Em anos recentes muitos parecem estar cansados de
ouvir a mensagem da cruz; entretanto, damos graças a Deus nosso Pai, e o
louvamos, pois ele reservou, por amor de seu grande nome, muitos fiéis que não
dobraram os joelhos a Baal. Achamos, entretanto, que todos os servos de Deus
devem saber por que, embora fielmente proclamem a cruz, vêem tão pouco
resultado. Por que as pessoas ouvem a palavra verdadeira de Deus e no entanto
suas vidas demonstram tão pequena mudança? Cremos que este assunto deve receber
nossa maior atenção. Nós, como trabalhadores do Senhor, devemos saber por que o
evangelho que pregamos falha em ganhar pessoas. Que humildemente oremos,
pedindo que o Espírito de Deus derrame luz sobre nossos corações a fim de
vermos onde falhamos.
Naturalmente, devemos dar atenção à palavra que
pregamos. (Aqui não nos preocuparemos com os que pregam um evangelho errado, ou
"outro" evangelho, pois sua fé já está em erro.). O que pregamos é a
verdade, em perfeito acordo com a Bíblia. Nosso tema é a cruz do Senhor Jesus.
O que proclamamos não é outro senão o Senhor Jesus, e este crucificado a fim de
salvar os pecadores, tanto da pena como do poder do pecado...
...Temos conhecimento completo do caminho da salvação.
Estamos familiarizados com o segredo do morrer com Cristo e com o conseguir,
pela fé, o poder de sua morte a fim de lidar com o ego e também com o pecado.
Compreendemos claramente todos os ensinamentos relacionados com este assunto
apresentados na Bíblia; e podemos apresentá-los tão bem de modo que todos os
apreciem — tão bem, de fato, que quando pregamos a cruz de Cristo, o auditório
parece prestar muita atenção e grandemente comover-se. Talvez tenhamos eloquência
natural, o que aumenta ainda mais nossa capacidade de emocionar as pessoas — e
grandemente ajuda, achamos, nossa obra.
Em tais circunstâncias, naturalmente esperamos que
muitos incrédulos recebam a vida e que muitos crentes recebam a vida mais
abundante. Entretanto, os resultados são outros, para surpresa nossa. Embora as
pessoas, no auditório, pareçam estar emocionadas, descobrimos que meramente
retêm na memória as palavras que falamos sem ganhar o que espiritualmente desejamos
para elas. Não há mudanças notáveis em sua vida. Compreendem o ensino mas sua
vida diária não é afetada. Simplesmente armazenam o que ouvem, sem que isso
tenha qualquer impacto prático em seus corações.
O motivo de um efeito tão contrário como este
parece estar no fato de que o que você e eu possuímos é mera eloquência, palavras
ou sabedoria. Por trás de nossa palavra não existe o poder que estimula o
coração. Nossa palavra e voz podem ser excelentes, entretanto, o poder de
transformar vidas está ausente delas. Por outras palavras, embora possamos
atrair as pessoas a fim de nos ouvir, o Espírito Santo não tem trabalhado
juntamente conosco. E por isso nosso esforço não produz resultado permanente.
Nossa palavra não causa nenhuma impressão indelével nas vidas das pessoas.
Ultimamente a palavra de Deus tem-me chamado a
atenção contra este tipo de pregação. Não devemos procurar ser oradores
aclamados pelas pessoas (pois não é o nosso Senhor o doador da vida?); antes,
devemos ser meros canais através dos quais a vida dele possa fluir ao coração
do homem. Por exemplo, ao pregarmos a cruz, devemos ser aqueles que podem
conceder a vida da cruz aos outros. O que me fere grandemente é que, embora
muitos hoje estejam pregando a cruz, os ouvintes não parecem receber a vida de
Deus. As pessoas ouvem nossas palavras; parecem aprová-las e alegremente
recebê-las; entretanto a vida de Deus não está presente...
Tais resultados imperfeitos trazem-me muita
angústia. Levam-me a humilhar-me perante Deus e a buscar sua luz. Ora, se você
partilhar da mesma experiência, gostaria que se juntasse a mim em tristeza
perante o Senhor e que juntos nos arrependêssemos de nosso fracasso. O que nos
falta hoje são homens e mulheres que verdadeiramente preguem a cruz, e que a
preguem especialmente no poder do Espírito Santo.
Com relação a isto, leiamos a seguinte porção da
Palavra de Deus:
"Eu, irmãos, quando fui ter convosco,
anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem, ou
de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este
crucificado. E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós.
A minha palavra e a minha pregação não consistiam em linguagem persua¬siva de
sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder" (1 Coríntios
2:1-4).
Nesta passagem podemos ver o esboço de três coisas:
primeiro, a mensagem que Paulo prega; segundo, o próprio Paulo; e terceiro,
como Paulo proclama sua mensagem.
Continua amanhã com o texto “A Mensagem que Paulo
prega”...
Extraído do livro “O Mensageiro da Cruz” – Watchman
Nee
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