Oração como Cooperação
Há ainda outros dois aspectos da oração, um dos quais iremos tratar neste capítulo, e outro que deixaremos para mais tarde.
O quarto aspecto é cooperação, e este é o principal objetivo da oração. E fica por trás de tudo mais e irá nos posicionar corretamente quanto à oração em todos os seus aspectos. Comunhão, submissão, petição e conflito são todos ajustados quando reconhecemos que orar é cooperação, pois todos esses outros aspectos e fases da oração visam a cooperação. Cooperação é o motivo, a verdade, a vida, a liberdade, o poder e a glória da oração. O motivo da oração é a cooperação com Deus. O que a oração é na verdade é cooperação com Deus. Para termos vida na oração precisamos reconhecer que ela é cooperação com Deus, e obtemos vida quando a oração entra em cooperação com Deus. Se não estamos em cooperação com Deus, podemos estar certos de que não temos vida na oração. Se estivermos de fato cooperando com Deus, saberemos que temos vida na oração.
A liberdade na oração vem ao longo da linha da cooperação com Deus, e não será até que tenhamos este ajuste, este estar alinhado ao propósito de Deus, que nós ‘teremos êxito’, como dizemos. Imediatamente ao nos alinharmos ao propósito de Deus e ativamente cooperarmos com Ele, aí, então, entramos em movimento e obtemos liberdade.
De certa forma o poder da oração está relacionada à cooperação com Deus. Cooperação com Deus é poder na oração. Pense em Elias, e outros, vindo em cooperação com Deus e da eficácia resultante de suas orações. O que é realizado!
E, então, a glória da oração. A oração se torna algo glorioso quando é inteligente e espiritualmente uma questão de cooperação com Deus. Cooperação elimina o egoísmo e tudo o que é meramente particular. Este é um de seus principais valores, pois significa que a oração deve nos trazer para o propósito Divino, para o método Divino, para o tempo Divino, e para a disposição de Deus. Todas essas coisas são importantes – não apenas conhecer o plano, mas o método de Deus para cumprir o Seu plano; não apenas conhecer o plano e o método, mas entrar no tempo de Deus; e, então, não apenas estar neste lado executivo, mas estar num espírito correto quando o tempo chegar, fazer a coisa no Espírito, do modo do Senhor. Tudo isso é cooperação. Podemos estar na coisa certa, no modo correto, no tempo correto, e, contudo, não estarmos ajudando o Senhor porque estamos numa disposição errada, não na disposição(espírito) do Senhor. Oração em cooperação com Deus é para fazer um ajuste em todas essas questões.
Há três fatores que são essenciais à oração. Em primeiro lugar, desejo; em segundo, fé; e em terceiro, vontade. Acabei de fazer esta declaração e a deixo como está.
Então, quando colocamos juntas a comunhão, a submissão e a petição, temos cooperação. Quando essas coisas seguem juntas e estão ajustadas umas às outras, alinhadas umas às outras e à vontade de Deus, então você tem cooperação.
Talvez, ao encerrarmos esta fase de coisas, precisemos lembrar a nós mesmos de que muito frequentemente o Senhor nos chama para um exercício inicial de nossa parte antes que Ele venha para o nosso lado. Ele, muito frequentemente, requer de nós uma iniciativa na questão do desejo, da fé e da volição. É como a gota de água que tem que ser colocada na velha bomba para produzir o fluxo de água, e você não recebe o fluxo até que dê algo a bomba. E o Senhor apenas pede isto de nossa parte o que pode ser, em comparação, muito pouco, mas que possibilita a Ele aparecer em Sua plenitude. Muito frequentemente a oração em seu início representa exercício de vontade e de fé da nossa parte, e, então, o Senhor responde a isso. Pode ser que o Senhor não responda até que Ele veja o desejo colocado em ação deliberada de fé para se chegar a Ele. Muito frequentemente há uma grande quantidade de desencorajamento envolvido no início da oração, e o perigo é que podemos desistir muito cedo por parecer que não estamos chegando a lugar algum. O Senhor está apenas pedindo aquela gota de água a fim de começar a fluir!
Até agora mencionamos apenas quatro aspectos da oração, e mencionamos algumas dificuldades que surgem em relação a elas, porém não esclarecemos essas dificuldades. Vamos dar dois capítulos inteiros ao quinto aspecto da oração, e, então, continuaremos a tratar grandemente das dificuldades visando buscar respostas a elas. Essas dificuldades, contudo, estão realmente somente no campo da mente, e, embora possam, algumas vezes, atravessarem-se no caminho da fé, a fé irá triunfar sobre elas, e irá deixar para trás uma história de coisas poderosas, apesar deles.
Parte do Capítulo 1 do livro "Em Contato com o Trono" - T.Austin-Sparks