recai sobre nós como sendo cruzes para tomarmos. Quaisquer cruzes que nós mesmos criamos não são reconhecidas como cruzes a serem tomadas.

O que então é uma cruz? Deve ser parecida com o que o Senhor mesmo disse: "Meu Pai... seja feita a tua vontade" (Mateus 26:42). O Senhor disse ao Seu Pai para não responder conforme a vontade do Filho, mas conforme a vontade do Pai. Isto é a cruz. Tomar a cruz é escolher a vontade que o Pai decidiu. Posso dizer sinceramente que se nós não escolhemos a cruz diariamente, não temos cruz para carregar. Se o Senhor tivesse esperado até que a cruz viesse até Ele aqui na terra, como seria possível para Ele ter sido o Cordeiro Imolado desde antes da fundação do mundo? Pois Ele não tinha escolhido a cruz no céu quando Ele estava lá e então "esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz". (Filipenses 2:7 e 8). Nosso Senhor realmente escolheu a cruz "Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade para a dar, e tenho autoridade para retomá-la." (João 10:18). De acordo com o mesmo princípio, nossa cruz deve ser alguma coisa a qual nós mesmos escolhemos.

Extraído do livro "A Salvação da Alma" - Watchman Nee

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Comendo o alimento certo

Sobre o que a Bíblia fala desde o princípio até o fim? Todos aqueles que conhecem a Bíblia reconhecem que há um princípio na Bíblia: A maneira que determinado assunto é falado pela primeira vez na Bíblia torna-se imutável o significado daquele assunto em seu desenvolvimento posteriormente. Portanto, se nós quisermos conhecer o relacionamento adequado entre Deus e o homem, nós temos que ver o que Deus queria que o homem fizesse depois que Ele o criou. Depois que Deus criou Adão, Ele não disse, “Adão, Eu o criei. Eu sou seu Senhor. Você tem que Me adorar, e você tem que Me agradecer e Me louvar”. Nós não vemos estas palavras registradas na Bíblia. Estes pensamentos são os conceitos religiosos do homem. Eu não estou sugerindo que estes conceitos sejam ruins, mas estes conceitos religiosos saíram dos pensamentos caídos do homem. Eles não eram os pensamentos do princípio. Depois que Adão foi criado, Deus o colocou em frente à árvore da vida e lhe disse que comesse livremente do fruto das árvores no jardim. A primeira coisa que Deus queria que o homem fizesse era comer, comer, e comer! Portanto, nós vemos que a Bíblia é um livro sobre comer. Comer o que? Comer Deus! Comer o Senhor!

Entretanto, você pode ver imediatamente o erro que o homem cometeu naquilo que ele comeu, e ele caiu. É terrível comer a coisa errada. Adão caiu porque ele comeu a coisa errada. Nosso comer físico é um símbolo desta questão. Qualquer coisa que nós comemos, seja da vida animal ou da vida vegetal, ela nos dá uma provisão de vida. Se nós comermos a coisa errada, nós poderemos ser envenenados. Em alguns casos nós podemos ficar doentes, mas nos casos mais sérios podemos até morrer. O mesmo é verdade no reino espiritual. Somente Deus é o alimento certo; é correto para nós somente comermos Deus. Se nós comermos qualquer coisa diferente de Deus, nós comeremos a coisa errada. 

Irmãos e irmãs, sobre o que a Bíblia fala? Comer! Por que razão Jesus veio? Ele veio para nós O comermos. Sempre que o Cristianismo fundamental fala sobre a Festa da Páscoa, o sangue do cordeiro invariavelmente é considerado com extrema importância. Eu não estou sugerindo que o sangue não seja importante. O homem pecou, e ele precisa do sangue. No Jardim do Éden, porém, havia a árvore da vida; não havia nenhum sangue. Foi quando o homem pecou que foi necessário o sangue, mas o cordeiro não tem apenas sangue, mas também carne. O sangue trata de nossos pecados devido a nossa queda, e a carne nos supre com a vida da árvore da vida. Conseqüentemente, não é somente o sangue; é o sangue com a carne.


Quando você lê Êxodo 12, você pode ver estas duas coisas — o sangue e a carne. O sangue foi aspergido fora da casa, assim a casa estava debaixo do sangue. O que filhos de Israel estavam fazendo debaixo da cobertura do sangue? Eles estavam comendo. Muitos no Cristianismo falam claramente sobre o sangue, mas o foco do cordeiro da Páscoa não está no sangue, mas na carne. O sangue é para a carne; e o aspergir do sangue é para homem comer a carne. O sangue é para redenção, e a redenção é para trazer de volta o homem ao desfrute de Cristo como vida. 

Extraído do livro "Comendo o Senhor" - Witness Lee

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Anda na minha presença

"Quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe o Senhor, e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso: anda na minha presença, e sê perfeito. Farei uma aliança entre mim e ti, e te multiplicarei extraordinariamente. Prostrou-se Abrão, rosto em terra, e Deus lhe falou."
Gênesis 17:1-3

Anda na minha presença, e sê perfeito. É na vida de comunhão com Deus, na Sua presença contínua, que se torna possível a perfeição. Anda na minha presença - Abraão ja vinha fazendo isso. Mas agora a palavra de Deus o chamava para uma apreensão mais clara e mais cônscia disso, como a grande vocação de sua vida. É fácil para nós estudarmos o que as Escrituras ensinam sobre a perfeição, e assim, formarmos idéias a respeito, e argumentarmos em favor delas. Não nos esqueçamos, entretanto, que é somente quando estamos andando bem próximos do Senhor, buscando e até certo ponto conseguindo uma comunhão constante com Ele, que a ordem divina se tornará para nós uma realidade, no desdobramento do seu significado. Anda na minha presença, e sê perfeito. A presença real de Deus é a escola, é o segredo da perfeição.

Essa ordem não foi dada exclusivamente a Abraão. Moisés a transmitiu a todo o povo de Israel:" Perfeito serás para com o Senhor teu Deus." Esse mandamento pertence a todos os filhos de Abraão; para todo o Israel de Deus; para cada crente. Não pense que antes de obedecer é necessário primeiro entender, e definir o que significa a perfeição. Não, o caminho de Deus é diametralmente oposto a isso. Abraão partiu, sem saber para onde ia. Prossiga, mesmo sem saber para onde vai. Deus mesmo lhe mostrará a terra.

