quarta-feira, 2 de março de 2016

Pobreza e Superficialidade

“...pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.”
Ap.3:17

O que é pobreza? A pobreza não é uma questão de quantidade, mas de qualidade. O capítulo 3 de 1 Coríntios nos mostra a diferença existente entre o grupo do ouro, da prata e das pedras preciosas e o grupo da madeira, do feno e da palha. O capítulo 2 de 2 Timóteo fala tanto sobre os utensílios (ou vasos) de ouro e de prata quanto sobre os utensílio de barro e de madeira. Essa nítida disparidade nos indica o que é rico e o que é pobre. Por conseguinte, ainda que tenha, você precisa enxergar exatamente o que tem. Se você tem um grande amontoado de madeira, feno e palha, é pobre do mesmo jeito. Para nós, é bastante fácil ter orgulho, pois sentimos possuir algo. 

Avaliando a questão a partir de outro ângulo, a pobreza também pode ser considerada superficialidade, infantilidade e imaturidade. Uma vida abundante é uma vida madura. Sabemos a diferença que existe entre desenvolver a maturidade e alcançá-la. Uma criança cresce todo ano, mas, após atingir certa idade, não se trata mais de crescimento, mas de maturidade. A pessoa que só passa pelo período de crescimento não tem vida abundante, pois, para adquirir abundância, é necessário tempo de amadurecimento. Uma experiência superficial pode impedir-nos de ter uma experiência realmente profunda.

A abundância não significa simplesmente que temos ou não temos, mas se relaciona com o que temos, do quanto temos e da profundidade do que temos. A abundância não é uma experiência inicial ou uma compreensão mental do ensinamento acerca dela. A abundância é ser levado por Deus a enxergar divinamente, entrando na esfera da abundância espiritual. 

Todos os que realmente vêem algo diante de Deus não ousam ser egoístas ou independentes. A fim de compreender Romanos 6, por exemplo, pode ser preciso lê-lo uma, duas, dez ou vinte vezes. Quando você o lê pela primeira vez, pode sertir-se bem e declarar que viu o conteúdo. Entretanto, quando for lê-lo pela segunda vez, dirá: “Meu Deus! Eu não havia visto isso antes!” Isso demonstra que, quando surge a luz da inspiração, ela destrói o que você havia pensado originalmente. Uma vez, encontrei um irmão que sabia muito a respeito da Igreja. Em determinada ocasião, na qual várias pessoas haviam recebido a luz da inspiração sobre a Igreja, ele anunciou: “Que estranho... eu nunca havia conhecido a Igreja antes. Mas, graças a Deus, hoje eu a vejo!” Outros poderiam ter pensado, em virtude do conhecimento anterior desse irmão, que, se ele não conhecia a Igreja, quem poderia conhecê-la? Porém, quando ele recebeu a luz divina, viu que, de fato, nada tinha, pois, quando a luz ilumina, ela destrói. A luz mais ofuscante engolirá a menos brilhante. Toda a vez que alguém divisa alguma coisa diante de Deus, ele sente como se nunca tivesse enxergado. Isso não significa que ele não via nada antes, pois poderia muito bem ter visto algo no passado. Isso quer dizer que, quando ele recebe a luz mais ofuscante, sentirá que o que distinguia antes parece pálido diante dessa nova luz e terá consciência de como nada possui!

A abundância provém do esclarecimento. À medida que a luz nos ilumina, nos tornamos ricos. É estranho dizer, mas, quando recebemos tal esclarecimento, sentimos como se diminuíssemos em vez de crescer, pois o brilho da luz romperá com nossa visão passada. Sob a iluminação de Deus, nós crescemos na verdade, mas, mesmo assim, sentimos o contrário! Por isso, o que é real aos olhos de Deus e o que é nosso próprio sentimento são duas coisas diferentes. Quando Deus envia luz, se você pensa que está crescendo, na verdade, você não está vendo coisa alguma. Contudo, no caso de você realmente ver, sentirá como se tivesse acabado de ser salvo e de ter somente começado. Não se deve inferir, a partir dessa declaração, que você não era salvo antes, mas ela simplesmente significa que, quanto aos seus sentimentos, você sente um vazio como se nunca tivesse começado a percorrer o caminho espiritual da vida. Alguém que é verdadeiramente abundante sente ser nada sob a luz de Deus. 

