3 - A
Fé Espera
É
grande a diferença entre desejo e expectativa. Alguém pode ter um forte desejo
pela salvação e, ao mesmo tempo, ter pouca esperança de realmente obtê-la. É um
grande passo à frente quando o desejo passa a ser expectativa, e a pessoa
começa a falar:
"Tenho
certeza de que é para mim e, embora eu não o veja agora, tenho uma confiante
expectativa de obtê-lo."
A
vida de obediência não é mais um ideal inatingível que Deus coloca diante de
nós apenas para fazer com que nos esforcemos um pouquinho mais para alcançá-lo.
Não! É uma realidade planejada por ele para que fosse experimentada em carne e sangue
aqui na terra. Espere-a, como algo preparado com toda certeza para você.
Cultive a expectativa de que Deus a torne experiência em sua vida.
Muitas
coisas, na verdade, tendem a neutralizar essa expectativa: suas falhas no
passado; seu temperamento ou circunstâncias desfavoráveis; a fragilidade da sua
fé; sua dificuldade ao pensar no que essa entrega, essa disposição de ser
obediente até a morte, pode exigir de você; sua consciência da falta de poder
para isso – tudo faz com que você diga:
"Talvez
seja para os outros, mas receio que não seja para mim."
Eu
lhe imploro que não fale dessa maneira. Falando assim, você deixa Deus fora da
equação. Tenha expectativa de receber sua herança. Olhe para cima, para o poder
e para o amor de Deus, e comece a dizer:
"Isto
é para mim, sim!"
Tome
coragem ao conhecer os santos de Deus do passado. Veja aqui um exemplo.
Desde
a sua mocidade, Gerhard Tersteegen (um pregador pietista alemão, 1697-1769)
buscava e servia ao Senhor. Tal era o desejo gerado pelo Espírito no seu interior,
que abandonou carreira e negócios para poder buscar a Deus com mais empenho.
Depois de algum tempo, a sensação da graça de Deus lhe foi retirada e, por
cinco longos anos, viveu como um náufrago perdido no meio do mar, onde não
aparecem nem sol nem estrelas. "Mas a minha esperança estava em
Jesus." De repente, brilhou nele uma luz que nunca mais se apagou.
A
vida de crucificação com Cristo não se podia aprender, de acordo com sua nova
luz, através de estudo ou instrução humana. Só podia ser ensinada pelo Espírito
Santo. "É algo muito pequeno para Deus nos levar a encontrar em nossas
almas, em um instante, sem esforço, aquilo que talvez tenhamos buscado
exteriormente, por muitos anos e com muito empenho."
O
que ele encontrou? Uma nova visão do Salvador, como aquele que é
todo-suficiente. "Jesus somente é suficiente", ele aprendeu, "no
entanto, é insuficiente quando não for abraçado como solução total e
única."
Ele
escreveu com sangue das suas próprias veias uma carta para o Senhor Jesus, na
qual disse:
"Meu
Jesus, reconheço que pertenço somente a ti, meu único Salvador e Noivo. Desta
noite em diante, renuncio do meu coração todo direito e autoridade que Satanás
injustamente me concedeu sobre mim mesmo. Esta noite tu rompeste as portas do
inferno e abriste para mim o coração amoroso do Pai! Desta noite em diante,
ofereço todo meu coração e todo meu amor a ti em eterna gratidão. A partir
desta noite, e por toda eternidade, tua vontade, não minha, seja feita!
Comanda, reina e governe sobre mim. Eu me entrego totalmente, sem reservas, e
prometo, com a tua ajuda e poder, dar a minha última gota de sangue antes de
consciente e voluntariamente, em meu coração ou vida, ser falso e desobediente
a ti. Tu tens o amor do meu coração para ti mesmo e para mais ninguém. Teu
Espírito seja meu guarda; tua morte, a rocha da minha segurança. Que teu
Espírito sele o que foi escrito na simplicidade do meu coração."
Tua
possessão indigna, Gerhard Tersteegen, 1724
Esta foi a sua obediência até a morte.
O
mesmo Deus ainda vive. Você também pode experimentar a vida de obediência que
vem por Cristo. Ponha a sua esperança nele. Ele o fará.
Extraído do livro “As
Bênçãos da Obediência” – Andrew Murray
Publicado
pela Editora dos Clássicos