Deixe que o seu coração se encha de Sua glória - Eu sou o Deus Todo-Poderoso. Que a sua vida seja gasta perante Ele, anda na minha presença. E, desta maneira, com Seu poder e presença repousando sobre todo o seu ser, antes que isso seja percebido, seu coração será arrebatado e fortalecido para que aceite e se regozije, cumprindo o mandamento: sê perfeito. Tão certamente como  o botão florido precisa apenas permanecer na luz do sol para atingir sua plena maturidade e perfeição, assim também a alma que anda na luz de Deus será igualmente perfeita.

Extraído do livro "Sê Perfeito" - Andrew Murray

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A Consciência do Corpo

“Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros”
Rm 12:4-5

Na vida da igreja devemos aprender a ter consciência do Corpo. Quando estamos em desacordo com os santos, certamente estamos em desacordo com Deus.

Alguns cristãos são como borboletas: agem independentemente. Outros são como abelhas: agem e movem-se juntos. A borboleta voa de flor em flor, seguindo o próprio e doce caminho; mas a abelha trabalha para a colméia. A borboleta vive e trabalha individualmente, mas a abelha tem consciência da coletividade.

Todos deveríamos ser como as abelhas, e ter consciência do Corpo de Cristo para viver junto com os demais membros no Corpo. Onde quer que haja revelação do Corpo, ali há consciência do Corpo, e onde quer que haja consciência do Corpo, o conceito e a ação individuais são imediatamente descartados.

Ver Cristo resulta em libertação do pecado; ver o Corpo resulta em libertação do individualismo. Ver o Corpo e ser libertado do individualismo não são duas coisas, mas uma só. Assim que vemos o Corpo, nossa vida e obra individuais cessam. Não é questão de mudança de atitude ou de conduta; a revelação faz a obra. Não podemos entrar na esfera do Corpo senão vendo. Uma visão interior verdadeira resolve todo o problema.

Extraído do livro “O Mistério de Cristo” – Watchman Nee


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O Grande Prêmio

“Porque para mim o viver é Cristo”
Fp.2:21

A carta aos filipenses começa com uma declaração de Paulo: “Porque para mim o viver é Cristo” (2:21) e, depois, continua a expressar seu desejo de conhecer ao Senhor mais e mais, com sua determinação de perseguir tal conhecimento como um prêmio muito desejado.

Se quisermos saber o que significa ganhar a Cristo, temos de voltar para Romanos 8:29, onde descobriremos que a intenção de Deus é que sejamos conformados à imagem do Seu Filho. Ser conformado é ganhar a Cristo – este é o prêmio, e ele envolve alcançar a plenitude de Cristo em perfeição moral. Tal plenitude deve expressar a glória a ser manifestada pelos filhos de Deus. É simplesmente isto: tornar-se moral e espiritualmente um com Cristo em Seu lugar de exaltação é o alvo e o prêmio da vida cristã. Faremos bem se mantivermos diante dos olhos este final glorioso: “a manifestação dos filhos de Deus”.

Quando Paulo falou sobre ganhar a Cristo e sobre alcançar o prêmio, ele estava expressando seu desejo ardente de ser conformado à imagem do Filho de Deus. Essa conformação é o objetivo da salvação e é o propósito de Deus na salvação, não deixando, porém, de ser algo pelo que precisamos batalhar. É claro que não fazemos nada para ganhar a salvação, e que também não precisamos sofrer a perda de todas as coisas para sermos salvos. Somos salvos pela fé, não por obras; salvação não é um prêmio a ser alcançado, não é algo pelo qual tenhamos de nos esforçar, mas é um presente, um dom gratuito.

Além desse presente, contudo, Paulo ainda aspirava alcançar alturas não conquistadas e, por isso, escreveu que considerava todas as coisas como perda por causa da excelência do conhecimento de Jesus Cristo seu Senhor. Se o poder do mesmo Espírito está operando em nós, certamente produzirá o mesmo efeito de nos fazer entender quão pequeno é o valor de tudo o mais quando comparado com o grande prêmio de Cristo.


Extraído do texto “O Grande Prêmio” – T.Austin-Sparks

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A Necessidade de Suprimento do Corpo


“Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um. Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros, tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé”
Rm 12:3-6

Todo cristão deveria saber que é apenas um membro. Sem os outros membros ele não sobrevive. Todos os membros devem estar unidos para tornar-se o Corpo. Todos os membros no Corpo estão relacionados uns com os outros, e não podem ser separados.

Entre os membros deve haver suprimento e relacionamento mútuos. Somente assim eles podem sobreviver. Se um cristão tem um viver independente, mais cedo ou mais tarde ele ficará fraco e secará.

Se sou um ouvido, não consigo ver e nem deveria esperar ver por mim mesmo. No corpo, a função de ver cabe aos olhos, e não há oração que consiga dar vista aos outros membros. Se sou ouvido, que devo fazer para ver? Devo ir aos olhos, ou seja, a um irmão que vê, e pedir ajuda.

Para prosseguir com o Senhor, devemos reconhecer Seu suprimento para nós no Corpo e usufruir dele. Todo o Corpo é edificado por meio da interdependência dos membros.


Extraído do livro “O Mistério de Cristo” – Watchman Nee

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Deus tem um Propósito em Todo o Sofrimento


“Conheço a tua tribulação, a tua pobreza...”
Ap.2:9

Deus não se deleita com as provações de Seus filhos. A Bíblia diz que Cristo é compassivo conosco em todas as nossas provas, sendo tocado pelos sentimentos de nossas enfermidades. Em Apocalipse 2:9 Ele diz à igreja, "Conheço a tua tribulação, a tua pobreza...". Ele está dizendo essencialmente, "Sei o que você está atravessando. Você pode não entender, mas estou sabendo de tudo".

É essencial que compreendamos esta verdade, porque o Senhor efetivamente testa e prova o Seu povo. As escrituras dizem, "Tu, ó Deus, nos provaste; tu nos afinaste como se afina a prata" (Salmo 66:10). "Vossa fé ... é provada pelo fogo" (1 Pedro 1:7). "O Senhor prova o justo" (Salmos 11:5).

De fato, todo aquele que segue a Jesus enfrentará aflições. O salmista escreve, "Muitas são as aflições do justo" (Salmo 34:19). Paulo revela ter "Muita tribulação e angústia do coração ... com muitas lágrimas" (2 Coríntios 2:4). E Hebreus descreve os santos que são, "desamparados, afligidos e maltratados", "suportando grande combate de aflições" (Hebreus 11:37, 10:32).