Assim é a graça de Deus! “E não haverá cômodos suficientes para recebê-las” (Ml 3:10 – tradução do literal inglês). Qualquer coisa que Ele faça em nossa vida é superabundante – jamais forçada, fraca ou pequena. Ah! Este Deus de abundância pode enriquecer-nos, pois Ele sempre dá mais, e, toda vez que dá mais, sentimos como se fosse a primeira vez que estamos recebendo alguma coisa. Embora pareça estranho, é a pura verdade.


Texto extraído do Livro “Vida Cristã Equilibrada” – Watchman Nee

terça-feira, 1 de março de 2016

Mentalidade de Laodicéia

...pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.
Ap.3:17

Um problema muito real é encontrado, com frequência, entre os filhos de Deus. Trata-se da “atitude e mentalidade de Laodicéia”. Essa atitude se reflete no fato de que as pessoas se acharem espiritualmente ricas quando, na verdade, são muito pobres.

Nas questões espirituais, é mais fácil resolver o problema de ter ou não ter, do que decidir se alguém é rico ou pobre. A pessoa que nada tem pode encontrar Deus com facilidade, mas a que é pobre tem dificuldades para encontrá-Lo. Muitos realmente nada tem diante de Deus, mas, mesmo assim, são frequentemente encontrados por Deus. A pior pessoa é a que diz ter e, de fato, tem alguma coisa. Se você cita algo, ela declara que sabe. Se você fala sobre outra coisa, ela também sabe. Porém, será que realmente sabe? De jeito nenhum! Esta pessoa diz ter tanto, mas dificilmente dá um passo a frente. Na verdade, é pobre. 

O maior problema que existe em um homem pobre, é o fato de ele não reconhecer facilmente sua pobreza... Mas sem o orgulho, a pobreza não é um obstáculo absoluto para o progresso espiritual. Todavia, a pobreza que contém orgulho cria uma situação impossível. Laodicéia é um problema, porque, além de pobre, também é orgulhosa – além de pobre, considera-se rica. Poucas pessoas pobres não tem orgulho espiritual. No entanto, os ricos não costumam ser orgulhosos. Não é triste ver que muitos dos filhos de Deus estão andando em círculos, sem fazer progressos, pois a arrogância os tem prejudicado? Muitos falam sobre a carne embora desconhecam completamente o que seja a carne. Muitos falam sobre revelação, mas não sabem o que ela significa. Essas pessoas têm muito a dizer acerca da obediência, do Reino e até mesmo de como a cruz opera na vida natural do homem. Porém, a maneira como falam demonstra que, na verdade, são pobres e ignorantes – elas ainda precisam tocar Deus. Quando as pessoas falam sobre coisas que não experimentam, apenas enganam a si memas e àqueles que são como elas. Portanto, na área espiritual, uma pessoa que diz ser rica nunca convencerá os outros de que é rica de fato, mas ao contrário, será considerada pobre.  

“Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma”, declara a igreja em Laodicéia. (Essas riquezas não indicam coisas materiais, mas espirituais). Ela sentem que tem adquirido riquezas embora Deus afirme: “Nem saber que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.” 

A pobreza está estritamente relacionada à cegueira. O homem pobre é incapaz de enxergar as coisas espirituais. O homem que não enxerga normalmete se considera rico. O homem que não vê a cruz, pensa ter a cruz, o que não enxerga o Reino, acredita ter o Reino, o que nunca conheceu o Corpo de Cristo pressupõe conhecer a Igreja. Portanto, aquele que se julga possuidor é, na verdade, pobre espiritualmente. Sempre que realmente percebermos, não nos gabaremos de sermos ricos. Sempre que os olhos de alguém forem abertos, ele contemplará a sua nudez e a reconhecerá. O fato de ser pobre e não perceber a pobreza faz com que a pessoa seja um laodicense. 

Continua amanhã....


Texto extraído do Livro “Vida Cristã Equilibrada” – Watchman Nee