O fato é que a Bíblia fala muito sobre o sofrimento, tribulações e problemas na vida dos crentes. De acordo com o salmista, "A minha alma está cheia de angústia, e a minha vida se aproxima da sepultura" (Salmos 88:3). Igualmente Davi diz suportar, "muitos males e angústias" (71:20).

Não vejo um único seguidor de Jesus que não tenha suportado todas estas coisas mencionadas nas escrituras: provações, tribulações, problemas, aflições, angústia. Sei que posso dizer com Davi, "Tenho suportado muita dor, grandes problemas e provações". E sei que muitos outros que estão lendo esta mensagem podem dizer, "Esse é o resumo de minha vida neste momento. Estou enfrentando provas e aflições angustiantes".

Por esta razão, todo cristão deve saber e aceitar que Deus tem um propósito em todo o nosso sofrimento. Nenhuma prova entra em nossas vidas sem a Sua permissão. E um dos propósitos de Deus por trás de nossas provações é produzir em nós uma fé inabalável. Pedro escreve, "Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo" (1 Pedro 1:7). Pedro chama a estas experiências "prova(s) de fogo" (4:12).


Extraído do texto “Nem Todo o Sofrimento é uma Prova” – David Wilkerson

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Que é o Corpo de Cristo?

“...pois, segundo uma revelação, me foi dado conhecer o mistério, conforme escrevi há pouco, resumidamente;  pelo que, quando ledes, podeis compreender o meu discernimento do mistério de Cristo, o qual, em outras gerações, não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como, agora, foi revelado aos seus santos apóstolos e profetas, no Espírito,  a saber, que os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho...”
Efs 3:3-6

Que é o Corpo de Cristo? É a continuação da vida de Cristo na terra. Quando veio para a terra e aqui viveu, Ele Se expressou por meio de um corpo. Hoje, Ele ainda precisa de um corpo para expressar-Se.

Assim como um homem precisa de um corpo para expressar tudo o que ele é, Cristo precisa de um corpo para expressar-Se. A função do Corpo é ser a expressão plena de Cristo. Não podemos manifestar nossa personalidade por um membro isolado do corpo, como orelhas, boca, olhos, mãos ou pés. Da mesma maneira, Cristo não pode manifestar Sua personalidade por nenhum membro individual de Seu Corpo. É preciso todo o Corpo para manifestá-Lo. Devemos ver que tudo o que é de Cristo é expresso por meio do Seu Corpo.

Isso não é tudo. O Corpo de Cristo é a extensão e continuação de Cristo na terra. Foram necessários mais de trinta anos na terra para Cristo revelar a Si mesmo. Ele o fez como o Cristo individual. Hoje Ele Se revela pela igreja. Esse é o Cristo coletivo. Antes, Cristo era expresso individualmente; agora é expresso coletivamente.


Extraído do livro “O Mistério de Cristo” – Watchman Nee

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A Salvação da Alma

"Quem ama a sua vida, perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna."

O Senhor nos diz que alguém pode perder sua alma pela simples razão de amar sua própria alma.

O que significa amar nossa alma? É satisfazer todos os nossos desejos e agradar todas as nossas paixões. Se o Senhor, por exemplo, nos chama para deixar de fazer uma certa coisa, precisamos pôr de lado a nós mesmos e então obedecer ao Senhor.

Todas as vezes que o obedecemos, devemos nos pôr de lado. Não teremos sucesso em buscar obedecer a vontade do Senhor se amamos nossas próprias almas. Como um exemplo a mais, o Senhor poderia querer que abandonássemos esta coisa ou aquela pessoa que carinhosamente amamos. Continuaríamos a segui-Lo se amassemos nossas almas? Quão freqüentemente somos apegados a uma pessoa ou a uma coisa a ou uma questão. Muitos são cercados por amigos; eles recusam deixar suas almas caminharem insatisfeitas.

Não precisamos mencionar muitas coisas obviamente erradas pois somos bem conscientes de que elas são pecaminosas. Mas as coisas as quais normalmente tiramos grande prazer são coisas sobre as quais somos insensíveis como se fossemos apegados a elas. Sabemos que dinheiro é uma palavra muito ignóbil para ser mencionada; ainda assim quantas pessoas há que não desejam ter parte com ele! Um vestido ou uma deliciosa iguaria pode enlaçar uma pessoa.

Porque é tão duro para o homem não amar sua própria alma? Porque por não amar sua alma, ele deliberadamente a faz sofrer. Amar sua alma é não deixá-la sofrer. No entanto por amá-la, a pessoa invariavelmente a perderá. Porque ela já terá cedido para sua alma os excessivos desejos e desfrutes.

Quando a alma sofrerá perda? No tempo em que o Senhor estabelecer o reino. Qualquer um que amar sua alma nesta era não estará apto para desfrutar da glória com o Senhor no tempo futuro. Cremos que tanto a possessão da vida eterna bem como a entrada no céu são assuntos certos e positivos. Mas com relação ao assunto do reinar no reino milenar e experimentar futuro desfrute na alma - isto requer que não amemos nossas almas hoje.

Afirmei antes e afirmarei novamente agora que assim como Deus coloca diante do pecador o céu ou o inferno para que ele escolha (e se o pecador pode ver claramente ele sem dúvida escolherá o céu), Deus também coloca o reino e o mundo diante do cristão para que ele escolha. Escolhemos o reino? Ou escolhemos o mundo? Quão triste é que o pecador goste de escolher o céu, ao passo que um grande número de cristãos prefere ter o mundo! Muitos de nós pensamos que ser salvo é suficiente; no entanto vamos perceber que depois que nascemos de novo Deus coloca o futuro reino diante de nós para escolhermos.

Aquele que está satisfeito agora perderá a satisfação na glória e não desfrutará mais. "Quem ama a sua vida, perdê-la-á" declara o Senhor, "e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna". - Quão intimamente enlaçada está a nossa alma ao mundo! Amar a alma neste mundo é gratificar-se a si mesmo neste mundo. Comer e se vestir bem, ter muitos amigos e fãs, e gozar de fama e louvores entre homens - tudo é desejável mas fazem alentar a alma! No entanto aquele que alenta sua alma agora a perderá no reino.

Perder a alma não é ir para o inferno fazendo com que a alma sofra mas é não poder reinar com o Senhor.


Extraído do livro “A Salvação da Alma” – Watchman Nee

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A Suprema Grandeza do Seu Poder

“...iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder...”
Ef 1:18,19

A terceira questão que o apóstolo ora por nós é para que vejamos  "a suprema grandeza do Seu poder para conosco, os que cremos" (v. 19).

Devemos prestar atenção a essa frase curta, para conosco, nesse versículo. Esse grande poder não é algo que é desassociado a nós. Esse poder é para conosco.

Continuamente, esse grande poder é direcionado para nós que cremos. Nós somos o objeto desse poder.

Nunca devemos esquecer os quatro itens que constituem esse poder. Primeiro, ele é o poder que ressuscitou Jesus dentre os mortos (v. 20), o poder de ressurreição. Segundo, ele é o poder que assentou Cristo a direita de Deus (vv. 20-21), o poder transcendente.
Ele não pode ser retido, reprimido ou oprimido; ele transcede tudo. Terceiro, esse poder sujeitou todas as coisas debaixo dos pés de Cristo (v. 22). Esse é o poder subjugador. Quarto, é o poder que foi dado a Cristo para ser a Cabeça sobre todas as coisas (v. 22).

Esse é o poder que governa sobre todas as coisas. Temos de perceber esse poder em todos esses aspectos. Esse grande poder é a ressurreição, transcendência, sujeição e poder governante, e é esse poder que produz a igreja.

Extraído do livro “As Duas Orações mais Importantes do Apóstolo Paulo” – Witness Lee


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O Chamamento do Discipulado

"Ora, iam com ele grandes multidões; e, voltando-se, disse-lhes:" (verso 25).

Porque havia semelhante multidão indo com o Senhor? Porque Ele tinha acabado de pregar o evangelho. Como indica a parábola que precede este verso, Ele convida um grande número de pessoas para virem. De fato, todo aquele que quer comer vem. Muitos são cristãos; como é muito bom ser salvo. Como é bom ser nascido de novo e possuir a graça de Deus. Estas pessoas vão com o Senhor, e Ele volta-se para lhes falar. O que dá para entender do que Ele dirá é isto: Sim, vocês são salvos; mas se vocês querem me seguir, vocês terão que preencher certas condições. Ele então eleva o padrão da verdade, pois Ele não abaixará o critério ordenado por Deus por causa de uma grande multidão. Portanto podemos nós nos abster de falar das verdades nobres do reino, com seu reinado e outras coisas mais, por causa dos homens?

A porta pela qual os que crêem no Senhor Jesus são salvos é ampla, mas a porta pela qual os que O seguem e são glorificados com Ele é estreita. 'Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora."(João 6:37). Isto é salvação. No entanto há condições para os que desejam seguir o Senhor e ser Seu discípulo.

"Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs, e ainda também à própria vida, não pode ser meu discípulo." (Lucas 14:26). Aqui o Senhor reconsidera a questão concernente à alma. Ele primeiro menciona o pai e a mãe e esposa e filhos e irmãos e irmãs; então Ele menciona a alma. Se alguém está apto a não olhar para sua alma como preciosidade, ele é livre de todas as amarras. Deve-se pôr de lado qualquer coisa que contente e pacifique a alma.

O Senhor não disse que se deve lançar fora seu pai e mãe e esposa e filhos e irmão e irmãs. O que Ele disse é que se deve livrar-se da vida natural para que se possa reunir todo seu amor o qual se tem por outras pessoas para então amar mais o Senhor. Isto é um dever. Antes de um homem começar a segui-Lo, uma barreira formidável é colocada diante dele pelo Senhor. Se ele puder superar esta barreira, ele estará apto para vencer qualquer coisa no futuro. O Senhor não espera para pôr esta barreira depois que se entrou pela porta. Não, a barreira está ali logo no início. E aquele que supera esta barreira está pronto para ser discípulo do Senhor.

Depois que Cristo salva uma pessoa, a primeira coisa que se levanta na porta do discipulado é esta condição. O Senhor não estabelece esta condição três ou cinco anos depois que a pessoa nasce de novo. Se uma pessoa será Seu discípulo é um assunto a ser decidido bem no princípio.


Extraído do livro “A Salvação da Alma” – Watchman Nee

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Olhos do Coração Iluminados...

“iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos”
Ef 1:18

Precisamos de um espírito de sabedoria e revelação para que os olhos do nosso coração possam ser iluminados (Ef 1:18). Esses não são os nossos olhos físicos, mas nossos olhos interiores, os olhos do nosso coração. Pelo fato de termos um espírito, nossos olhos interiores podem ser iluminados. Então não apenas podemos compreender, mas também ver. Precisamos perceber que ver é muito melhor do que compreender.

Ao longo dos anos aprendi a não confiar no meu conhecimento ou no meu entendimento. Não importa o quanto você me diga sobre a cidade de Londres, eu não confio nisso. Por fim, tenho que ir e ver a cidade de Londres. Quando for lá, o que eu verei será diferente do que compreendi. O que entendemos nunca será tanto quanto podemos ver. Não nos é suficiente entender as coisas com respeito a igreja; devemos ver a igreja.

Paulo ora para que tenhamos um espírito de sabedoria e revelação a fim de que nossos olhos interiores possam ser iluminados para ver três coisas: a esperança da glória do chamamento de Deus (v. 18), a glória da herança de Deus (v. 18), e a suprema grandeza do Seu poder (v. 19). Essas três coisas profundas estão além do nosso conceito humano.


Extraído do livro “As Duas Orações mais Importantes do Apóstolo Paulo” – Witness Lee

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O Poder de Ressurreição

"É necessário que ele cresça e que eu diminua."
(Jo. 3:30)

Algumas pessoas podem perguntar: "Sabemos que, quando Deus opera em nós, Ele opera com o poder da ressurreição na ascensão. Esse motor está dentro de nós, mas como usaremos esse poder, como liberaremos essa energia a fim de podermos ser usados por Deus?"

Em nós mesmos, em nossa carne, não há energia alguma que nos leve a querer fazer a vontade de Deus. O poder da ressurreição, no entanto, vai nos capacitar e nos dar energia para querermos fazer a vontade de Deus. Dessa forma, sempre que você começar a querer fazer a vontade de Deus, isso significa que, de alguma forma, aquela energia foi liberada.

Hoje há um conceito muito errado no meio do povo de Deus. Muitas pessoas falam a respeito do poder de Deus dentro de nós e dizer que se, de alguma forma, pudermos liberar esse poder, nos tornaremos grandes, seremos poderosos. Quando pregarmos o evangelho, 3.000 pessoas se converterão. Em certo sentido isto está correto, mas em outro sentido não está correto porque o propósito de Deus é o seguinte: quando Ele está operando de acordo com o conselho da Sua vontade, o Seu objetivo é transformar a nossa vontade para que desejemos fazer a Sua vontade. Faremos a escolha que Ele faz, Deus escolheu alguma coisa, e nós escolheremos exatamente o que Ele escolheu. Cristo escolheu a cruz, então nós também escolheremos o caminho da cruz. Cristo foi rejeitado pelo mundo, então nós também estamos dispostos a sermos rejeitados pelo mundo. Esse é o grande poder que há dentro de nós. Basta-nos querer fazer a vontade de Deus e essa é uma das maiores demonstrações de liberação dessa energia.

Basicamente, a obra do Espírito Santo é glorificar a Cristo, é engrandecê-LO e não nos engrandecer. A obra de Deus é tornar-nos cada vez menores e Cristo cada vez maior. Esse ponto é extremamente importante - precisamos aprender a liberar esse poder, mas nunca para que nós estejamos em evidência. No mundo espiritual, se Deus está operando em nós, nunca desejaremos dar um espetáculo para nos engrandecer, ao contrário, nós diminuímos para que Cristo cresça.

Extraído do livro "Pedras Preciosas" - Christian Chen
Edições Tesouro Aberto

sábado, 7 de setembro de 2013

Caráter através do conflito

"Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela."  (Mt 16:18)

A construção da Casa de Deus, portanto, não é um ajuntamento de pessoas mas uma construção espiritual e de caráter, e só é feita pelo conflito. A economia Divina é tão ordenada que, apesar do Senhor Jesus ter em Si o triunfo universal sobre todos o Seus inimigos, os inimigos ainda são deixados para lidarmos com eles. O inimigo, apesar de derrotado, ainda foi deixado para os santos terem algo para fazer. O Senhor não pôs nossos inimigos fora do universo, apesar de Nele mesmo Ele ter triunfado. Ele deixou o inimigo para lidarmos com ele no Seu triunfo, e é assim que eu e você obtermos o nosso desenvolvimento moral e espiritual. 

É no conflito, através da batalha, no combate espiritual sinistro e terrível, que as excelências morais do nosso triunfante Cabeça são expressas em nós. 

Nós triunfamos em Sua vitória, mas nós sabemos que a fé é testada no conflito, é profundamente provada na batalha. Isso é algo mais do que apenas objetivamente tomar posse, ou crer em algo em Cristo. O exercício da fé traz dEle, para dentro de nossas almas, a força da Sua vitória. Nós somos feitos moralmente um com Ele e com Seu triunfo pelo teste da fé que é tão sinistro e terrível que nada que não é dEle em nós vai ser suficiente para nos levar adiante. Isso tem que ser embutido em nosso ser, e isso é feito através do conflito no qual a fé é fortalecida, e assim, espiritual e moralmente, nós construímos através do conflito, através da adversidade, na ordenação Divina e soberana de nossas vidas.


O lado moral das coisas que vem do exercício, exercício da fé no valor da vitória do Calvário. Uma coisa é apropriar-se teoricamente da vitória do Calvário e dizer em uma hora de emergência: eu tomo posse a vitória do Calvário. Mas mesmo quando nada acontece, e apesar de você alcançar uma posição como essa você se sente chamado a segurar firme, segurar firme, segurar firme, e, durante o tempo que está sendo chamado pelo Senhor para segurar firme, sua fé está sendo testada, e a vitória do Calvário está se tornando algo não apropriado objetivamente mas estabelecido interiormente, e enfim a Vitória está em nós e está no Senhor. Mas isso se tornou uma qualidade moral em nosso ser, e da próxima vez que formos testados não é um tentar  “tomar posse” de algo, mas está lá com raízes em nós, algo foi feito em nós, e foi tornado parte de nós.

Extraído do texto "Os despojos da Batalha" - T.Austin-Sparks

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A Humildade no nosso mestre Jesus


No Evangelho de João, temos a vida interior de nosso Senhor exposta a nós. Jesus ali fala frequentemente de Seu relacionamento com o Pai, dos motivos pelos quais Ele é guiado, de Sua consciência do poder e espírito nos quais Ele atua. 

Ainda que a palavra "humilde" não apareça, não há qualquer outro lugar nas Escrituras onde vemos tão claramente em que consistia Sua humildade. 

...essa graça, na verdade, nada é senão o simples consentimento da criatura em permitir que Deus seja tudo, em virtude de entregar-se exclusivamente a Sua operação. Em Jesus, veremos que, tanto como Filho de Deus nos céus como homem na terra, Ele tomou o lugar de total subordinação e deu a Deus a honra e a glória que Lhe são devidas. 

E o que Ele ensinou tão frequentemente tornou-se verdade para Ele mesmo: "Quem a si mesmo se humilhar será exaltado  (Mt 23.12). Como está escrito: "A Si mesmo se humilhou (...) pelo que também Deus O exaltou sobremaneira" (Fp 2.8, 9).

Ouça as palavras em que o Senhor fala de Seu relacionamento com o Pai, e veja como incessantemente Ele usa as palavras "não" e "nada" para referir-se a Ele mesmo. O "não eu", no qual Paulo expressa sua relação com Cristo, é o mesmo espírito no qual Cristo fala de Sua relação com o Pai.

"O Filho nada pode fazer de Si mesmo" (Jo 5.19).

"Eu nada posso fazer de Mim mesmo (...).
  O Meu juízo é justo, porque não procuro a Minha pró­pria vontade" (v. 30).

"Não aceito glória que vem dos homens" (v. 41).

"Eu desci do céu, não para fazer a Minha pró­pria vontade" (6.38).

"O Meu ensino não é Meu" (7.16).

"Não vim de Mim mesmo" (v. 28 - RC).

"Nada faço por Mim mesmo" (8.28).

"Não vim de Mim mesmo, mas Ele Me enviou"(8.42 - RC).

"Eu não procuro a Minha própria glória" (v. 50).

"As palavras que Eu vos digo, não as digo por Mim mesmo" (14.10).

"A palavra que estais ouvindo não é Minha" (v. 24).

Essas palavras abrem para nós as raízes mais profundas da vida e da obra de Cristo. Elas nos fa­lam como foi que o Deus Todo-Poderoso pôde trabalhar Sua maravilhosa obra de redenção por meio Dele, Cristo.

Elas mostram o que Cristo considerou como o estado de coração que Lhe cabia como o Filho do Pai. Elas nos ensinam o que são a natureza e vida essenciais dessa redenção que Cristo cum­priu e agora transmite. É isto: Ele não era nada para que Deus fosse tudo. Ele renunciou a Si mesmo totalmente, com Sua vontade e Suas forças, para que o Pai trabalhasse Nele. De Seu próprio poder, Sua própria vontade, Sua própria glória, de toda a Sua missão com todas as Suas obras e Seu ensinamento — de tudo isso, Ele disse: "Não sou Eu, não sou nada. Eu Me dei totalmente ao Pai para trabalhar; não sou nada, o Pai é tudo".

Cristo descobriu que essa vida de total abnegação  de absoluta submissão e dependência da vontade do Pai era uma vida de perfeita paz e alegria. Ele não perdeu nada dando tudo para Deus. Deus honrou Sua confiança e fez tudo para Ele, e, então, O exaltou à Sua mão direita em glória. E porque Cristo se humilhou assim diante de Deus, e Deus estava sempre diante Dele, Ele achou possível humilhar-se diante dos homens também e ser o Servo de todos. Sua humildade era simplesmente o entregar a Si mesmo a Deus para permitir que Deus fizesse Nele o que O agradasse, não importando o que os homens à Sua volta dissessem Dele ou fizessem a Ele.

Aqui temos a raiz e natureza da verdadeira hu­mildade. Por não entender ou buscar isso é que nossa humildade é tão superficial e tão débil. Temos de aprender de Jesus, que é manso e humilde de cora­ção. Ele nos ensina onde a verdadeira humildade tem origem e acha sua força: no conhecimento de que é Deus quem opera tudo em todos, que nosso dever é render-nos a Ele em perfeita resignação e dependên­cia, em pleno consentimento de não ser e não fazer nada por nós mesmos. 

Esta é a vida que Cristo veio revelar e conceder: uma vida para Deus que veio através da morte para o pecado e para o ego. Se senti­mos que essa vida é elevada demais para nós e está além de nosso alcance, isso tem de nos tanger ainda mais por buscá-la Nele; o Cristo que nos habita interi­ormente vai viver essa vida, essa mansidão e essa humildade em nós.

Se desejarmos ardentemente por isso, vamos, acima de todas as coisas, buscar o santo segredo do conhecimento da natureza de Deus, en­quanto Ele trabalha, a todo momento, tudo em todos: o segredo do qual toda a natureza e todas as criaturas e, sobretudo, todo filho de Deus, deve ser a testemu­nha: nada são senão um vaso, um canal, através do qual o Deus vivo pode manifestar as riquezas de Sua sabedoria, poder e bondade. A raiz de toda virtude e graça, de toda fé e adoração aceitável, é que sabemos que não temos nada que não tenhamos recebido, e reverenciamos, na mais profunda humildade, espe­rando em Deus para isso.

Extraído do livro "Humildade" - Andrew Murray
Editora dos Clássicos


quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A Batalha por uma Posição Tomada

"Eis que na minha opressão preparei para a Casa do SENHOR cem mil talentos de ouro, e um milhão de talentos de prata, e de cobre e de ferro que nem foi pesado, porque em abundância é; também madeira e pedras preparei, e tu, supre o que faltar."(1Cr 22:14)

"dos despojos das guerras as consagraram, para repararem a Casa do SENHOR"  (1Cr 26:27)

Nós tomamos a posição, nós declaramos – e como é fácil nesses encontros e conferências tomar posições, em conjunto com o corpo de Cristo - declarar que iremos em certa direção, que para nós esse será o curso para sempre: “Eu nunca, nunca irei abandona-lO”. Nós podemos cantar essas coisas prontamente em hinos: e o amanhã pode nos encontrar revendo a coisa toda, olhando em volta para ver se não há uma porta de saída. É verdade, nosso coração é inconsistente. Nós tomamos atitudes, nós tomamos posições, fazemos declarações, e a medida que o tempo passa, na força disso, vamos andando, e daí somos desafiados na nossa posição.


Veja como isso é ilustrado na história dos filhos de Israel: “Daí cantou Moisés e os filhos de Israel...” Eles chegaram do outro lado do mar e todo o Israel cantou; e o que eles cantaram? Uma canção de absolut
a vitória. Você poderia pensar que eles já estavam na terra, mas não demorou muito eles estavam murmurando contra o Senhor e contra Moisés. Eles foram testados, desafiados, provados pela posição que eles tomaram, e atravessaram um período negro

Então nós, a qualquer momento que fazemos uma declaração, devemos cedo ou tarde ser testados por ela. (Eu espero que o efeito do que estou dizendo não te leve a dizer: Eu nunca vou me declarar de novo. Se você tomar essa atitude vai impedir o Senhor de fazer Seu propósito). É necessário, para obter o despojo, que sigamos adiante. As qualidades vão ser desenvolvidas no caminho, e é em parte correto que na medida da devoção que temos, nós declaramos, tomamos posição; e o Senhor nos chama a fazer isso, e isso dá a Ele o terreno para nos testar. 

De alguma forma na ordem das coisas, parece que o Senhor requer declaração antes que Ele possa fazer algo. Se você nunca se declarou, sempre teve reservas, teve tantos cuidados, o Senhor nunca foi capaz de fazer algo em você. É quando nós tiramos o pé do fundo e nos lançamos no profundo e dizemos que estamos junto com o Senhor, é que o Senhor pode começar a fazer as coisas. 

...Luz e poder vem do conflito. Assim o Senhor constrói Sua casa com os despojos da batalha, e permite que os inimigos permaneçam para nossa superação, inimigos internos e externos, de forma que Ele possa obter a beleza e a glória para Sua casa.

O Senhor coloca o Seu dedo sobre Sua palavra, e nos mostra que quando Ele dá a visão, a revelação, o chamado; quando nós respondemos, então os revezes acontecem, dificuldades e oposições não são contradição para a revelação de Deus ou o chamado, mas são intencionais com o objetivo de trazer-nos para dentro de algo que é mais do que apenas um reino emocional em relação a verdade e serviço; eles devem trazer-nos a um lugar de força onde Ele pode contar conosco. 



Extraído do texto "Os despojos da Batalha" - T.Austin-Sparks

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Humildade e Alegria

"De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas (...) Porque quando sou fraco, então, é que sou forte" (2 Coríntios 12.9,10)

Com receio de que Paulo pudesse exaltar-se a si mesmo, por causa da excessiva grandiosidade das revelações, um espinho na carne foi enviado para mantê-lo humilde. O primeiro desejo de Paulo foi que o espinho fosse removido, e suplicou ao Senhor por três vezes que o espinho o deixasse. A resposta que veio foi que o sofrimento ou era uma bênção: que, na mansidão e humilhação que ele havia trazido, a graça e a força do Senhor poderiam ter sua melhor manifestação. 

Paulo, então, entrou em um novo estágio em sua relação com o sofrimento: em vez de simplesmente tolerá-lo, de boa vontade gloriava-se nele; em vez de pedir pela libertação, teria prazer nele. Paulo havia aprendido que o lugar de humilhação é o lugar de bênção, de poder, de alegria.

Todo cristão possivelmente passa por esses dois estágios em sua busca de humildade. Primeiro, ele teme e foge e busca libertação de tudo o que possa humilhá-lo. Ele ainda não aprendeu a buscar humildade a qualquer custo. Ele aceitou a ordem para ser humilde, e busca obedecer, ainda que somente para descobrir quão completamente falha. Ele ora por humildade, às vezes muito seriamente; mas no seu coração, em secreto, ele ora mais — se não em palavras, em desejo — para ser livrado das coisas que irão fazê-lo humilde. 

Ele não está tão apaixonado pela humildade como a beleza do Cordeiro de Deus e a alegria dos céus, a ponto de vender tudo para obtê-la. Em sua busca pela humildade, e em sua oração por isso, ainda há algo de um sentimento de fardo e de cativeiro; humilhar-se ainda não se tornou a expressão espontânea de uma vida e natureza que são essencialmente humildes. Ainda não se tornou sua alegria e único prazer. 

Ele não pode dizer: "De boa vontade me gloriarei na fraqueza, tenho prazer no que quer que me humilhe".

Mas podemos esperar alcançar o estágio no qual isso ocorrerá? Sem dúvida alguma. E o que nos levará até lá? O que levou Paulo: uma nova revelação do Senhor Jesus. Nada a não ser a presença de Deus pode revelar e banir o ego. Uma percepção interior clara estava para ser dada a Paulo em relação à profunda verdade de que a presença de Jesus irá expulsar todo desejo de buscar qualquer coisa em nós mesmos, e nos fará deleitar em toda humilhação que nos prepara para Sua plena manifestação. 

Nossas humilhações nos levam, na experiência da presença e poder de Jesus, a escolher a humildade como nossa maior bênção. Vamos tentar aprender as lições que a história de Paulo nos ensina.


Podemos ter crentes espiritualmente avançados, mestres eminentes, homens de experiências celestiais, que ainda não aprenderam a lição da perfeita humildade, alegremente se gloriando na fraqueza. Vemos isso em Paulo. O perigo de exaltar-se estava chegando muito perto. Ele ainda não sabia perfeitamente o que era ser nada, morrer, para que Cristo pudesse viver nele, e a ter prazer em tudo o que o trouxesse para baixo. É como se isto fosse a maior lição que ele tinha de aprender: plena conformidade ao seu Senhor naquele auto-esvaziamento em que ele se gloriava na fraqueza a fim de que Deus pudesse ser tudo.

Extraído do livro "Humildade" - Andrew Murray
Editora dos Clássicos

terça-feira, 3 de setembro de 2013

A batalha pela revelação


"Mandou adiante deles um varão, que foi vendido por escravo: José, cujos pés apertaram com grilhões e a quem puseram em ferros, até ao tempo em que chegou a sua palavra; a palavra do SENHOR o provou."
(Sl. 105:17-19)


...Você obtém uma revelação, um ensino do Senhor em relação à verdade; uma abertura dos céus para ver a verdade Divina como nunca viu antes. Talvez isso seja uma coisa nova, uma coisa inteiramente nova, ou talvez é uma nova luz sobre algo antigo. De qualquer forma, é uma nova revelação; revelação que vem a você com todo o frescor, toda a alegria, toda a inspiração, e toda a enlevação da abertura dos céus, e por um tempo você se delicia nisso, glorifica e se lava nisso, e você não tem nada mais para falar do que essa revelação que veio até você.

E chega o ponto em que você caminha diretamente a um terrível conflito em relação a essa revelação. Parece que a primeira glória dela se foi e você se encontra com todo tipo de questionamento a respeito dela. Você está frio, morto, em trevas; a coisa se perdeu e olhando para ela desse ponto de vista, o ponto de vista da experiência, você questiona se depois disso tudo estava certo ou não.

Que criaturas estranhas somos nós! Coisas que vem até nós como mais tremendas na nossa experiência, nas circunstâncias acima, passam a ser coisas que questionamos serem ou não realidade. Ou nós simplesmente tomamos posse de algo e corremos com isso por um tempo havendo um frescor sobre ele, e esse frescor foi o próprio ímpeto para nos levar adiante e agora é irreal, e nós entramos num tempo de conflito pela verdade dado a nós pelo Senhor. Naquele momento de conflito nós somos sondados, nossos corações são contemplados, e somos testados. Vamos nos lembrar de José: “Até o tempo que a palavra se cumpriu, a palavra de Jeová o testou”. A Palavra do Senhor testou José, e nós passamos por coisas que nós estávamos falando e crendo, e então temos todo tipo de questionamento a respeito delas.

A Palavra do Senhor nos prova, mas é nesse conflito que os elementos espirituais e morais são desenvolvidos, e as características de Cristo são trazidas para fora. O conflito garante o despojo para futura construção. Daí nos voltamos de novo, não apenas para o campo original em que nos apropriamos daquela verdade, mas em outra muito mais alta, muito mais profunda, de forma que é mais para nós do que era antes, porque nós fomos para a batalha com ela, e nós voltamos com o despojo para construir; lá foram colocados fatores celestiais frescos sobre ela. Alguma coisa foi introduzida na original, através do conflito, que deu a essa revelação um valor extra; é o poder da ressurreição.

Apesar da revelação de Deus vir como “de Deus”, com toda sua glória, beleza e força Divinas, e nós nos regozijarmos nessa luz por um tempo, é na batalha, no conflito, na morte, no ser sondado, provado, testado, revelado, e sermos levados ao lugar que, se ela for, nós vamos, porque é a nossa vida, daí o poder da ressurreição começa a operar e nós voltamos com a revelação mais forte do que nunca, e com a adição de despojos para a construção.

Nós sabemos o valor dessa revelação mais do que nunca provamos antes, porque nós nunca havíamos passado por um conflito com ela, e nunca havíamos testado esse armamento, nunca havíamos testado aquela espada; mas agora algo de valor foi acrescentado a ela, que nós nunca soubemos até ter entrado no conflito.

Muitas pessoas são vistas alcançar revelação. Elas a abraçaram, falavam só da revelação que tiveram. Nós estamos muitos felizes e ficamos encantados quando as pessoas fazem isso, mas nós dizemos: É, em breve eles serão testados por isso, e essa revelação vai testa-los, e eles vão passar por um conflito de terrível escuridão, cheio de questionamentos de sim ou não, e depois disso, a revelação será verdade, e daí o Senhor estará colocando-a dentro deles. Era de uma maneira – objetiva - mas agora o Senhor está plantando a revelação em nós, e nós na revelação. Nós vamos passar por isso e dizer: Antes, era algo dado a mim, mas pertencia a outro, agora é meu. Daí vamos começar a construir com o despojo do conflito.


Extraído do texto "Os Despojos da Batalha" - T.Austin-Sparks

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Fé em Deus, o segredo da coragem

"Agora, pois, dá-me este monte de que o SENHOR falou aquele dia; pois, naquele dia, tu ouviste que os anaquins estão ali, grandes e fortes cidades há ali; porventura, o SENHOR será comigo, para os expelir, como o Senhor disse". (Js 14:12)

...Voltemos a palavra em Josué. Daquela primeira geração, apenas dois homens saíram do governo da alma – Josué e Calebe. Eles triunfaram sobre esse governo. Eles triunfaram primeiro, e o Senhor levou-os para fora, mas o fato de que foi o descanso da fé o segredo do seu triunfo é trazido tão lindamente à luz no décimo quarto capítulo de Josué. 

Eu acho que é claro. Calebe, um dos dois, vem a Josué. Ele é um homem velho agora, mas ainda vivendo pela fé na posição que ele tomou com o Senhor anos antes. Ele tomou aquela posição quando ele foi como um dos espias e a grande maioria trouxe um relatório ruim. Eles olharam para Deus através das circunstâncias; e esses dois homens olharam para as circunstâncias através de Deus, o que fez toda a diferença. 

Calebe tomou aquela posição de ver tudo através de Deus, e ele ainda está vivendo nessa posição; e agora, como um velho homem ele vem a Josué, e, enquanto todas as outras pessoas estão recebendo sua herança como possessões tranquilas, prósperas, e agradáveis “onde todas as perspectivas agradam”, Calebe diz -  "Me dê essa montanha onde estão os gigantes, e as cidades com grandes muros e fortificadas, me dê essa montanha!"

Oh, queridos amigos, há muito a ser dito sobre isso, mas eu vou abordar isso como um desafio para o meu coração e o seu. O que você está buscando? – uma herança tranquila, algo que vai automaticamente responder ao seu toque e te dar satisfação? Está você buscando a terra próspera? A fé que trouxe Josué e Calebe no descanso de coração antes deles chegarem ao descanso da terra foi esse tipo de fé – Me dê uma posição difícil! 

Aqui está uma situação cheia de dificuldades, cheia de oposições, cheia de adversidades; então me dê uma chance lá! Você vê o desafio. As dificuldades te horrorizam ou elas representam uma grande oportunidade para o Senhor? “Se o Senhor me falou que faria, Ele cumprirá”. 

Como estamos enfrentando as grandes dificuldades? – e existem dificuldades! Existem problemas! E essas montanhas parecem se empilhar uma na outra à medida que prosseguimos. Algumas vezes as situações parecem impossíveis, sem esperança. Talvez em nossas vidas por alguma razão em relação a nós mesmos ou fora de nós mesmos, ou pelo serviço para o qual somos chamados, o ministério, o testemunho que está colocado sobre nós, parece tão sem esperança, a montanha é impossível. O que dizer? Sim, Me dê essa montanha! Nada a não ser a verdadeira fé em Deus pode encarar as coisas assim e dizer, - Tudo bem, isso é difícil, não há dúvida quanto a isso, pela visão não há esperança, mas vamos levar essa situação adiante em nome do Senhor, pode ser que o Senhor...O SENHOR... – vendo a montanha através do Senhor, e não o Senhor através da montanha.

Acredito que é esse tipo de fé que precisamos, que traz ao descanso. A montanha – sim, é uma montanha de verdade, uma montanha física, uma montanha circunstancial. Naturalmente nós iríamos fazer a coisa certa, a sábia, de bom senso se disséssemos - Não, não vamos tocar nisso! Mas a fé diz, Eu não vou voltar minhas costas para essa montanha e fugir, me dê a montanha! Eu quero aquela fé, você quer ela. Não é apenas nossa coragem natural que vai fazer isso. Nós sabemos muito bem que nós não temos nada, em nós mesmos, e que deveríamos desistir. Mas o Senhor está nos desafiando, e Calebe vem e nos repreende. E no final de uma longa vida quando nós podemos pensar que agora é tempo para ele estar em um tranquilo jardim, e estar em algum lugar onde o trabalho fosse fácil e ele pudesse descansar – não, ele diz, me dê o monte onde tem gigantes, cidades fortificadas, me dê essa montanha! Sua escolha foi a dificuldade, porque era uma oportunidade para o Senhor.

Provavelmente nós podemos ser trazidos muito rápido a situações como a que estamos falando de maneira prática, mas vamos ser trabalhados pelo Senhor nisso. Vamos encarar com naturalidade as dificuldades, que derretem o nosso coração dentro de nós, mas oh, para estar num descanso de confiança e certeza eu nosso Deus e dizer -  Me dê essa montanha como uma oportunidade de provar o Senhor!



E Calebe obteve isso – foi Hebrom, e isso é outra história, uma longa história a de Hebrom. Eu levo você a pensar que Hebrom tem um maravilhoso lugar no propósito de Deus. Davi foi primeiramente coroado em Hebrom antes de ser coroado em Jerusalém. Hebrom significa ‘comunhão’. Existe uma grande herança em Hebrom. Hebrom é garantido ao homem e a mulher que tem o tipo de fé que diz, eu não estou tentando escapar de minha dificuldade e sair do caminho difícil, me deixe enfrentar com a força do Senhor e dar ao Senhor a oportunidade de mostrar que Ele pode fazer aquilo que é naturalmente impossível. Que o Senhor nos dê essa fé! 

Extraído do texto "Descanso e Coragem da Fé" - T.Austin-Sparks